3.2 O processo de construção dos Núcleos de Significação do episódio “Aula de
3.2.1 Os pré indicadores da autoconfrontação simples
Pré-indicadores da autoconfrontação simples – Aula de relógio
Nesse eu errei um pouco, né? Eu devia ter falado que o analógico tinha o número e o ponteiro, porque o outro também tem número.
aquela hora lá que eu falei, que eu desenhei o relógio lá na rotina, foi uma falha [...]. Tinha que ter falado que o analógico tem número e ponteiro, porque aí a diferença não está nos números e sim nos ponteiros que o digital não tem.
eu fui infeliz na hora que eu coloquei esse relógio três e quinze.
Porque, o que acontece? Eu mostrei os dois ponteiros juntos. Eu tinha que ter tido idéia, na hora, de colocar, por exemplo, três e cinco, três e meia.
Então isso aí foi uma coisa que foi realmente uma coisa que falhou, por exemplo, eles tinham
que ter a visualização de que tem um ponteiro maior e um menor. [...] Coitados, também
ficou um ponteiro em cima do outro, a visualização foi péssima, isso daí eu vou guardar isso e não vou fazer mais.
Então, por exemplo, ali, eu tinha pensado, a vez que eu vi primeiro, não foi feliz, porque os dois
ponteiros ficaram juntos. Então, quer dizer, não deu a visualização de um ponteiro maior que o
outro, então isso também foi outra coisa que não deveria ter sido feita.
Logo em seguida eu percebi [que o horário 15h15min não era uma hora adequada para ensinar as crianças].
Olha, sabe o que eu achei? Que eu ia confundir mais as crianças, mudar o horário, mudar o
relógio. Então, na hora eu não me senti assim, porque às vezes a gente retoma, falo “ó, espera que
nós vamos fazer de outro jeito”. Eu sou muito assim com os pequenos e com os grandes: “Ah, eu errei, espera um pouco, calma!”. Então, quer dizer é... eu me sinto muito à vontade pra fazer isso, mas eu não sei na hora se eu... achei que eu não devia retomar, não sei o que aconteceu. Mas, um logo depois eu percebi que aquilo não ia dar, não tinha dado certo. Na primeira vez que você vai mostrar hora, você põe os dois ponteiros juntos. Sem noção, né? Foi, assim, um horror, mas tudo bem. Mas eles aprenderam, eles estão sabendo bonitinho a hora.
Olha, eu acho que se eu tivesse trazido um relógio digital e um analógico pra eles olharem, verem de perto, ou ter pego o que eu tenho de ponteiro que dá para mexer, que eu tenho no armário, que dá pra eles manusearem, eu acho eu teria sido um pouquinho melhor. Ou então trazer um desses que a gente pode mexer, desses que a gente tem na cozinha, para gente ir mudando a hora para eles perceberem. Faltou um pouquinho, uma explicação, assim, um
pouquinho mais detalhada com o manuseio de um material concreto.
quando eu peguei alguns exercícios das crianças, que eu percebi que eles não tinham entendido
Nós recortamos o relógio lá do livro [...]. Então, se nesse relógio funcionassem os ponteiros para eles mexerem de um jeito mais fácil, que não rasgasse o relógio, então eu acredito que isso teria sido melhor, mas como ele já não funciona bem, se eu tivesse feito um outro relógio aqui, nesse dia, nessa aula, pra mostrar as diferentes, as diferentes formas que o ponteiro vai ficando, as diferentes posições que ele vai ficando, a hora que ele vai...conforme as horas vão passando [...]. [o objetivo de pedirem para se sentarem direito]. É postura. É postura, você prestar atenção. Se você ta no posicionamento correto, você vai enxergar a professora, você não vai ter nada que te distraia, entendeu? Então se você ta virado de lado, um que deixa cair o lápis, outro que pega uma garrafinha de água pra beber, tudo é motivo pra eles se distraírem, mesmo porque eles são muito pequenos, então qualquer coisinha já é motivo de distração. [...] Eles já entraram num esquema tão gostoso, que é assim, eu entro, falo boa tarde, ajeito as persianas, arrumo minha mesa, abro o armário, eles já vão fazendo tudo que eles têm que fazer [...]. Eles já abrem o diário, aí eu já viro, já começo a passar tarefa e em seguida, eles ficam em silêncio. Então quer dizer, não é uma
coisa que eu consegui num dia, então todo dia eu falava. [...] Então é uma coisa, assim, que
você tem realmente que perseverar, não adianta você querer, é igual educar filho, não adianta você falar hoje que tem que fazer isso, você tem que falar todos os dias.
