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P APEIS ESPERADOS , PERCEBIDOS E ASSUMIDOS PELOS COORDENADORES TEIP

CAPÍTULO VI. SÍNTESE INTERPRETATIVA

3. P APEIS ESPERADOS , PERCEBIDOS E ASSUMIDOS PELOS COORDENADORES TEIP

Focando o olhar na coordenação TEIP enquanto desenvolvimento de papéis por um ator que é um gestor, neste caso, escolar, mobilizamos em primeiro lugar o modelo de gestão de Mintzberg para, por um lado identificar os papéis esperados relativamente ao coordenador TEIP e, por outro, os percebidos e assumidos por estes. No capítulo anterior já foi referido que a forma como as coordenadoras desenvolvem a sua função é distinta, justificando-se com variáveis dos AE já explicitadas, pelo que a síntese interpretativa agora realizada se foca na enunciação dos papéis por elas mobilizados, de acordo com as evidências encontradas nos discursos.

3.1. Coordenadora TEIP do AEA – gestora intermédia ou de topo?

Os discursos acerca da coordenadora TEIP do AEA fazem referência a todos os papéis enunciados por Mintzberg no seu modelo de gestão. Assim, enquanto gestora é a responsável no AEA quer pela estruturação, quer pela programação das tarefas inerentes ao plano de melhoria. No plano da informação, a coordenadora TEIP é a nível externo, na perceção dos atores do AE a interlocutora privilegiada da tutela (embora esta não seja a posição ou a intenção da segunda), assumindo-se como porta-voz do AE quando se trata de o representar em eventos que estejam relacionados com o programa TEIP. Além disso, no interior da organização é o elemento que dissemina a informação que vem do exterior, recorrendo maioritariamente aos coordenadores de departamento, lideranças intermédias do AE, para a fazer chegar a todos os professores. Esta coordenadora TEIP é o ponto focal da sua unidade organizacional, que neste caso se pode entender como a totalidade do AE, monitorizando através da obtenção de informação e afirmando-se como um verdadeiro centro nervoso, de acordo com a designação de Mintzberg. Ainda no plano da informação, a coordenadora exerce funções de controlo, sem no entanto ser claro se assume todos os subpapéis que este papel inclui. Nos discursos dos atores do AE são referidas tarefas de conceção de estratégias e de delegação de tarefas, mas não são enunciadas as que respeitam à designação/ autorização, nem à distribuição de recursos , assim como à determinação de metas.

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No plano das pessoas, apesar de ser notório que lhe é atribuído, a nível interno, um papel de liderança, não parece ser uma área muito desenvolvida pela coordenadora TEIP no âmbito da sua ação. Demonstra uma preocupação com as pessoas, mas a sobrecarga de papel (um dos conflitos elencados por Katz e Kahn (1987) e enunciada pela coordenadora do departamento de português – parece neutralizar um pouco a sua ação a esse nível, sendo vista como uma pessoa de gabinete, retida pelas exigências burocráticas.

A coordenadora TEIP parece também desempenhar os papéis incluídos no plano da ação, sendo a pessoa que gere pessoalmente os projetos e lida com os distúrbios, internamente, e que assume o papel de negociação a nível exterior.

De concluir, este ponto salientando que a forma como esta coordenadora é percecionada no AE coloca-a num nível de gestão de topo, em detrimento do nível intermédio, a que não será alheio o facto de ser também subdiretora do AE e de ser reconhecida como alguém que é “especializada” no projeto TEIP, como foi referido pelo atual diretor do AE.

3.2. Coordenadora TEIP do AEB – coordenadora do plano ou do gabinete J?

A coordenadora TEIP do AEB, como já foi acima referido, restringe a sua ação alguns aspetos e a alguns interlocutores. Ao longo da análise das entrevistas encontraram-se várias evidências de que a coordenadora TEIP desempenha dois papéis centrados no gestor: a estruturação e a programação. De facto, estes papéis foram salientados como funções em que a coordenadora se destaca, uma vez que sendo uma pessoa bastante organizada, consegue através de outros papéis que mobiliza como o de controlo, no plano da informação, e o de ação, especialmente o papel do Fazer. A coordenadora TEIP é um elemento muito presente no gabinete J e desempenha ativamente o subpapel lidar com distúrbios, quer com os inesperados, quer com os que são previsíveis. Apesar de não ser possuir um estilo de liderança assente no carisma, como o da diretora do seu AE, a coordenadora TEIP lidera a sua equipa pelo exemplo (como assinala Mintzberg), pelas suas caraterísticas de persistência e de trabalho, uma civil servant, nas palavras do perito externo, uma formiga segundo a diretora.

A nível externo à unidade que gere, a coordenadora TEIP desempenha também os papéis de comunicação, no plano da informação, os de ligação, no plano das pessoas e os de negociação, no plano da ação. A técnica de serviço social, elemento do gabinete J, enunciou diversas tarefas que a coordenadora TEIP desenvolve e que indiciam que efetivamente desempenha os papéis enunciados. No entanto, a maioria dos papéis enunciados e desempenhados pela coordenadora TEIP parecem focar-se essencialmente na equipa que constitui o gabinete J e, arriscamo-nos a afirmar, é no essencial a unidade que gere.

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Se considerarmos que o cargo de coordenador TEIP se refere à implementação de um plano de melhoria (sem nos debruçarmos sobre o facto de aí se incluir, ou não, a coordenação da equipa TEIP do AE), é notório que a coordenadora TEIP desempenha relativamente a essa responsabilidade apenas algumas tarefas. De facto, a nível externo, e relativamente ao que ao TEIP respeita, é a diretora que desempenha a maioria dos papéis: de comunicação, de ligação ao exterior e de negociação. A coordenadora TEIP desempenha todos os papéis enunciados acima mas relativamente à unidade gabinete J, e parcialmente, no que toca a ações específicas do plano de melhoria relativas à melhoria das aprendizagens e, mais recentemente, as que visam a melhoria da imagem do agrupamento (ações em que a equipa do gabinete J está bastante envolvida).

Concluímos desta análise e reflexão que, a coordenadora TEIP coordena a equipa do gabinete J, mobilizando todos os papéis enunciados no modelo de gestão de Mintzberg e, além disso mobiliza, outros, no exercício das suas funções, mas em partilha com atores, que não foi possível precisar, mas poderão envolver além da diretora os coordenadores dos departamentos envolvidos nas ações do plano de melhoria TEIP.

De salientar, que esta operacionalização da figura de coordenador TEIP se parece enquadrar em parte na conceção enunciada pelo coordenador nacional do programa, que atribui ao diretor dos AE papéis, no âmbito da implementação do seu projeto TEIP, do plano da comunicação, nomeadamente com o exterior.

4. OLHAR SOBRE OS AE ENQUANTO ORGANIZAÇÕES PROFISSIONAIS E AS COORDENADORAS TEIP

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