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Papel do Enfermeiro

No documento Relatório de estágio (páginas 165-170)

Orientador Ensino clinico: Enfª ESIP Teresa Moura

2. Parte I formação

2.4. Papel do Enfermeiro

A Promoção da Saúde traduz um processo de habilitar as pessoas a aumentarem a sua capacidade de controlo sobre a sua saúde e de a melhorarem para alcançar um completo bem- estar físico, mental e social a nível individual e comunitário. De acordo com WHO (1986) a

Carta de Ottawa para a promoção da saúde de 1986, define promoção da saúde como o

processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo (BUSS, 2000).

Tem como meta melhorar a qualidade de vida da população, para que esta seja capaz de modificar comportamentos de risco e adoptar comportamentos saudáveis.

A nossa função, enquanto profissionais de saúde é promover a sua saúde, para evitar complicações tardias e consequentemente diminuir o risco de morbilidade e mortalidade associadas.

De acordo com o ISPAD citado por SERRABULHO e MATOS (2007), os objectivos preconizados pela Declaração de Saint Vincent para a melhoria dos cuidados, a prevenção, identificação e tratamento de complicações na criança e adolescente com diabetes são: -Promoção do bem-estar físico e psíquico

-Crescimento e desenvolvimento normal

-Evitar hospitalizações prevenindo cetoacidose e hipoglicémias -bom controlo metabólico

-Rastreios adequados para deteção de complicações

-Integração do diabético na escola, trabalho, na vida social, com jovens da mesma idade Neste sentido, a equipa de saúde tem um papel crucial na educação do adolescente e da família sobre a sua situação de doença e formas de geri-la.

Nem sempre esta tarefa é fácil. Lidar com adolescentes requer competências específicas para poder contornar algumas adversidades. A equipa de enfermagem do SUP refere no inquérito algumas dificuldades sentidas durante a sua intervenção junto do adolescente com DM descompensado admitido no SU, das quais destaco:

-Processo de negação -Baixa adesão à terapêutica -Comunicação

-Ansiedade da família e adolescente -Espaço físico/condições

-Relação enfermeiro/adolescente -Tempo disponível

-Informação insuficiente -colaboração do adolescente

-Não cumprimento do protocolo de Cetoacidose -Pouca articulação com consulta

-Recusa do adolescente em ser ajudado -Analogia com más experiências

-Conhecimento do plano/esquema terapêutico -Características do adolescente

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De acordo com vários autores, nomeadamente SERRABULHO e MATOS (2007) a comunicação entre o adolescente e a equipa e a relação terapêutica são aspectos favorecedores da adesão terapêutica. Bem como a existência de um serviço organizado e direccionado aos jovens, dando-lhes o papel principal em relação ao dos pais, potenciando o sentido de responsabilidade pela gestão da doença, negociando objectivos, estimulando á autonomia, dando reforços positivos e suporte escrito ou encaminhamento adequado.

Por outro lado podemos favorecer o processo de negociação partilhada, tendo em conta os interesses e necessidades do adolescente.

Os pais devem ser sempre envolvidos neste processo de cuidados ao adolescente com DM1, pois tal como defende CASEY, em 1993, no seu modelo de parceria de cuidados na área pediátrica, não há ninguém melhor do que os pais para prestar cuidados à criança, no sentido de proporcionar o seu crescimento e desenvolvimento, protegendo e estimulando com amor. Segundo a autora a enfermagem pediátrica é descrita como uma negociação partilhada com a criança/família, estabelecendo com os pais/ família uma relação de confiança, respeitando a família nas suas competências, desejos e necessidades. Todos os enfermeiros inquiridos responderam ser muito importante envolver os pais no tratamento do adolescente com DM em situação de descompensação.

Apesar de ser uma tarefa por vezes difícil, pois o adolescente nem sempre aceita o apoio dos pais, esta relação exige dos profissionais disponibilidade e sensibilidade, devendo estes encarar todo o processo como um esforço compensatório no que diz respeito a uma maior humanização e melhoria dos cuidados.

