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Sob a hábil pena do discurso médico: a Educação Physica

“Gymnastica ad sanitatem periculosa est”. A afirmativa de Galeno foi publicada na edição d’A União de 12 de fevereiro de 1912, momento de alvoroço para os preparativos do ano letivo nas escolas públicas e privadas da Paraíba. Na realidade, o artigo falava dos inconvenientes dos exercícios físicos feitos em demasia. Chamou atenção para que tudo aquilo que era feito em excesso prejudicava a saúde, até mesmo, os exercícios físicos que ganhavam o posto de salvador do corpo. O que mais chama atenção é o recado que deve ser lido pelos professores de ginástica! Façamos a leitura da narrativa: Chamava-se Cléoméde. Contam que na Roma antiga era um dos homens

mais fortes que existia. Tão famoso que lhes foi atribuído um ditado popular: “da forte Roma lutador robusto, apenas isto infundo horror e susto”337. Sua força era conhecida

por todo o reino, seus feitos corriam mundo afora, seu corpo despertava desejo. Dentre

as façanhas que afirmavam fazer podia ser contemplada “a derrubada de uma sólida

coluna que era o firme apoio de uma escola e que na sua queda matou sessenta

crianças”338 ou ainda o fato de que “comia um boi em um único dia” e tantos outros

fatos famosos narrados pela notícia e que “atestam o vigor do corpo mas não demonstram o espírito forte”339.

A narrativa faz o leitor arregalar os olhos imaginando tamanha força e indignar- se na mesma proporção com bárbara estupidez. A força conquistada pelos exercícios físicos mais serviam para a violência que para a saúde. As preocupações encontravam- se na ordem do dia. Por um lado, reivindicava-se a obrigatoriedade da matéria de educação física no programa escolar, do outro alertava para seu papel fundamental: possuir um corpo robusto, forte, saudável e responsável com a pátria, consciente do bem

337 A União, 12 fev. 1912.

338 Idem. 339 Idem.

que poderia fazê-la, servi-la. A notícia chamou a atenção para a responsabilidade que possuíam os exercícios físicos, sempre de caráter “moderado, recreativo e com boa direção médica e pedagógica [...] são precisos para formar uma geração sólida e capaz

de engrandecer e oferecer força oportuna na defesa da pátria”340. E continuava a bradar:

“a robustez não pode estar apenas no extraordinário desenvolvimento do systema muscular”. E a consciência de um cidadão responsável pelo crescimento de sua gente,

de sua terra, da saúde coletiva? Iniciavam-se no segundo mês de 1912 não apenas os preparativos para o começo das aulas, mas a luta pela introdução obrigatória da matéria de educação física no programa escolar das escolas públicas e privadas na Paraíba.

Sabemos que o processo ocorreu de forma lenta, gradual. Primeiro foram lançados às bases do programa que legitimou a Higiene enquanto componente curricular. Sua filha, a ginástica, precisou esperar um pouco para ganhar força, espaço, corpos e mentes. Vale ressaltar que os esforços realizados pelos médicos paraibanos em defesa da educação física foi fortalecido pelo pioneirismo das escolas privadas e católicas que deram o primeiro passo, ou melhor, os primeiros movimentos adotando-os o modelo de ginástica sueca em seu programa de ensino. O pontapé inicial fora válido, porém estava restrito a um seleto grupo que frequentavam essas escolas: os filhos da elite. O restante da população parecia padecer no sedentarismo!

Afirmei anteriormente que os esforços médicos foram fundamentais em defesa da educação física. Reconheço a importância dos discursos proferidos por esses profissionais reivindicando a intensificação da medicalização do espaço escolar. Porém, um fator deve ser levado em consideração: a defesa dessas materias na Paraíba coincide com o processo de institucionalização do saber médico produzido pelos médicos. Conforme Soares Júnior (2011) esses profissionais eram pouco numerosos no estado da Paraíba e dividiam espaço com os conhecidos charlatões, curandeiros, parteiras, benzedeiras e boticários. Assim, o crescimento de publicações, bem como, os diversos lugares ocupados pelos esculápios servia como legitimação de seu saber. Se os charlatões tinham a confiança das pessoas, os médicos precisavam seguir outro caminho que os fizessem (re)conhecidos: a imprensa, as escolas, os clubes, as instituições, a política341. Seria nesse sentido que ganham fôlego os diversos discursos ditos científicos sobre a educação física publicada nos jornais que chegavam às portas dos paraibanos. Portanto, apresento ao leitor as duas faces desse processo: a defesa do saber científico

340 Idem.

colocado em circulação pela imprensa local, bem como, a legislação que pretendeu inserir tal saber dentro dos muros da escola; e o saber pedagógico proposto para a ginástica.

