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A cidade de Campinas possui área de 795 km2, sendo que a área urbana ocupa aproximadamente 50% de todo o território, e situa-se a 680 metros acima do nível do mar. Campinas pertence à bacia hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). A população estimada pelo censo realizado pelo IBGE em 2010 foi de 1.056.644 habitantes, possuindo densidade populacional de 1,35 hab/km2. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi de 0,852 no ano 2000, sendo considerada 8° lugar no ranking de todas as cidades do país. Outro parâmetro importante sobre a qualidade de vida da população é o Índice de Desenvolvimento Ambiental (IDA), que varia de 0 a 10, sendo que Campinas atingiu 7,15 pontos em 2010, segundo dados do IBGE (2010).

A cidade de Campinas encaminha todo o seu RSU (cerca de 1.248 toneladas/dia, para o Aterro Sanitário Municipal Delta A (Figura 3.8), cuja atividade teve início no ano de 1992, com vida útil estimada para 19 anos. Em 2014, o aterro atingiu a sua capacidade limite de disposição de resíduos e então, todo o material coletado em Campinas começou a ser encaminhado a um aterro sanitário privado. Posteriormente, através de estudos de conformação geométrica, chegou-se a conclusão de que, por conta do recalque do maciço de lixo devido à biodegradação da matéria orgânica, a capacidade de disposição aumentou e o aterro voltou a operar, com prazo previsto para o encerramento das atividades até Setembro de 2017 (CETESB, 2016).

Figura 3. 8 - Aterro Sanitário Municipal Delta A

Fonte: Google Earth (2015).

Parâmetros importantes como composição física gravimétrica, teor de umidade, densidade aparente e poder calorífico dos resíduos sólidos urbanos de Campinas são analisados periodicamente. Esses dados podem apresentar variações nos seus valores de acordo com a sazonalidade, condições climáticas, situação econômica e classe social. Os resíduos sólidos urbanos coletados em Campinas são divididos em classes sociais (A, B, C, D, E e Comercial), consideradas de acordo com o poder aquisitivo da população, variando em ordem decrescente de A para E. A média da composição gravimétrica dos RSU de Campinas nos anos de 2007 a 2010 está exposta na Tabela 3.8.

Tabela 3. 8 - Estudo gravimétrico do RSU por classe social em Campinas (média 2007 a 2010)

Ordem Categorias Fração dos Materiais por Classe Social (%)

A B C D E 1 Matéria Orgânica 38,69 36,7 45,78 59,05 55,89 2 Papel e Papelão 17,76 23,11 14,99 13,33 11,81 3 Plástico 13,95 18,54 16,98 14,31 17,66 4 Madeira 0,86 0,67 0,35 0,42 0,38 5 Couro e Borracha 0,19 0,39 0,86 0,28 0,94 6 Pano e Estopa 2,16 1,92 4,27 5,09 5,75

7 Folha, Mato e Galhada 18,84 13,37 10,27 2,25 1,79

8 Metal Ferroso 0,59 0,69 1,29 0,93 1,03

9 Metal Não Ferroso 0,52 0,34 0,76 0,33 0,29

10 Vidro 1,61 1,17 1,06 1,19 1,29

11 Louça, Cerâmica e Pedra 0,87 0,95 0,72 0,32 0,32 12 Agregado Fino (pó e terra) 1,05 0,42 0,26 0,21 0,26

13 Perdas 2,88 1,75 2,42 2,3 2,6

Material Orgânico – Item 1 38,69 36,7 45,78 59,05 55,89 Material Reciclável – Itens 2, 3 , 8, 9 e 10 34,44 43,84 35,08 30,09 32,07 Material Não Reciclável – Itens 4, 5, 6, 7, 12 e 13. 25,98 18,53 18,42 10,54 11,72

Fonte: Departamento de Limpeza Urbana – PMC, 2015.

A composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos de Campinas, já com as médias das classes, e em categorias resumidas em matéria orgânica, material reciclável e não reciclável encontra-se na Tabela 3.9.

