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1.4 Os profissionais habilitados a exercer a função de Engenheiro Clínico

O Crea-RS, buscando esclarecer a correta interpretação da PL-1804/98, emitiu a norma 33 de 2008 onde detalha o amplo universo de profissionais habilitados a atuar com equipamentos odonto-médico-hospitalares:

Art. 5° - O projeto e a execução dos equipamentos eletro-eletrônicos e/ou eletromecânicos, odonto-médico-hospitalares são de competência profissional dos engenheiros mecânicos, eletricistas e eletrônicos circunscritos, exclusivamente, no âmbito de sua formação profissional, dos engenheiros biomédicos e dos engenheiros portadores de certificados de cursos de pós-graduação, (especialização, mestrado ou doutorado), em Engenharia Clínica ou outra denominação correspondente, pertinentes às graduações acima citadas.

São poucos os profissionais habilitados e que possuem os conhecimentos necessários para atuar com toda a diversidade de equipamentos odonto-médico-hospitalares. Este é um universo de alta complexidade tecnológica, exigindo conhecimentos elevados da área elétrica, eletrônica e mecânica. Os engenheiros listados no Art. 5º da norma 33/08 podem realizar a gestão do parque tecnológico de um hospital restritos às tecnologias de seu âmbito de competência anotado no seu registro profissional.

Nas seções abaixo estão apresentadas de forma genérica as características principais dos profissionais citados no Art. 5º da norma 33/08 do Crea-RS. É importante ressaltar que o título

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profissional não é suficiente para definir quais são as atribuições que o profissional possui. O Crea, ao realizar o registro, avalia o currículo escolar e confere as atribuições segundo o conhecimento adquirido na academia. Profissionais com o mesmo título podem possuir atribuições diferentes, como, por exemplo, os engenheiros biomédicos formados pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), que possuem atribuições mais amplas do que as definidas na Decisão Plenária PL-0034/2008, que define as atribuições dos engenheiros biomédicos formados na UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba).

1.4.1

Engenheiros Biomédicos

Os engenheiros biomédicos que possuem as atribuições definidas conforme a Decisão Plenária PL-0034/2008 possuem as seguintes atribuições:

atribuições relacionadas no art. 7º da Lei nº 5.194, de 1966, e no art. 9º da Resolução nº 218, de 1973, limitadas às atividades relativas aos serviços, aos materiais, aos dispositivos e sistemas de auxílio à motricidade e locomoção de seres vivos (órteses e próteses mioelétricas), aos instrumentos e aos equipamentos elétricos, eletrônicos e eletro-mecânicos de imagenologia, de aferição, monitoração, reprodução e ressuscitamento de sinais vitais da área médico-odonto-hospitalar.

São profissionais com conhecimentos da área elétrica, eletrônica e mecânica especializados em equipamentos biomédicos. Possuem atribuições para atuar com os equipamentos elétricos, eletrônicos e eletromecânicos de imagenologia, de aferição, monitoração, reprodução e ressuscitamento de sinais vitais da área odonto-médico-hospitalar. Exemplos de equipamentos de sua competência: cardioversores, monitores multiparamétricos, aparelhos de imagens médicas, bombas de infusão, ventiladores pulmonares, endoscópios, etc.

Porém, como os demais profissionais, se não estenderam suas atribuições, possuem limitações para equipamentos outros não listados na PL-0034/08. Por exemplo: agitador de tubos, balança eletrônica de precisão, banho maria, estufas, autoclaves, termodesinfectoras, fornos, estufas, etc.

Alguns Engenheiros Biomédicos formados pela UFPE, que possuem atribuições mais amplas do que as definidas no PL-0034/08, tiveram sua capacidade de desempenhar a função de

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engenheiros clínicos confirmada pelo Desembargador Federal Cid Marconi no processo Nº: 0803965-49.2015.4.05.0000:

O cerne da questão cinge-se à possibilidade de aceitação da graduação em Engenharia Biomédica, como comprovante suficiente de aptidão para o exercício do cargo de Engenheiro Clínico, para o qual o Agravado foi aprovado e convocado pela Agravante e, consequentemente, sua contratação para o referido cargo.

A análise das manifestações, ora documentadas neste feito, exaradas pelo Ministério da Saúde (Id. 4058500.371648), pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Id. 4058500.371653), pela Câmara Especializada de Engenharia Elétrica-CEEE do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Id. 4058500.371650), pelo próprio Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Id. 4058500.371651) e pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Id. 4058500.371649), autoriza a conclusão da prescindibilidade da exigência da especialização em Engenharia Clínica ao autor para que este exerça as pertinentes funções, haja vista ser ele graduado em Engenharia Biomédica, no caso, pela Universidade Federal de Pernambuco (Id. 4058500.371665).