É, é, vira pra frente, porque uns assistem com o cotovelo na mesa do vizinho, entendeu, eles viram pra trás pra saber o que que o outro ta fazendo, então, é uma coisa assim que você tem
que insistir, entendeu, é uma coisa realmente que você tem que ir regando todos os dias, não adianta você falar uma vez e achar que você não precisa falar mais.
Ainda tenho que falar, porque ainda tem criança que segura a cabeça pra escrever, como é que se fala, deixa a folha escorregando a hora que escreve [...]. Tem criança que ainda não adquiriu o
hábito e tem criança que já adquiriu, né?
Então, porque acontece o seguinte: se a criança ta com o braço todinho fora da mesa, ela perde toda a firmeza do braço pra escrever, ta? Então, vamos supor, se ela tem muito material em cima da mesa, ela não tem espaço para ela. Então, assim, essa parte de organização e realmente a
postura mesmo. [...] Então, assim, todas as coisas que a gente explica pra eles tem que ter uma justificativa, não pode ser assim, ó, coloca o pé naquele apoio da mesa porque é a
professora que quer [...]. É trabalhando melhor essa parte de postura, de posição de corpo e tudo mesmo.
a educação, assim, é uma coisa que você tem que ter paciência e perseverança. Por exemplo, se a gente deixa, eles assistem aula escorregados na cadeira, eles escrevem sempre segurando a cabeça, eles escrevem com o livro apoiado fora da mesa, o braço inteiro fora da mesa, então a gente, é uma coisa que você tem que fazer sempre, então, por exemplo, “senta, encosta na cadeira”.
Ah, eu gosto de dar coisa diferente pra eles, assim, quando é coisa nova, coisa diferente, não que as outras eu não goste, assim, mas eu acho, assim, quando é um assunto novo, uma coisa diferente eu, assim, me sinto muito entusiasmada pra ensinar as coisas para as crianças. Eu gosto
de mostrar que aquilo é legal, [...] eu procuro demonstrar pra eles, assim, bastante entusiasmo na hora de ensinar. Então eu acho que essa postura da gente na hora de ensinar pras crianças ela... interfere muito, porque as crianças percebem se você ta animada pra dar aquilo
[...].
[...] depois que, é, passou essa introdução toda, que nós fizemos outras atividades, aí deu pra ver quem realmente entendeu e quem realmente ainda ficou, assim, com uma certa dúvida, criança que não assimilou. Porque tem criança, assim, você fala no geral ela não entende na primeira
vez. [...] Tem criança que não entendeu, mas a maioria entendeu.
eu espero todos receberem os livros e depois falo qual página que eles tem que abrir o livro. Tem
criança que eu já falei duas vezes e ainda não sabe qual página que tem que abrir o livro.
coisa importante, veja...então você tem sempre que ta chamando a atenção deles porque tem
criança que não se concentra, por mais que você plante bananeira lá na frente, a criança não ta vendo você. É muito, é bem difícil.
De vez em quando eu falo “gente, planeta terra chamando”, aí eles morrem de rir. Aí você olha, assim, você vai acostumando o olhar da criança, você percebe, que pode tá em você, mas ela
não ta entendendo o que você ta falando. [...] Então você percebe que a criança, a maturidade dela não chegou nesse nível de atenção, então ela não escuta o grupo, dependendo das ordens, ou se é uma ordem mais longa ou se uma coisa mais elaborada, ela não escuta, entendeu?
Então a gente fazendo um gesto lá na frente ou falando um pouco mais baixo ou brincando com alguém ou às vezes a gente joga uma coisa pra cima, não sei, dentro do assunto, a gente faz uma
coisa diferente mesmo com o objetivo de chamar a atenção é...pra aquilo, pra todo mundo se
ligar que é uma coisa diferente e que aquilo eles têm que saber, têm que prestar atenção, ou têm que ouvir melhor naquela hora.
