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4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 PANORAMAS MUNDIAL E NACIONAL

Como exemplo de estudos realizados em outros países, Reed et al. (1995) fazem uma análise quantitativa de estratégias alternativas de resposta, com a aplicação de um modelo de comportamento físico e químico e destinação do óleo derramado, acoplado a um modelo de ações de resposta. No estudo, são comparados resultados para diferentes cenários: desde a não-resposta até a resposta mecânica (recolhimento) após 01h, 03h e 10h, visando gerar subsídios para uma maior eficiência no gerenciamento de operações de combate a derramamento de óleo no mar da Noruega.

Estudos mais recentes, McCay et al. (2004) e Reed et al. (2004), descrevem aplicações de modelagem computacional (San Francisco Bay, Califórnia e Matagorda Bay, Texas), para avaliação de plumas provenientes de derramamento de óleo no mar, considerando um fracionamento do óleo em pseudo-componentes e um comportamento diferenciado associado a cada fração. Nestas aplicações, procede-se também a uma avaliação probabilística dos impactos ambientais decorrentes. Têm-se assim, uma demonstração do atual ‘estado-da-arte’ na modelagem computacional de derramamentos de óleo.

Em ITOPF (1999) observa-se que a resposta efetiva a um derramamento de óleo no mar pode requerer a mobilização até de recursos internacionais, para complementar aqueles disponíveis no local ou no país (agências do governo, companhias de óleo, cooperativas de combate a derramamento de óleo, empresas de limpeza, etc). Reconhecendo esta necessidade, grupos de companhias de óleo têm estabelecido ao longo dos anos um número de Centros de Resposta estrategicamente localizados para uso em certas regiões do mundo, ou mundialmente. De acordo com o conceito de resposta por magnitudes de derrame em potencial (Tier 1, 2 e 3, para respostas locais, regionais / nacionais e internacionais), esses centros são geralmente conhecidos por Centros Internacionais Tier 3, ou seja, consórcios internacionais, para responder de forma cooperativa ou de prestação de serviços, a eventos que não poderiam ser enfrentados por empresas estruturadas isoladamente para atender até o Tier 2.

O estabelecimento dos Centros Internacionais Tier 3 está consistente com os princípios da Convenção Internacional sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo, assinada em Londres, Reino Unido em 1990 (OPRC/90 apud IMO, 2005), que reconhece a importância da cooperação entre entidades públicas e privadas no provimento de experiência e recursos para responder a derramamentos de óleo. Os Centros Internacionais Tier 3 atualmente existentes são custeados e operados pela indústria do óleo:

• Australian Marine Oil Spill Centre (AMOSC), Geelong, Austrália;

• Clean Caribbean and America (CCA, ex-CCC), Ft. Lauderdale, Flórida, EUA; • East Asia Response Limited (EARL), Cingapura, Cingapura;

• Fast Oil Spill Team (FOST), Marselha, França;

• Oil Spill Response Limited (OSRL), Southampton, Reino Unido; • Petroleum Association of Japan (PAJ), Tokyo, Japão.

Todos esses centros mantêm um conjunto de equipamentos em uma única localização, que os capacita para atuarem no recolhimento offshore, na proteção costeira e recolhimento, e na limpeza de praia, além de permitirem um rápido embarque e

transporte aéreo para atendimento em outras regiões. Os Centros provêem programas de treinamento consistentes com o direcionamento da indústria de óleo internacional, para o planejamento de contingência e resposta a derramamentos de óleo.

Por outro lado, é importante também que se conheça de antemão as características do óleo quando exposto às intempéries. Pesquisadores do Sintef - Applied Chemistry, na Noruega (Daling & Strom, 1999) registram que: “O conhecimento prévio do provável comportamento e intemperização de um óleo cru derramado, e a análise de cenários, pré-derramamento, da factibilidade e efetividade de diferentes estratégias de resposta, para o óleo real sob várias condições ambientais, deveriam, portanto, ser uma parte essencial de qualquer planejamento de contingência a derramamento de óleo para otimizar o ‘Benefício Ambiental Líquido’ global de uma operação de combate”.

No Brasil, caracterizam-se em diferentes regiões todas as fases da indústria do petróleo, desde a exploração e produção (upstream) até o transporte, refino e distribuição (downstream). Cada fase com os seus riscos associados, com maior ou menor probabilidade de ocorrência, podendo eventualmente resultar num derramamento de óleo cru ou de seus derivados. No país, respostas de nível 1 (Tier 1) são dadas por empresas individualmente, utilizando recursos disponíveis no próprio local (Plano de Emergência Individual - PEI), dimensionados em função dos diferentes cenários acidentais identificados nas análises prévias de risco.

Em regiões costeiras brasileiras, registram-se a operacionalização de Planos de Auxílio Mútuo para a resposta a derramamentos de nível 2 (Tier 2), tal como o PROAMMAR - Programa de Auxílio Mútuo dos Terminais Marítimos do Estado do Espírito Santo, o PEBG – Plano de Emergência da Baía de Guanabara, o PAM / Porto de São Sebastião, no estado de são Paulo, ou o PLACODEMAR - Plano de Combate ao Derramamento de Óleo no Mar, no estado do Ceará, além dos Planos Regionais de Contingência, envolvendo na resposta cooperada ao derramamento de óleo no mar, diferentes atores locais e partes interessadas. Ainda no Brasil, para os cenários de nível 3 (Tier 3), é previsto o Plano Nacional de Contingência / Emergência, envolvendo o acionamento de

recursos de diferentes regiões do país, e em situações ainda mais críticas, o acionamento de apoio internacional especializado previamente contratado.

No estado do Espírito Santo, existe atualmente uma perspectiva de significativo crescimento da produção de petróleo e gás natural, que se estende pelas próximas décadas. Descobertas anunciadas desde o ano de 2003, colocam o estado como detentor da segunda maior reserva brasileira de petróleo (ANP, 2005), tendo assumido recentemente a segunda posição também na produção, participando de forma significa na garantia da auto-suficiência sustentável da produção de petróleo no Brasil. Seja como rota de navios tanque, seja como área de exploração e produção, em terra e no mar, o Espírito Santo participa hoje do cenário nacional e internacional da indústria do petróleo, atuando na fronteira tecnológica mundial.

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