Muitas foram às publicações destinadas a informar ao leitor os benefícios e malefícios da ginástica ao corpo dos brasileiros. Numerosas também foram as denúncias sobre a falta de interesse por parte do governo para com a educação física escolar. Na mesma proporção estavam os escritos médicos que prometiam (ou não) salvar o país da ignorância que se abatia sobre seus filhos apáticos, moles, lentos, preguiçosos. Bastava abrir os diários jornalísticos para se deparar com notícias como a escrita por Carneiro Leão na edição do jornal A União de 10 de julho de 1919. Na ocasião, o intelectual afirmava que devemos praticar a educação física como processo de

aperfeiçoamento physico da infância, numa zona equatorial indifferentemente em todas as estações, excessivos porque levamos a meninada de uma inércia muscular quase completa a um dispêndio formidável de energia, depois mesmo de fadigadas pelas longas horas de vigília intelectual.

O melhoramento do corpo e da mente dependia, nas palavras do intelectual, da realização de atividades físicas seja para meninos ou para meninas. Defendia que a realização da ginástica deveria ser efetivada como um ato de educar, de “fazer elaborar,

tornar apto para a vida!”342; que quanto mais “agradável for ella de executar e fazer e

tanto mais evidentes e promptos forem os resultados, por isso os ingleses e americanos ao prazer actual do exercício, ao meio procuram juntar uma satisfação futura, um fim

qualquer”343. Orientou para a instrução primária atividades físicas como a jardinagem, o

plantio e a colheita de beterrabas, batatas e várias outras culturas. Informou que os alunos em companhia de seus professores dariam utilidade aos movimentos musculares, carreando, colhendo ou plantando, cavando, arando a terra, sempre exposto ao ar, ao sol. Para Carneiro Leão juntava-se assim “o prazer de um resultado prático e immediato

e o conhecimento objectivo de botânica e polycultura”.

A ginástica na escola representava uma série de “utilidades para esta meninada

reclusa e amarelledecida pelo sedentarismo dos collegios se os mestres cuidando religiosamente dos seus discípulos, quisessem, no final do anno lectivo, levantar-lhes a

342 A União, 10 jul 1919.

força vital”344. Para isso, fazia-se necessário comprometer por “largos mezes de labores

intellectuaes, já sobrecarregada com a preocupação dos exames e os dispêndios excessivos de energia gasto para as conquistas de boas notas!”345. Flávio Maroja assegurou que para obter bons resultados para a saúde do corpo bastaria que todo estabelecimento de ensino, situado nas cidades marinhas (por que os outros terão o ar puro dos campos e os recursos vários da vida campestre) nos “meses finais do anno mandasse os seus alumnos pelas mãos dos professores, nadar e se revigorar para a

conquista fácil do seu triumpho”346. Nadar sob a supervisão dos professores, por mais

compensador e nobre que parecesse, especialmente graças aos benefícios do ar, do sol, de hidroterapia, e dos efeitos físicos e químicos da água do mar tidos pelos médicos

como “inegualáveis para a ressurreição do vigor vital”, parecia ser uma tarefa quase

impossível para a realidade da capital paraibana, em um momento em que a população ainda não havia descoberto o mar347. Porém, o que mais chama a atenção nessas

publicações é a insistência na prática da “gymnastica, dos exercícios nas escolas por

toda parte que dentro em pouco transformaremos por inteiro as possibilidades de nossa

nação”348.

