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“A prática do foot-ball é excelente para preparar a criança para a vida, preparal-a contra a inveja, mostrar-lhes os benefícios da solidariedade; elas se habituam a aceitar

294 Nome do grupo de escoteiros liderado por Sizenando Costa. 295 Revista do Ensino, 1933, p. 39.

sem mao humor o triumpho dos seus companheiros mais fortes”. São escritos de Claude

d’Habbovile publicados na edição d’A União de 27 de novembro de 1925. O texto escrito especialmente para o jornal oficial do estado havia sido enviado de Paris, e falava sobre a importância da prática esportiva, da utilidade dos jogos e mais especificamente do futebol. O jornalista esportivo que reproduziu o artigo, de codinome R.M., afirmou os benefícios dos jogos para as crianças deixando clara a necessidade de

realizar a atividade lúdica desde cedo: “A criança deve jogar. O filho do povo deve

também e mais ainda que os meninos das outras classes. O jogo não é um luxo, não

somente uma utilidade, mas uma necessidade”297. Não parou por aí. Defendeu ainda a

necessidade do jogo durante os intervalos escolares como cura, regeneração, saneamento e fortificação do corpo. Enquanto forma de sport, o foot-ball deveria tornar- se dentro das escolas uma necessidade para os meninos que deveriam ser incentivados pelos professores e familiares. O jogo de foot-ball não poderia ser considerado uma

mera distração, como uma recompensa a conceder a criança, mas “como uma

necessidade, como um meio de educação e de cultura tão importante quanto qualquer

outro”.

Em publicação que circulou n’A União em 02 de dezembro de 1925, pode ser

lido o imperativo: “o foot-ball é o sport recommendavel”. Era considerado o mais

atrativo no gosto das crianças, se jogava por equipes, é o melhor no ponto de vista da educação moral, porque desenvolve o espírito de equipe e competição, ensinava a ser solidário, a ter disciplina e a possuir responsabilidade, escreveu Carlos Maia. Defendido como modalidade de educação física dentro das escolas, o foot-ball fez o caminho inverso da gymnastica, ganhou primeiro os clubes, os corações, e depois espaço nas aulas de educação física. Contarei um pouco dessa história!

Os anos que sucederam a primeira década do século XX foram marcados pela cultivo do futebol no cotidiano dos paraibanos. Realidade comum a algumas capitais brasileiro desde a segunda metade do século XIX. Trazido pelos ingleses298, nos apresentou Fábio Franzini (2009, p. 109), que o futebol chegou como um esporte de equipe e não exigia de seus jogadores nenhum atributo físico especial, ou seja, qualquer

297 A União, 27 nov. 1925.

298 A prática do futebol foi normatizada pelos ingleses durante o século XIX, graças a sua velha prática da

disputas por um objeto redondo, as veze ovalado, disputas essas cujas raízes remontavam a idade média e, àquela altura eram muito difundidas em suas escolas e universidades. Foi no século XIX que começaram a transformar o que era jogo em esporte, submetido tanto a regras universais e bem definidas quanto a uma estrutura organizacional responsável por zelar pelo seu cumprimento a administrar as competições entre as equipes. (Cf.: FRANZINI, A futura paixão nacional..., 2009, p. 107).

pessoa, em quaisquer condições poderia ser jogador. Admitia o acaso, o imponderável; era bastante acessível, compreensível e emocionante. A bola ganhava o coração, ou melhor, os pés dos competidores. A tarefa de driblar o adversário e chutar rumo ao gol contribuiu decisivamente para o surgimento de uma identidade nacional. Ao citar Eduardo Galeano (1995, p. 31), Eduardo Franzini concordou que a bola e o desejo competidor atravessava fronteiras, seja de navio ou de trem, o futebol tratou de deixar o

mundo mais redondo. O futebol “se transformou [...] em um produto de exportação tão

tipicamente britânico como os tecidos do Manchester, as estradas de ferro, os empréstimos do banco Barings ou a doutrina do livre comércio" (GALEANO, 1995, apud FRANZINI, 2009, p. 111).

