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O PAPEL DAS AGÊNCIAS DE FOMENTO NOS SISTEMAS DE INOVAÇÃO: O CASO DA FAPESC

No documento Debates Interdisciplinares VII (páginas 86-88)

Dyogo Felype Neis1

Walter Vicente Gomes Filho2

Mauricio Fernandes Pereira3

Alexandre Marino Costa 4

RESUMO: Este artigo visa analisar o papel das agências de fomento nos Sistemas de Inovação.

Para isto, a pesquisa se configura a partir da estratégia de pesquisa de estudo de caso único, cujo aprofundamento se dá na Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de San- ta Catarina – FAPESC, uma agência de fomento concebida pelo estado de Santa Catarina. Os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica, de pesquisa documental, de entre- vista semiestruturada e de observação direta sistemática. A conclusão destaca que as agências de fomento exercem papel essencial junto aos Sistemas de Inovação, pois são por meio delas que os diferentes agentes que compõem um sistema de inovação se relacionam e se capitali- zam no sentido de promover processos inovativos. Assim, mostra-se que a atuação governa- mental como catalisadora política dos Sistemas de Inovação passa pela organização das inicia- tivas e seu fomento, indicando rumos e conexões entre as múltiplas iniciativas, além da inje- ção de recursos públicos.

Palavras-chave: Desenvolvimento; Sistemas de Inovação; FAPESC.

1 INTRODUÇÃO

Embora as discussões sobre a inovação tenham recebido maior notoriedade no Brasil somente a partir da década de 90, Schumpeter já destacava a importân- cia deste processo desde o início do século XX. Sua principal contribuição emerge do entendimento de que o desenvolvimento capitalista é um processo de mu- dança alimentada pelas inovações. Por sua vez, as inovações resultam das inicia- tivas dos agentes econômicos que impactam a atividade econômica.5,6

1 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Administração – CPGA/UFSC. 2 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Administração – CPGA/UFSC. 3 Doutor. Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração – CPGA/UFSC. 4 Doutor. Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração – CPGA/UFSC.

5 LAPLANE, M. Inovações e dinâmica capitalista. In: CARNEIRO, R. Os clássicos da economia. São Paulo: Ática, 1997. p. 59-67. 6 CASSIOLATO, J. E; LASTRES, H. M. M. Sistema de inovação e desenvolvimento – as implicações de política. São Paulo

O desenvolvimento para Schumpeter7 seria o resultado de combinações

inovadoras que se concretizam de algumas possibilidades, a saber: introdução de um novo bem ou de uma nova qualidade intrínseca a um determinado bem; introdução de um novo método de produção; abertura de um novo mer- cado; conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas; ou estabele- cimento de uma nova organização industrial.

Mais recentemente, percebendo que as nações que foram capazes de mo- bilizar conhecimento e capacitações inovativas conseguiram melhores resulta- dos econômicos, os estudos sobre inovação ganharam mais importância tanto na literatura quanto na formulação de políticas públicas. Esses estudos enfati- zam a mobilização dos processos de aquisição e uso de conhecimentos e de capacitações produtivas e inovativas como parte fundamental de estratégias de desenvolvimento. Em última instância, esta perspectiva concebe que, para haver desenvolvimento, é necessário crescimento com inovações.8, 9, 10, 11

Como consequência, o processo inovativo deixa de ser visto apenas como uma política de C&T ou industrial para ser reconhecido como uma das ques- tões mais importantes das estratégias nacionais de desenvolvimento. Deste modo, as políticas passam a ser direcionadas aos Sistemas de Inovação (SI), ou seja, um conjunto de Instituições distintas que contribuem para o desenvolvi- mento da capacidade de inovação e aprendizado de uma determinada locali-

dade.12, 13 Os Sistemas de Inovação geralmente são compostos por Instituições

que atuam em três campos distintos e correlatos: os centros de ensino e pes- quisa, as empresas públicas e privadas e as agências de fomento.14

Muitas são as pesquisas que evidenciam o papel das universidades e das empresas, mas a compreensão do protagonismo das agências de fomento ain- 7 SCHUMPETER, J. A. Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1989.

8 CASSIOLATO; LASTRES, op. cit.

9 KRETZER, J. Sistemas de inovação: as contribuições das abordagens nacionais e regionais ou locais. Ensaios FEE, v. 30, n. 2, 2009.

10 PEREIRA, A.; DATHEIN, R. Processo de aprendizado, acumulação de conhecimento e sistemas de inovação: a co-evolução das tecnologias físicas e sociais como fonte de desenvolvimento econômico. RBI-Revista Brasileira de Inovação, v. 11, n. 1, p. 137-166, 2012.

11 LEMOS, D. da C. A interação universidade-empresa para o desenvolvimento inovativo sob a perspectiva institucionalista-evolucionária: uma análise a partir do sistema de ensino superior em Santa Catarina. 2013. 416 f. Tese (Doutorado em Administração). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

12 CASSIOLATO; LASTRES, op. cit. 13 KRETZER, op. cit.

da permanece em segundo plano. Contudo, sabe-se que as inovações não são eventos isolados e involuntários, mas sim que partem de uma sistemática de relação e cooperação entre diferentes instituições, sendo fundamental, tam- bém, o papel das agências de fomento neste processo, bem como a interação destas instituições com os demais agentes que compõem um SI.

Assim, concordando com Cassiolato e Lastres15 quando afirmam que “a in-

compreensão das particularidades do processo inovativo e de suas consequên- cias para o desenvolvimento tem levado a equívocos que impedem avançar” tanto no sentido de criação de propostas quanto no sentido de implementa- ção de ações que deem conta das oportunidades e dos desafios postos à socie- dade e à economia brasileira, esta pesquisa visa colaborar com a compreensão das particularidades do fomento à CT&I em determinado Sistema de Inovação. Para isso, o presente artigo discute o papel das agências de fomento nos Sistemas de Inovação com base na análise do caso da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina - FAPESC.

No documento Debates Interdisciplinares VII (páginas 86-88)