CAPÍTULO 3. A ESCOLA ESTADUAL: CONDIÇÕES DE TRABALHO
3.1. OS TRABALHADORES DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE
Os dados apresentados a seguir são relativos ao mês de junho de 2015 e foram elaborados pela Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos (CGRH) e podem ser acessados pelo site (http://www.educacao.sp.gov.br/cgrh/).
Em todo o Estado de São Paulo, temos 5.622 escolas, 3.935.718 alunos e 231.497 professores. Além do quadro de professores, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE) tem vários outros cargos relacionados a educação.
Tabela 16 – Quadros da Secretaria da Educação (junho 2015) Quadros da Secretaria da Educação
Quadro x Categoria Efetivos Não Efetivos Total por
Quadro
Quadro Magistério 136.993 94.504 231.497
Quadro de Apoio Escolar 46.772 2.776 49.548
Quadro Secretaria da Educação 2.996 3.189 6.185
Total por Categoria 186.761 100.469 287.230
A tabela 16 apresenta as divisões dos cargos na Secretaria de Educação e os classifica- os quanto sua situação laboral (efetivos e não efetivos). Em todos os setores, há trabalhadores temporários. Os quadros 7, 8 e 9, a seguir, especificam detalhadamente os cargos existentes na SEE.
Quadro 7 – Cargos do quadro do magistério Quadro de Apoio Escolar
Dirigente Regional De Ensino Diretor De Escola
Prof. Educ. Básica I (Classe) Professor Educação Básica I Professor II
Professor Educação Básica II Supervisor De Ensino Coordenador Pedagógico Assistente de Diretor Escola
Fonte: SEE/CGRH jun. 2015
Quadro 8 – Cargos da Secretaria de Educação Quadro Secretaria de Educação
Secretaria da Educação Diretor II
Secretário de Estado Diretor Técnico I
Secretário Adjunto Diretor Técnico II
Analista Administrativo Diretor Técnico III
Analista Sociocultural Encarregado I
Assist. Gabinete I Executivo Público
Assistente I Oficial Operacional
Assistente II Assessor Técnico De Gabinete
Assistente Técnico I Assistente Técnico Coordenador
Assistente Técnico II Assistente Técnico Gabinete I
Assistente Técnico III Assistente Técnico Gabinete II
Assist. Técnico IV Assistente Técnico III
Assist. Técnico V Chefe de Gabinete
Auxiliar Serv. Gerais Coordenador
Chefe I Oficial Administrativo
Diretor I Agente Técnico de Assistência à Saúde
Quadro 9 – Cargos do quadro de Apoio Escolar
Fonte: SEE/CGRH jun. 2015
Gráfico 6 – Contingente Ativo dos Quadros da Secretaria de Educação (junho 2015)
Fonte: SEE/CGRH jun.2015
Como mostra o gráfico 6, a maioria dos trabalhadores empregados pela Secretaria de Educação de São Paulo desenvolvem suas atividades nas escolas públicas, com exceção dos trabalhadores em exercício nas Diretorias de Ensino e dos da própria SEE.
Tabela 17 – Contingente de Suporte Pedagógico (junho 2015)
Contingente Suporte Pedagógico
Quadro x Categoria Efetivos Não Efetivos Total por
Quadro
Diretor de Escola 2.842 2.240 5.082
Supervisor de Ensino 1.250 362 1.612
Outros* 5 91 96
Total por Categoria 4.097 2.693 6.790
*Dirigente Regional de Ensino, Professor Coordenador e Assistente Diretor de Escola Fonte: SEE/CGRH jun.2015
Quadro de Apoio Escolar Agente de Serviços Escolares
Agente de Organização Escolar Secretario de Escola
A tabela 17 traz o número de diretores e supervisores de ensino. A função dos supervisores, conforme a Resolução SE 90, de 3-12-2009 é:
[...] articulação e mediação entre as políticas educacionais e as propostas pedagógicas de cada uma das escolas da rede pública; parceiro da equipe escolar, compartilhando responsabilidades, na consolidação das propostas pedagógicas das escolas da rede pública, na implementação de ações integradas voltadas para a gestão da escola, visando a melhoria dos resultados da aprendizagem. [...] Apresentar à equipe escolar as principais metas e projetos da SEE-SP, com vista à sua implementação; auxiliar a equipe escolar na formulação da Proposta Pedagógica, acompanhando sua execução, sugerindo reformulações, quando necessário [...] (RESOLUÇÃO SE 90, 2009)
Ou seja, o supervisor de ensino é o elo entre as políticas implementadas pela Secretaria de Educação e a escola. Às vezes, o contato é direto, outras por intermédio dos diretores e coordenadores de ensino para chegar aos trabalhadores do “chão da escola”, os professores. A maior parte dos supervisores é efetivo (77,55%), mas também existem aqueles que ocupam o cargo temporariamente, designados para tal função (22,45%). Chama atenção o número de diretores que ocupam o cargo e não são efetivos (44,07%), assim, quase metade dos diretores de escola em exercício estão designados para tal função. Não que seu contrato seja temporário, a função é temporária, muitas vezes, são professores efetivos deslocados para o cargo de diretor de escola. É importante ressaltar que a legislação impede que professores temporários categoria “O” ocupem cargos de apoio escolar, por isso, apenas docentes temporários com estabilidade podem ocupar as vagas para vice-direção e coordenação pedagógica.
Gráfico 7 – Contingente Ativo de Suporte Pedagógico (junho 2015)
Gráfico 8 – Contingente Ativo dos professores da Secretaria de Educação de São Paulo
Fonte: SEE/CGRH jun.2015
Conforme apresenta o gráfico 8, a maioria dos professores da Secretaria de Educação de São Paulo são professores de Educação Básica II, ou seja, ministram aulas no Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Esta informação corrobora com o processo de municipalização citado anteriormente, visto que poucas são as escolas estaduais de Educação Fundamental I (1° ao 5º ano).