Se “surgiu” na Inglaterra e de lá se alastrou pelo mundo, foi no pé dos ingleses

que chegaram ao Brasil e que se desenvolveu o gosto pelos chutes e dribles. Os registros levantados por Fábio Franzini (2010, p. 55) mostram que antes de adentrar o território brasileiro, os vizinhos do sul – Argentina e Uruguai – abriram primeiro suas portas ao futebol. Por lá, já se praticava tal atividade desde 1882. No Brasil, os primeiros chutes “foram vistos pelos pés dos marinheiros britânicos, frequentadores habituais da costa do país, de Belém do Pará ao Rio Grande, no Rio Grande do Sul” (FRANZINI, 2009, p. 112). Na cidade de São Paulo, o primeiro ensaio futebolístico

“ocorreu em 1895 numa reunião de britânicos da Companhia de Gás London Bank e

São Paulo Railway” (MILLER, 1996, p. 38), a partir daí as pessoas foram tomando

gosto pelo jogo até começarem a se organizar em clubes de futebol299.

As experiências de jogos de futebol se espalharam por todo o território nacional. Chegaram primeiro por meio do divertimento, adentraram os clubes, surgiram os campeonatos e por fim ganharam as escolas. O interesse pelo futebol nas escolas tornou-se tão forte que após o término do período escolar, era comum encontrar ex- alunos ingressando nos clubes para continuar jogando. Parecia estar no sangue brasileiro. Antídoto da felicidade. O futebol, nas palavras de Maurício Drumond (2009, p. 213-2014) foi elevado a símbolo do que era ser brasileiro; tornava-se aquilo que era uma das maiores paixões não apenas das camadas populares. Agradava a gregos e troianos. Se o futebol fazia parte da identidade do brasileiro, é possível pensar como parte integrante da paraibanidade.

299 Em 1886 nasceu o Clube do SPAC, em 1898 surge a Associação Atlética Mackenzie College, em 1900

o Clube Atlético Paulistano, e, em 1901 a Liga Paulista de Foot-ball e em 1902 o Campeonato Paulista. (Cf.: FRANZINI, Esporte, cidade e modernidade..., 2010, p. 56).

Walfredo Marques (1975, p. 13), Serioja Mariano (2010, p. 42) e João Paulo Ribeiro de Souza (2014, p. 78) concordam com a afirmativa de que o futebol chegou em terras paraibanas no ano de 1908. Fora trazida diretamente do Rio de Janeiro pelo estudante José Eugênio Soares. De volta a capital paraibana, trouxe um grupo de amigos para passar férias, e em sua bagagem uma bola, elemento fundamental para execução do jogo. A empolgação foi tanta, que resolveram naquele ano fundar o Club de Fool-Ball Parahyba. O primeiro jogo realizado pelo clube trouxe entusiasmo aos expectadores. Foram formados dois times intitulados Norte e Sul, que mandaram ver nos dribles. Famílias inteiras e as camadas mais populares correram para o Sítio do Coronel Manoel Deodato300 para assistir à partida. Vale lembrar, que embora o primeiro jogo conhecido, anunciado e fruto do surgimento de um clube na Paraíba tenha ocorrido com a chegada de José Eugênio Soares, já residia na capital paraibana ingleses que trabalhavam na

Great Western, a exemplo de Frederico Voldkes que tratou de ditar as regras das partidas de futebol.

Apesar de já nascer agradando os corações dos paraibanos, o foot-ball não terá uma boa recepção no discurso daqueles que defendiam a educação física nas escolas. Caro leitor, é importante lembrar que o foot-ball chega a Paraíba no momento em que a ginástica sueca é soberana, considerada único modelo da saúde, exercício propício ao desenvolvimento do corpo. Não foi um embate fácil. Em defesa da ginástica sueca, era possível deparar com publicações como a que circulou na edição de 19 de outubro de 1916 do jornal A Notícia. O artigo intitulava-se “O foot-ball” e apresentava aos leitores os motivos para não se praticar essa modalidade esportiva na Paraíba. Era considerado

“extravagante num clima como o nosso”. A mesma acusação fez o jornal A União:

“Pena é que até agora, entre os diversos jogos athleticos, somente o foot-ball esteja sendo praticado em nosso meio – a despeito mesmo dessa soalheira da estação quente que quase nos asfixia, durante os seis meses de verão que padecemos nós do nordeste brasileiro”301. E, que se houvesse de fato necessidade nessa prática que se fizesse durante os meses de temperatura mais amenas. Vejamos o documento:

