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Mapa 1 Mapa da Região Metropolitana de Belém (RMB) Pará

3.3 O PAPEL DA INOVAÇÃO

Segundo Nelson e Winter (2005), as empresas tendem a buscar técnicas alternativas para substituir as que estão atualmente em uso e, assim, procuram aumentar sua rentabilidade. Essa é a melhor forma de elas se desenvolverem, pois uma atitude de se contentarem com as formas antigas as leva ao processo de falência. Para Nelson e Winter (2005), o estudo desses fenômenos definiu a Teoria Evolucionaria da Mudança Econômica em duas áreas de interesse. A primeira trata da dificuldade no entendimento do comportamento das firmas e ramos e do papel da mudança tecnológica. A segunda, da realidade da tomada de decisão das firmas e da compreensão da mudança tecnológica na dinâmica do processo competitivo.

As empreses nem sempre respondem da mesma forma aos sinais de mercado. Algumas inovam e são rapidamente imitadas e outras que imitam, rapidamente, podem adquirir melhores posições de mercado. Os mercados funcionam como ambientes de seleção e o sucesso para as firmas está relacionado às suas possibilidades de sobreviver e crescer. O desenrolar dos eventos econômicos e sua compreensão têm importantes conseqüências sociais. As empresas focam sua análise na sua capacidade e em suas regras de decisão. Essas regras de decisão e capacidades são modificadas ao longo do tempo como resultado dos esforços para superação dos problemas.

Esse movimento é uma atividade de busca e aprendizado, marcada pela construção de rotinas e conhecimento acumulado que definem a trajetória de atuação das empresas. A abordagem evolucionária discute a relação entre rotinas e inovação. Os estudos sobre a inovação como um fenômeno interativo e endógeno aos processos competitivos e inerentes aos regimes tecnológicos específicos, também, têm destacado que a inovação não se refere apenas às mudanças de

natureza radical nos processos e produtos, reconhecendo a importância das inovações incrementais e também daquelas de natureza organizacional.

Segundo Mytelka e Farinelli (2005), em contexto de produção mais intensiva em conhecimento, as empresas começaram a competir não apenas via preços, mas também em termos de capacidade de inovar. Dessa maneira, os esforços para desenvolver diferentes formas de aprendizado devem incluir:

Aprendendo ao fazer (learning by doing), ao usar (learning by using) e via interação com empresas e organizações de pesquisa, finanças e outras estruturas de apoio (learning by interacting). [...] subjacente a abordagem do sistema de inovação [...] caracterizada como um processo interativo [...] incluindo a melhoria contínua da qualidade e no design de produtos, mudanças nas rotinas organizacionais e de gerenciamento, criatividade no marketing e modificações nos processos de produção que reduzem os custos, aumentam a eficiência e asseguram a sustentabilidade ambiental. (MYTELKA: FARINELLI, 2005, p. 347-349)

Muitas vezes, há ênfase excessiva no papel da pesquisa e desenvolvimento no processo de inovação, no entanto, deve-se olhar para pequenas e médias empresas dos setores tradicionais sob essa perspectiva mais ampla, e considerar, dessa maneira, o papel da inovação quando na formulação de políticas públicas.

Segundo Schumpeter (1982), o “empresário inovador” é o agente modificador das condições de mercado. Em sua teoria do desenvolvimento, o conceito de “destruição criadora” é usado para definir inovações geradas mediante “novas combinações” de fatores. Dessa maneira, os inovadores garantem melhores resultados na busca por melhores produtos e processos. Para conseguir tais inovações, é fator fundamental o acesso ao crédito, e somente nessa condição, poderão realizar-se práticas inovadoras (SCHUMPETER, 1982). No entanto, conforme Teece (2005, p. 156):

[...] as mudanças são custos, e desse modo, as empresas devem desenvolver processos para minimizar as mudanças de pouca valia. A capacidade de calibrar as exigências relativas à mudança, e de efetuar os ajustes necessários, parece depender da competência de examinar o ambiente, de avaliar os mercados e os concorrentes e rapidamente efetuar a reconfiguração, a transformação, frente da concorrência.

Pode-se inferir que a importância da dependência de trajetória amplia- se onde existem condições de rendimentos crescentes pela adoção de mudanças.

O conhecimento tácito é o conhecimento necessário à utilização minimamente eficiente da tecnologia e está associado a rotinas de operação da

firma e não pode ser transferido através de manuais ou outras formas codificadas de transmissão de conhecimento. O receptor de tecnologia recebe um conjunto de informações menos completo do que dispõem as fontes de transmissão. Assim, as transferências tecnológicas envolvem algum grau de capacitação tecnológica parcialmente tácita e específica por parte do receptor. Como afirmam Nelson e Winter (2005, p.102):

O conhecimento técnico constitui um atributo da firma. Como um todo, não é redutível ao que um indivíduo sabe, ou mesmo, a qualquer agregação simples de várias competências e habilidades e todos os diversos indivíduos, equipamentos e instalações. Qualquer que seja esse conjunto está sempre sujeito a mudança no contexto organizacional. Essa mudança se dá por escolha deliberada ou não. O conhecimento está sujeito a aumentar quando os trabalhadores aprendem “fazendo” suas tarefas de forma mais eficiente, e a diminuir quando trabalhadores esquecem detalhes das tarefas que não fizeram recentemente.

Desse modo, os recursos humanos existentes na firma tanto podem ser um estímulo ao crescimento, quanto podem constituir os limites desse.

Um pressuposto da teoria do crescimento da firma é o de que “a história tem importância” e o processo de crescimento é essencialmente evolucionário, baseado no incremento do saber coletivo dentro de uma firma dotada de propósitos (PENROSE, 2006). Centrando sua análise nos recursos internos da firma, a autora define a lucratividade como resultado da utilização potencial dos recursos e do crescimento do conhecimento. Segue-se desse argumento que a taxa de crescimento de uma firma é limitada pelo aumento dos conhecimentos acumulados, mas que o tamanho da firma pode continuar a crescer por força de sua eficiência administrativa até alcançar suas fronteiras de expansão.

Sobre as possibilidades e restrições com que o empresário se defronta, Penrose refere-se aos “recursos herdados” como uma “imagem” no intelecto desse:

[...] a demanda percebida por uma firma está condicionada pelos serviços produtivos que ela dispõe e, portanto, a direção de seu crescimento pode ser identificada pelos produtos que ela tem interesse de produzir. A firma pode ser analisada com referência à relação entre seus recursos e a percepção que ela tem da sua posição competitiva (PENROSE, 2006, p. 86) A disponibilidade para empreender a diversificação ou a especialização está diretamente relacionada ao risco e refere-se ao aproveitamento das oportunidades produtivas que compreendem todas as possibilidades vislumbradas.

E essas são limitadas em qualquer período. Os limites dessa expansão podem dar origem ao surgimento de novas firmas. E, dependendo da natureza do relacionamento entre essas firmas, pode vir a gerar um aglomerado de firmas ou uma rede de empresas.

A lógica dos processos de inovação e seus impactos sobre a atividade econômica pode ser estudada pela trajetória de sua evolução. Essa abordagem precisa mostrar como os hábitos comuns estão enraizados e são reforçados por instituições específicas. No processo de análise, é levado em consideração o comportamento humano para entender esses hábitos e rotinas. Nesse contexto, a dinâmica a ser estudada é a dinâmica do processo de mudança. Essas mudanças se dão no processo de ajustes cumulativos que se desenvolvem baseados na dependência de trajetória.