Tabela 3. 9 - Composição gravimétrica do RSU de Campinas

Ordem Materiais % em Peso

1 Matéria Orgânica 47,2

2 Material Reciclável 34,9

3 Material Descartável 17,9

Fonte: Departamento de Limpeza Urbana – PMC, 2015.

De acordo com o Decreto 7.404 de Dezembro de 2010, os municípios brasileiros devem fornecer informações ao Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR). Este sistema é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Cidades e ao Sistema Nacional de Informações sobre

Saneamento (SNIS). Através do SNIS é possível encontrar, anualmente, informações específicas sobre a gestão dos resíduos sólidos urbanos. O relatório mais recente disponível para consulta é o referente ao ano de 2013. Deste modo, seguem algumas informações sobre a gestão dos RSU de Campinas.

Segundo o SNIS (Diagnóstico, 2014), a taxa de cobertura de coleta de Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD) em relação à população total atendida é de 98,2%, já com relação à população total urbana, a taxa de cobertura é de 100%. A massa de RSU coletada em relação à população total é de 1,08 kg/hab.dia. A massa per capita recolhida de resíduos recicláveis via coleta seletiva é de 6,3 kg/hab.ano. Desse modo, a taxa de recuperação de recicláveis em relação à quantidade de RSU coletada é de 1,29%. Por fim, as despesas com a gestão e manejo de resíduos sólidos urbanos da cidade de Campinas atingem um valor de R$ 89,45 por habitante por ano.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

A base de comparação para o estudo dos lisímetros é a célula experimental construída no Aterro Sanitário Delta A em Campinas/SP, projeto sob monitoramento realizado por grupo de estudo da FEC/Unicamp. Toda a caracterização dos lixiviados dos RSUs confinados nos três lisímetros será comparada com a caracterização do lixiviado do RSU confinado na célula, que foi construída com o propósito de estudar os parâmetros hidro-geomecânicos dos RSU da cidade de Campinas (Benatti et al, 2013; Miguel et al, 2016).

4.1 PROJETO DOS LISÍMETROS

O projeto de construção dos lisímetros iniciou com três tanques desativados (Figura 4.1) na área de pesquisa da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, que pertenciam ao antigo sistema de tratamento de efluentes do Hospital das Clinicas da Unicamp (Figura 4.2). Os tanques já eram construídos em alvenaria e foram então aproveitados e adaptados para a construção dos lisímetros. As paredes foram aumentadas até 2,9 m de altura e o fundo concretado com desnível de 5 cm e em formato de calha para a drenagem do lixiviado. Foram construídos seis lisímetros, mas vale ressalvar que essa pesquisa estudará apenas os três lisímetros sujeitos às mesmas condições de operação da célula experimental.

Figura 4. 2 - Localização dos lisímetros

Fonte: Google Earth (2015)

O projeto geral dos lisímetros contou com um sistema de impermeabilização das paredes internas e do fundo, camada inferior de brita para possibilitar a drenagem do lixiviado, um dreno central de biogás, uma camada superior de brita e uma camada de cobertura executada com o mesmo solo utilizado na camada de cobertura da célula experimental construída no Aterro Sanitário Delta A.

A quantidade de lisímetros neste estudo foi fundamentada no fato de se estudar três deles semelhantes entre si, como “controle”, simulando a biodegradação real do RSU como ocorre normalmente em um aterro sanitário, além da obtenção de representatividade na coleta de dados. Foram construídos seis lisímetros no projeto como um todo, porém, os Lisímetros L1, L2 e L3 fazem parte de outra pesquisa de mestrado (FAVERY, R. L. T, 2016), pois os lisímetros estão sob condições especiais e distintas dos lisímetros L4, L5 e L6, os quais foram estudados nesta presente pesquisa. Todos os dados, procedimentos e análise de resultados referentes à construção e preenchimento dos lisimetros, bem como análises dos lixiviados, são sempre referentes aos lisímetros L4, L5 e L6. Pode-se observar na Figura 4.3, a planta baixa indicando a distribuição dos lisímetros L1 a L6.

Figura 4. 3 - Planta baixa com a indicação de cada lisímetros

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