É admirável como os nossos rapazes correm pressurosos a constituir sociedades de foot ballers neste tempo quente excessivamente quente, de um calor asfixiante, sem levarem em linha de conta as desvantagens, inconveniências e perigos oriundos de tão esfalfante divertimento! Que se divirtam nesse jogo durante os meses de

300 Local que hoje corresponde a Praça da Independência. 301 A União, 21 set. 1926.

temperatura agradável, os meses relativamente frios, admite-se, mas, no forte do verão, quando o sol é inclemente, a poeira quente insuportável a irritar as fossas nasais, não podemos compreender, a não ser por um excesso de entusiasmo302.

O jornalista era incisivo, e seguiu afirmando que em cidades de climas frios, onde existia a necessidade de exercícios que determinavam a produção de calor, que

“ativavam as funções do organismo, entorpecidas pela ação do frio, bem seja permitido

o foot-ball; mas em um clima como o nosso, se nos afigura um esporte perigoso, extenuante”303. A exposição dos corpos ao sol escaldante da capital paraibana poderia

causar “cara equimosada”, “pernas ulceradas ou contundidas”, “meninos de braços

fraturados”, “pés tortos e feridentos”; o causador? O “desastroso jogo de foot-ball”. A

intenção parecia proibir a prática do futebol:

Não podemos descobrir vantagens sobre o desenvolvimento físico dos meninos e dos rapazes que se entregam a um tão fatigante esporte; muito pelo contrário, vemos que nos climas quentes, especialmente na época calmosa e de soalheiras, os divertimentos exagerados, fatigantes, só poderão trazer à mocidade o entibiamento, a frouxidão dos tecidos e, sobretudo dos aparelhos, merecendo especial menção o circulatório, a excitação do sistema nervoso e o relaxamento do estado geral. Não lobrigamos no que pese aos seus ardorosos adeptos, vantagem alguma no jogo do foot-ball304.

Para os clubes e escolas que já praticavam o foot-ball como modalidade nas aulas de educação física, o jornal A Notícia indicava ao menos os cuidados com a hora

de realizar essa atividade: “pelo menos escolham as horas mais frescas do dia, - a manhã – para os divertimentos, mas não à tarde como fazem atualmente, sob os raios de um sol

fortíssimo e de uma poeira intolerável”. Para finalizar o discurso d’A Notícia, estampou a acusação de o foot-ball ser um esporte violento, lugar onde a prudência não era vista, não se poupava os companheiros; o tempo de duração do jogo era amargurado por pancadas, chutes inoportunos, encontrões propositais, empurrões malditos, diziam.

Apesar dos esforços presentes nos discursos jornalísticos, o futebol tornou-se a modalidade esportiva mais desejada pela população paraibana, seja nas escolas, nos clubes, nas ruas ou praças. As pessoas pareciam não estar muito interessadas em qual hora poderiam ter a bola em seus pés, queria apenas jogá-la. Embora a ginástica sueca

302 A Notícia, 19 out. 1916.

303 Idem. 304 Idem.

fosse o modelo de cultura física eleita soberana, o foot-ball foi aos poucos adentrando o ambiente escolar. Ainda na segunda década do vigésimo século foi possível encontrar documentos que mostravam as competições de futebol entre o Colégio Pio X e o Lyceu Paraibano, abrindo o caminho para a Escola de Aprendizes Marinheiro que logo aderiu ao esporte. Vale então ressaltar que na contramão dos discursos médicos o foot-ball

ganhou significativo espaço nas aulas de educação física, em um tempo onde as orientações curriculares privilegiavam a ginástica sueca. Nesse caso, o discurso médico foi sobreposto por um gosto, forte o suficiente para reivindicar seu espaço.

