• Nenhum resultado encontrado

outras actividades, incluindo-se aqui todo o tipo de deslocações(16) e o tempo a dormir(17).

Capitulo II A parte empírica: o dia a dia das crianças portuguesas

CODIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS DOS DIÁRIOS

6. outras actividades, incluindo-se aqui todo o tipo de deslocações(16) e o tempo a dormir(17).

Das seis categorias iniciais de nível 1 foram assim extraídas 17 categorias de nível 2 que serviram de base para a maioria das análises efectuadas.

Além de calculado o tempo médio que cada criança passou em cada uma das categorias atrás referida, tanto à semana como ao fim de semana, foi ainda calculada a média semanal de tempo que cada criança passou em cada categoria de actividade, usando a fórmula [(T1 X 5) + (TO X 2)] / 7, em que T1 é o tempo à semana e TO é o tempo ao fim de semana.

Depois de categorizadas as variáveis de tempo, calculados os vários indicadores do TRF e o indicador de desempenho escolar, e realizadas variáveis de controlo para eliminar eventuais erros no lançamento de dados, este segundo ficheiro de dados (aquele a partir do qual foram efectuadas todas as análises estatísticas) acabou por ser constituído por um total de 1329 variáveis. Este número total de variáveis é um claro indicador da quantidade e complexidade dos dados em estudo.

1 A Parte Empírica -o dia a dia das crianças portuguesas

Os tempos dispendidos nas várias actividades (e categorias de actividades) foram entretanto analisados usando os vários procedimentos de estatística descritiva. Foram ainda realizados testes de diferença de médias entre as variáveis adoptando um nível de significância de .05 e de .01.

Como já foi referido, todas as análises de dados foram realizadas com o tempo medido em segundos. É por isso em segundos que se apresentam os valores de médias, desvios padrão, etc... nos vários quadros e gráficos que ilustram a apresentação de resultados. Todavia, para uma mais fácil leitura dos dados, na elaboração do texto e em alguns quadros de síntese foi usada a medida em horas e minutos, por ser aquela que habitualmente utilizamos no nosso quotidiano.

RESULTADOS

A apresentação dos resultados contemplará três grandes grupos. Primeiro, será feita a descrição do uso do tempo das crianças. Depois, apresentam-se os dados das medidas das crianças para, finalmente, fazer a análise da associação entre ambos.

Dada a grande quantidade de dados optou-se ainda por um princípio genérico de omitir resultados não significativos do ponto de vista estatístico (a não ser que, em função do que é identificado na literatura, seja significativa a ausência de significância) de forma a não engrossar ainda mais o leque de dados apresentados. Há, por isso, capítulos em que determinadas variáveis não são referidas, não porque não tenham merecido análise, mas porque os resultados foram não significativos do ponto de vista estatístico.

O uso do tempo das crianças

Para fazer a apresentação dos dados sobre o uso do tempo serão utilizadas essencialmente as medidas descritivas e os testes de diferença de médias. Pretendendo-se aqui, acima de tudo, uma caracterização das rotinas das

1 A Parte Empírica -o dia a dia das crianças portuguesas

crianças, e dada a quantidade de dados, foi utilizada com insistência a apresentação gráfica dos resultados. Parece ser esta a forma que melhor permite construir uma imagem da complexidade das rotinas e perceber as proporções relativas dos tempos das várias actividades e contextos sociais de interacção.

Para esta caracterização começa por se fazer a análise do número de actividades e de diferentes actividades das crianças.

É depois apresentada uma descrição exaustiva do tempo gasto pelas crianças nas várias actividades. É feita uma primeira apresentação genérica de como se distribuem as várias actividades de nível 1. Depois, cada uma dessas actividades de nível 1 consistirá um capítulo específico onde se analisam as categorias de nível 2, por vezes mesmo a actividade específica. São, a este nível apresentados os resultados dos testes de diferenças de médias e de algumas correlações, tendo sido utilizadas as seguintes ferramentas estatísticas: teste t para amostras emparelhadas, teste t para amostras independentes, coeficiente de correlação r de Pearson. As variáveis aqui analisadas foram: o dia de semana (semana Vs fim de semana), o género das crianças, o meio de origem (urbano Vs suburbano), tipo de família, e a escolaridade da mãe, aqui utilizada como indicador socio-cultural.

