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Página | 27 sobre o contexto envolve a identificação e perceção de como funcionam as estruturas de poder,

conhecer os seus processos de decisão. Inclui também a capacidade de planeamento estratégico e habilidade de identificar, mobilizar e gerir recursos necessários para alcançar os objetivos pretendidos. Já a dimensão participação refere-se à ação concreta para atingir os objetivos estabelecidos. A participação pode traduzir-se no envolvimento em grupos de ajuda mútua, na associação de pais da escola, no local de trabalho, (Zimmerman, 2000) ou nas atividades de saúde escolar.

O empowerment comunitário é um processo que permite que as pessoas isoladas possam ser compreendidas, de forma que tenham influência direta nas decisões que afetam a sua vida (Rappaport, 1984, citado por Pereira, 2010). Uma das principais metas da OMS, relativamente ao

empowerment comunitário, consiste no desenvolvimento de comunidades participativas e ativas

que conduzam os indivíduos a atuar de forma coletiva, no sentido de obter uma maior influência sobre os determinantes da saúde e qualidade de vida da sua comunidade (WHO, 1998).

Existem ligações intrínsecas e extrínsecas entre o empowerment individual e o

empowerment comunitário. Este conceito é considerado como um paradigma sinergético, onde as

pessoas se inter relacionam, partilhando recursos e motivações (Katz, 1984 citado por Pereira, 2010). Desta forma, surgem cada vez mais evidências da importância do empowerment comunitário e individual, assim como das suas dimensões, tais como a autoestima, autoeficácia, legitimidade política e coesão social, para a promoção da saúde (Wallerstein, 1992, Wilkinson e Marmot, 2003 citados por Becker, et al, 2004).

O conceito de empowerment tem sido aplicado a diversas áreas do conhecimento nomeadamente psicologia, gestão e sociologia (Bartunek e Spreitzer, 2006 citados por Viana, 2010). Aplicado também à saúde, vários têm sidos os autores que se dedicaram ao seu estudo. No que se refere à enfermagem Gibson (1991) construiu um modelo de empowerment que pretende ser uma representação do processo de empowerment na prática de enfermagem. É constituído por três dimensões: o doente (adolescente do 8ºano da ESJR), o enfermeiro e a interação doente (adolescente do 8ºano da ESJR) /enfermeiro e resulta em atributos associados a cada uma das dimensões. A primeira dimensão – o doente (adolescente do 8ºano da ESJR) – pressupõe atributos necessários ao seu empowerment, como a auto-eficácia, a autodeterminação e a motivação para atuar. A segunda dimensão prende-se com a interação doente (adolescente do 8ºano da ESJR) e enfermeiro, que é vista como uma relação de cooperação que pressupõe confiança, empatia, formulação conjunta de objetivos e tomada de decisão partilhada. Estes atributos são indispensáveis para o equilíbrio de poder entre o doente (adolescente do 8ºano da ESJR) e o enfermeiro. A terceira dimensão pressupõe o enfermeiro como educador, conselheiro, facilitador, mobilizador de recursos e capacitador (Gibson, 1991). Na perspetiva do empowerment é essencial que o enfermeiro adquira competências específicas que lhe permitam implementar dinâmicas educacionais de intervenção promotoras de saúde, da autonomia e do empowerment dos adolescentes na, e para a construção dos seus projetos de saúde. O papel do enfermeiro nesta área está a ganhar cada vez mais visibilidade, já que esta é uma das áreas de excelência da profissão (Pereira, et al, 2011). Portanto, no decorrer do presente texto torna-se importante

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salientar a importância do papel do enfermeiro comunitário na promoção da saúde do grupo populacional, os adolescentes do 8ºano da ESJR. O papel dos enfermeiros na educação para a saúde é amplamente reconhecido, pelo que, em 1989, a OMS declarou que estes profissionais têm o potencial para impulsionarem o novo movimento da promoção da saúde (Benson e latter, 1998 citado por Fontes, 2007).

Partindo do pressuposto que o empowerment constitui um eixo central da promoção da saúde (Carvalho, 2004), as suas principais vantagens são: os clientes adquirem conhecimentos e capacidades, discursivas, cognitivas e procedimentais, que lhes proporcionam poder de intervenção, tendo em vista a mudança social e uma distribuição dos bens e serviços de saúde mais igualitária. Este processo de participação é também, um processo de aprendizagem, permitindo aos que nele participam, conhecimentos que favorecem a mudança de estilos de vida e a criação de hábitos de vida mais saudáveis (Rodrigues, et al, 2005).

No presente contexto torna-se fundamental conceptualizar o empowerment na promoção da saúde, que é definido como a educação sobre os problemas de saúde, colocando os interesses e necessidades do grupo populacional, os adolescentes do 8ºano da ESJR, no centro do processo, como sujeitos ativos e participantes, em todas as fases. Desta forma, os programas de promoção da saúde são encarados como meios de promoverem estilos de vida saudáveis, mas também como uma forma de capacitação e de aprendizagem, dando poder e intervenção aos que deles beneficiam, (Rodrigues, et al, 2005), neste caso, o grupo populacional, os adolescentes do 8º ano da ESJR. Assim, o maior propósito da utilização da teoria do empowerment na promoção da saúde é o de criar consciência acerca de questões chave, neste caso na promoção de estilos de vida saudáveis nos adolescentes do 8ºano da ESJR, e por outro lado, fornecer competências necessárias ao desenvolvimento do empowerment individual e comunitário (Carvalho e Carvalho, 2006). A utilização da teoria do empowerment na promoção da saúde assume que o principal objetivo é maximizar uma escolha genuína, voluntária e consciente, tendo como suporte a componente do conhecimento, aliada à clarificação de valores e crenças (Tones e Tilford, 2006 citado por Carvalho e Carvalho, 2006). Desta forma, a utilização da teoria do empowerment, pelo enfermeiro na saúde escolar, nos projetos de intervenção com adolescentes que visem a promoção de estilos de vida saudáveis, e consequentemente a promoção da saúde, torna-se crucial.

O desenvolvimento do trabalho de enfermeiro comunitário deve assentar numa teoria de enfermagem, pois são as teorias que compõem os pilares para a cientificidade da profissão e ajudam o enfermeiro a implementar o cuidado metodológico (Potter e Perry, 2006).

No decorrer do projeto de intervenção “Construir o caminho no contexto da saúde escolar: promoção de estilos de vida saudáveis nos adolescentes” foi utilizado o modelo teórico de enfermagem – o Modelo Teórico de Enfermagem de Betty Neuman.

O Modelo de Enfermagem de Neuman baseia-se na teoria geral dos sistemas e reflete a natureza dos organismos vivos enquanto sistemas abertos, em constante interação com stressores ambientais (Tomey e Alligood, 2004). Desta forma, a estrutura da Teoria de Neuman é

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