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B) HOMA Homeostasis model assessment

4- PACIENTES E MÉTODOS

Essa tese de doutorado faz parte de uma linha de pesquisa em disfunção tireoidiana iniciada em 2001 e em curso até a presente data. Mais de um estudo foi utilizado para atender aos objetivos apresentados (figura 4).

Figura 4- Representação dos diferentes estudos envolvidos na presente tese.

Pacientes com Hipotireodismo Subclínico (HS) Pacientes com Hipotireoidismo Manifesto (HM) Grupo Eutireoidiano (EU) ESTUDO SECCIONAL (Estudo do perfil lipídico = TODOS)

(Estudo da BIA, RI Leptina= INCLUÍDOS APÓS 2004)

ESTUDO DE INTERVENÇÃO, NÃO CONTROLADO

(perfil lipídico BIA, RI e Leptina) Incluídos até 2004 ENSAIO CLÍNICO

DUPLO-CEGO CONTROLADO COM PLACEBO (Perfil lipídico) ENSAIO CLÍNICO CONTROLADOSEM PLACEBO

(BIA, RI, Leptina) Incluídos após 2004

4-1) DESENHOS DOS ESTUDOS E SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES

4-1-1) ESTUDO SECCIONAL

Inicialmente conduziu-se um estudo seccional com uma amostra selecionada a partir do conjunto de pacientes acompanhados no ambulatório do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho-UFRJ.

Solicitou-se a diferentes serviços (Clínica Médica, Endocrinologia, Ginecologia, Oftalmologia, entre outros) o encaminhamento de pacientes com elevação do nível sérico de TSH para consulta com os médicos envolvidos na pesquisa. Nessa consulta foram avaliados os critérios de exclusão e inclusão no estudo, apresentados a seguir nos sub-itens 4.2 e 4.3.

A divulgação da pesquisa foi feita através de Sessões Clínicas nos diferentes serviços e através de cartazes.

Posteriormente, também foram encaminhados os participantes do Estudo Populacional de Prevalência de Disfunção Tireoidiana conduzido na cidade do Rio de Janeiro, em que se detectou elevação do nível sérico de TSH.

Os resultados obtidos a partir da análise de dados dos pacientes com hipotireoidismo foram comparados aos de pacientes sem disfunção tireoidiana, denominado grupo eutireoidiano. O objeto de análise foi o perfil lipídico nos três grupos: hipotireoidismo subclínico (HS), hipotiroeidismo manifesto (HM) e eutireoidismo (EU). Os pacientes incluídos a partir de 2004 também foram submetidos à análise de resistência insulínica pelo HOMA-IR, dos níveis séricos de leptina e da composição corporal por bioimpedanciometria. As avaliações clínicas a partir de 2004 foram realizadas no HUCFF e no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), conforme preferência do participante.

Os pacientes do grupo eutireoidiano foram selecionados a partir de funcionários do HUCFF e de pacientes presentes no serviço de patologia clínica para coleta de sangue, por diversos motivos.

Todos assinaram termo de consentimento livre e esclarecido (anexos1 e 2), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUCFF/ Faculdade de Medicina da UFRJ (n° 012/01).

4-1-2) ESTUDOS PROSPECTIVOS

Uma vez incluídos no estudo seccional, os pacientes com hipotireoidismo foram encaminhados para três tipos de estudos prospectivos, de intervenção.

4-1-2-A) ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO COM PLACEBO

Os pacientes, com hipotireoidismo subclínico, incluídos no período de 2001 a 2004, e que concordaram em continuar na segunda fase da pesquisa, participaram de ensaio clínico randomizado duplo cego e controlado com placebo por um ano. Esse estudo se propôs a manter os pacientes em tratamento, com o TSH na faixa da normalidade, através do uso de doses ajustadas de levotiroxina. A contagem do tempo de intervenção foi interrompida a cada momento que o paciente apresentasse o TSH fora da faixa da normalidade. Após reajuste da dose e nova normalização do TSH retornava-se a contagem de tempo ao último ponto de parada. A alocação inicial dos pacientes nos dois grupos de seguimento ocorreu de forma aleatória,