Aí depois eu deixo eles perguntarem, então é assim, se eu parei na explicação, vamos supor, li um trecho e expliquei, se eles levantam a mão, tudo bem. Agora, se eu to no meio da explicação ou no meio da leitura que uma coisa tem a ver com a outra, eu não deixo eles perguntarem. [...] Quem já falou uma vez não fala de novo, porque senão eles vão engatando uma coisa na outra, [...] mas a gente tem que ter um pouquinho o domínio [...] pra eles perceberem que a gente pode falar, mas também não é o tempo que a gente quiser. Então sempre tem um espaço pra eles falarem. Então tem criança que levanta a mão porque não entendeu, mas a maioria quer contar alguma coisa que aconteceu com a vó, com o tio, com o papagaio, e tem alguma relação com
aquilo, por isso que no meio da explicação eu não deixo, não deixo falar, não. Não atendo as mãos levantadas e eles já sabem, eu falo, ó, daqui a pouco vocês falam, aí eles vão aceitando.
Então eles falam: Ah, lá na minha avó, não sei onde, quando eu viajei nas férias. Espera um pouquinho, [...] a gente vai com cuidado, também porque às vezes a gente pode chatear a
criança, mas assim, ó, espera um pouquinho, nós estamos falando disso agora? [...] Eles vão,
assim, aceitando, e aí tem hora que eu deixo eles falarem bastante. É aquele momentinho às vezes de guardar o material na saída, de pegar o material na hora da entrada que eu deixo eles conversam um pouquinho. Às vezes faltam dez minutinhos, eu deixo eles levantarem, eles vêm conversar comigo, aí eles vêm contar charadinhas, então a gente deixa, assim, sempre tem algum momento assim com eles, entendeu? Então, quer dizer fica aí, quando precisa a gente dá uma, uma seguradinha neles.
Às vezes é uma coisa tão automática que a gente acaba... Ah! Uma coisa que eu queria falar, por exemplo, as crianças às vezes levantam a mão e eu não deixo falar. Por quê? Porque se eu
deixar um contar um caso de relógio, o outro vai se sentir no direito, aí eu não tenho coragem de não deixar o outro falar. Se cinco ou seis levantarem a mão para contar uma
história de relógio diferente, vou ter que deixar, então quando eu to introduzindo um assunto
ou explicando alguma coisa, eu não deixo, eu não deixo falar mesmo. Você viu que tem
criança com a mão levantada, eu não chamo, eu peço para esperar, falo: depois vocês perguntam. Por quê? Se a gente abrir, às vezes eu, já aconteceu isso, por isso que eu parei de fazer, você deixa uma criança falar e ela não quer tirar dúvida e ela não quer falar nada pertinente àquilo, ela vai contar uma coisa que aconteceu, que ela acha que tem relação com o assunto e aí a gente foge
do assunto, até você puxar a classe toda de novo pra atenção pra você conseguir continuar o
assunto, você já perdeu muito tempo.
Eu achei que foi uma coisa interessante. A gente fica, assim, é uma coisa diferente, né? Eu achei
interessante a gente rever, porque, assim, a gente não tem tempo de parar [...] você não tem
como sentar ali e rever o que você fez. Você só vai saber se aquilo realmente que você fez não
foi bom no resultado de trabalho das crianças. Então se você viu que o resultado quantitativo
Às vezes, a gente cai na conta, assim, por exemplo, você fala “nossa, eu podia ter explicado
aquilo de outro jeito” ou então você fala “Ah, se eu, quando eu for falar isso de novo ou retomar
esse assunto, eu vou fazer de outro jeito”, mas não é sempre que você consegue, por exemplo, ver se aquilo antes de você ter esse resultado, você não tem realmente, a gente não tem tempo. Você não tem tempo de sentar e falar assim “olha, como é que foi sua aula” [...]. Então, em alguns momentos, a gente até percebe, mas, assim, não é uma coisa que dá pra fazer com frequência, mas eu achei interessante, eu gostei, sim. Eu gostei, não sabia, não tinha idéia de como seria ou que parte vocês pegariam, nada disso, né? Mas eu achei interessante...