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O Plano de Assistência Estudantil (PNAES) foi criado e regulamentado pelo Ministério da Educação ao final de 2007, por meio da Portaria Normativa n 39. Mas só em 2010 o decreto foi publicado no Diário Oficial da União, e aí então o PNAES foi colocado em prática. Conforme o artigo 2 da portaria:

O PNAES se efetiva por meio de ações de assistência estudantil vinculadas ao desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, e destina- se aos estudantes matriculados em cursos de graduação presencial das Instituições Federais de Ensino Superior. (MEC, 2013).

O programa busca oferecer aos estudantes do ensino superior público federal assistência à moradia estudantil, alimentação, transporte, saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio pedagógico.

Cabe a cada instituição de ensino superior desenvolver estas iniciativas propostas pelo PNAES. Segundo o MEC o programa recebeu no ano de 2008, R$

125,3 milhões em investimentos. Para 2010, estava previsto que fossem destinados 304, milhão de reais.

É um investimento louvável se tratando de gastos do governo federal com a educação. Só que o PNAES é apenas uma portaria, não é definitivo, para ser definitivo ele deve virar lei. O que deveria acontecer para aperfeiçoar ainda mais o PNAES é que este programa possa vir a abranger para todas as instituições de ensino superior, não sendo somente nas instituições de ensino público federal do país.

Mas o que falta mesmo são políticas mais democráticas que atendam também às demandas de alunos de instituições privadas e comunitárias, que são beneficiários das políticas de acesso, mas, encontram-se desprovidos de políticas de permanência.

3 DIFERENÇAS REGIONAIS NO BRASIL

A má distribuição de renda é algo tão real que a maioria dos brasileiros não tem se quer a oportunidade de tentar melhorar de vida, no que a pobreza e desigualdade são vivenciadas a toda hora. Os gráficos do IBGE publicados no jornal O Globo no dia 15/06/11 apontam as regiões sul e sudeste como as mais ricas e gigantesca desigualdade que encontramos tão perto de nós.

Mais de 85 % da população nordestina não ganham sequer um salario mínimo. A pirâmide educacional é um elemento do quadro geral das assimetrias sociais. Os brasileiros mais pobres não chegam a completar nem mesmo cinco anos de escolaridade, isto é não concluem sequer a educação básica. Dado o baixo poder aquisitivo da maioria da população, é indispensável que a expansão se dê mais intensamente, pelos sistemas públicos. (Dias Sobrinho, 2010, p 1233)

A falta de políticas pública eficazes é a grande geradora desta desigualdade social que impera nas regiões norte e nordeste do Brasil. Aliás, esta desestrutura socioeconômica é encontrada em todas as regiões do país, até mesmo nas regiões com mais potencial econômico e desenvolvidas como as regiões sul e sudeste, existem muitas áreas onde o poder público se mostra indiferente ao desenvolvimento da população brasileira, não oferecendo as mínimas oportunidades e condições para o desenvolvimento social ao qual todos os brasileiros têm direito.

O descaso governamental é total, onde as leis que deveriam assegurar os direitos de toda a população não saem sequer do papel. A concentração de renda em algumas regiões do país é prejudicial para as regiões mais pobres, fato este é que podemos destacar que a grande maioria das indústrias só se instala nas regiões mais desenvolvidas prejudicando ainda mais o desenvolvimento econômico da região norte e nordeste, e isto acaba criando outro dado comum na região nordeste que é a migração de vários nordestinos em busca de trabalho e melhores condições

de vida nas grandes cidades brasileiras. Milhares e milhares de nordestinos são obrigados a deixarem sua terra de origem, suas famílias em busca de emprego nas capitais da região sul e sudeste, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, pois nas regiões onde vivem não tem empregos e as suas condições de vida que já são precárias ficam cada vez pior devido à seca que é um fenômeno natural característico da região que castiga todo o nordeste brasileiro.

Apesar de tudo isso hoje em dia já se registra algumas melhorias de qualidade de vida. Mas a região nordeste possui ainda os mais baixos indicadores socioeconômicos do Brasil como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que mostra que 18,7% dos nordestinos eram analfabetos em 2009 segundo informações do IBGE publicadas na revista época no dia 14/04/10. Este dado só confirma a triste realidade escolar do Brasil. Não é difícil constatar como uma pessoa que não possui emprego, não tem muita comida em casa, e não tem ao menos água potável para beber vai conseguir estabelecer uma vida estudantil digna.

Por isso as buscas por melhorias na educação básica são importantes para se conseguir ensino superior de qualidade. Quando falamos de educação de qualidade mexemos em todas as escalas governamentais de um país. Não iremos conseguir melhorar a educação se os problemas mais básicos de nossa nação não forem solucionados. Os problemas que precisam melhorar no ramo da educação vem desde a pré-escola chegando até ao ensino superior. É necessário dar melhores condições de trabalho para os educares, oferecendo-lhes salários dignos, formação continuada, segurança, valorização do profissional da educação como um todo, para que tenhamos verdadeiros mestres auxiliando no crescimento econômico e saber crítico educacional do nosso Brasil.

