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Além dos programas federais já mencionados anteriormente, na década de noventa estão presentes na educação de jovens e adultos as iniciativas citadas a seguir, cuja implementação ocorreu no governo de Fernando Henrique Cardoso, conforme destaca Di Pierro (2003).

1.13.1 Plano Nacional de Formação e Qualificação Profissional (PLANFOR):

Este Plano, criado em 1995, surgiu da necessidade de preparar o educando jovem e adulto trabalhador, para facilitar a sua inserção e qualificação no mercado de trabalho. Foi realizado por meio de parcerias estabelecidas com órgãos governamentais, não

Analfabetismo funcional: caracterizado por aquela pessoa que não completou as quatro séries iniciais do Ensino fundamental.

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governamentais e várias instituições e institutos de pesquisa. Desenvolvido pelo Ministério do Trabalho, no qual o governo federal era o principal articulador dessa ampla rede de parcerias, sua meta era ampliar e diversificar a oferta de educação profissional, progressivamente.

O PLANFOR atuou através dos Planos Estaduais de Qualificação (PEQs) e de parcerias nacionais e regionais, sendo financiado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com supervisão do Conselho Gestor do órgão. Tal Fundo advinha de contribuições pagas pelos trabalhadores aos Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP). Portanto, esses programas são destinados ao financiamento de desenvolvimento econômico.

1.13.2 Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera):

O Pronera foi criado em 1998 com o objetivo de atender aos jovens e adultos pertencentes aos assentamentos provenientes das comunidades rurais, cujas metodologias estavam pautadas no trabalho pedagógico, preocupadas em suprir as necessidades da vida no campo.

Originalmente articulado pelo Conselho de Universidades Brasileiras (Crub) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), com a intenção de oferecer educação para os jovens e adultos aos assentados em comunidades rurais de reforma agrária, o Pronera procura atender a realidade do campo. Sua metodologia pedagógica prioriza as reivindicações dos movimentos sociais e verifica se a proposta está de acordo com as diretrizes operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, para assim promover a elevação do nível escolar.

Em 1997, o senso da reforma agrária revelou que a média nacional de analfabetismo era de 39,41%, sendo que 66,63% desses analfabetos se concentravam na região nordeste. Este Programa tem por objetivo criar uma metodologia aliada à realidade sócio-cultural do campo, com o objetivo de reduzir os altos índices de analfabetismo.

1.13.3 Programa Recomeço:

O Programa Recomeço foi criado a partir da necessidade de atender a educação de jovens e adultos nos Estados e Municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) inferior a 0,5. Iniciado em 2001 pelo Governo Fernando Henrique Cardoso e com previsão de término para 2003, passou para a gestão de um governo de cunho mais social, Governo de

Luiz Inácio “Lula” da Silva. Com a sua continuidade, passou agora a denominar-se Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos - Fazendo Escola, sendo destinado àqueles alunos que não tiveram oportunidades de concluir seus estudos em idade própria.

Com relação ao Pronera, encontramos a seguinte argumentação:

Programa de Apoio a Estados e Municípios para a Educação Fundamental de Jovens e Adultos – conhecido com o Recomeço – foi criado em 2001 para apoiar com recursos financeiros 14 Estados das Regiões Norte e Nordeste e 389 municípios de microrregiões com baixo IDH (inferior a 0,5). Financiado com recursos do Fundo de Amparo à Pobreza, o Programa tem duração prevista para os anos de 2001 a 2003 e consiste na transferência de recursos financeiros para os participantes da ordem de 85 dólares por aluno ao ano para a ampliação da oferta do ensino fundamental de jovens e adultos. Só em 2001, o Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE) transferiu aproximadamente 189,7 milhões de reais (o que corresponde a mais de 80 milhões de dólares). Em 2002 o Orçamento da União reservou ao Recomeço 340 milhões de reais e para 2003, foram orçados 325 milhões de reais (cerca de 110 milhões de dólares para cada um dos anos considerados), visando à elevação da escolaridade de cerca de 1,3 milhão de jovens e adultos. Em 2003 sob a nova gestão do governo federal o Programa teve seu nome modificado – Apoio a Estados e Municípios para Educação Fundamental de Jovens e Adultos -, mas não houve alteração quanto aos municípios atendidos ou ao valor do repasse financeiro realizado pela União. (DI PIERRO, 2003, p.22).

O Programa Fazendo Escola é desenvolvido pelo Ministério da Educação em parceria com os governos estaduais e municipais, por meio da transferência, em caráter suplementar, de recursos administrados pelo FNDE.