2.5. Articulação

A articulação é o processo através do qual se estabelecem ligações entre serviços do mesmo Hospital, sectores profissionais, organizações de dois níveis de prestação de cuidados, reconhecendo a individualidade e a complementaridade de cada um com vista à obtenção de objectivos comuns (PINHEIRO, SARDO e HENRIQUE, 2004).

Para que a articulação se estabeleça de uma forma efectiva, contínua e dinâmica é necessário que o processo de comunicação entre os diversos níveis de cuidados de saúde esteja bem estruturado, com os circuitos de informação bem definidos e utilizando uma linguagem comum (FERREIRA, 2007).

A Lei de Bases da Saúde (nº48/90 – Base XIII) afirma:

«Deve ser promovida a intensa articulação entre os vários níveis de cuidados de saúde,

reservando a intervenção dos mais diferenciados para as situações deles carecidas e garantindo permanentemente a circulação recíproca e confidencial da informação clínica relevante sobre os utentes».

O adolescente com DM1 tem um programa de educação associado, é seguido por uma equipa multidisciplinar que engloba endocrinologista, enfermeiro, dietista e/ou nutricionista, psicóloga e família.

Na consulta de endocrinologia do HDE, os doentes com DM estão divididos por 4 equipas diferentes, actualmente constituídas por médico e enfermeiro:

-Drª Rosa/ Enfermeira Arminda; -Drª Daniela/ Enfª Célia;

-Drª Lurdes/ Enfª Teresa; -Drª Catarina/ Enfª Anabela

Durante uma admissão do adolescente à urgência por uma DM descompensada relacionada com uma má adesão ao tratamento, torna-se imprescindível o envolvimento desta equipa. Uma vez que esta tem maior conhecimento dos antecedentes pessoais do adolescente, da sua história passada e actual quer da doença como de saúde, conhece os seus hábitos de vida diários, conhece a família, e acima de tudo já desenvolveu uma relação terapêutica, que como já referi anteriormente, é um factor que contribuiu para facilitar a adesão terapêutica do adolescente.

Através da análise dos resultados do inquérito aplicado à equipa de Enfermagem do Serviço de Urgência Pediátrica do Hospital dona Estefânia, constatou-se que é importante integrar nos cuidados prestados à criança/adolescente com DM1, que recorre à urgência por descompensação da doença, uma articulação com o enfermeiro de referência da consulta externa de Endocrinologia, indo assim de encontro ao referido anteriormente.

De acordo com a análise, concluímos ainda que a equipa considera importante esta articulação, uma vez que permite um envolvimento interdisciplinar e interserviços, aumentar os níveis de conhecimento do enfermeiro do SUP relativamente à história clínica e necessidades da criança/adolescente, promover a rapidez e agilização na análise dos dados do utente, melhorar e uniformizar os cuidados, melhorar a adesão à terapêutica, promover a continuidade dos cuidados e actualizar o plano terapêutico.

O interesse nesta articulação também foi demonstrado pela equipa de enfermagem da consulta externa de endocrinologia, no sentido de agilizar o processo de internamento do adolescente e na melhoria dos cuidados aos mesmos.

De acordo com o que foi mencionado anteriormente, defini como objectivos desta articulação os seguintes:

 Potenciar os recursos existentes a nível hospitalar  Melhorar a qualidade dos cuidados prestados  Envolver a equipa multidisciplinar

 Reduzir o número de recorrências à urgência

 Promover a saúde do adolescente e família com DM1

Para que a articulação se estabeleça de uma forma efectiva, contínua e dinâmica é necessário que o processo de comunicação entre os diversos níveis de cuidados de saúde esteja bem estruturado, com os circuitos de informação bem definidos e utilizando uma linguagem comum (FERREIRA, 2007).

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Em reunião informal com a Orientadora de estágio, o enfermeiro chefe do SUP e com as enfermeiras da consulta externa de endocrinologia, constatei que a melhor forma de realizar esta articulação será utilizando os recursos tecnológicos que o HDE: o contacto telefónico, que é a forma mais rápida para optimizar a informação, no sentido de colheita de dados. E Posteriormente o preenchimento de uma carta de articulação remetida para a CEE (Anexo).

No documento Relatório de estágio (páginas 165-170)