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OS MODELOS TOP-DOWN E BOTTOM-UP DE LEITURA

Objetivos da aula

Familiarizar o aluno com o Modelo de Goodman e suas relações com o processamento 1.

cognitivo descendente do texto

Familiarizar o aluno com o Modelo de Gough e suas relações com o processamento cognitivo 2.

Nesta disciplina, você terá oportunidade de aplicar os conhecimentos sobre as vantagens e desvantagens das gramáticas de frase, a produção e os tipos de conhecimento segundo as ciências cognitivas e as teorias de aquisição da linguagem ao design de unidades de curso centralizadas na leitura.

Nesta aula, iniciaremos o estudo dos modelos de leitura, com seus pontos fortes e eventuais limitações.

Existem três modelos básicos de leitura, segundo o modo como tentam explicar os mecanismos cognitivos envolvidos quando alguém põe em uso esta habilidade:

Modelo de Gough – de tipo ascendente (bottom-up: das partes para o todo), que se apoia em 1.

processos cognitivos fono-morfo-sintáticos locais. A leitura é um processo indutivo, linear das informações, que vai construindo o significado através da análise e síntese do significado das partes.

Modelo de Goodman – de tipo descendente (top-down: do todo para as partes), que se apoia 2.

em processos cognitivos esquemáticos por hipotetização (formulação e testagem de

hipóteses), considerando o conhecimento prévio do leitor. A leitura é um processo dedutivo, não-linear, das informações, indo da macro para a microestrutura do texto e da função para a forma.

Modelo de Rumelhart – de tipo interativo (bottom-up e top-down simultanea ou 3.

paralelamente), que se apoia na integração de processos computacionais e esquemáticos, locais e globais, ativados e operantes em paralelo. Este modelo teve duas versões:

a primeira, equilibrando processos bottom-up e top-down;

a segunda, privilegiando os processos esquemáticos, mas sem desconsiderar estratégias

computacionais e locais.

Modelos básicos de leitura

A teoria bottom-up argumenta que o leitor constrói o texto das pequenas unidades para I.

unidades progressivamente maiores (de letras para palavras para sintagmas para frases para sentenças etc). Decodificação é o termo para esse processo. Este tipo de leitura é aquele que enfatiza o processo ascendente, construindo o significado principalmente com base nos dados do texto, fazendo pouca leitura ou quase nenhuma nas entrelinhas do texto,

detendo-se vagarosamente nas palavras, valorizando o vocabulário do texto, dando atenção às partes menores do texto. Exercícios centrados em estratégias bottom-up constroem e desenvolvem micro-habilidades que pretendem otimizar este tipo de processos cognitivos. A teoria top-down argumenta que os leitores trazem seu próprio conhecimento, suas II.

experiências e suas dúvidas para o texto e continuam lendo-o até que as hipóteses ditas anteriormente sejam confirmadas. Este tipo de leitura privilegia a abordagem descendente em seus modelos de aprendizagem, ou seja, privilegia o leitor que apreende rapidamente as ideias gerais e essenciais do texto, é fluente, porém deve ter cuidado para não fazer excessos de adivinhações do significado geral. Consequentemente, o leitor aqui implicado é o que faz mais uso de seu conhecimento prévio do que da informação propriamente dita do texto. Exercícios centrados em estratégias top-down constroem e desenvolvem micro-habilidades que pretendem otimizar este tipo de processos cognitivos.

A teoria interativa argumenta que os processos top-down e bottom-up ocorrem alternados ou III.

ao mesmo tempo. Ambos os tipos de estratégia acima entram em jogo de forma balanceada, de acordo com os objetivos do leitor e os problemas de leitura que enfrenta.

O ensino de leitura que considera tanto estratégias top-down quanto bottom-up prepara completamente o aprendiz para esta macro-habilidade.

Que mecanismos envolvidos nesses modelos interessam ao designer de materiais para cursos de leitura?

No modelo descendente ou top-down, o leitor ativa os pacotes de esquemas, ou seja, os conhecimentos já estruturados, acompanhados de diretrizes para emprego em dada classe de contextos. Tais pacotes ligam-se a outros esquemas ou subesquemas, acionando uma rede de inter-relações ativadas no ato da leitura. Com isso, vai produzindo significações e situações novas, assim como um falante é capaz de entender e produzir sentenças nunca antes ouvidas.

O processamento top-down pode ocorrer no nível da palavra, da frase ou do texto.

