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Padrão de ocupação do território pela agropecuária período 1995-1996 e

No documento Censo Agropecuário 2006 - Segunda apuração (páginas 128-135)

Brasil agrário retratado pelo Censo Agropecuário

Cartograma 7 Padrão de ocupação do território pela agropecuária período 1995-1996 e

Fonte: IBGE, Censos Agropecuários 1995-1996/2006.

1995-1996

Notadamente, a lavoura da soja alterou o cenário ao sul destes estados, alçando- os ao plano dos circuitos produtivos de uma economia globalizada, diversa daquela motivada pela pecuária extensiva das terras comunais do Cerrado. Não obstante, certo está que a análise comparativa do perfil de ocupação prevalecente, nos pe- ríodos intercensitários, há de considerar o contexto das transformações da matriz energética do País, na qual a introdução da cana-de-açúcar está a sinalizar uma nova dinâmica de utilização da terra e de expansão das cidades e de redes de ser- viços, em suporte ao espaço agrário.

Pessoal ocupado

Considerando os dois últimos períodos intercensitários, a redução do pessoal ocupado em estabelecimentos agrícolas fora mais acentuada entre 1985 e 1995 (-23,3%) do que no último decênio (-7,6%). Segundo o Censo Agropecuário 2006, havia em 31.12.2006, entre produtores, seus familiares que trabalhavam no estabelecimento e empregados temporários e permanentes, 16 568 205 pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários, correspondendo a 18,9% das pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas no País (87 628 961 pessoas), segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2006, do IBGE.

Apesar de utilizarem individualmente poucos trabalhadores, os pequenos estabelecimentos de área inferior a 200 ha são muito mais intensivos em mão de obra que os outros grupos de tamanho. Isso se verifica pela relação entre o número de trabalhadores por unidade de área. Os pequenos estabeleci- mentos utilizam 12,6 vezes mais trabalhadores por hectare que os médios (área entre 200 e inferior a 2 000 ha) e 45,6 vezes mais que os grandes esta- belecimentos (área superior a 2 000 ha). Assim, se por um lado os pequenos estabelecimentos detinham apenas 30% das terras, responderam por 84% das pessoas ocupadas em 31.12.2006.

Do total de pessoas ocupadas nesta data, o grupo de produtores e trabalhado- res com laços de parentesco com ele representou 77,0% (12 801 406 pessoas). Em 31.12.2006, a quase totalidade dos pequenos estabelecimentos contava exclusiva- mente com mão de obra familiar; entre os grandes estabelecimentos este percen- tual era de apenas 36%, confirmando que as relações de assalariamento são mais importantes nos estabelecimentos maiores.

Considerando a atividade principal dos estabelecimentos, a pecuária é a que res- ponde pelo maior número de pessoal ocupado. Isso não significa que esta atividade seja intensiva no uso de mão de obra e deve-se, sim, ao fato dos estabelecimentos caracterizados como de pecuária serem o grupo mais numeroso.

Foi levantado nesta edição do Censo Agropecuário o número de pessoas ocu- padas por grupos de dias trabalhados em 2006, constituindo-se em um indicativo para avaliação da movimentação da mão de obra durante todo o ano de referência.

Obteve-se como resultado um total de 7 510 503 pessoas, excluídas aquelas que não foram contratadas diretamente pelo produtor (como no caso das empreiteiras), e assim divididas: ocupadas, com laço de parentesco com o produtor: 2 151 612 pes- soas; e ocupadas, sem laços de parentesco com o produtor: 5 358 891 pessoas, que trabalharam de modo temporário, até 180 dias no ano.

Considerando a relação do pessoal ocupado (po) por área dos estabeleci- mentos, apenas os estabelecimentos cuja atividade principal foi floresta plantada (26 po/1 000 ha) apresentaram um valor inferior ao dos estabelecimentos com pecuária (31 po/1 000 ha). As lavouras permanentes formam o grupo da atividade mais intensiva no uso de pessoal (126 po/1 000 ha). Em um nível mais detalhado na análise das atividades, pode-se confrontar as culturas da soja (17 po/1 000 ha) e do café (160 po/1 000 ha) nos extremos inferior e superior, respectivamente, em termos de intensividade no uso do trabalho.

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006.

3 070 624 2 858 885 1 163 742 191 114 154 559 86 765 20 857 10 784 8 790

Pecuária e criação de outros animais Produção de lavouras temporárias Produção de lavouras permanentes

Produção florestal - florestas nativas Horticultura e floricultura

Produção florestal - florestas plantadas Aquicultura

Pesca Produção de sementes, mudas eoutras formas de propagação vegetal

Gráfico 9 - Utilização de pessoal temporário ligado diretamente ao produtor nos estabelecimentos, por grupos da

Quanto à contratação de trabalhadores via terceiros, como empreiteiros, coopera- tivas de mão de obra e empresas (exceto cooperativas), do total de estabelecimentos agropecuários, 251 652 (4,9%) declararam ter utilizado desta forma de contratação de mão de obra, sendo a maior parte através de empreiteiros, 94% deste total.