Embora essas escolas tenham montado times de futebol, não encontrei registros de que a modalidade estava presente nas aulas de educação física. João Paulo Ribeiro de Souza (2014, p. 107) afirma que o “Colégio Pio X contava com aulas de ginástica sueca desde 1914 [e que] os exercícios eram destinados a melhorar a condição respiratória dos garotos para condicioná-los a suportarem os esforços da educação física”, porém, o foot- ball era

disparado a atividade física preferida dos jovens num período de raras oportunidades de lazer, mesmo que inicialmente ele não fosse considerado uma recreação. Este esporte foi concebido como um exercício que auxiliava no desenvolvimento do corpo, contudo não demorou a se tornar a principal diversão dos garotos.

Sabemos que o futebol rapidamente caiu no gosto popular. Chutar a bola em direção ao gol fazia parte dos sinais da modernidade que adentravam as cidades paraibanas naquele momento. O que deve ser levado em consideração, é que não há registros de que a educação física tenha adotado mesmo que nas escolas privadas, o futebol enquanto parte de seu

programa. A defesa, os elogios, os discursos médicos, toda a atenção estava voltada nas duas primeiras décadas para a ginástica sueca. Outro fator que deve ser lembrado, é que o futebol já nasce voltado para um público masculino. As primeiras partidas realizadas foram feitas por homens e para homens305.

Contrariando as informações defendidas por João Paulo Ribeiro de Souza (2014), me deparei com as informações contidas na Revista do Pio X, que afirma que embora a modalidade de esporte, o futebol, existisse na escola desde 1910, só após a escola passar

305 Em setembro de 1916 foi realizado a primeira partida de futebol entre o Colégio Pio X e o Lyceu

Paraibano no campo do Rogger as sete e meia da manhã. Dentre os competidores, estavam: Time Pio X (Tonico, Gomes II, Aparício, Leal, Rique, Braz, Baracuhy, Paulo, Vieira, Gomes I e Coelho); Time Lyceu Paraibano (Polary, Aderaldo, Anchises, Mário, Viana, Balthazar, Manfredo, Paulino, Aluízio, Arsênio e Américo). O time do Colégio Pio X saiu vencedor. (Cf.: A Notícia, 09 set. 1916).

para a ordem Marista306, em 1927, é que o futebol se torna modalidade da Educação Física. Só no ano de 1932 é que o Colégio Marista Pio X reservou uma parte de seu terreno para a construção do campo de futebol onde seriam realizados os treinos e os jogos. Tratava-se de um campo sem muito investimento: chão batido, uma trave de gols em cada lado, cercado por estacas e arame farpado, o mato parecia servir de grama. Como revela a fotografia abaixo:

Imagem X: Fotografia do campo de foot-ball do Colégio Pio X Fonte: Revista do Pio X, Dezembro de 1932.

Com o passar dos anos, o foot-ball foi sendo desejado. O discurso começou a sofrer mudanças. O que antes era prejudicial ao corpo, tornava-se fonte de energia. As competições de foot-ball, faziam parte das comemorações cívicas, prova disso foi a competição realizada no centenário da Independência do Brasil em 1922, ou mesmo nas festividades durante o Estado Novo. Assim, atendendo ao discurso do Estado Varguista, o futebol acabou sendo legitimado enquanto parte da identidade nacional. Sua divulgação, especialmente após a participação nas copas do mundo durante a década de 1930, fez surgir estrelas do foot-ball, homens que passaram a ser modelos de força e

306 A informação foi publicada na edição do jornal católico A Imprensa do dia 01 de junho de 1927, em que o arcebispo metropolitano “tendo em vista o maior bem da instrução dos nossos jovens resolveu

passar a direção e administração do Collegio Diocesano Pio X para a Congregação dos Irmãos Maristas

que desde dezembro passado se acham de posse desse prédio”. Os irmãos maristas foram considerados

amor à Pátria. Corpos que eram desejados e cultuados. Na Paraíba, também foi lento o processo que culminou com a adesão das escolas ao foot-ball. Após a experiência do

Colégio Pio X e do Lyceu Paraibano foi que outros estabelecimentos de ensino foram se abrindo para o esporte: a Escola Normal montou seu primeiro time em fins de 1916; e em 1917 foi a vez da Escola de Aprendizes Marinheiro.