após estratificação por faixas de TSH. No estrato a que o paciente pertencia havia uma seqüência de números aleatórios com uma correspondência para o uso de levotiroxina ou placebo. Cada paciente recebeu um número a medida que era encaminhado para a fase prospectiva. Dessa forma, pacientes com TSH > 4,0 – 8,0 µUI/ml foram alocados na faixa 1 e receberam doses iniciais de 25 µg /dia de levotiroxina ou placebo; aqueles com TSH > 8,0-12,0 µUI/ml, foram alocados na faixa 2 e os com TSH > 12,0 µUI/ml na faixa 3. Pacientes nas faixas 2 e 3 receberam respectivamente doses de 50 e 75 µg /dia de levotiroxina ou placebo. Os comprimidos foram fornecidos pelo laboratório Sanofi-Synthelabo, com controle de qualidade para que as aparências fossem idênticas entre levotiroxina ou placebo. Existiam comprimidos de 25, 50 e 75 µg de levotiroxina e equivalentes de placebo. Nesse estudo foram analisadas as modificações decorrentes da intervenção nos níveis séricos das variáveis lipídicas.

As avaliações clínicas e laboratoriais ocorreram a cada 6 meses de TSH mantido na faixa normal, por um médico mascarado quanto ao uso de placebo ou levotiroxina. Paralelamente, o paciente era avaliado a cada 3 meses por um médico responsável pela dispensação da medicação e por monitorar efeitos colaterais e adesão ao tratamento. Essa reconsulta era adiantada em 6 semanas quando havia necessidade de ajuste na dose da medicação. Foi considerado má adesão ao tratamento o fato do paciente retornar mais de 20% dos comprimidos dispensados, em pelo menos duas ocasiões.

Pacientes em uso de placebo também foram submetidos a um protocolo de consultas frequentes, quando necessário. A “dose” de placebo era alterada quando o paciente apresentava modificação no nível sérico de TSH que o fizesse mudar de

faixa. Quando ocorria esse ajuste adiantava-se a consulta em seis semanas, porém essas semanas não eram contadas como tempo de intervenção.

4-1-2-B) ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO SEM PLACEBO

Os pacientes com hipotireoidismo subclínico incluídos após 2004, que concordaram em participar da fase prospectiva, foram incluídos em outro estudo de intervenção, por um ano. Esse estudo foi conduzido no HUCFF e no HUPE. Os pacientes foram aleatoriamente alocados em dois grupos de seguimento em que foram tratados com levotiroxina ou apenas seguidos em observação clínica regular. A alocação ocorreu após gerar-se uma tabela de números aleatórios no programa

epi-info 6.0 e distribuição dos mesmos por blocos de 6 e 4 números, de forma

alternada. Cada paciente recebeu um número, que foi codificado para tratamento ou observação clínica durante o seguimento. A dose de levotiroxina inicial foi de 0,75 µg/kg/dia, com ajuste até normalização do TSH.

Nesse segundo estudo de intervenção, em pacientes com HS, foram avaliadas as modificações nos níveis séricos de leptina, no padrão de composição corporal por bioimpedanciometria e na resistência insulínica pelo HOMA-IR. Foram realizadas consultas trimestrais após atingir-se normalização do TSH com monitoração da dose, efeitos colaterais e adesão ao tratamento. No décimo segundo mês todas as reavaliações basais foram repetidas. Todos receberam orientação dietética com restrição de alimentos gordurosos.

4-1-2-C) ESTUDO DE INTERVENÇÃO NÃO CONTROLADO

Os pacientes com hipotireoidismo manifesto foram tratados com levotiroxina em doses iniciais de 1,5 µg/kg/dia e ajuste de dose até normalização do TSH. Seguiram o mesmo protocolo de consultas trimestrais para avaliação de possíveis necessidades de ajustes medicamentosos que os pacientes com HS no estudo sem placebo e receberam orientação dietética. Foram reavaliados, quanto ao perfil lipídico, níveis de leptina, sensibilidade insulínica e bioimpedanciometria, doze meses após atingirem a normalização do TSH.