Outras informações a serem analisadas são referentes ao total de mulheres ocupadas e pessoal com qualificação profissional. Do total informado, 30,5% eram de mulheres e somente 2,8% do total ocupado, em 31.12.2006, tinham qualifi- cação profissional. Havia 6,4% de menores de 14 anos com alguma atividade nos estabelecimentos agropecuários.

Analisando-se somente o pessoal com alguma relação de parentesco com o produtor, houve a declaração que 4 564 444 ou 35,6% não sabiam ler e escrever.

O Gráfico 10 mostra a relação de área de lavouras por trator e a média de pes- soas ocupadas por estabelecimento agropecuário.

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006

1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1995-1996 2006 0,00 1 000,00 2 000,00 3 000,00 4 000,00 5 000,00 6 000,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00

Área média lavoura/trator Média de pessoal ocupado/estabelecimento

lavoura (ha) por trator

média de pessoas ocupadas por estabelecimento

Gráfico 10 - Relação da área média de lavouras por trator e média de pessoas ocupadas por estabelecimentos agropecuários

Uso de tratores

Em 31.12.2006, 530 346 estabelecimentos (10,2% de todos os estabelecimentos) tinham tratores, num total de 820 718 unidades. Em relação a 1995-1996, houve um incremento de 20 976 unidades, ou de 2,6%. Apesar do pequeno aumento aparente, na realidade está havendo a substituição de tratores de menor potência (menos de 100 cavalos (cv) por tratores de maior potência: em 1995-1996, 674 805 tratores eram de menos de 100 cv, representando 84,3% do total; na categoria de 100 cv e mais, o Censo Agropecuário 2006 totalizou 250 068 unidades de 100 cv e mais, que representa um aumento de 99% nesta categoria de tratores.

A procedência da força mecânica utilizada, também, é outro ponto de des- taque: dos 1 457 644 estabelecimentos que declararam utilizar força mecânica, apenas 58,4% afirmaram utilizar força de procedência própria. Do total, 31,8% ou 463 408 estabelecimentos declararam utilizar força mecânica de serviço contrata- do com o operador; 5,6% utilizou força cedida por terceiros; cerca de 6%, cedida por governos; 4,5% cedida por empreiteiros; 4,2% de uso comunitário; e 3,5% afirma- ram utilizar força mecânica advinda de aluguel. Estes números indicam que houve um grande incremento da atividade de terceirização da mecanização na agropecuária e que somente o total de tratores existentes nos estabelecimentos agropecuários não pode ser utilizado para explicar os avanços da mecanização rural.

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006.

Gráfico 11 - Uso de força de tração mecânica utilizada pelos estabelecimentos, por procedência - Brasil - 2006

% Própria Alugada 59,60 4,14 4,66 5,36 30,90 5,97 3,43

Cedida pelo Governo (Federal, Estadual ou Municipal) Serviço contratado com operador Cedida por terceiros De empreiteiros De uso comunitário

Uso de energia elétrica

Em 1996, dos 4 859 865 estabelecimentos agropecuários brasileiros, cerca de 39,0% informaram possuir energia elétrica originada de pelo menos uma modali- dade (gerada no estabelecimento, obtida por cessão ou comprada de distribuido- ra). Em 2006, com um incremento no número de estabelecimentos em torno de 6,5%, o Censo Agropecuário 2006 contabilizou 5 175 636 estabelecimentos agropecuários, dos quais 68,1% ou 3 526 411 unidades atestaram possuir energia elétrica obtida de pelo menos uma modalidade.

No período intercensitário, a Região Nordeste revelou o maior crescimento de utilização (41,6 pontos percentuais), com a energia elétrica chegando a 1 509 191 estabelecimentos rurais, correspondendo a 61,5% o contingente de estabelecimen- tos atendidos em relação ao total de estabelecimentos. A Região Norte, vem em seguida, com um crescimento de atendimento de 27,4 pontos percentuais em re- lação a 1996, e com a energia elétrica chegando em 38,0% do total de seus es- tabelecimentos agropecuários. As unidades que dispõem de energia elétrica na Região Centro-Oeste constituem 73,1% do total, e seu crescimento percentual de atendimento, em relação ao Censo Agropecuário anterior, foi de 21,2 pontos percentuais. As Regiões Sudeste e Sul apresentaram incremento no atendimento de 20,5 pontos percentuais e 10,3 pontos percentuais no período, culminando, respectivamente, em 82,3% e 84,0% a proporção de uso de energia elétrica nos estabelecimentos agropecuários.

