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5. Resultados e discussão

5.2 Papel da leptina sobre o controle do eixo HPA em ratas expostas à

Após a descrição do perfil metabólico da prole de ratos e ratas nascidas de mães expostas à luz contínua e notando a resiliência no aumento

da corticosterona plasmática em ratas grávidas expostas a luz contínua, foi iniciado um estudo na tentativa de elucidar a plasticidade diferencial do eixo HPA de ratas grávidas e não-grávidas expostas a luz contínua.

A modulação seletiva dos níveis de leptina em ratas grávidas e virgens em função da exposição à luz contínua foi um fator preponderante para a continuidade dos estudos. As ratas virgens apresentaram uma redução dos níveis de leptina quando expostas á luz contínua, o que não ocorreu com as ratas grávidas (Figuras 11 e 12). Já é sabido que, a exposição à pequenas doses de leptina de uma maneira subcrônica, resulta em supressão da secreção de ACTH e da massa da glândula adrenal [50].

Figura 11 Avaliação de Leptina: Ratas virgens e grávidas no 11º dia de

gestação foram expostas a uma situação controle de ciclo claro escuro de 12h (CTL) ou luz contínua (LUZ) por 8 dias. Ao final deste período os animais foram sacrificados e o soro foi usado para dosagem de leptina.

* p=0,036 vs. CTL

virgem; & p=0,046 vs. CTL Grávida

Figura 12. Avaliação de Corticosterona: Ratas virgens e grávidas no 11º dia

de gestação foram expostas a uma situação controle de ciclo claro escuro de 12h (CTL) ou luz contínua (LUZ) por 8 dias. Ao final deste período os animais foram sacrificados e o soro foi usado para dosagem de corticosterona.

Existe a possibilidade que a redução dos níveis de leptina em decorrência da exposição à luz contínua nas ratas virgens resulte por estimular o eixo HPA, o que não ocorreria nas ratas grávidas. Ratas expostas à luz contínua quando em estado gravídico, apresentam aumento da leptina circulante, diminuição da melatonina em paralelo a um não aumento das concentrações plasmáticas de corticosterona. Tal perfil caracteriza uma resiliência do eixo HPA da gestante. Os dados corroboram com a ideia de que a rata grávida apresenta um eixo HPA também refratário a hiper-ativação pela luz contínua. Trabalhos do grupo do professor Maleconkicz demonstrou que, em uma situação livre de gestação, a leptina pode agir diretamente em diferentes níveis do eixo HPA, suprimindo-o [50]. Deste modo, desenhamos

experimentos que tinham por base o tratamento de ratas não grávidas com leptina e concomitante exposição a luz contínua, objetivando observar se uma

fonte exógena de leptina poderia impedir o aumento do eixo HPA quando da exposição à luz contínua.

Conforme descrito na metodologia, as extrações foram realizadas no ZT1 (uma hora após acender a luz), sendo que diversos parâmetros foram avaliados como massa e adiposidade, que não apresentaram diferença estatística quando dos tratamentos (Figura 13).

Figura 13. Avaliação da Massa: Ratas virgens controle de ciclo claro/escuro

de 12h (CTL); ciclo claro/escuro com 1 injeção diária de leptina (CTL+LEP); luz contínua (LUZ) e luz contínua com 1 injeção diária de leptina (CTL+LEP) por 6 dias. As ratas foram pesadas no final do tratamento (ZT1), momento no qual também foi retirado todo o tecido adiposo perigonadal e retoroperitoneal, para compor o resultado da adiposidade, não apresentando diferença estatística intergrupos.

A caracterização de parâmetros bioquímicos das ratas virgens expostas a luz contínua, com ou sem tratamento com leptina, envolveu medidas de glicemia, colesterol total e triglicerídeos. Os níveis de colesterol total e glicemia não apresentaram variação em nenhum destes grupos. No caso dos triglicérides, apesar de não haver interação (p=0,426), os valores do CTL+LEP foram menores que os do grupo CTL (p=0,004) (Figura 14).

Figura 14. Avaliação perfil bioquímico: Ratas virgens controle de ciclo claro

escuro de 12h (CTL); ciclo claro e escuro com 1 injeção diária de leptina (CTL+LEP); luz contínua (LUZ) e luz contínua com 1 injeção diária de leptina (CTL+LEP) por 6 dias. Ao final deste período os animais foram sacrificados (ZT1) e o soro foi usado para dosagem de glicemia, colesterol e triglicérides. *p<0,05 vs. CTL.

Do ponto de vista do eixo HPA, foram avaliadas as concentrações de ACTH, dando início a investigação no eixo. Fatores como de ciclo de luz e tratamento com leptina não modularam os valores de ACTH. Entretanto, houve interação (p=0,012) de modo que, analisando exclusivamente os animais sem tratamento com leptina. Se analisados somente os animais com tratamento com leptina, a luz constante resultou em redução dos níveis de ACTH (p<0,05 vs. claro/escuro) (Figura 15).

Figura 15. Avaliação de ACTH: Ratas virgens controle de ciclo claro/escuro

de 12h (CTL); ciclo claro/escuro com 1 injeção diária de leptina (CTL+LEP); luz contínua (LUZ) e luz contínua com 1 injeção diária de leptina (LUZ+LEP) por 6 dias. Ao final deste período (ZT1) os animais foram sacrificados e o soro foi usado para dosagem de ACTH. * p<0,05 vs. CTL.

A expressão da enzima Star (passo limitante para a síntese de corticosterona) foi selecionada como um parâmetro que evidencia o funcionamento do eixo HPA no âmbito da adrenal. A expressão desta enzima representa a fase final para a produção de costicosterona. Anteriormente as ratas grávidas expostas à luz contínua, apresentavam tendência de diminuição na expressão desse gene, corroborando com a hipótese da leptina ser a responsável pela resiliência no estado gravídico. Ao contrário, ratas virgens apresentavam um aumento da expressão desta enzima quando expostas à luz contínua. O tratamento com leptina nos permitiu concluir que a exposição à luz contínua modula a expressão gênica, de forma aumentar essa expressão e esse aumento, independente do tratamento com leptina (p=0,026). Vale ressaltar que não houve interação entre estes dois fatores (p=0,221) de modo que o efeito da luz não é afetado pela adição de leptina exógena (Figura 16).

Figura 16. Avaliação da expressão gênica STAR: Ratas virgens controle de

ciclo claro/escuro de 12h (CTL); ciclo claro/escuro com 1 injeção diária de leptina (CTL+LEP); luz contínua (LUZ) e luz contínua com 1 injeção diária de leptina (CTL+LEP) por 6 dias Ao final deste período (ZT1) os animais foram sacrificados e a glândula adrenal foi removida e usada para determinação do mRNA da Star por RT-PCR.

Os resultados apresentados nos conduz a concluir que o tratamento com leptina exógena, na via subcutânea, e no ZT 22 (duas horas antes da luz acender), suprime parcialmente a ativação do eixo HPA induzido pela luz constante. Deste modo, é possível que o aumento de leptina notado em ratas grávidas expostas à luz contínua contribua para a não ativação do eixo HPA naquelas ratas. Entretanto, o papel da leptina parece ser mais relevante no âmbito da hipófise de que na adrenal. Sendo possível que na adrenal, outros fatores inerente do próprio modelo, como injeção subcutânea diária, possa alterar o padrão secretório da adrenal.

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