Os comprimidos para os pacientes com HS no segundo estudo prospectivos e para os pacientes com HM foram fornecidos pelo laboratório farmacêutico Abbott. Os critérios de má adesão foram os mesmos adotados para o ensaio clínico com placebo.

4-2) CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

4-2-1) PACIENTES COM HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO

 Idade ≥ 18 anos;

 Duas dosagens (com intervalo mínimo de 4 semanas) de TSH acima do limite superior da normalidade para o “kit” utilizado até um valor máximo de 20µUI/ml;

 Ao menos uma das dosagens de TSH realizada no Laboratório de Patologia Clínica / Seção de Hormônios do HUCFF, cujo limite superior da normalidade é 4,0µUI/ml;

 Nível de T4 livre dentro da faixa da normalidade (0,8 a 1,9 ng/dl) e dosado no Laboratório de Patologia Clínica / Seção de Hormônios do HUCFF.

A causa do HS poderia ser diversa, porém pacientes com passado de hipertireoidismo deveriam ter ficado ao menos um ano em estado de eutireoidismo, confirmado laboratorialmente, antes da evolução com elevação dos níveis de TSH.

4-2-2) PACIENTES COM HIPOTIREOIDISMO MANIFESTO  Idade ≥ 18 anos;

 Nível sérico de TSH acima do limite superior da normalidade para o “kit” utilizado e de T4L abaixo da normalidade, em duas dosagens, com intervalo mínimo de 4 semanas entre elas.

 Uma das dosagens deve ser realizada no HUCFF.

4-2-3) PACIENTES EUTIREOIDIANOS  Idade ≥ 18 anos;

 Níveis séricos de TSH e T4L normais, em exame realizado no HUCFF  Pesquisa de ATPO negativa

 Ausência de história pessoal de doença tireoidiana

 Exame clínico da glândula tireoidiana dentro da normalidade

4-3) CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO  Indivíduos hospitalizados;

 Uso de drogas ou substâncias que interferem com a função tireoidiana (lítio, amiodarona, glicocorticóides, entre outras) ou com o tônus dopaminérgico;

 História de doenças, mesmo que estáveis, que interferem com os níveis circulantes dos hormônios tireoidianos (síndrome nefrótica, insuficiência renal, insuficiência hepática, AIDS, entre outras);

• História de doenças que cursem com dislipidemias secundárias tais como diabetes ou pancreatite;

• Ingesta de álcool, independente da dose, ou mais que 2 doses/dia, na maior parte dos dias da semana;

• Uso de drogas que interferem no perfil lipídico (tais como propranolol, hidroclorotiazida, corticóide ou estatinas)

• Uso de drogas, cientificamente conhecidas, auxiliares no emagrecimento ou ganho de peso.

Todos os critérios de exclusão foram aplicados não só ao momento de inclusão do participante na pesquisa, como também ao período de seguimento, constituindo motivo de exclusão em qualquer momento durante os estudos prospectivos. Também foram excluídos ao longo dos diferentes estudos prospectivos, os pacientes que apresentassem critérios de má adesão. No ensaio clínico controlado com placebo também foram excluídos aqueles que necessitaram de doses maiores que 75 µg/dia para normalizar o TSH.

No ensaio clínico sem placebo, envolvendo pacientes com HS, iniciado em 2004, optou-se por excluir os pacientes com TSH >12,0 µUI/ml por questões éticas, já que resultados preliminares do ensaio clínico apontavam para possível benefício no perfil lipídico, em particular nos pacientes com TSH mais elevados, em acordo com dados de literatura. A partir de 2004 também optou-se por excluir pacientes do sexo masculino, para minimizar interferências nos níveis séricos de leptina.