O discurso acerca dos benefícios da educação física estava presente nas linhas

escritas por Seixas Maia: “todos os pedagogistas, hygienistas e philosophos que se

preocupam com os problemas sociaes proclamam-na (a educação physica) como útil e

indispensável como o cultivo intelectual”349. Nas palavras dos profissionais médicos, a

educação física deveria atingir o posto de aperfeiçoamento da função muscular conquistada por meio de exercícios físicos, naturais, trabalhos manuais, brinquedos e jogos, dramatizações, ginásticas sem e com aparelhos, com massagens manuais e mecânicas. Nas recomendações de Carlos Sá (1944, p. 101) os exercícios deveriam ser uma prática cotidiana desde a puerícia até a maturidade. Dentre as principais atividades elencadas pelo médico estavam a marcha, a corrida, o salto, a escalada e a natação; ele, postulou essas tarefas como fundamentais para o adestramento dos músculos. A principal exigência diz respeito ao lugar de realização dessas tarefas: nas escolas, nos

344 A União, 14 jul. 1919.

345 A União, 21 abr. 1921. 346 A União, 24. Ago. 1920.

347Utilizo a expressão “não conhecer o mar” para afirmar que o centro da capital e os espaços habitados

nos primeiros anos do século XX estavam distantes do mar e não havia fluxo contínuo para esse lado da cidade. Cf.: Roteiro sentimental de uma cidade (RODRIGUEZ, 1994); Prática política e transformações no cotidiano dos trabalhadores em João Pessoa na década de 1930 (CHAGAS, 1996).

348 A União, 10 jul. 1919. 349 A União, 21 abr. 1921.

jardins de infância. Lugares em que a educação física servia para uma educação e a conquista de força, destreza, resistência e velocidade, favorecendo assim o melhor desempenho não apenas físico – pois servia para a correção de deficiências musculares - , mas morais e intelectuais. Assim, a atividade física deveria ser “iniciada na escola primária, acentuando-se nos colégios secundários e alongando-se pela idade adulta [...]

ela é aconselhada na maturidade, sobretudo para diminuir os males da vida sedentária”

(SÁ, 1944, p. 102).

Na mesma direção, estavam os imperativos de Teixeira de Vasconcelos e Flávio Maroja. Para ambos, o exercício era considerado o movimento ativo dos músculos do corpo capaz de ativar o apetite e a nutrição, restaurar forças e renovar os tecidos que tonificam todo o organismo. Consideravam a movimentação do corpo como o grande trunfo da medicina contemporânea. Para tanto, revestidos da indumentária da modernidade, escreveram um artigo para o jornal A União intitulado “O exercício e a

medicina contemporânea” e que circulou na edição de 21 de fevereiro de 1926. Por todos ao lados foram atribuídos elogios a educação física. Seus prodígios eram quase

sem fim: “elastece e revigora o corpo”, “infunde ao homem a confiança de si mesmo”, “ensina a arte de vencer os obstáculos”, viabiliza o “desenvolvimento harmônico do systema muscular e a perfeição das funcções vitaes”, o “desenvolvimento da caixa thorácica”, “ampliação da função respiratória”, diminuição “das taras orgânicas,

aceleram o movimento do coração e regulariza a circulação”, serve como um “dos

melhores agentes physicos de cura das moléstias”, além de “desenvolver os músculos e os ligamentos, diminuir a gordura”, e, de produzir “força, robustez, agilidade e coragem

como consequência constante da cultura physica”.

Tudo isso poderia ser adquirido sob a égide de um ponto de vista: o civismo. Os

médicos trataram de divulgar a educação física como “um factor de exaltação de forças de um paiz”350. Tal afirmativa, proposta pelos médicos, revelava sua aproximação direta

ao poder político, e até mesmo, como forma de assegurar que seu discurso fosse à fala oficial do Estado. Para tanto, propunham a efetivação de marchas, corridas, natação, jogos diversos, ciclismo, dança, salto, equitação, patinação e quaisquer outros exercícios ao som de hinos nacionais. Formava-se assim um cidadão forte, saudável e apaixonado pela pátria.

