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OUTROS FATORES ASSOCIADOS A VIVENCIA DE VPI NA GESTAÇÃO

EIXO 1 DESFECHOS MATERNOS RELACIONADOS À VPI

IV.IV.VIII. OUTROS FATORES ASSOCIADOS A VIVENCIA DE VPI NA GESTAÇÃO

Algumas variáveis nos estudos apresentaram significância estatística relacionada ao desfecho de VPI na gestação, principalmente os relacionados ao uso de álcool e nível de escolaridade.

Aqui discutiremos alguns aspectos importantes que foram trazidos pelos autores referentes a estes, propiciando um melhor entendimento de potencializadores de riscos à vivência de VPI.

No estudo de Lobato, Dias e Reinchenheim (2012) foi pesquisada a relação entre uso de álcool, VPI e depressão pós-parto. O autor encontrou significância estatística (p=0.017 para uso de álcool por homens e p=0,012 por mulheres).

O uso de drogas, em especial o álcool, e as crises de ciúme aparecem como causa da violência tanto no depoimento das mulheres como dos homens (SILVA, COELHO e NJAIME, 2014), sendo este um fator de risco para a violência doméstica.

Menezes et al (2003) encontraram significância estatística em seu estudo quando isolada a variável de consumo de álcool e associação com Violência na Gestação. O uso/abuso de álcool pelo parceiro aumentou em até 3 vezes o risco de violência doméstica quando os parceiros se embriagavam pelo menos uma vez no mês, e em até 7 vezes mais risco se a frequência de embriaguez for maior que uma vez por semana.

Com relação ao consumo de álcool por mulheres na gestação, um estudo de revisão sistemática (SKARGESTROM, CHANG E NILSEN, 2011) revelou que esteve fortemente associado a mulheres que bebiam antes de engravidar, e expostas a abusos e violência.

Nível baixo de escolaridade das gestantes também esteve presente na maioria dos estudos como risco à VPI.

Estudo de Finnbogadóttir, Dykes e Wann-Hansson (2014) trazem que Abuso de álcool pelo autor da agressão, baixa escolarida de e nivel econômico

deste são fatores de risco para a ocorrência de violência na Suécia. No Brasil, D´Oliveira, Scharaiber, França-Junior et al (2009) também encontraram dados semelhantes. Silva, Coelho e Njaime (2014) encontraram resultados que revelam que homens com até oito anos de escolaridade tem risco aumentado em 1,5 vezes a de praticar violência psicológica e quase dobra a chance de violência física e sexual contra mulheres. Já estudos de Bhata (2014) com população masculina no Nepal revelou que idade avançada, educação elevada, e maior poder aquisitivo dos homens estavam fortemente associados com VPI. Em São Luis – MA, no Brasil, a violencia psicológica em alguns estudos com mulheres grávidas foi associada a mulheres jovens, com nivel de escolaridade maior que o parceiro e mais de seis parceiros sexuais na vida, falta de relações sociais de apoio adequadas e uso de drogas ilícitas. (RIBEIRO, DA SILVA E ALVES, 2014).

Com relação ao nível de escolaridade, este fator foi encontrado também em estudo realizado por Menezes et al (2003) que relataram um incremento de até 10 vezes no risco de sofrer violência mulheres com 0 a 3 anos de escolaridade, quando comparadas com mulheres com mais de 11 anos de estudo. Este dado também tem relevância associado ao nível de escolaridade do parceiro, sendo mais prevalente entre parceiros de baixa escolaridade.

Ainda de acordo com Menezes (ibid.), a questão da escolaridade baixa pode resultar em dificuldades nas relações interpessoais de homens e mulheres pela dificuldade de repertório para a resolução de conflitos cotidianos, gerando a violência. Além desta, a qualificação profissional precária pode provocar uma incapacidade para a manutenção mínima da vida, por dificuldades de obtenção de emprego ou submissão a baixos salários, o que aumentam as tensões e frustrações e pode desencadear a violência, que na relação conjugal, traz desvantagens às mulheres em decorrência da diferença de força física entre homens e mulheres.

Outro estudo incluído (AUDI, SEGAL-CORRÊA, SANTIAGO e PÉREZ- ESCAMILLA, 2012) (E2) que investigou a associação entre VPI e problemas de saúde reportados por mulheres grávidas encontrou uma maior associação entre as vítimas de VPI nos relatos de asma, Hipertensão Arterial, sangramento vaginal, infecções urinárias, infecções ginecológicas (pruridos, corrimentos, dor em baixo ventre e na relação sexual) e enxaquecas, além de sintomas

comportamentais como a queda de desejo sexual pelo comportamento sexual de risco.

Estes desfechos foram até quatro vezes mais comuns entre as mulheres vítimas de VPI do que as que não sofreram violência durante a gestação.

Tabela 11: Componentes associados à VPI na Gestação:

Autor/Estudo Principais Achados

Audi, C. A. ² et al

2012. Desfechos auto reportados por mulheres vítimas de VPI: 81% mais chance de ter enxaqueca entre vítimas de VPI. Duas vezes mais chance de apresentar comportamento sexual de risco. 10% mais chance de ter HAS ou sangramento vaginal, com duas vezes mais chance entre mulheres vítima de violência física ou sexual. Relato de asma 2,5 vezes maior entre as vitimas de violência física ou sexual. Duas vezes mais chances de apresentar infecções de urina e ginecológicas entre mulheres vítimas de violência física, sexual e psicológica. Falta de desejo sexual foram reportados com mais frequência por vítimas de violência psicológica, mas a violência física e sexual aumentou até quatro vezes a falta deste desejo e em até 70% os comportamentos promíscuos.

Azevedo, AC ³ et

al, 2013. Uso de drogas ilícitas pelo parceiro e desemprego do parceiro, baixa escolaridade esteve associado ao maior índice de gravidez não planejada mesmo após ajustes das variáveis.

Lettieri, A (9) et

al, 2012. Em algumas falas existem outros fatores associados que motivam a violência, como o consumo de álcool e drogas, o desajuste social e a pobreza, denotando que os fatores que desencadeiam a violência são multifatoriais. Relatam ainda vivência de violência durante a vida no meio familiar.

Lobato, G ¹° et al,

2012. As análises mostraram a interação positiva para VPI e abuso de álcool pelas mulheres e seus parceiros (p=0,012 e 0,017 respectivamente). Em modelos de análise mais complexos, permaneceu significante violência física pelo parceiro íntimo e consumo de álcool. Ludermir, AB ¹¹ et

al, 2011. Todas as formas de violência (física/sexual/psicológica) foram mais comuns em mulheres com baixa

escolaridade, desempregadas, vivendo sem o

companheiro, parceiro controlador e com pobre comunicação com este, além de doença mental prévia à gestação.

Ludermir, AB ¹² et

al 2014. Todas as formas de violência (física/sexual/psicológica) foram mais comuns em mulheres com baixa

escolaridade, desempregadas, vivendo sem o

companheiro, parceiro controlador e com pobre comunicação com este, além de doença mental prévia à

gestação. Viellas, EF (26),

et al, 2013. O consumo de bebida alcoólica, cigarro e outras drogas pelas gestantes estiveram associados ao maior risco de agressão física. Após análise multivariada o consumo de álcool perdeu força, mas manteve o uso de drogas.

Ter menos de oito anos de estudo também mostrou relação com risco à VPI, além de ter menos apoio do pai da criança e tentar interromper a gestação.

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