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ECONÔMICO E INSTITUCIONAL

7.2 OS PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS

Embora enfatizem o elevado grau de burocracia existente no Brasil como um dos fatores limitantes ao empreendedorismo, os especialistas são otimistas quando o assunto é apoio mais específico às atividades empreendedoras. Alguns programas governamentais têm facilitado o funcionamento das pequenas e médias empresas, sobretudo nas áreas fiscais e tributárias.

Empreendedorismo no Brasil . 2006

O governo federal havia detectado, na percepção dos especialistas, que os programas podem até existir, mas são dispersos e de difícil acesso ou conhecimento para os empreendedores.

Em 1999, foi lançado o Programa Brasil Empreendedor, cuja finalidade é coordenar e articular diversas ações e programas de agentes públicos e privados. Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC foi criado na tentativa de centralizar informações relacionadas a empreendimentos. No entanto, os especialistas afirmam que ainda não se consegue assistência por parte do governo visitando apenas uma agência. Apesar de não cumprir este objetivo, o programa obteve resultados, como a Lei n.º 9.872/1999, que criou o Fundo de Aval para a Geração de Emprego e Renda (FUNPROGER17); o Programa de Recuperação Fiscal, com a Lei n.º 9.841/1999,

que estabeleceu o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte; e a Criação do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, onde se podem obter várias informações sobre os programas de governo. Além do Brasil Empreendedor, instituições como o SEBRAE têm programas específicos para este público, como o Jovem Empreendedor, e os especialistas detectam um esforço grande de estímulo a empresas de base tecnológica. Nesse sentido, há iniciativas tanto em nível federal quanto estadual. Em âmbito federal, há os editais da FINEP, os recursos do BNDES para empresas nascentes de base tecnológica e microcrédito, que facilita a obtenção de recursos financeiros por parte dos microempreendedores formais e informais. No âmbito dos estados, as fundações de amparo à pesquisa e as secretarias de ciência e tecnologia têm contribuído para o surgimento de empreendimentos de base tecnológica. Para os especialistas, a criação de pólos tecnológicos e de centros de

incubação de empresas no Brasil também estimulam e promovem a criação de novos empreendimentos. Corroborando tal visão, a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) constatou a evolução do número de incubadoras no País. A sua pesquisa Panorama de Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos, que tem periodicidade anual, na edição de 2005 registra um total de 339 incubadoras em operação, número muito superior ao de 1988, quando havia apenas duas. Nas 339 incubadoras,

17 Ver o regulamento em: http://www.bb.com.br/appbb/portal/gov/ep/srv/fed/ AdmRecFUNPROGER.jsp.

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2.327 empresas estão incubadas, 1.678 já foram graduadas e 1.613 estão associadas. Essa pesquisa também mostra a evolução dos parques tecnológicos no Brasil. No ano de 2005 havia 15 parques em operação, 13 em implantação e 14 em projeto.

Os resultados do GEM também destacam o acesso à infra-estrutura para os novos empreendedores como um terceiro fator limitante, segundo a avaliação dos empreendedores (12,7%). Os empreendedores iniciais sinalizam a

importância da localidade do negócio como fator de sucesso e a dificuldade de se ter esta localidade decorrente do elevado valor exigido quer seja para a aquisição ou arrendamento do espaço.

Na questão do apoio a empresas novas e em crescimento, para 35,1% dos especialistas é precário ou mesmo inexistente o acesso à infra-estrutura física – estradas, serviços de energia elétrica, fornecimento de água, comunicação, saneamento, coleta de lixo. Todavia, talvez considerando a dimensão continental do País, algumas respostas vão em contraponto a esses dados: “o Brasil é um país privilegiado em termos de recursos naturais e isso resulta numa relativa facilidade de acesso a recursos mínimos como espaço físico, luz, água e telefone, se comparado a outros países em nível semelhante”. Outro entrevistado afirma que “principalmente em capitais e grandes cidades brasileiras [o acesso à infra-estrutura física] já apresenta relativa solidez em termos de disponibilidade e de acessibilidade”.

Cerca de 30% dos especialistas afirmam que o custo de acesso a serviços de comunicação (telefone, internet etc.) é muito alto. De acordo com um dos entrevistados, tais custos “podem representar [...] certa barreira para as pequenas empresas”. Quanto ao acesso em menos de uma semana aos

serviços de comunicação em análise, 46% dos especialistas afirmam que isso já é possível na maioria das cidades. Para um deles, “a infra-estrutura de telefonia e internet encontra-se num padrão mundial, o que ajuda muito principalmente às empresas de alta tecnologia. Estes serviços são disponibilizados de forma rápida e acessível, possibilitando melhoria na competitividade das empresas”.

No entanto, em regiões menos favorecidas é possível que tal prazo seja mais alongado ou até mesmo inexista oferta adequada. Em geral, os especialistas (48,6%) ponderam que uma empresa nova ou em crescimento consegue ter acesso a serviços básicos (gás, água, eletricidade e esgoto) em um período

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aproximado de um mês. Adicionalmente, 56,8% dos especialistas acreditam que as empresas novas e em crescimento possuem condições de arcar com os custos dos serviços básicos de infra-estrutura.

Ainda no tocante ao acesso à infra-estrutura física, um dos entrevistados tece comentários favoráveis aos recursos naturais e às condições geográficas e climáticas do País: “no Brasil não temos o problema das catástrofes naturais ou ocorre muito pouco. Outro aspecto é que o Brasil possui terra abundante para oferecer combustível alternativo ao petróleo e à gasolina”.

Analisando particularmente o acesso e a importância da internet para as empresas brasileiras observa-se primeiramente um elevado índice de crescimento no Brasil mesmo se comparado ao índice dos países

desenvolvidos. O desenvolvimento tecnológico neste setor tem propiciado o desenvolvimento de oportunidades antes muito caras e de difícil colocação em prática, só acessíveis às empresas altamente capitalizadas.

A existência da internet como provedora de informações facilita a importação de idéias para o empreendedorismo no País por meio de cópia ou

aprimoramento dessas idéias, além de facilitar a interação com o mercado em que o profissional está inserido, permitindo a educação continuada e

contribuindo na busca de informações para o planejamento e desenvolvimento de novos produtos e serviços.

Uma parte da informação, conhecimento codificado e aprendizado das

empresas novas e em desenvolvimento são acessados por meio das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). A difusão das TICs implica maiores possibilidades de codificação e transferência do conhecimento. A informação codificada se agrega e complementa os conhecimentos tácitos que

permanecem nas empresas. As TICs são fundamentais nas formas de gestão e organização empresarial, geram maior integração nas diferentes funções das empresas, facilitam a integração com usuários, fornecedores e prestadores de serviços e facilitam a integração com outras empresas e instituições. Portanto, o acesso as TICs pelas empresas novas e em desenvolvimento é um canal

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7.3 IMPLICAÇÕES PARA FORMULADORES DE POLÍTICAS