• Nenhum resultado encontrado

Os protagonistas do GEPEMAPe: a constituição de um grupo de estudo colaborativo

4. OS MEANDROS DA PESQUISA

4.4 Os protagonistas do GEPEMAPe: a constituição de um grupo de estudo colaborativo

O Grupo de Estudos e Pesquisa em Ensino de Matemática e Atividade Pedagógica (GEPEMAPe) iniciou-se em 2015 e,

[...] tem por objetivo principal desenvolver atividades de ensino que integrem os conhecimentos de pesquisadores da Universidade com os conhecimentos produzidos pelos professores da Educação Básica e licenciandos. Os envolvidos têm oportunidade de desenvolver estudos teóricos sobre a Teoria Histórico-Cultural, ensino de Matemática e formação docente, em nível de graduação e de pós-graduação (https://gepemapeufu.wixsite.com/gepemape. Acesso em 15 de dezembro de 2017).

O grupo é formado por pesquisadores e estudantes de pós-graduação dos Programas de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECM) e em Educação (PPGED) da Universidade Federal de Uberlândia. Suas ações agregam-se em vários projetos desenvolvidos, especialmente em parceria com escolas da Rede Pública Municipal e Estadual, aliando-se à pesquisa e a ações de ensino e extensão.

Nesse sentido, entendemos que a pesquisa apresentada neste texto desenvolveu-se no âmbito de um grupo de dimensão colaborativa existente desde o ano de 2015, no interior da Universidade Federal de Uberlândia, campus de Uberlândia-MG. Desde esse ano, o objetivo principal da constituição do grupo foi a criação de um ambiente propício para o desenvolvimento de pesquisas na e sobre a prática pedagógica (NACARATO; GRANDO, 2009).

Atualmente27, o grupo é composto por cinco professores, todos mestrandos e uma pós- doutora. A participação é sempre voluntária, ocorrendo entradas e saídas de professores ao final de cada semestre. Há época da realização dessa pesquisa, o grupo era composto por quatro mestrandos e uma pós-doutora.

Os encontros do grupo acontecem quinzenalmente, por três horas. Nesse espaço, acontecem estudos teóricos, , análise de registros produzidos pelos alunos nas diversas pesquisas, relatos sobre aulas na educação básica realizadas pelos professores participantes, entre outras ações. Coadunamos com as ideias de Nacarato e Grando ao afirmarem que:

27

[...] a constituição de grupos vinculados a uma temática específica do saber matemático propicia, de certa forma, um debate mais direcionado, possibilitando uma produção coletiva de saberes docentes pelos participantes, que podem ser traduzidos nos diferentes campos e temáticas do ensino da matemática (2009, p. 2).

Enfatizamos que esta pesquisa colaborativa foi a primeira a ser compartilhada, problematizada e refletida com o grupo, o que inicialmente desafiou os integrantes, gerou estranhamentos, impasses, adaptações, novas aprendizagens e, consequentemente, novos conhecimentos profissionais. (NACARATO et al., 2006). Ressaltamos que um grupo colaborativo nem sempre é fácil de instituir e de manter em movimento, mas, quando se estabelece com um objetivo e um programa de trabalho claramente assumidos, pode gerar belos frutos.

Acreditamos que, devido às adaptações e aos estranhamentos supracitados, a colaboração ativa, planejamento conjunto, interdisciplinaridade entre outras ações que envolvem um coletivo, não é uma prática comum em todos os ambientes escolares. Porém, entendemos que tais intervenientes com o intuito de realização de um dado trabalho careceriam ser uma prática diária, visto que a ―colaboração constitui uma estratégia fundamental para lidar com problemas que se afiguram demasiado pesados para serem enfrentados em termos puramente individuais‖ (BOAVIDA; PONTE, 2002, p. 43).

Adotar estratégias de trabalho colaborativo contribui para reconhecer, cada vez mais, a complexidade e a natureza problemática dos processos educativos e, concomitantemente, buscar solucioná-los. Em razão disso,

A colaboração tem-se revelado importante em campos como o desenvolvimento de projetos curriculares ou a realização de projetos de intervenção educativa centrados em problemas específicos como a tóxico dependência, questões ambientais ou a salvaguarda do patrimônio. Sendo as organizações escolares frequentemente marcadas por uma leitura rígida do currículo e portadoras de uma cultura institucional caracterizada pelo individualismo e a hierarquia é, muitas vezes, extremamente difícil ao professor realizar um projeto educativo sem contar com a colaboração de outros intervenientes, igualmente professores ou com outros papéis no sistema. Se tudo isto é verdade para os projetos educativos em geral, muito mais o será para os projetos de investigação sobre a prática, cuja concepção, desenvolvimento e divulgação envolvem um conjunto alargado e diversificado de atitudes e competências e se deparam, na maior parte dos casos, com muitos e inesperados obstáculos (BOAVIDA; PONTE, 2002, p. 44).

Nos últimos anos, principalmente no campo da Educação Matemática, muito se tem discutido e pesquisado sobre o trabalho colaborativo.

Mas, afinal, o que entendemos por grupo colaborativo? Coadunamos com as ideias de Fiorentini ao relatar que a prática dos grupos colaborativos é

[...] marcada, de um lado, pelo compartilhamento de experiências e problemas relativos à prática pedagógica de ensinar e aprender Matemática em sala de aula e aos múltiplos constrangimentos e possibilidades de trabalho docente nas escolas públicas e privadas locais; e, de outro, pela realização de leituras, reflexões, investigações e escritas sobre esse modo de ser-estar professor e professora de matemática nas escolas atuais, socializando com os demais professores as lições e aprendizagens (2009, p. 236-237).

Nesse sentido, Hookey, Neal e Donoahe (1997), traduzidos por Boavida e Ponte, (2002, p.52), a partir da sua experiência num projeto colaborativo, indicam cinco tipos de tarefas a fim de facilitar o estabelecimento e desenvolvimento do trabalho conjunto nos quais nos incluímos:

 Iniciar uma relação de trabalho, o que inclui a negociação de como, por que e quando trabalhar em conjunto;

 Determinar propósitos vantajosos para o trabalho em comum;

 Estabelecer contextos de apoio, que passa, nomeadamente, por negociar apoios junto das direções das escolas;

 Manter uma relação de trabalho, o que requer enfrentar ambiguidades e negociar questões que surjam durante o trabalho conjunto;

 Expandir os propósitos iniciais do trabalho, de modo a permitir diferentes possibilidades de desenvolvimento profissional individual.

Desse modo, acreditamos que há ajuda mútua na execução de tarefas, visando a atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo, o qual tem sido potencializador em nossas práticas de ensino, aprendizagem e também enriquecedor no quesito profissional, em nossa formação quanto professores.