Portanto, para que a educação possa contribuir de fato, na redução das desigualdades sócias, tornam-se necessárias políticas ativas que favoreçam o rompimento do círculo vicioso entre educação e renda, que se estabelece de forma tão marcante na sociedade brasileira. (Corbucci, 2004, p 699).

Para avançar e construir uma educação de qualidade no Brasil é necessário reformular toda a base da educação brasileira, ou seja, toda a educação básica começando desde educação infantil passando pelo ensino fundamental e ensino médio. Não conseguiremos resultados satisfatórios se não investimos na educação básica. E estes investimentos devem ser feitos em todas as áreas desde espaço

físico até a formação continuada dos educadores. Não conseguiremos um ensino superior de qualidade se a base da educação, o começo de tudo, é oferecida de forma precária.

Os problemas existem e são reais, e prejudicam toda a educação no Brasil. O país necessita obter progressos na educação básica para assim chegar num nível melhor de ensino para que cada aluno ao concluir seu ensino médio completo tanto nas instituições privadas quanto publicas possa ingressar nas instituições de ensino superior. É de fundamental importância também que o educador sabia da sua responsabilidade de formar cada educando como ser pensante e critico, ciente de seus direitos e deveres para assim se formarem cidadãos dignos e justos, dispostos a lutarem por seus direitos e por uma nação melhor para todos junto ao poder público.

4 POLÍTICAS DE PERMANÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO DAS UNIVERSIDADES

Apesar de toda a busca por melhoria que temos tido de acesso ao ensino superior no Brasil, verdade é que este acesso não tem sido para todos, quando deveria atender a todos, mas não podemos negar que avanços ocorreram. Com esta pequena melhoria no acesso as universidades, outro grave problema surgiu, que é a falta de permanência dos alunos nas universidades. Grande parte dos alunos que ingressam no ensino superior não consegue concluir seus estudos. O problema da falta de permanência no ensino superior no país tem se tornado cada vez maior, pois o número de matrículas no ensino superior nunca foi tão alto. A maior parte dos universitários não consegue concluir seus estudos por causa da sua condição social que é precária. O principal fator determinante para esta triste realidade é novamente a questão socioeconômica do Brasil e sua má distribuição de renda que prejudica a vida de milhões de brasileiros, e no ramo da educação não tem sido diferente.

A desistência na sua maioria ocorre pelo fator econômico. Os universitários que estudam nas instituições particulares, acabam desistindo por não conseguirem pagar suas mensalidades, e os que estudam nas universidades públicas não conseguem permanecer nos seus cursos, por não terem como se manter financeiramente e manter itens básicos como moradia, transportes e alimentação.

Por este motivo, já citado no primeiro capitulo, o governo federal busca através da implementação de programas como o FIES, PNAES, PROUNI, PIBID diminuir esta desigualdade, que tanto prejudica os brasileiros mais necessitados.

Porém mesmo com todas estas iniciativas por parte do governo, pouco se tem melhorado. A desigualdade no país tem sido a causa principal da evasão no setor de ensino superior. Evasão esta que tem sido registrada desde educação básica.

Vê-se no ensino superior a continuidade de um sistema que funciona, desde as séries iniciais, como instrumentos de reprodução dos privilégios e do poder das classes abastadas, conservando as desigualdades socioeconômicas e culturais. (Resende, 2011,p 30).

Um aluno de baixa renda que consegue ingressar na universidade mesmo quando é por meio dos programas do governo, não tem a mínima garantia que irá terminar seus estudos, pois mesmo quando recebe o beneficio ainda assim é pouco para o mesmo continuar estudando, porque não consegue se manter estudando

devido seu baixo poder aquisitivo. A realidade da camada mais pobre da população brasileira tem feito com que muitos estudantes desistam da carreira acadêmica por serem obrigados a escolher entre “colocar comida na mesa” e ajudar nas despesas de casa ou continuarem estudando.

Criar leis que possibilitem o acesso do povo brasileiro ao ensino superior é louvável, mas o país precisa permitir a permanência destes alunos nas instituições de ensino. E isto só irá ocorrer se o Brasil passar a ser um país que trata seu povo e seus problemas com seriedade, combatendo a corrupção e desigualdade avassaladora que perdura nesta nação, criando assim mais oportunidades de emprego e diminuindo as desigualdades econômicas. Necessário é criar oportunidade melhoria por parte do Estado de todas as políticas públicas de todas as áreas e quanto à educação esta reestrutura deve começar pela fonte da educação que é a educação básica chegando ao ensino superior. E esta reestrutura também passa pelas instituições de ensino superior, tanto nas públicas e privadas.