4-4) MÉTODOS DE AVALIAÇÕES

4-4-1) QUESTIONÁRIO E EXAME FÍSICO

Uma vez efetuada a inclusão e a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido todos os participantes do estudo foram submetidos a anamnese, exame físico e preenchimento de questionário específico (anexos 3 e 4). Realizada pesquisa de sinais e sintomas pela escala para hipotireoidismo de Zullewiski (ZULLEWSKI, 1997). Todos foram pesados em balanças da marca Filizolla®, com roupas leves e sem calçados. A aferição da altura foi realizada através de estadiômetros acoplados às balanças.

O índice de massa corporal (IMC) foi calculado através da fórmula: IMC = peso / altura2 (MONTEIRO,1998).

No ensaio clínico com placebo, os médicos que realizaram as reavaliações semestrais permanecem mascarados quanto ao grupo de intervenção a que os pacientes pertenciam.

4-4-2) EXAMES COMPLEMENTARES

Todos os participantes do estudo foram submetidos a venopunção, após jejum noturno de 12 horas, com coleta de sangue para obtenção de soro e realização das seguintes dosagens: TSH, T4L, ATPO (antitireoperoxidase), ATg (antitireoglobulina), colesterol total, triglicerídeos, HDL-c e apoproteínas A e B. Os pacientes incluídos após 2004 também foram submetidos às dosagens de glicose, insulina e leptina.

As dosagens de TSH foram repetidas a cada 3 meses para monitoramento da dose. Quando necessário ajuste de dose, as mesmas dosagens eram repetidas em seis semanas. Colesterol total, HDL-c e triglicerídeos foram dosados, no soro, a cada 6 meses.

No estudo com placebo também foram realizadas dosagens de Apo-A e Apo B a cada semestre de TSH normalizado.

Nos estudos prospectivos sem placebo as reavaliações com dosagens de leptina, glicose, Apo A, Apo B e insulina foram repetidas doze meses após atingir-se o TSH-alvo (faixa da normalidade).

4-4-2-A) DOSAGENS BIOQUÍMICAS E HORMONAIS

Colesterol total (CT):

Método enzimático automatizado; kit: Dimension ®; Dade Behring S.A.

Valores de referência ( NATIONAL CHOLESTEROL...,2002): Ideal: < 200 mg/dl; Limítrofe alto: 230-239 mg/dl; Alto: ≥ 240 mg/dl

HDL-colesterol:

Método enzimático automatizado; kit: Dimension ®; Dade Behring S.A.

Consideramos níveis de HDL-c < 40mg/dl como baixos, independente do sexo (NATIONAL CHOLESTEROL..., 2002).

LDL-colesterol :

Calculado através da fórmula de Friedwald (NATIONAL CHOLESTEROL ...,2002): LDL-c = colesterol total - (HDL-c + triglicerídeo/5)

Não foi calculado para pacientes com nível de Triglicerídeos ≥400 mg/dl.

Valores de referência (NATIONAL CHOLESTEROL..., 2002): Ótimo: < 100 mg/dl; Adequado: 100-129 mg/dl; Limítrofe: 130-159mg/dl; Altos: ≥ 160 mg/dl.

Apoproteína A:

Método: nefelometria; kit: Dade Behring. BN. Valores de referência: 90g/l-200 g/l.

Apoproteína B:

Método: nefelometria; kit: Dade Behring. BN. Valores de referência: 30mg/dl-100 mg/dl.

Triglicerídeos:

Método: Ensaio imunoenzimático; kit: Dimension ® . Dade Behring S.A.

Valores de referência ( NATIONAL CHOLESTEROL...,2002): Normal: < 150 mg/dl; Limítrofe alto: 150-199 mg/dl; Alto: 200-499 mg/dl.

Anti-TPO:

Ensaio imunométrico por quimioluminescência; kit para dosagem de anti- tireoperoxidase: DPC® (Diagnostic Products Corporation) / Aparelho automático Immulite 2000 ®.

Valor de referência: Normal ≤ 35 UI/ml; Variação intra-ensaio: 4,3 % - 5,6%; Variação inter-ensaio: 7,8 % – 10,5%.

Leptina:

Ensaio radioimunométrico de dois sítios; kit: DSL-23100 ACTIVE.

Variação intra-ensaio: 2,6% - 4,9%; Variação inter-ensaio: 3,7% - 6,6%.

