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3. GEOPROCESSAMENTO E A MODERNIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

3.2. OS PROGRAMAS PARA MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO URBANA: PMAT E PNAFM

Os dois programas do Governo Federal provedores de recursos para modernização das atividades administrativas para os municípios são: o Programa Nacional de Apoio a Gestão Administrativa e Fiscal dos Municípios Brasileiros (PNAFM) e o Programa de Modernização da Administração Tributária e Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT). Surgiram como uma resposta à necessidade de melhorar a administração tributária e financeira dos municípios, principalmente após as imposições da Lei de Responsabilidade Fiscal. Podem ser complementares e não se tratam de financiamentos direcionados somente à implantação do geoprocessamento nas prefeituras, mas os recursos destes programas também podem ser destinados a este fim, pois atualmente o geoprocessamento é importante para subsidiar o planejamento de políticas públicas a partir do fornecimento das informações georreferenciadas.

O PNAFM é executado pela Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, por meio da Unidade de Coordenação de Programas (UCP), que gerencia a implementação com apoio da Caixa Econômica Federal, seu agente financeiro e co-executor do programa. Trata-se de uma linha de crédito para apoiar iniciativas de modernização administrativa e fiscal e fortalecimento institucional dos municípios brasileiros. Tem como princípios instaurar novas práticas de gestão para viabilizar uma maior autonomia financeira e promover o maior controle social sobre as ações da prefeitura através da divulgação de dados e participação popular.

O Programa permite dois tipos de financiamentos variando com a quantidade populacional, os municípios com até 50.000 habitantes se enquadram nos Projetos Simplificados, com valores que variam de R$ 200 mil a R$ 379 mil; já os municípios com mais de 50.000 habitantes participam dos Projetos Ampliados, com empréstimos de R$ 1,9 milhão a R$ 53 milhões. As prefeituras têm um período de carência de quatro anos e um prazo de amortização de até doze anos. A região nordeste foi a que mais recebeu recursos do programa em 16 prefeituras, sendo seis capitais de estado. Atualmente, 86 municípios brasileiros assinaram contratos (UCP, 2007). Para participação no projeto é necessária a criação de uma Unidade de Execução Municipal

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(UEM) para apoiar a prefeitura na elaboração dos projetos, na coordenação e supervisão da execução dos projetos e na administração da aplicação dos recursos financeiros.

Nos municípios, os recursos são destinados a programas de capacitação e consultorias; aquisição de equipamentos de informática e de comunicação; investimentos na infraestrutura (construção, reforma e adequação dos ambientes), ajustes no quadro profissional; e a integração de sistemas tributários com aplicativos e ferramentas de controle espacial, com o geoprocessamento e o georreferenciamento de bases de dados e do cadastro municipal.

De acordo com o Relatório de Acompanhamento do PNAFM, os investimentos estão alocados fundamentalmente em três categorias: Consultoria (34%), com destaque para ações de geoprocessamento e georreferenciamento; seguido da categoria Informática (26,6%), com destaque para os sistemas integrados; e Infraestrutura (23,1%), adequação e reformas dos centros administrativos (UCP, 2007).

O PMAT tem como órgão executor o Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e foi implantado em 1997. Objetiva o aumento da receita própria municipal, o maior controle dos gastos e a racionalização do uso dos recursos públicos, a qualidade no atendimento ao cidadão e a transparência da ação governamental (BNDES, 2008). Em 2000, o Banco do Brasil tornou-se mandatário do programa facilitando o contrato com prefeituras de cidades pequenas, uma vez que para operações diretas com o BNDES o valor mínimo da operação é de R$ 6 milhões. Atualmente também são mandatários do BNDES a Caixa Econômica Federal, a Agência de Fomento Caixa RS e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais – BDMG.

O PMAT contempla investimentos em tecnologia de informação e equipamentos de informática, capacitação de recursos humanos, serviços técnicos especializados (contratação de serviços para apoiar/desenvolver atividades do projeto, inclusive sistemas de organização e gerência, base cadastral e de tecnologia de informação), equipamentos de apoio à fiscalização, infraestrutura física (adequação de ambientes, programas operacionais e ao atendimento ao cidadão) (BNDES, 2008).

