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Os valores propostos nos documentos nacionais: conhecimento e

No documento 2007AntonioCarlosEspit (páginas 99-101)

4.2 Apresentação dos resultados

4.2.3 Os valores propostos nos documentos nacionais: conhecimento e

De modo geral, os professores entrevistados, tanto aqueles que já atuavam na EAFC, quanto aqueles que atuavam em outras escolas e até mesmo os que estavam na universidade, afirmam que tiveram poucas discussões sobre a reforma educacional. Um dos professores afirmou ter participado de discussões promovidas pelo Estado e na escola onde atuava e outro professor afirma ter participado de algumas discussões na universidade, durante o período de graduação.

Ao serem questionados sobre o que conheciam e da forma que conheceram a LDB e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) os professores afirmam que conhecem pouco desses documentos, principalmente das DCNEM. Os professores afirmam conhecer os PCNs para a(s) disciplina(s) em que atuam. Contrariando o Ministério da Educação que afirma ter enviado, na época, a todos os professores da rede pública uma caixa que continha a LDB, as DCNEM e os PCNs, todos os professores entrevistados afirmaram que não receberam essa “caixa”. Ao serem indagados sobre como tiveram acesso aos documentos ou as informações neles contidos, os professores afirmam que isso ocorreu em reuniões esporádicas nas escolas e também por eles terem procurado esses documentos nas bibliotecas.

Assim como os professores afirmam conhecer pouco sobre a LDB e a DCNEM, eles também conhecem apenas superficialmente os valores que a legislação recomenda para serem desenvolvidos nas escolas. Alguns fizeram referência aos valores da Constituição Brasileira como sendo os mesmos a serem desenvolvidos nas escolas

Em relação aos valores nos documentos da EAFC: PDI, PPP e Plano de Curso, Regimento Interno, obtivemos respostas idênticas.

I. Sobre o PDI: a minoria dos entrevistados afirmou ter conhecimento do documento.

II. Sobre o PPP: a maioria afirma que já ouviu falar do PPP; alguns dizem conhecer o PPP; outros que discutiram o PPP; outros que o PPP está ultrapassado; e outros que a discussão sobre o PPP nunca termina.

III. Sobre os valores no PPP: independente de conhecer ou não o PPP, os professores entrevistados afirmam acreditar que os valores a serem desenvolvidos são aqueles descritos na missão da escola, missão essa que se

encontra fixada em um quadro com letras grandes, em local visível na escola e no site54 da Escola.

IV. Sobre o Plano de Curso de Ensino Médio: o Plano de Curso, na íntegra, poucos conhecem; como a maioria dos entrevistados esta há pouco tempo na escola eles não participaram na elaboração do Plano de Curso ou das ementas das disciplinas; mas todos conhecem a(s) ementa(s) da(s) disciplinas que atuam.

V. Sobre os valores no Plano de Curso de Ensino Médio: os professores afirmam acreditar que nas disciplinas de ética, filosofia e sociologia devem aparecer os valores a serem desenvolvidos na escola e que nas demais disciplinas só aparecem os conteúdos específicos.

VI. Sobre o Regimento Interno: os professores que fazem ou já fizeram parte da Comissão Disciplinar da Escola afirmam conhecer; os demais ouviram falar sobre o regimento nas reuniões de professores quando de discussões sobre problemas disciplinares com os alunos, na sala dos professores em conversas informais e nas salas de aula quando os alunos fazem comentários sobre medidas disciplinares adotadas na escola.

VII. Sobre os valores no Regimento Interno: alguns dos entrevistados afirmaram que como o Regimento se constitui num conjunto de regras impostas sem uma discussão prévia com os alunos, ele não teria uma função educativa mas meramente punitiva; outros afirmaram que o regimento está ultrapassado pois foi elaborado para uma outra época, para outros tipos de situações e principalmente para outro tipo de aluno; também se afirmou que o regimento é um resquício da ditadura militar e nesse sentido ele é extremamente autoritário e opressor.

Um dos entrevistados foi taxativo ao afirmar que os documentos da EAFC, principalmente o Regimento Interno, afrontam a Constituição Brasileira e os direitos individuais dos alunos, que por causa disso a escola tem perdido processos na justiça. “Há contradições entre o regimento da escola e as leis que regem o País. Certas normas, certos procedimentos adotados na escola, ferem interesses que são respaldados pela Constituição, no direito civil. É por isso que seguido a escola é processada. Os alunos têm seus direitos feridos, processam a escola e ganham”.

54No site da escola http://www.eafc.edu.br/ estão disponíveis informações sobre os diferentes setores assim

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Em relação aos valores contidos nos documentos e o cotidiano da EAFC, alguns professores mostraram no início certo receio de emitir opiniões acerca dessa questão, mas no decorrer da entrevista, este foi um dos assuntos mais comentados. De modo geral, para os professores entrevistados há muita contradição entre aquilo que está escrito nos documentos e o cotidiano da escola; entre aquilo que se fala e o aquilo que se faz. Os professores entrevistados fizeram várias observações sobre o que eles consideram contradição em termos de legislação, dos documentos escolares e da prática administrativa e pedagógica na escola:

“As relações na escola contradizem os documentos oficiais. A estrutura, as normas, o ambiente se opõem ao que os documentos prescrevem”.

“O caráter autoritário da estrutura escolar assim como das relações interpessoais na escola não favorece e nem educa para a convivência democrática. Ao contrário, perpetua as relações baseadas no autoritarismo”.

“A democracia é resultado do diálogo e isso falta até mesmo aos professores, ainda não aprendemos a dialogar na perspectiva de aprender com o diálogo, de aprender com o diferente. Dialogamos quase sempre com a idéia de impor nossas idéias”.

“Falamos em democracia, mas usamos de uma prática autoritária em nosso cotidiano. O exercício da democracia deixa a desejar na escola. A democracia como valor ainda esta longe de institucionalizada na escola”.

“A questão política tem afetado o andamento da escola. Como existem basicamente dois grupos políticos dentro da escola, nas discussões esses grupos defendem posições que não são necessariamente boas para a escola, mas sim para o grupo”.

“O processo eleitoral foi muito pesado. Os conflitos gerados pela eleição na escola ainda não foram superados. Falta diálogo, boa vontade, transparência nas ações tomadas pelos grupos que disputaram a eleição”.

“Há na escola um diálogo de surdos entre professores, técnicos e alunos que se revela através dos grupos políticos constituídos na escola. Todos falam, mas ninguém ouve”.

4.2.4 O desenvolvimento da formação em valores na EAFC:o trabalho desenvolvido

No documento 2007AntonioCarlosEspit (páginas 99-101)