350 A União, 21 fev. 1926.

Todo esse investimento precisava de um bom acompanhamento. Já mencionei anteriormente que o processo de medicalização da escola no qual estavam inseridos os discursos em defesa da educação agrupou diversos profissionais de diferentes áreas – médicos, professores, engenheiros, jornalistas, dentre outros. Nessa chuva de discursos em defesa da educação física é certo que as falas dos esculápios eram mais numerosas que de quaisquer outros profissionais. Na maioria das vezes os discursos publicados na imprensa pareciam comungar do mesmo ideal, embora seja possível encontrar alguns artigos que criticavam fortemente a educação física ou o não interesse do Estado para com a matéria - que tratarei mais adiante. Ao me debruçar sobre tais pronunciamentos, ficou evidente a colocação de que a escola era por excelência o melhor local para incutir o hábito da cultura física. Porém, um pequeno detalhe incomodava o autor que vos escreve: Quem ministrava essas aulas? Qual sua formação? Baseados em quais princípios? Foram poucas as informações sobre encontradas sobre esses professores. No máximo, orientações que precisavam seguir. Perfis que deveriam conter. Nada mais. É certo ainda que falo de um momento em que a matéria de educação física não era obrigatória nas escolas públicas – seja pela falta de profissionais capacitados, seja pelo desinteresse do governo estadual. As três primeiras décadas do vigésimo século não se interessaram, apesar dos esforços médicos e da publicação da Reforma do Ensino do governo Camilo de Holanda em 1917 que instituiu uma pretensa aula de ginástica, em tornar a cultura física uma realidade. De fato foi somente nos anos da ditadura Vargas que se efetivou a matéria como parte integrante e obrigatória do programa de ensino estadual.

Apesar da não formação do professor de educação física, me deparei com orientações que traçavam o perfil dos professores que deveriam realizar a tarefa de educar através da cultura física. Em número um especial publicado no jornal A União de

12 de janeiro de 1926, pude ler a seguinte afirmativa: “Um educador physico é um educador”. Assim, é possível perceber que foi atribuído ao professor mais uma tarefa

para além do educar: assegurar uma educação pautada pela cultura física. Antes de ser um educador físico, o/a professor/a é um educador, assim sua formação é pedagógica.

Esses professores deveriam “conhecer a instrucção que dirige a educação physica e seu

methodo bem a fundo, ter uma cultura geral mais ou menos sólida, deve ser um mestre,

um trenador no bom sentido da palavra e dedicar a sua obra toda su’alma”351. Outra

351 A União, 12 jan. 1926.

orientação estampada nas páginas d’A União é a organização de cursos de formação de instrutores que formariam, por conseguinte, seus monitores352. Instruiu a criação de

terrenos apropriados para o treinamento de um grande número de professores não ensinando-os apenas a disputa de provas esportivas, mas para “a completa educação physica capaz de formar um bom orientador dos jovens e também para as jovens pelo methodo natural e não deixá-los entregar-se atabalhoadamente á prática dos

exercícios”353. Tal curso se justificava devido a necessidade em organizar a educação

física em todas as escolas assegurando assim um rápido resultado que valorizasse a saúde de homens e mulheres reduzindo a mortalidade, o número de enfermos e aproveitando-os em trabalho. O risco parecia iminente: até que ponto esses professores tinham consciência das formas corretas e movimento propício ao corpo?

O jornal que alertava a necessidade de “ter instrutores sérios como primeiro

passo a ser dado e não convém dal-o em falso”354 é o mesmo jornal que publicou na edição de 14 de janeiro de 1926, um método de educação física a ser adotado pelos professores das escolas públicas com a finalidade de registrar rápidos e bons resultados. A notícia se apropriava nos ensinamentos do professor parisiense Hebert que utilizava medidas de força nas aulas de educação física. O texto era direcionado aos professores

que poderiam seguir a “força physica e com effeito estimar o valor dos resultados”355. A

ideia parecia ser “bastante simples” calculando apenas a força física de um indivíduo

antes dos resultados de suas experimentações. Os cálculos poderiam ser realizados para tarefas como corrida de 100 metros, 500 metros e 1500 metros; salto de altura e largura com ou sem impulso; em arremessos de pesos que variam de sete a vinte quilos; e, em trepar em cordas bambas sem o auxílio das pernas. Os riscos de deixar algum aluno deficiente? Para o jornal não seria possível! Ao contrário. Com esse tipo de atividades

seria possível “medir o peso, o talhe, a ampliação thoraxica (differença entre os dous

primeiros), a capacidade pulmonar (por meio do espirometro), a tensão arterial e tantas

outras indicações fáceis de notar e seguir”356.