Destaca-se, ainda, que compete aos Estados atender o período correspondente a 5ªa 8ª séries e aos Municípios atender as séries iniciais. O FNDE, além de proporcionar assistência financeira aos Estados e Municípios, destina também recursos para entidades não governamentais que atuem com a EJA por intermédio do Programa Fazendo Escola, através da apresentação de propostas educacionais que visam à capacitação de professores e profissionais de apoio e à confecção de material didático, segundo as orientações constantes no Manual de Assistência Financeira 2006, que contém as regras para apresentação e execução dos projetos.

Conforme dados do Mec (2006),

foram contemplados os alunos informados no censo do sistema público de ensino de estados e municípios das regiões Norte (com exceção de Amazonas e Amapá) e Nordeste e, ainda, outros localizados em municípios cujo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) era menor ou igual a 0,500, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano 1998, do Pnud (AM, AP, GO, ES, MG, MT, PR, SP, RS).

É importante ressaltarmos que compete à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC) a responsabilidade da formulação de políticas públicas visando à melhoria da educação de jovens e adultos, bem como a busca de uma melhor qualidade de educação para essa modalidade de ensino, junto aos sistemas estaduais e municipais. Compete-lhe, ainda, verificar a utilização dos recursos financeiros, objetivando conhecer como estão sendo utilizados os recursos que são repassados pela Secretaria, se realmente estão sendo usados com o propósito de possibilitar a aquisição do livro didático destinado aos alunos jovens e adultos, permitindo a esse jovem e adulto do ensino fundamental (1ª a 8ª série) prosseguir seus estudos. Essa assistência possibilita ainda a contratação temporária de professores, quando necessária a ampliação do quadro; a formação continuada de docentes; e a aquisição de gêneros alimentícios.

1.13.4 O Programa Brasil alfabetizado

Criado pelo Ministério da Educação através da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), o Programa Brasil Alfabetizado busca alfabetizar o adulto analfabeto para incluí-lo tanto a nível educacional quanto social, promovendo a educação como um direito em qualquer momento da vida. Até 2003 qualquer entidade da sociedade civil poderia apresentar sua proposta de alfabetização e se fosse aprovado pelo MEC poderia desenvolvê-la, não havendo a garantia de perspectiva de continuidade.

Em 2.004 houve mudanças nos critérios de seleção para participação desse Programa: a preferência passou a ser daquelas entidades que tivessem condições de dar prosseguimento ao processo de alfabetização, sendo privilegiada a participação dos municípios e dos Estados que tivessem como prioridade a inclusão social desse jovem ou adulto nos seguimentos escolares.

Conforme destacam Di Pierro; Graciano (2003, p.39),

O governo definiu o Brasil Alfabetizado como uma campanha plural, que acolhe toda sorte de iniciativas já em andamento e uma diversidade de metodologias de alfabetização. Representantes de várias instituições e segmentos sociais terão assento no Conselho Nacional de Alfabetização, que orientará os rumos futuros do Programa.

O Programa Brasil Alfabetizado tem por objetivo “capacitar alfabetizadores e alfabetizar ‘cidadãos’ com 15 anos ou mais que não tiveram oportunidade ou foram excluídos da escola antes de aprender a ler e escrever”, buscando sua inserção no contexto educacional através da educação de jovens e adultos.

Com base nos dados encontrados no site do MEC (2007), existem 1.967.802 alunos e 99.113 alfabetizadores cadastrados no Ministério da Educação, constituindo um total de 105.220 turmas. Além dos órgãos governamentais que participam do Programa Brasil Alfabetizado, há o cadastramento de 637 entidades parceiras, as quais desenvolvem ações de alfabetização contribuindo para a diminuição do alto índice de analfabetos existentes em nosso país.

O Programa Brasil Alfabetizado é desenvolvido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC), estando também sob sua coordenação. Compete-lhe desenvolver mecanismos de fiscalização e avaliação das propostas de combate ao analfabetismo, em conjunto com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), através da transferência de recursos financeiros aos estados, municípios, empresas privadas, universidades, organizações não-governamentais e instituições civis integrantes desse processo.

Conforme informações do MEC, o investimento realizado para o desenvolvimento desse Programa é significativo: “em 2006, para cada turma com limite máximo de 25 alunos, o MEC desembolsou R$ 2.360,00 e para as turmas específicas, R$ 2.600,00. Foram investidos, no ano, R$ 182,3 milhões. O orçamento do programa para 2007 é de R$ 218,5 milhões” (FNDE/MEC).