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Capítulo 5 Construção de cartas de controlo

5.2 Outras cartas

As cartas construídas para monitorizar a taxa média de microrganismos do género Proteus permitiram identificar uma alteração do processo no sentido ascendente. No entanto, nem todos os géneros de microrganismos têm tido uma evolução semelhante a este género. De facto, para a maior parte das variáveis, a taxa média de isolamentos ao longo do tempo aparenta ser estável ou até decrescente nalguns casos.

A utilidade das cartas de controlo estende-se para além da deteção de aumentos na taxa de ocorrências. Quando o processo está estável, a verificação de que as observações oscilam em torno da linha central assumindo valores contidos entre os limites de controlo, ou, para o caso das cartas CUSUM, abaixo do valor H, permitem concluir pelo estado de controlo estatístico, o que se pode revelar igualmente útil.

A título ilustrativo considere-se a monitorização da variável Candida para a qual se construiu uma carta-c de Shewhart, uma carta CUSUM e uma carta EWMA. Este microrganismo representa o comportamento padrão da maior parte dos restantes. Tendo-se verificado que a sua evolução esteve consideravelmente estável no ano de 2012, tendo o número médio de isolamentos mensais oscilado em torno de 45 isolamentos, este período foi utilizado para a construção do limite de controlo superior. Na Figura 5.7 é possível observar a carta-c de Shewhart que monitoriza a taxa média de isolamentos mensais de Candida entre janeiro de 2013 e março de 2014. Foram mais uma vez utilizados os usuais limites de controlo 3-sigma.

114 Figura 5.7 Carta-c de Shewhart para a taxa média mensal de microrganismos do género Candida

Conforme se pode observar na Figura 5.7, a carta-c de Shewhart não detetou alterações no processo, podendo-se concluir que entre janeiro de 2013 e março de 2014 o número médio de isolamentos mensais de microrganismos do género Candida esteve sob controlo. A mesma conclusão é corroborada pela carta CUSUM e EWMA construídas para esta variável que podem ser observadas na Figura 5.8 e Figura 5.9 respetivamente.

115 Figura 5.9 Carta EWMA para a taxa média mensal de microrganismos do género Candida

Apesar do objetivo principal do presente estudo ser a deteção de aumentos no número médio de isolamentos de microrganismos, a utilização de uma carta unilateral inferior para detetar diminuições poderá revelar-se muito útil na perspetiva da melhoria contínua do processo. A título ilustrativo considerem-se as cartas construídas para a monitorização da variável Staphylococcus cuja evolução apresentou uma tendência decrescente ao longo do tempo. Considerou-se que nos anos de 2010 e 2011 esta variável esteve estável, tendo esse período sido utilizado para a construção do limite de controlo inferior. Monitorizaram-se assim os isolamentos de Staphylococcus no período compreendido entre janeiro de 2012 e março de 2014.

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A carta da Figura 5.10 permite detetar uma alteração no processo através da emissão de um alarme em abril de 2013. Neste mês o número de isolamentos de Staphylococcus esteve abaixo do valor estabelecido pelo limite inferior de controlo, tendo-se mantido fora de controlo também em maio. Tal comportamento pode traduzir o resultado de uma alteração no processo como a utilização de novas práticas hospitalares que possam ter provocado uma diminuição no número de isolamentos de Staphylococcus. De notar que mais uma vez o limite de controlo foi estabelecido a uma distância de 3-sigma da linha central.

A carta CUSUM e EWMA das Figuras 5.11 e 5.12, respetivamente, corroboram mais uma vez a conclusão obtida pela carta-c de Shewhart, apesar de ambas terem emitido um sinal bastante antes da carta-c de Shewhart.

117 Figura 5.12 Carta EWMA para a taxa média mensal de microrganismos do género Staphylococcus

Neste caso, a carta CUSUM emitiu um sinal em novembro de 2012 enquanto a carta EWMA emitiu um sinal em agosto do mesmo ano. Conforme é possível observar, as cartas de controlo atuaram neste sentido como uma confirmação da existência de uma taxa média mensal de isolamentos estável – caso da variável Candida – ou mesmo de uma melhoria no processo – caso da variável Staphylococcus.

Conforme foi referido no Capítulo 3, a monitorização da espécie Staphylococcus aureus assume grande importância uma vez que se tem verificado ao longo do tempo o aparecimento de estirpes desta espécie resistentes à meticilina, que são alvo de grande atenção por parte dos profissionais de saúde, existindo grande interesse no desenvolvimento de ferramentas para a monitorização para a proporção de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina na totalidade de isolamentos de Staphylococcus aureus isolados.

Sendo assim, construiu-se uma carta-p de Shewhart com limite superior de controlo 3- sigma para a monitorização da variável 𝑝 – “Proporção de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina na totalidade de isolamentos de Staphylococcus aureus isolados”

Para a construção do limite de controlo consideraram-se os dados referentes ao período entre janeiro e outubro de 2010, considerando este um período de estabilização da proporção de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina, valor que se situou em 55,9%.

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O período decorrente entre novembro de 2010 e setembro de 2011 foi utilizado na Fase II de monitorização.

Figura 5.13 Carta-p de Shewhart para a proporção média mensal de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina

Conforme se pode verificar pela Figura 5.13, no período de monitorização não foi emitido nenhum alarme, significando que a proporção de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina na totalidade de Staphylococcus aureus isolados esteve sob controlo.