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O limite de empréstimo está fixado em R$ 30 milhões, ou R$ 18 reais por habitante, ou 7% da receita líquida municipal. Apesar de ter um leque de possibilidades de investimentos maior que o PNAFM, como em áreas da administração, da saúde e da educação, 77% dos investimentos são dirigidos para a área de modernização tributária (GUARNERI, 2002).

Estão previstas, no PNAFM, visitas técnicas aos municípios para fins de acompanhamento e para a avaliação dos projetos realizados e para o intercâmbio e a difusão das iniciativas de sucesso. Os municípios deverão apresentar um Projeto de Modernização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos, a fim de identificar, analisar e acompanhar o conjunto de ações e metas, através das quais pretenda alcançar um maior nível de eficiência fiscal em sua arrecadação e a melhoria da qualidade do gasto municipal. E também, o município deverá constituir um Grupo Especial de Trabalho de Modernização da Gestão Pública, para coordenar a elaboração e implantação do projeto a ser composto por profissionais das diferentes áreas técnicas (BNDES, 2008).

Em ambos os Programas as garantias de pagamentos estão atreladas aos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do ICMS, e os municípios devem elaborar relatórios do progresso físico e financeiro dos recursos aplicados.

Os dados dos Programas refletem a importância que o geoprocessamento vem adquirindo para a prática da atividade administrativa municipal. Ele desponta como uma das mais importantes categorias de investimento das prefeituras entre aquelas que buscam a modernização administrativa.

O Mapa 3.1 representa os municípios brasileiros que receberam recursos dos programas descritos. É importante ressaltar que os resultados são um indicativo de modernização da administração e não necessariamente do emprego do geoprocessamento. Entretanto, como o geoprocessamento aparece no Relatório de Acompanhamento do PNAFM (UCP, 2007) e no trabalho “Modernização da Gestão Pública do BNDES” (GUARNERI, 2002) como um dos principais alvos de investimentos das prefeituras, é válido que o mapa aponte para a possibilidade de uso e aquisição do geoprocessamento.

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Com referência aos dados divulgados até o dia 16/12/2008, destacam-se as regiões Sul e Sudeste, nas quais o Estado de São Paulo possui 110 municípios com contratos com o PMAT, seguido de Santa Catarina com 53 municípios e Paraná com 44. Na região Nordeste o Estado com mais financiamentos do PMAT é o Ceará com 26, e na Centro-Oeste, Mato Grosso com 22 municípios.

Já em relação ao PNAFM, com base nos Contratos Assinados divulgados pela CEF, pode-se perceber que não há uma concentração marcante, o Estado de São Paulo foi o maior beneficiário com 13 municípios contratados, seguido do Rio Grande do Sul com 8 municípios, e a Paraíba com 7. Vinte e quatro municípios tiveram os financiamentos do PMAT e PNAFM: Araucária (PR), Belo Horizonte (MG), Blumenau (SC), Campo Grande (MS), Canoas (RS), Diadema (SP), Fortaleza (CE), Foz do Iguaçu (PR), Gaspar (SC), Goianésia (GO), Ipatinga (MG), Jacareí (SP), Juiz de Fora (MG), Manaus (AM), Mogi Mirim (SP), João Pessoa (PB), Juiz de Fora (MG), Nova Iguaçu (RJ), Nova Lima (MG), Palmas (TO), Ribeirão Corrente (SP), São Gabriel (RS), São Bernardo do Campo (SP), São Luís (MA).

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Fonte: Malha Digital IBGE, 2005; Operações do BNDES com Municípios (até o dia 16/12/2008); PNAFM - Contratos Assinados (26/09/2008) Org.: Trevisan, 2008 0 375 750 1.500 Km Legenda PMAT PNAFM PMAT e PNAFM

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4. ESTUDO DE CASO: GEOPROCESSAMENTO NO CADASTRO IMOBILIÁRIO