Não foi efectuada para este estudo a análise das actividades secundárias das crianças.

De seguida, são apresentados os resultados sobre os tempos passados nos diferentes locais.

Finalmente, é caracterizado o contexto social de interacção das crianças. Primeiro são comparados os tempos totais com os vários personagens (sozinha, mãe, pai, com ambos os pais, irmãos, avós, amigos e outros adultos). Depois, em capítulo próprio, para cada um dos elementos irão ser analisadas ao pormenor as actividades que a criança realiza com essa(s) pessoa(s). Por aparecerem referenciados muito poucas vezes, não foram analisados os tempos com os

A Parte Empírica - o dia a dia das crianças portuguesas

primos e com os tios. Apesar de recolhidos os dados, não foram ainda analisados os tempos relativos às pessoas que estão presentes, mas não em interacção directa com as crianças.

Número de actividades

Foi realizado um teste t de medidas repetidas para avaliar a diferença entre o número de actividades realizadas à semana e ao fim de semana. Verifica-se um decréscimo significativo no número de actividades realizadas à semana (M=23.08, SD=4.39) para o número de actividades realizadas ao domingo (M=17.50, SD=4.55), t(112)=12.04, p_=.00. O valor eta quadrado (.56) indica uma forte magnitude dos efeitos.

As mesmas diferenças encontram-se no número de diferentes actividades realizadas (variedade de actividades) à semana (M=13.19, SD=1.96) e ao fim de semana (M=9.79, SD=2.71), t(112)=12.56, p_=.00. O valor eta quadrado (.58) indica uma forte magnitude dos efeitos.

A média semanal é assim de 21 actividades por dia, enquanto que a variedade aponta para uma média de 12 diferentes actividades por dia.

Os dados observados no dia da semana são muito semelhantes aos encontrados por Yeung e colaboradores (2001) que notaram que, em média, as crianças registaram ter realizado um total de 22 a 26 actividades e de 11 a 14 diferentes actividades ao longo do dia.

Estes dados contrastam todavia com os encontrados por outros investigadores (Hofferth & Sandberg, 2001; Timmer e colaboradores, 1985, Yeung e colaboradores, 2001) que não observaram diferenças entre o dia da semana e o fim de semana quanto ao número de actividades e ao número de diferentes actividades reportadas. Sendo bastante semelhantes os valores obtidos à semana (e a média semanal), no nosso estudo verificam-se grandes diferenças

I A Parte Empírica - o dia a dia das crianças portuguesas

ao fim de semana em que os valores parecem mais baixos do que os encontrados na bibliografia consultada.

Não se verificam diferenças em relação ao sexo, tanto em relação ao número de actividades, como em relação ao número de diferentes actividades.

Também não se verificam diferenças em relação ao tipo de família.

Foi usado um teste t para grupos independentes para comparar o número de actividades reportadas pelas crianças do meio suburbano e do meio urbano. Foram encontradas diferenças significativas nos dados das crianças do meio suburbano (M=24.56, SD=4.40), e do meio urbano (M=21.78, SD=3.97: t(111)=3.52, p_=.00) no número de actividades realizadas à semana. A magnitude das diferenças é grande (eta quadrado =.100). Estas diferenças verificam-se por isso também na média semanal de actividades reportadas pelas crianças do meio suburbano (M=22.56, SD=4.04), e do meio urbano (M=20.54, SD=3.41; t(111)=2.88, p_=.00). A magnitude das diferenças já é mais moderada (eta quadrado =.06).

A relação entre o número de actividades e a escolaridade da mãe foi investigada usando o coeficiente de correlação produto-momento de Pearson. Há uma ligeira correlação positiva entre as duas variáveis (r=.229, n=113, p_=<05), com um maior número de actividades reportadas pelas crianças associado a mais anos de escolaridade da mãe.

Participação e tempo gasto nas várias actividades

Antes de uma apresentação dos resultados a um nível 2, importa ter uma noção genérica dos tempos que as crianças dispendem nas categorias de actividades de nível 1. No quadro 4 podemos ver os tempos totais nas categorias de actividades de nível 1, tanto à semana, como o fim de semana e ainda a média semanal

Documentos relacionados