TSH:

Ensaio imunométrico por quimioluminescência de terceira geração; kit para dosagem de TSH: DPC® (Diagnostic Products Corporation)/Aparelho automático Immulite 2000 ®

Valores de Referência: 0,4 a 4,0 uUI/ml; Variação intra-ensaio: 3,8% - 12,5%; Variação inter-ensaio: 4,6% -12,5%.

T4 livre

Ensaio Imunoenzimático por quimioluminescência; kit para dosagem de T4 livre: DPC® (Diagnostic Products Corporation)/ Aparelho automático Immulite 2000®. Valores de referência: 0,8-1,9 ng/dl; Variação intra-ensaio: 4,4% - 7,5%; Variação inter-ensaio: 4,8% - 9,0%

Insulina

Imunoensaio de eletroquimioluminescência; Kit: COBAS/Aparelho: Modular Analytics E 170 ( Módulo Elic sys) /Roche.

Valores de referência: 2,0-23,0 mcU/ml; Variação intra-ensaio: 0,7% - 1,5%;Variação inter-ensaio: 2,6% - 4,9%.

4-4-2-B) HOMA-IR

Foi calculado a partir da fórmula: < Glicemia de jejum(mmol/L) x Insulina de jejum (mU/L)>/ 22,5 (WALLACE,2004).

A glicemia de jejum foi convertida a mmmol/L a partir da multiplicação dos seus valores em mg/dl pelo fator 0,05551.

4-4-2-C) BIOIMPEDANCIOMETRIA

Pacientes incluídos a partir de 2004 também foram encaminhados para realização de bioimpedanciometria.

O exame foi realizado por uma nutricionista que não recebia a informação, por parte da equipe, sobre a condição clínica do paciente (grupo a que pertencia, uso de levotiroxina entre outros dados).

O equipamento utilizado para a BIA foi o “Biodynamics Body Composition” modelo 310. O exame foi realizado com o paciente em decúbito dorsal, no leito, com os membros superiores e inferiores afastados do corpo.

Foram colocados quatro eletrodos do mesmo lado do corpo, sendo um no punho, um no dorso da mão, um no maléolo medial e um no dorso do pé. Após a introdução dos dados individuais como sexo, idade, peso e altura, o equipamento forneceu o percentual de gordura corpórea (%MG) e a massa de gordura corpórea ou massa gorda, em Kg (MG).

O índice de massa gorda (IMG) foi calculado dividindo-se a quantidade de MG pela altura elevada ao quadrado, e foi expresso em Kg/m2 (SALMI,2003).

Todos receberam orientação para realização do exame: evitar bebidas alcoólicas por 48 horas; jejum de 4 horas; evitar exercícios por 12 horas; estar

acordado há pelo menos 3 horas; esvaziar a bexiga; não estar no período pré- menstrual.

4-4-3) ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Foi utilizado o programa SPSS, versão 10 para Windows. Através do teste de

Kolmogorov-Smirnov Liliefors observou-se que as variáveis de estudo não

apresentavam padrão de distribuição “normal”, exceto pelas variávei idade e glicemia. A variável leptina passou a ter distribuição compatível com a normalidade após sua transformação logarítimica. As médias das variáveis contínuas foram comparadas entre 3 ou mais grupos através de ANOVA (para variáveis de distribuição normal) ou do teste Kruskal-Wallis. A análise post-hoc para verificar qual tipo de comparação específica gerou significância estatística na análise múltipla foi realizada através do teste de Bonferroni (variáveis de distribuição normal) ou do teste de Mann-Whitney. A comparação de proporções foi feita através dos testes qui- quadrado (χ2) ou exato de Fisher.

Optou-se por testes bicaudais quando havia premissa de ausência de diferenças entre os grupos e por testes uni-caudais quando se esperava recusar hipótese nula.

A correlação entre duas variáveis foi pesquisada através do coeficiente de correlação de Spearman, quando ao menos uma das variáveis não apresentava distribuição gausiana. Quando a associação pesquisada ocorria entre duas variáveis, ditas normais, optou-se pelo modelo de regressão linear.

