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TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E ASSOCIAÇÃO COM VPI DURANTE A GESTAÇÃO

EIXO 1 DESFECHOS MATERNOS RELACIONADOS À VPI

IV.IV.III. TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E ASSOCIAÇÃO COM VPI DURANTE A GESTAÇÃO

GESTAÇÃO

Os transtornos mentais comuns são aqueles relacionados a Transtornos Somatoformes, de Ansiedade e Depressão, com queixas recorrentes de fadiga, insônia, irritabilidade, esquecimentos, queda na concentração e queixas somáticas.

A VPI na gestação esteve associada a maior chance de desfechos emocionais desfavoráveis na gestação, com prejuízo à saúde mental da mulher e pior vinculação desta com a criança no pós-parto (MANZOLLI, NUNES, SCHIMIDT ET AL 2010).

Os estudos encontraram uma variação de 2,5 (E7) a 4,43 (E8) vezes mais chance de apresentar sintomas depressivos entre gestantes vítimas de violência por parceiro íntimo, chegando a ter 6,29 vezes mais chance de

ideação suicida do que em gestantes sem essa vivência, sendo apontada por estas mulheres como a gênese dos pensamentos suicidas.

Um estudo internacional faz uma importante reflexão, questionando em que medida a depressão é uma conseqüência de Violência Doméstica (VD) ou um fator que contribui para a exposição à VD, sendo ainda totalmente desconhecido, e alerta que sintomas depressivos no início da gravidez já podem ser um preditivo que a mulher está sofrendo VD. (FINNBOGADÓTTIR, DYKES e WANN-HANSSON 2014).

Mas não apenas a depressão e a ideação suicida decorrente desta são desfechos emocionais encontrados. Alguns estudos trazem questões referentes ao desenvolvimento de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), como no estudo de Diniz et al (2012) (E5). Seu estudo revela que mulheres expostas a situações de aborto decorrentes da VPI têm mais chances de desenvolver este transtorno.

Os estudos demonstram a força desta variável nas pesquisas sobre Violência por Parceiro Íntimo e Transtornos emocionais.

Estes sintomas são importantes e devem ser olhados com seriedade, pois podem incorrer além do risco de suicídio, um baixo autocuidado consigo e com a gestação e bebê, além do risco de fragilidade no vínculo com o bebê após o nascimento.

Almeida, Sá, Cunha e Pires (2013) revelam que mulheres que sofreram VPI tem um pobre relacionamento com seus fetos na gestação, comparadas as que não sofreram. O vínculo mãe bebê é um fator de extrema importância para o cuidado materno com este e para seu desenvolvimento físico, emocional e social.

Tabela 6: Transtornos Mentais e associação com VPI durante a gestação

Autor/Estudo Principais Achados

Diniz, NMF (5) et

al., 2011. Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) foi mais comum em mulheres que abortaram que sofreram violência na gestação atual (35,2% em mulheres sem histórico de violência e 83,6% em mulheres agredidas), possibilidade 2,5 vezes maior, com sentimentos de desamparo e impotência quase cinco vezes maior em gestantes vitimadas.

Ludermir, AB ¹²,

1,8-3,5) mesmo sem a ocorrência de outros tipos de violência. Mulheres que relataram todos os tipos de violência apresentaram maior associação (OR 3,45, IC95% 2,3-5,2) com transtornos mentais. A prevalência de transtornos mentais comuns na gravidez entre mulheres vítimas de violência foi de 71% e 33,8% as que não relataram violência.

Fonseca- Machado (8) et

al., 2015

Após ajuste de fatores de confusão, VPI na gestação atual esteve fortemente associada com sintomas depressivos, com quatro vezes mais chance de ocorrer do que em mulheres sem esta vivência. (OR 4,43, IC95% 1,96-10,3 p<0,01)

Fonseca- Machado (7) et

al., 2015.

Após ajustes, VPI na gestação associou-se com indicativo de ideação suicida na gestação (OR 6,29 IC95% 2,34-16,95, p<0,001. VPI na gestação representa seis vezes mais risco de ideação suicida em mulheres grávidas do que as que não sofrem violência.

Manzolli, P¹³ et al

2010 Estudo revela que VPI esteve mais associado em mulheres de baixa escolaridade, desempregadas, com maior consumo de álcool, com mais de dois filhos, e faz inferência que na amostra total, encontrou cerca de 27,8% de mulheres gestantes com sintomas depressivos, e mostrou uma associação significativa com o quartil mais elevado de sintomas depressivos o consumo de álcool e também com a experiência de violência doméstica durante a gravidez atual e faz inferência que provavelmente o consumo de bebida alcoólica pelos sintomas depressivos possa ocasionar a violência.

Nunes, MA (16),

et al 2011. Violência na gestação apresentou associação com sintomas depressivos.

IV.IV.IVAVIVENCIADEVPINAGESTAÇAOESEUDESFECHODERISCOPARA

DEPRESSÃOPÓSPARTO

Os estudos encontrados verificaram que mulheres vítimas de VPI na gestação podem ter um risco aumentado de chance de depressão pós-parto, principalmente em casos onde estas são vítimas de violência física ou violências associadas à física, podendo ter diferença relacionando desfecho e frequência quanto ao uso de álcool pelo parceiro, onde uso de bebida alcoólica e maior frequência esteve mais relacionada ao desfecho de depressão, enquanto o não uso esteve relacionando o desfecho com pouca frequência do ato violento.

Um estudo no Peru que avaliou risco de depressão em relação à experiência materna com violência por parceiro íntimo (IPV), antes e durante a gravidez, obteve como resultado a gravidade da depressão e VPI durante a gravidez (tendência p <0,001), onde as puérperas que tiveram VPI tiveram níveis mais elevados de gravidade da depressão do que as mulheres não abusadas na gestação (GOMES-BELOZ, WILLIAMS, SANCHES E LAM, 2009). Outro estudo também aqui na América do Sul, realizado por Quelopana (2012) com mulheres grávidas do Chile também encontrou relação entre vivência de VPI na gestação e depressão pós parto.

Tabela 7: Depressão Pós-Parto e VPI no período puerperal.

Autor/Estudo Principais Achados

Lobato, G ¹°et al,

2012. O efeito da violência física e depressão pós-parto podem ser diferentes de acordo com abuso de álcool pelo parceiro.

Em parceiros que abusam de álcool, 1 ato violento não mostrou significância estatística, 2 ou mais eventos aumentava em 4 vezes a chance de depressão pós- parto. Em parceiros que não fazem abuso de álcool, 1 episódio de violência foi relacionado com depressão pós- parto, 2 ou mais teve resultado marginal. Cerca de 24,3% das participantes pontuaram para depressão pós-parto, com 37,8 % das gestantes relatando pelo menos 1 episódio de VPI na gestação, 10,7% apenas 1 ato (IC95%8,6-12,9), o restante, dois ou mais (IC95%24,1- 30,2).

Ludermir, AB ¹¹ et

al, 2010. Mulheres que sofreram violência física e/ou sexual durante a gestação acrescida de violência psicológica tiveram riscos aumentados de apresentar depressão pós- parto. As variáveis isoladas, apesar de a violência psicológica apresentar bons índices, não teve significância após ajuste de fatores de confusão. Foi encontrada taxa de 25,8% de mulheres reportando Depressão pós-parto (IC95% 23,2-28,6).

Neste estudo evidenciou-se que mulheres expostas a todas as formas de violência durante a gestação, e que os efeitos de depressão pós-parto podem ser diferentes de acordo com o consumo alcoólico do parceiro.

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