Tabela 18 – Professores por Faixa Etária e região do Estado (junho 2015)
Faixa de Idade Capital Grande São Paulo
Interior Órgãos Centrais
Total Faixa
Menor que 20 anos 12 25 102 0 139
De 20 a 29 anos 3.726 3.942 10.449 3 18.120 De 30 a 39 anos 13.771 14.423 27.514 42 55.750 De 40 a 49 anos 19.227 18.878 39.671 61 77.837 De 50 a 59 anos 15.832 12.664 30.156 47 58.699 Maior ou Igual a 60 anos 4.416 2.680 7.033 32 14.161 Total Geral 56.984 52.612 114.925 185 224.706
Fonte: SEE/CGRH jun.2015
A tabela 18 classifica os professores por faixa etária em região do Estado. Os dados em números absolutos evidenciam uma concentração de docentes entre 30 e 59 anos, totalizando (192.286). O gráfico 9 nos ajudará compreender melhor estes dados, pois traz as porcentagens de professores por faixa etária.
Gráfico 9 – Porcentagem de professores por faixa etária
Fonte: SEE/CGRH jun.2015
Ao analisarmos a faixa etária dos professores, percebe-se uma situação preocupante, pois se somarmos as porcentagens dos docentes com idade entre 30 e 59 anos temos (85,54%). Levando em conta ainda a idade para aposentadoria (55 anos para homens e 50 anos para mulheres) somado ao um tempo de serviço de 30 e 25 anos para homens e mulheres respectivamente e, supondo que a maioria dos professores ingressaram no magistério logo que começaram a faculdade, podemos levantar a hipótese que em 20 anos a maior parte destes professores estarão se aposentando. Isto seria normal se novos ingressantes substituíssem os aposentados, entretanto, não é o que está ocorrendo nos últimos anos.
Nos últimos concursos, o número de exonerações tem sido elevado, ou seja, muitos dos recém professores ao ingressarem ao ofício e ao se depararem com suas condições de trabalho desistem. Se não houver uma valorização da profissão, tudo indica que em uma década o número de professores ficará aquém da necessidade, bem mais do que já ocorre hoje em determinadas disciplinas que faltam profissionais habilitados. Não há dados oficiais, mas em 2013 uma matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo informou que a média de exonerações entre 2008 e 2013 nas escolas públicas paulista foi de cerca de 3.000 professores por ano119. Segundo o Jornal, os dados foram conseguidos por meio da Lei de Acesso à Informação, junto à Secretaria de Educação, que não confirma os dados dizendo que apenas 1, 63% dos professores exoneram seus cargos. Entretanto, pela nossa experiência no cotidiano
119 SALDAÑA, Paulo. Por ano, 3 mil professores desistem de dar aula nas escolas estaduais de SP. Disponível em: <www.estadao.com.br/noticias/vidae,por-ano-3-mil-professores-desistem-de-dar-aula-nas-escolas-estaduais- de-sp,1069886,0.htm>. Acesso em: 12 de dez. 2013.
escolar é possível observar muitos docentes deixando o ofício, tanto efetivos quanto temporários.
A próxima tabela (19) informa-nos sobre a divisão por gênero nas escolas estaduais paulistas e também divide por situação laboral entre efetivos e não efetivos.
Tabela 19 – Número de professores por sexo e regiões do Estado (junho 2015)
Sexo Capital Grande
São Paulo Interior Órgãos Centrais Total Sexo/Categoria Feminino Efetivo 24.031 22.623 50.442 138 97.234
Feminino Não Efetivo 19.052 15.746 36.351 0 71.149
Masculino Efetivo 9.135 9.044 17.436 47 35.662
Masculino Não Efetivo 4.766 5.199 10.696 0 20.661
Total Feminino 43.083 38.369 86.793 138 168.383
Total Masculino 13.901 14.243 28.132 47 56.323
Total Geral 56.984 52.612 114.925 185 224.706
Fonte: SEE/CGRH jun.2015
Gráfico 10 – Porcentagem de professores por sexo (junho 2015)
Fonte: SEE/CGRH jun.2015
Os dados do gráfico 10 mostram uma tendência que é histórica, a presença feminina no magistério, em 2015 cerca de 75% dos professores são mulheres. Esse dado é importante e é preciso levá-lo em consideração ao analisar as relações de trabalho no interior da escola.
Segundo Enguita (1991, p.52), “uma análise da categoria docente não pode ser simplesmente uma análise de classe: tem que ser também, necessariamente e na mesma medida,
uma análise de gênero”. Ao olharmos para escola como local de trabalho é preciso ter em mente que este é majoritariamente feminino.
O referido autor cita alguns fatores para o trabalho feminino na educação. Primeiro é que o ensino é considerado uma atividade extradoméstica, pois a ideologia patriarcal aceitou ser uma atividade adequada para as mulheres. Segundo, pelos baixos salários, os homens teriam sido expulsos da sala de aula, do ensino, e muitas vezes ocupam cargos com maior prestígio e remuneração na educação. Por último, são poucos os setores da economia que remuneram igualmente homens e mulheres na mesma função, algo que ocorre nas escolas do setor público. (ENGUITA, 1991)
Enfim, os dados apresentados mostram a dimensão da Secretaria de Educação, são inúmeros trabalhadores em diversos setores. Mas a maioria se concentra no “chão da escola” e, por vezes, não ganham voz quando se aplica uma nova política pública.
Agora que apresentamos o número de escolas, alunos e contingente de trabalhadores da Secretaria de Educação, passaremos à análise da única escola que escolhemos para o estudo de caso.