A Escola Normal montou um time de foot-ball? A primeira leitura da publicação me causou estranhamento, especialmente por correr no senso comum a ideia de que a referida escola matriculava apenas meninas. O jornal A Notícia na edição de 12 de setembro de 1916 afirmou que a Escola Normal, inaugurada na Paraíba em 1884 como escola mista307, montou seu time para disputar partidas contra “o Diocesano e o Lyceu”308. Para tanto, dentre os rapazes da Escola Normal, onze foram escolhidos:

“Cruz, Garcez, Mello, Vinagre, Lourival, Soares, Terêncio, Costa, Rubens, Soldadinho

e Leite”309.

A maior parte das publicações acerca do futebol nos periódicos paraibanos se restringem quase que exclusivamente aos clubes esportivos. Era noticiado a divulgação de um campeonato, ou a vitória de determinado time. Médicos e professores silenciaram quando o assunto foi foot-ball. No programa de ensino instituído na década de 1930 para todas as matérias não é sequer mencionado o foot-ball, mesmo que em caráter recreativo. Mesmo assim, é considerável o número de escolas que se abriram a essa modalidade. Apenas no início da década de 1940, foi que tornou-se possível encontrar uma outra experiência sobre o referido esporte: sua associação aos produtos de higiene. O foot-ball, ou melhor, os jogadores de foot-ball tornavam-se modelos desses produtos. A higiene e a beleza estavam agora ligados a paixão nacional. Vamos conferir!

307 Cf.: A Escola Normal na Parahyba do Norte... (ARAÚJO, 2010). 308 A Notícia, 12 set. 1916.

Imagem XI: Propaganda da Gilete Fonte: A União, 1942.

A compra da Gilete vinha acompanhada de dicas de como jogar bem. Dribles, cabeçadas, chutes, neutralizações eram detalhadas na propaganda. O corpo dos atletas era apresentados de forma bastante definida, os músculos talhados, corpos fortes, vigorosos, metricamente definidos. Dos pés à cabeça: eis a promessa do corpo perfeito. Ledo engano! Os jornais publicavam aquilo que as empresas achavam que surtiria efeito, portanto, associar o produto à paixão nacional poderia ser pensado enquanto certeza de consumo.

Vez ou outra ainda era possível se deparar com publicações direcionadas a formação de bons esportistas, ou melhor, bons jogadores de foot-ball. Atleta que deveria acima de tudo ter boa índole. A notícia é do jornal A União, intitulada “O verdadeiro

esportista”, e publicada na edição de 05 de janeiro de 1936. Com a intenção de formar o

jogador paraibano dentro dos princípios da justiça, o jornal elencou as seguintes tarefas a serem cumpridas: “Jogar honestamente”; “obedecer as ordens e ardor até o final da

quadro”; “ser um bom cooperador”; “observar escrúpulos somente as regras do treinador”; “obedecer as ordens de seu mestre, treinador ou capitão”; “animar o seu quadro honestamente”; “aplaudir os adversários quando sejam merecedores”; “respeitar

os juízes e demais autoridades e aceitar as decisões sem protesto ou demonstração de

desagrado”; “esperar que os juízes apliquem as regras”; “quando perder, deve felicitar o vencedor, reconhecer os seus méritos e aprender a corrigir suas falhas técnicas”; “quando vencer deve ser generoso e modesto”; “não deve dizer palavras obscenas”; “não deve jogar por dinheiro nem por nenhum outro tipo de recompensa”; “não deve ser ator teatral jogando apenas para ser aplaudido”; “não deve abusar de sua construção física”; e, por fim, “não deve fazer coisa alguma que seja indigna de um cavalheiro e de um verdadeiro cidadão”.

Mesmo sem a contribuição do discurso médico, o foot-ball galgou espaços que se tornaram fundamentais a formação da identidade nacional. Adentrou as escolas por outras portas, me parece que sem autorização dos esculápios. A documentação oficial não fez afirmativa alguma sobre o tema do foot-ball. O silêncio imperou.

Por outro lado, o discurso sobre a prática esportiva chegou a Paraíba através dos

súditos da Eugenia. Batizada como “preventiva”, a eugenia visou criar através da

propaganda sanitária um modelo de educação em que a higiene tivesse a mesma importância da instrução. Fosse o veículo capaz de sair em defesa do corpo vigoroso. Vejamos!

4.5 Rainha do desporto: a Eugenia Preventiva proposta por Renato