Nível da palavra – o leitor pode seguir pistas como: letras iniciais ou finais; o input visual; o 1.

léxico mental com as regras de composição grafêmica e de formação de palavras. Aqui, a possibilidade de leitura descendente está relacionada à familiaridade das regras de formação de palavras.

Nível da frase – o processamento segue critérios semânticos vinculados a esquemas 2.

morfo-sintáticos já conhecidos.

Nível do texto – o leitor usa esquemas acionados por palavras ou expressões temáticas e 3.

esquemas que codificam estruturas retóricas mais abrangentes.

Na medida em que a compreensão do novo ocorre, os esquemas e as variáveis são preenchidas, constituindo-se em representação mental consciente. As informações passam a ser dadas e, estando no nível do consciente, passam a engendrar novas informações.

Em outras palavras, o processamento de leitura top-down aciona esquemas já codificados dotados de plasticidade – desta forma aproximando-se da assim-chamada concepção prototípica do significado – a qual defende que conceitos identificam seus exemplares percorrendo um continuum que procede dos mais típicos (maçã, como fruta) aos bem atípicos (tomate, no mesmo conjunto).

O modelo descendente identifica-se com a leitura preditiva, apoiada na aplicação-testagem dos conhecimentos verbais e não-verbais organizados e já armazenados na MLT, do seguinte modo: Previsão: antecipando e prognosticando estruturação e significância

Confirmação: verificando prognósticos e monitorando para confirmar ou desconfirmar no insumo posterior o que era esperado

Reprocessamento-correção: reprocessando diante de inconsistências ou prognósticos desconfirmados.

Este modelo ressalta a importância de ensinar leitura empregando (entre outras) essa micro-habilidade (cujo nome técnico é predicting – predizer).

Partindo de concepções hipotéticas derivadas do conhecimento prévio de um leitor, também inclui um conhecimento semântico das escolhas possíveis – o que permite categorizá-las para fins de testagem e retestagem e, deste modo, confirmá-las ou descartá-las. Logo, este modelo não considera a compreensão como “pronta”, pré-dada.

Na perspectiva top-down, ganham destaque, além da linguagem, memória, percepção e raciocínio. O ato de ler parte do momento em que o sistema de processamento cognitivo capta input visual e cessa (ou faz pausa) com um resultado cognitivo decorrente da integração da nova informação ao conhecimento previamente armazenado.

No modelo ascendente ou bottom-up, o mecanismo proposto contrasta fortemente com o anterior, como você passará a ver.

Tudo começa quando o aparato sensório capta uma palavra e, em decorrência, um ícone correspondente ao estímulo se forma no buffer visual. Daí por diante, entram em ação programas da MT (memória de trabalho).

Uma operação de scanning – escaneamento, que podemos comparar metaforicamente com o que existe num processador de textos – compara o conteúdo do ícone com padrões residentes na MLT (memória de longo termo), registrando e encadeando as letras uma a uma. Então são determinados os sons e a condição linguística de “forma livre”, resultando uma unidade lexical. Em seguida, entram em jogo mecanismos sintático-semânticos e logo após protocolos de pronúncia. Se for o caso, também ativação serial do aparelho fonador, resultando a vocalização da palavra.

A crítica a este modelo basicamente se resume na inflexível seriação de todas as etapas, que, então, não interagem, deixando de haver feedback de controle mútuo.

São importantes no modelo (no sentido de poderem limitar, “fazer teto” à competência de leitura do aprendiz:

Habilidades gramaticais – laços coesivos, palavras conjuntivas etc. Sem isso, também fica a.

prejudicada a capacidade de síntese de informações. Por essa razão, o reconhecimento das conjunções e outros instrumentos linguísticos entre sentenças é crucial para as habilidades de composição da informação.

Portanto, o desenvolvimento das habilidades de decodificação bottom-up deve incluir a instrução em sala de aula sobre os instrumentos coesivos (substituição, elipse, conjunção, coesão lexical etc.) e sua função entre as sentenças e os parágrafos.

Domínio e repertório vocabular – emprego estratégico de sinônimos, expressões formulaicas, a.

variedade vocabular sensível a contexto, gênero, contrastes sócio-culturais mais sutis.

SAIBA MAIS

Perspectivas no estudo da leitura; Texto, leitor e interação social

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AULA 13

LEITURA, VOCABULÁRIO, ESCOLARIZAÇÃO