O efeito da intervenção foi avaliado a partir de uma análise por protocolo. Para comparação do efeito de dois tipos de intervenção, em um período de tempo,

foi calculada a média das variações obtidas no período, em cada grupo, e realizada comparação das mesmas pelo teste de Mann-Whitney.

Também foram realizadas comparações em um único grupo de intervenção através da comparação das médias basais com as “pós-intervenção”, através do teste pareado de Wilcoxon.

Análise estratificada foi utilizada para avaliar a influência de uma variável de confundimento nos resultados obtidos.

5- RESULTADOS

5-1) ESTUDO SECCIONAL

No período de 2001 a 2006 foram incluídos 226 participantes no estudo, sendo 70 eutireoidanos (2 homens), 133 com hipotireoidismo subclínico (6 homens) e 23 com hipotireoidismo manifesto (todas do sexo feminino).

A principal causa de hipotireoidismo foi a espontânea, sendo que em 9 pacientes (8 com HS), a elevação do TSH foi após tratamento com Iodo Radioativo para hipertireoidismo. Sete pacientes apresentavam passado de tireoidectomia por doença nodular benigna da tireóide (6 com HS). A frequência de positividade de ATPO foi de 59,4% para HS e 78,3% para HM.

Os três grupos foram comparáveis quanto às variáveis de confundimento: IMC, sedentarismo e presença de menopausa (tabela 2).

Tabela 2- Características clínicas e laboratoriais basais de todos os participantes do estudo.

* EU vs HS ;** EU vs HM;*** HS vs HM; # entre participantes do sexo feminino

As médias de TSH foram, respectivamente 1,63 ± 0,7; 7,96 ± 3,1 e 65,4 ± 52,5 µUI/ml nos grupos eutireoidianos, com HS e HM. Para esses mesmos grupos os níveis médios de T4L foram 1,25 ± 0,2; 1,02 ± 2,0 e 0,48 ± 0,2 ng/dl.

EU n=70 HS n=133 HM n=23 p.valor p.valor * p.valor ** p.valor *** Idade (anos) 46,0 ±±±± 11,4 47,6±±±± 13,0 41,5 ±±±± 13,4 0,025 0,108 1,000 0,063 IMC (kg/m2) 25,4 ± 4,8 26,1 ± 4,1 25,7± 5,6 0,528 Sedentarismo(%) 82,1 71,3 77,3 0,248 Menopausa# (%) 46,9 52,8 40,9 0,506 CT (mg/dl) 198,4± 37,2 208,0 ±48,4 239,6± 76,7 0,064 HDL-c (mg/dl) 50,3 ± 12,3 54,6± 11,7 52,8± 11,8 0,095 LDL-c (mg/dl) 124,0±37,3 129,6±44,4 154,1±74,8 0,319 TG (mg/dl) 115,5±±±± 69,9 119,8±±±± 74,4 170,3±±±±103,9 0,009 1,000 0,001 0,001 Apo-A (g/l) 145,2±23,7 150,4+ 26,7 147,4+23,3 0,486 Apo-B (mg/dl) 99,6 ±±±± 26,7 105,8±±±±33,1 134,0 ±±±±52,0 <0,01 0,340 <0,001 0,008 ApoB/ApoA 0,71 0,72 0,94 0,052 CT/HDL 4,1 3,9 4,7 0,111 LDL/HDL 2,6 2,4 3,0 0,488 Hipercolesterolemia (%) 44,3 50,4 69,6 0,110 Hipertrigliceridemia(%) 20,0 21,1, 43,5 0,048 1,000 0,006 0,006 Apo B elevada (%) 42,6 47,2 78,3 0,011 0,380 <0,001 <0,001 LDL>130mg/dl (%) 40,6 40,6 50,0 0,699 LDL>160 mg/dl(%) 18,8 28,1 31,8 0,264

A idade média foi diferente entre os três grupos, porém, na análise pos-hoc, observou-se que na comparação de cada grupo de hipotireoidismo com o eutireoidiano não há diferenças com significado clínico ou estatístico.