O Censo Agropecuário registrou os estabelecimentos providos da referida faci- lidade, independente da modalidade praticada, podendo, portanto, ocorrer mais de uma na mesma propriedade. Assim, a energia elétrica comprada de distribuidora está presente em 3 258 738 estabelecimentos agropecuários brasileiros (cerca de 92,4% do total com energia); em 7,7% há energia elétrica obtida por cessão, e em 2,1%, correspondendo a 75 458 estabelecimentos agropecuários, a energia elétrica é gerada na propriedade.

Sobre este aspecto, a Região Nordeste se destaca em relação ao conjunto de estabelecimentos agropecuários brasileiros que praticam a geração de energia elé- trica na propriedade: seus 32 667 estabelecimentos correspondem a 43,3% do total. Seguem-se, a Região Norte com 38,1%, Centro-Oeste com 9,2%, e Sudeste e Sul com 6,6% e 2,8%, respectivamente.

A proporcionalidade entre a obtenção de energia elétrica de fonte externa (atra- vés da compra de distribuidora ou da cessão por terceiros) e a geração no próprio estabelecimento agropecuário (captação de luz solar, pelo vento, por movimenta- ção hidráulica, por queima de combustíveis, ou mesmo por outras fontes) também sinaliza o atual estágio do processo de eletrificação das unidades rurais brasileiras. Enquanto no Sul-Sudeste prevalece a obtenção de energia elétrica de fonte exter- na, onde para cada 1 000 registros de obtenção desta modalidade correspondem,

respectivamente, a 2,5 e 6,5 registros de geração da própria energia elétrica, no Norte, para 1 000 registros de energia obtida de fonte externa, cerca de 159 bus- cam a alternativa da geração local. No Nordeste, a mesma relação aponta pouco mais de 21,6 ocorrências de geração da própria energia, e no Centro-Oeste, 30 ocorrências em 1 000.

Quanto à modalidade de geração de energia no estabelecimento, o Censo Agropecuário 2006 revelou uma singela preferência pela obtenção através da cap- tação de luz solar, em 42,7% dos estabelecimentos rurais brasileiros dotados desta facilidade. Seguem-se, a queima de combustíveis, com 40,6%, e aquela obtida por ação hídrica, em 9,4% dos estabelecimentos geradores.

Rondônia e Pará reúnem pouco mais de 2/3 dos estabelecimentos agropecuá- rios com energia elétrica de toda a Região Norte, contados em 61 174 e 60 000 estabelecimentos, respectivamente. Em Rondônia, a modalidade “comprada de distribuidora oficial” foi constatada em 95,1% dos estabelecimentos; no Pará, a modalidade alcança 77,0% das propriedades, mas também houve registro da geração da própria energia em 18 925 estabelecimentos agropecuários, cerca de 65,8% das propriedades que geram sua própria energia, na região. As particula- ridades desta alternativa apontam que, no Pará, 3 928 estabelecimentos produ- zem energia elétrica através de captação de luz solar, remetendo o estado a ser o destaque da região e o segundo do Brasil na modalidade (12,2% contra 63,9% da Bahia), e que a energia elétrica obtida por queima de combustíveis foi registrada em 13 654 estabelecimentos agropecuários, o maior contingente apurado pelo Censo Agropecuário 2006, correspondendo a 44,5% da modalidade em todo o País.

A geração de energia elétrica através de captação do vento – a menos expressiva das modalidades – está presente em 273 estabelecimentos agropecuários brasileiros, destacando-se a Região Nordeste com 60,4% destas unidades geradoras, mormente nos Estados da Bahia e do Ceará, com 93 e 27 estabelecimentos, respectivamente.

A obtenção de energia elétrica através de ação hídrica destaca o Estado de Minas Gerais no contexto nacional, quando conta 1 360 estabelecimentos agropecuários onde a modalidade é praticada, correspondendo a 19,2% do total brasileiro e a 69,0% de toda a Região Sudeste. Mas é a Região Nordeste a melhor referência para a busca por soluções locais à aquisição desta facilidade, quando congrega 2 185 unidades rurais, nas quais há geração de energia elétrica através do recurso hídrico, configurando cerca de 30,9% do total de estabelecimentos agropecuários geradores da modalidade no País.

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1995-1996.

Cartograma 8 - Número de estabelecimentos em que o produtor declarou utilizar

No documento Censo Agropecuário 2006 - Segunda apuração (páginas 128-135)