As universidades têm buscado cada vez mais alunos, crescendo o número de matrículas, porém seus problemas também.

Quando tratamos das universidades privadas, elas estão se expandido cada vez mais, só que questões como a falta de qualidade do ensino, a falta de formação de mestre e doutores e a inadimplência tem sido desafios. Verdade é que o governo tem buscado alternativas para suprir as necessidades, mas como vimos até aqui, ensino de baixa qualidade tem que passar pelo vestibular dessas universidades, ele não tem a mínima chance em relação ao aluno de classe média/alta que teve a oportunidade de se preparar durante toda sua vida estudantil em escolas de qualidade no preparo para este acesso.

Mesmo com todos estes programas do poder público, há um longo caminho para ser conquistado.

Sem uma educação superior e sem instituições de pesquisa adequadas que formem a massa crítica de pessoas qualificadas e cultas, nenhum país pode assegurar um desenvolvimento endógeno, genuíno e sustentável e nem reduzir a disparidade que separa os países pobres e em desenvolvimento.

(UNESCO apud RESENDE, 2011, p 112).

Seria essa qualidade preconizada pela UNESCO um fator determinante para a permanência dos estudantes? Em que as instituições de ensino superior podem contribuir para a permanência de seus estudantes matriculados? Pensando tanto nos aspectos econômicos, mas também para além destes, é preciso que as IES busquem estratégias, políticas e programas internos, que viabilizem melhores condições de permanência do estudante nos cursos de graduação.

Por isso é de suma importância que todos trabalhem juntos. As IES tanto públicas quanto particulares, juntamente com o poder público e a sociedade. Pois como vimos em toda pesquisa os problemas do ensino superior só nos retrata o que é o nosso país. O Brasil é um país maravilhoso, mas também é um país desigual para o seu povo, onde a injustiça e falta de oportunidades são grandes e atingem e prejudicam milhões de brasileiros. Muito há o que fazer. As universidades tanto públicas e particulares devem se unir juntamente com o poder público e toda sociedade brasileira para encontrar caminhos que possam melhor cada vez mais o ensino superior do Brasil, pois é das universidades que sairão bons professores, médicos, engenheiros e todas demais profissões que levarão o país a se tornar uma nação melhor e justa para todos. Não adianta somente oferecer vagas de acesso ao ensino superior. É preciso garantir o acesso à permanência dos educandos nas universidades brasileiras. E para que isso ocorra necessário é que o Brasil evolua em todos os aspectos, deixando de ser um país comandado pelas classes dominantes que são os mais favorecidos. Pois um país onde a educação é prioridade é uma nação justa e eficaz em todos os aspectos para seu povo. Um povo que tem educação de qualidade é um povo que sabe lutar por seus direitos e sabe dos seus deveres.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste trabalho conseguimos responder alguns dos nossos questionamentos em relação ao acesso e permanência ao ensino superior no Brasil.

Mas o que mais nos intriga é que temos muitos mais questionamentos e metas a serem atingidas do que respostas encontradas.]

A educação é um desafio, que o país tem tentado enfrentar desde que Cabral e sua turma aqui adentram neste lindo Brasil. Como vimos no decorrer de toda pesquisa os problemas da educação superior nesta nação são reais e abrangentes.

Os relatos das dificuldades que encontramos em todas as áreas onde o poder público deveria se destacar pela sua eficiência, mas o que de fato ocorre é que se destaca a ineficiência do poder público e seus governantes em todos os seguimentos da nação.

Para conseguir alcançar avanços na educação superior, todas estas questões aqui levantadas nesta pesquisa como os programas de acesso das classes populares, as diferenças regionais e as políticas de permanência nas universidades devem ser aperfeiçoados e ampliados. Sabemos que melhorias ocorreram e isto é um fato positivo. Mas há um imenso caminho a ser percorrido. Como podemos falar em educação superior de qualidade, onde sabemos que milhões de pessoas no nosso país não têm onde morar, o que se alimentar, a saúde é precária, falta saneamento básico, o professor e a escola não são valorizados e tantas outras necessidades que temos?

O que a pesquisa nos ajudou a enxergar foi que quando a educação superior conseguir realmente ser para todos e de todas as diferenças no país irão diminuir, pois para se atingir esta educação de qualidade o Brasil precisa passar a oferecer ações de políticas públicas de qualidade para seu povo. Fazendo assim, o país será um país melhor igual para todos.

Não podemos falar em acesso ao ensino superior, sem falar no acesso as outras questões básicas de sobrevivência humanas que já discutimos ao longo dessa pesquisa. O Brasil e todos os brasileiros precisam acordar. Para que assim possa construir um novo Brasil, onde todos tenham a oportunidade de servir ao seu país de forma honesta, digna e se tornando seres críticos e inseridos nesta

transformação deste novo Brasil que tanto queremos que se concretize. E a educação é a porta mais larga para esta nova nação que se aproxima de todos nós.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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_______ Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido.

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