Para aqueles que não acreditavam no método do professor Hebert o jornal A Uniãoexclamou: “Esse tipo de educação physica pode dar a saúde, a força, a beleza, a

352 Embora exista toda uma campanha para a formação desses instrutores, o curso só se torna realidade na

década de 1940. Tratarei da temática mais adiante. Cf. Aperfeiçoamento e qualificação do professorado... (SILVA, 2013).

353 A União, 12 jan. 1926. 354 Idem.

355 A União, 14 jan. 1926. 356 Idem.

virilidade. Mas verdadeiramente, dirão alguns, isso não vale a pena! Para que ser um bello, forte e viril? Para que bello? Para isso: para se aproveitarem as riquezas latentes

que todos temos em nós mesmos”357. Talvez por isso o governo não tenha seguido a

orientação da publicação.

Um mês depois veio a resposta do sanitarista Flávio Maroja ao método do professor Hebert. Afirmou quase que como num brado retumbante que esse tipo de prática não é o que se chama educação da saúde e educação física. Convidou o leitor a entender o sentido da palavra educação explicando:

Educação é o conjunto de cuidados tomados na edade tenra ou mesmo na edade mais avançada para desenvolver as qualidades physicas, moraes e intelectuais, mas é de uso corrente não applicar esta definição senão unicamente aos predicados moraes e pode-se assim aos olhos do mundo ter uma educação perfeita com órgãos defficientes e músculos atrophiados. Que fique claro! Não pensamos assim, porque, a educação physica, afinal é um ramo da educação geral358.

É notória a defesa que o médico faz da educação física comprometida com a educação e a responsabilidade. Negá-la, corresponde a negligenciar a educação, porém, convém fazê-la de forma correta, responsável. O perigo, para o sanitarista, está na forma como as pessoas interpretam e aplicam a atividade física nos alunos. O erro teria início desde sua definição. Maroja postulou que fora do discurso médico a ginástica perdia o caráter científico que deveria por regra possuir. Popularmente afirmava-se que tratava- se unicamente do cuidado com a saúde, ou a aquisição de uma musculatura definida, harmonia para com o corpo. O que deveria ser entendido, conforme seu discurso, era o fato de a educação física ser encarada como cultivo de um hábito de formação, de desenvolvimento progressivo, de melhorar “todas as partes do nosso organismo segundo sua importância phisiológica afim de manter o equilíbrio que nos garantirá uma bôa saúde devendo esta constituir uma base sólida para um trabalho útil e duradouro”359. Noutras palavras, era preciso haver um equilíbrio entre os exercícios e sua função social, contemplando assim a orientação médica da época. Dessa forma, considerar apenas o intelecto seria formar homens e mulheres preguiçosos, ágeis como uma lesma; da mesma forma que contemplar apenas os músculos corria-se o risco de formar brutos apáticos às questões socais.

357 Idem.

358 A União, 20 fev. 1926. Grifos meus. 359 Idem.

Nas palavras do médico sanitarista Flávio Maroja se pode definir a educação

física em consonância com a proposta científica quando se considera “o

desenvolvimento harmonioso das formas e o equilíbrio das funcções do ser humano nas suas condições normaes de existência apoiando-se o máximo possível no que

recomendam os médicos”.

Assim, nos primeiros anos dos novecentos, os leitores encontraram nos jornais boas referências sobre a educação física. O periódico católico A Imprensa afirmou na edição de 21 de setembro de 1916 que merecia aplausos os momentos realizados pelos médicos da Paraíba em favor da Educação Física. O jornal afirmava que a ginástica era considerada o que havia de mais moderno tratando-se de qualidade de vida e promoção da saúde. Nesse sentido, A Imprensa fazia questão de se assemelhar na mesma medida:

“É de nosso programma jornalístico incentivar todas as idéas nobres e alevantadas,

quaisquer que ellas sejam – contanto que venham trazer algo de benefício a causa