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Oswaldo Amorim: dos 15 anos até o final do segundo grau

No documento ANCO MARCOS SILVA DE MENEZES BRASÍLIA 2017 (páginas 53-56)

2. CAMINHO METODOLÓGICO: PROCEDIMENTOS E

2.2 Entrevista

2.2.2. Oswaldo Amorim: dos 15 anos até o final do segundo grau

Ainda no Bennett, Amorim passa a se politizar fazendo parte do “grêmio estudantil, UNE, UBES” e filiando-se ao PT, aos dezesseis anos de idade. Além disso,

23 Na cidade do Rio de Janeiro é muito comum a existência de lojas em prédios residenciais, ou seja, a

criação de lojas de instrumentos musicais em apartamentos que geralmente seriam utilizados como residência.

Amorim era responsável pelo “jornal do colégio” escrevendo, redigindo, fazendo o layout – “fazia tudo cara, era editor, chefe, [...] redator, programador” – ou seja, ocupava-se com todas as funções possíveis para que o jornal da escola fosse feito.

Com tudo isso, chegou à conclusão de que seu “segundo grau [estava] comprometido” relatando que “quando chegou em agosto, no terceiro ano [ele percebeu] que [...] ia reprovar”.

Então, mesmo sabendo que “foi um período muito bom esse [no] Bennett”, Amorim conversa seriamente com seus pais para mudar de colégio alegando

Eu sei que eu vou reprovar porque eu não quero me dedicar a essas matérias que não estão me acrescentando [e] que eu não vou utilizar na minha vida! Eu não quero perder mais tempo, eu sei o que eu quero fazer! [...] eu quero ser músico [...] eu já tinha isto na minha cabeça, eu queria ser músico com quinze anos, eu tinha certeza que era isto que eu queria fazer, podia não ter a coragem de repente de seguir, mas a minha vontade era [esta]” (OSWALDO AMORIM, Entrevista 15/08/2016).

Assim, já no final do ano letivo muda-se de escola passando a estudar na instituição “Pinheiro Guimarães”.

Amorim salienta que existiam bons professores nesta instituição e que em dois meses, “com a bagagem que [...] tinha do Bennett”, conseguiu recuperar as notas e, por consequência, finalizar o terceiro ano do segundo grau.

Tocando baixo elétrico desde 1985 – “comecei em 85, mas só [com] aulas particulares e dicas de amigos né [...] tocando em grupos de rock [e fazendo] várias apresentações no Rio [...], no circo voador, [e em] festivais de colégio” –, Amorim diz ter participado de “vários grupos”, “mas [que não] era nada profissional”. Segundo ele, nesta época a música era tratada de forma amadora, “aquelas coisas de bandinhas de escola, banda de adolescente”.

Quando ainda estava no Bennett, Amorim conheceu João Mario, que segundo ele é um “baixista [...] fundamental [em sua] carreira” por ter apresentado aqueles que se tornariam seus primeiros professores de baixo elétrico em aulas particulares na cidade do Rio de Janeiro.

Estas aulas só ocorreram porque seus pais “acreditaram” e as “bancaram” financeiramente, sendo este um motivo de gratidão expresso por ele.

Assim, Dôdo Ferreira foi seu primeiro professor de baixo elétrico, aquele que nas primeiras aulas lhe “aconselhou a se desfazer daquele baixo que seria um desserviço [em sua] vida musical”.

Nas aulas com este professor, Amorim rememora que este dizia ser “importante [...] saber leitura também, claro que se... se você está falando que quer ser músico”. Além disso, aprendeu teoria e estudou linhas de baixo25 inerentes aos estilos rock, blues e linhas transcritas da banda inglesa The Beatles.

De acordo com ele, Dôdo “escrevia tudo”, no sentido de passar para a partitura as linhas compostas por baixistas que gostava de ouvir e, por conseguinte, de ensinar para seus alunos.

Além disso, Amorim relata ter muita admiração por Dôdo, dizendo que este foi “um grande professor [...], um grande educador” que teve em sua vida.

Além de Dôdo, outro professor que fez parte de sua formação como baixista elétrico foi o baixista “Fênix”, “que era um músico mais de ouvido”, mas que também sabia ler e escrever música.

Primordialmente, as aulas que teve com Fênix centraram-se em estudos de percepção, o que para Amorim “foi muito legal”.

Não obstante, após as aulas que teve com Fênix, Amorim passa a estudar com o que viria a ser o seu “terceiro professor no Rio”, considerado por ele como um dos “maiores mestres” que teve em sua vida.

Aurélio Dias era “muito musical” e, por ter morado muito tempo na Suécia, “cobrava muito dos alunos [...]”. Mesmo assim, apesar de ser “muito exigente”, Amorim menciona que existe toda “uma geração que passou por ele”, como “Bruno

25 Também explicitado por Amorim como “levada”, e que, de acordo com Carvalho (2006: p. 12), é o

Migliari, [ele], João Mario” e “vários outros grande baixistas que atuam no [Rio de Janeiro hoje em dia]” (OSWALDO AMORIM, Entrevista 15/08/2016).

Falecido em 2012, em decorrência de um câncer gastrointestinal raro, Aurélio foi um baixista que integrou o grupo carioca “Punch”, além de ter dividido palco com Fernanda Abreu, Marina Lima, Ed Motta, dentre outros; tendo atuado também como

soundesigner e diretor de som de filmes nacionais.

De acordo com Amorim, foram nas aulas com o Aurélio, focadas principalmente no estudo e execução de linhas de baixo inerentes ao movimento norte-americano gerado pela Montown26, que compreendeu a importância de se groovar27, tendo em vista

que isto era frequentemente frisado por este professor.

Amorim menciona que Aurélio sempre dizia “você tem que groovar”, “baixista é swing, é levada!”, além de mostrar-lhe “todos os grandes baixistas [...] que gravaram o black music americano”.

As aulas que teve com estes professores lhe permitiram ter na “bagagem” uma série de conhecimentos sobre “groove” e/ou “levadas” em “estilos [como] a black music americana, o funk, o Rhythm and Blues, o jazz [...], [o] rock e [o] pop nacional e estrangeiro, [além da] música brasileira [feita por] Djavan, Caetano, Chico, Gil [e] Alceu Valença (OSWALDO AMORIM, Entrevista 15/08/2016).

Amorim relata ter estudado “música para caramba nessa época [...] esse ano de 88” e que isto só foi possível por conta de uma situação ocorrida dois meses após o termino de seu segundo grau no ensino regular.

No documento ANCO MARCOS SILVA DE MENEZES BRASÍLIA 2017 (páginas 53-56)