Observou-se aumento dos níveis médios das variáveis lipídicas aterogênicas e da freqüência das diferentes dislipidemias quando se progride do estado de eutireoidismo para o HM, tendo o HS como condição intermediária. A análise pos-

hoc evidenciou que a significância estatística encontrada foi decorrente dos níveis

mais elevados nos pacientes com HM.

Não ocorreram diferenças, com significado estatístico, entre as médias das variáveis lipídicas dos pacientes eutireoidianos e dos com HS. Na análise por faixas de TSH, do subgrupo de pacientes com HS, observou-se uma elevação, significativa, com gradiente, a partir da elevação do TSH, para níveis médios de TG, Apoproteína B e relação Apo A / Apo B (tabela 3). Também observou-se que os grupos são comparáveis quanto às variáveis de confundimento (tabela 4). As médias de TSH foram, respectivamente, 5,9 ± 1,0µUI/ml (4,1 a 7,9µUI/ml), 9,7 ± 1,2µUI/ml (8,1 a 12,0µUI/ml) e 18,5 ± 14,2 µUI/ml (12,2 a 19,4 µUI/ml).

Tabela 3- Características de todos os pacientes com HS, por faixas de TSH.

#Comparação entre 4 grupos: EU e HS nas 3 faixas de TSH ; *Todas as associações post-hoc <0,010; **<0,010 na comparação entre EU e HS na faixa 3 e entre faixas 1 e 3 (post-hoc); *** <0,05 na comparação de EU com faixa 3 e entre indivíduos da faixa 1 com faixas 2 e 3; ##entre pacientes do sexo feminino

Ao avaliar-se a influência da presença do ATPO no perfil lipídico de pacientes com HS detectou-se que os níveis de triglicerídeos foram mais altos e os de HDL mais baixos naqueles com ATPO. Por problemas técnicos, a pesquisa de ATPO não foi realizada em 11 pacientes. Os grupos, com e sem ATPO, foram comparáveis quanto às variáveis de confundimento (Tabela 4).

HS Faixa 1 (n=80) HS Faixa2 (n=39) HS Faixa3 (n=14) p.valor# Idade (anos) 47,5 ± 11,7 47,1 ± 10,5 51,2 ± 13,1 0,109 IMC (kg/m2) 26,2± 4,1 25,8 ± 4,3 26,4 ± 2,9 0,609 Sedentarismo (%) 71,4 70,3 71,4 0,419 Menopausa ##(%) 49,3 60,0 58,3 0,593 TSH (µµµµUI/ml) 5,9±±±±1,0 9,7±±±±1,2 18,5±±±±14,2 <0,001* FT4 (ng/dl) 1,3±±±±0,2 1,1±±±±0,2 1,0 ±±±± 0,2 <0,001* CT (mg/dl) 206,1 ± 46,7 211,1 ± 51,2 216,4 ± 50,8 0,359 HDL-c (mg/dl) 55,9 ± 11,4 52,8 ± 11,6 51,8 ± 14,5 0,089 LDL-c (mg/dl) 129,4 ± 43,9 133,5± 45,6 122,3 ± 48,4 0,688 TG (mg/dl) 104,3 ±±±± 54,8 129,7 ±±±± 74,3 178,9 ±±±± 127,1 0,003** Apo-A (g/l) 154,5 ± 25,9 147,3±28,8 137,5 ± 29,3 0,085 Apo-B (mg/dl) 100,6 ± 31,3 115,4±34,9 111,9 ± 33,2 0,102 Apob/ApoA 0,65 0,78 0,81 0,020*** CT/HDL 3,81 4,13 4,38 0,232 LDL/HDL 2,41 2,61 2,49 0,623 Hipercolesterolemia (%) 49,4 53,8 50,0 0,807 Hipertrigliceridemia(%) 13,9 25,6 50,0 0,180 Apo B elevada (%) 44,0 55,6 46,2 0,628 LDL>130 (%) 41,0 44,7 27,3 0,783 LDL>160 (%) 26,9 31,6 27,3 0,485

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