É que, segundo tais manifestações dos entes representativos da Administração Pública e, particularmente, dos Conselhos profissionais, apenas a profissão de engenheiro biomédico é atualmente regulamentada, e que a formação nessa graduação também capacita, em virtude da grade curricular cursada, para o exercício profissional das atividades inerentes ao cargo/emprego de engenheiro clínico.

Destarte, à míngua de lei, formal e materialmente aprovada pelo Congresso Nacional (CF/1988, art. 22, XVI), que viesse a indicar, expressa e razoavelmente, funções e/ou áreas de atuação distintas entre a Engenharia Biomédica e a Engenharia Clínica, sendo esta uma

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sub-área daquela, é força convir, a partir das manifestações dos Conselhos profissionais regionais, com supedâneo no CONFEA, que o engenheiro biomédico é um profissional que pode atuar na área de Engenharia Clínica, razão pela qual não necessita de curso de especialização para tal desempenho.

1.4.2

Engenheiros Eletricistas

Os engenheiros eletricistas que estão habilitados no Art. 8º e 9º da Resolução 218/73, possuem as seguintes atribuições profissionais:

Art. 8º - Compete ao ENGENHEIRO ELETRICISTA ou ao ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE

ELETROTÉCNICA:

I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes à geração, transmissão, distribuição e utilização da energia elétrica; equipamentos, materiais e máquinas elétricas; sistemas de medição e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos.

Art. 9º - Compete ao ENGENHEIRO ELETRÔNICO ou ao

ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE ELETRÔNICA ou ao ENGENHEIRO DE COMUNICAÇÃO:

I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes a materiais elétricos e eletrônicos; equipamentos eletrônicos em geral; sistemas de comunicação e telecomunicações; sistemas de medição e controle elétrico e eletrônico; seus serviços afins e correlatos.

Esses profissionais possuem habilitação profissional para atuar com equipamentos odonto- médico-hospitalares elétricos e eletrônicos. Porém apresentam limitações quanto a equipamentos eletromecânicos. Esses profissionais também são habilitados a atuar com instrumentação biomédica. Muitos dos equipamentos hospitalares são fortemente eletrônicos com atuadores e sensores eletromecânicos sendo também da competência desses profissionais. Exemplos de equipamentos de sua competência: cardioversores, monitores multiparamétricos, aparelhos de imagens médicas, bombas de infusão, ventiladores pulmonares predominantemente eletrônicos, etc.

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Em geral, não possuem, porém, pela formação inicial, grande capacidade técnica nos aspetos mecânicos, termodinâmicos e da mecânica de fluidos desses equipamentos.

Exemplos de equipamentos que extrapolam a competência desses profissionais: autoclaves, termodesinfectoras, fornos, estufas, ventiladores pulmonares predominantemente mecânicos mais antigos como o Vent-Logos VLP-4000, etc.

1.4.3

Engenheiros Eletrônicos

Os engenheiros eletrônicos que estão habilitados no Art. 9º da Resolução 218/73, possuem as seguintes atribuições profissionais:

Art. 9º - Compete ao ENGENHEIRO ELETRÔNICO ou ao

ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE ELETRÔNICA ou ao ENGENHEIRO DE COMUNICAÇÃO:

I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes a materiais elétricos e eletrônicos; equipamentos eletrônicos em geral; sistemas de comunicação e telecomunicações; sistemas de medição e controle elétrico e eletrônico; seus serviços afins e correlatos.

Esses profissionais possuem habilitação profissional para atuar com equipamentos odonto- médico-hospitalares eletrônicos. Porém apresentam limitações quanto a equipamentos elétricos e eletromecânicos. Esses profissionais também são habilitados a atuar com instrumentação biomédica. Muitos dos equipamentos hospitalares são fortemente eletrônicos com atuadores e sensores eletromecânicos sendo também da competência desses profissionais. Exemplos de equipamentos de sua competência: cardioversores, monitores multiparamétricos, aparelhos de imagens médicas, bombas de infusão, ventiladores pulmonares predominantemente eletrônicos, etc. Não possuem, porém, pela formação inicial, grande capacidade técnica nos aspetos mecânicos, termodinâmicos e da mecânica de fluidos desses equipamentos.

Exemplos de equipamentos que extrapolam a competência desses profissionais: autoclaves, termodesinfectoras, ventiladores pulmonares predominantemente mecânicos mais antigos como o Vent-Logos VLP-4000, etc.

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