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O IASB é um comitê que foi criado em 1973 a partir da associação entre organismos profissionais de contabilidade dos seguintes países: Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos, por ocasião do Congresso Internacional de Contadores em Melbourne, sendo um órgão independente do setor privado com sede em Londres na Grã Bretanha (NIYAMA, 2008).

Diante do exposto, percebe-se que ele foi criado dentro de um processo de convergência de práticas contábeis, pois reuniu órgãos de vários países.

Ell Hajj (1999, p. 109) menciona que, “desde 1983, entre os membros do IASB estão incluídos todos os organismos profissionais que fazem parte do IFAC - International

Federation of Accountants”.

O IFAC é uma organização global, fundada em 1977, voltada para o exercício da profissão contábil. Sua missão é servir ao interesse público. Este órgão representa mais de 2,5 milhões de contadores atuando como auditores nas atividades de indústria, comércio, governo e academia (IFAC, 2009).

Assim, a importância do IASB para os profissionais de contabilidade reside na integração e emissão de normas contábeis em nível internacional, uma vez que ele conta com a participação de todos os órgãos componentes do IFAC.

O IASB foi, inicialmente instituído, sob o nome de IASC – International Accounting

Standards Commitee –, sendo o seu objetivo emitir normas básicas sem se preocupar com o

seu detalhamento.

Seu propósito é “desenvolver um conjunto único de normas contábeis de alta qualidade, compreensíveis e executáveis, para ajudar os participantes nos mercados mundiais de capitais e outros usuários na tomada de decisões econômicas”. (IASB, 2009b).

As normas contábeis anteriormente emitidas pelo IASB receberam várias críticas em função de serem predominantemente descritivas e conter muitos tratamentos alternativos, culminando, em muitos casos, numa fraca comparabilidade.

Como resposta a essas críticas, esse órgão começou o Comparability Project, em 1987, com a revisão das normas, quando reduziu, substancialmente, as alternativas e aumentou o número de divulgações, entrando em vigor em 1995 (NOBES, 2002 apud CABRITA, 2008).

Assim, a qualidade das normas emitidas e a abrangência econômica dos países membros do IASB qualificam-no como o principal organismo em nível mundial, emissor de normas contábeis internacionais.

Em julho de 1995, a International Organization of Securities Commissions (IOSCO) firmou um acordo com o IASB para assegurar a aceitação das normas internacionais emitidas por este órgão nas bolsas de valores da União Europeia. Fazem parte da IOSCO todas as bolsas de valores localizadas nos países participantes da União Europeia.

Esse acordo afirmou a importância do IASB ante os mercados de capitais, sobretudo, como o órgão escolhido pelo principal representante das bolsas de valores europeias, para conduzir um processo de convergência contábil independentemente da posição adotada pelos governos dos países europeus.

Esse conjunto de normas com alto padrão de qualidade e abrangência não apenas no âmbito dos países europeus, é conhecido como IFRS, tendo sido adotado mundo afora desde a sua homologação pelo IASB.

Até o ano de 2001, o IASB havia emitido 41 normas contábeis internacionais - IAS – e, para garantir a qualidade e facilitar a adoção dos padrões contábeis, emitiu, até 2007, mais 8 normas intituladas IFRS, além de revisões periódicas desses padrões para assegurar sua validade e qualidade ante o desenvolvimento econômico.

A partir do regulamento 1.606, emitido em 2002, pelo Parlamento Europeu, o IASB ganhou ainda mais expressividade no mundo da contabilidade internacional, obtendo, a partir de então, o apoio do governo na convergência contábil europeia e tornando-se, definitivamente, o principal órgão na regulamentação da contabilidade naqueles países.

Essa expressividade adquirida, associada à alta qualidade do padrão contábil, levou o FASB a assinar um acordo com o IASB (o Norwalk Agreement Memorandum) em 2002, pelo qual, foi formalizado o compromisso dessas duas entidades no estabelecimento de um padrão convergente e na emissão conjunta de futuras normas e interpretações contábeis.

Em 2003, o IASB emitiu a IFRS 1, norma que remove algumas exigências constantes nas demais IAS para a adoção do padrão contábil pela primeira vez, e, nesse mesmo ano, países como Austrália, Hong Kong e Nova Zelândia adotaram as IFRS pela primeira vez.

O acordo de Norwalk foi reforçado em 2006, quando o FASB e o IASB assinaram um novo documento intitulado Memorandum of Understanding between the FASB and the IASB (MOU), no qual “reafirmam seu compromisso em desenvolver um conjunto de normas comuns para melhorar a consistência e a comparabilidade das demonstrações contábeis” (CHIQUETTO, 2008).

Em novembro de 2009 FASB e IASB emitiram uma declaração conjunta reafirmando o compromisso entre as duas entidades para o alcance da convergência, concordando na intensificação dos esforços. Nesse documento estão descritos os planos para completar a convergência, sendo que dentre os assuntos a serem discutidos encontra-se, por exemplo, a discussão sobre a mensuração do valor justo (IASB, 2010b).

Ademais, no relatório trimestral do progresso da convergência do primeiro trimestre de 2010 estão elencados os principais assuntos, bem como, as datas previstas para a publicação dos documentos e as melhorias efetuadas no método de trabalho dos dois órgãos para o alcance da convergência. A estimativa da finalização do projeto é o segundo trimestre de 2011 (IASB, 2010c).

Para obter sucesso em sua missão, o IASB empreende esforços colaborativos com a comunidade envolvida na elaboração de padrões contábeis, promovendo o engajamento com investidores, agências regulatórias, líderes de segmentos de negócios e profissionais de contabilidade globais em todos os estágios de seu processo (IASB, 2009b).

Na Figura 5, apresenta-se a estrutura para emissão e aprovação de normas do IASB.

Figura 5 – Processo de emissão e aprovação de Normas Contábeis Internacionais Fonte: IASB (2009b).

Apesar do IASB não ter poderes para impor suas normas contábeis localmente, sua influência, bem como dos demais órgãos envolvidos no processo, é capaz de assegurar a aceitação delas nos diversos países.

Na Figura 6, estão destacados os principais eventos que denotam a importância do IASB no aspecto da convergência contábil internacional.

Figura 6 – Sumário de eventos Fonte: Baseado em IASB (2009a e 2009b).

1973 Criação do IASC (IAS) 2003 Austrália, Hong Kong e Nova Zelândia adotam IFRS (IFRS 1) 2007 Mais de 100 países já adotam IFRS e eliminação de reconciliação SEC. 2005 Adoção das IFRS na E.U. 2009 Aceite dos balanços em IFRS de empresas sediadas no exterior na SEC 2002 Regul. 1.606 Norwalk Agreement 2001 Início de Emissão de IFRS 1995 Acordo com a IOSCO

Na próxima seção, discute-se a adoção das IFRS em outros países e as mudanças pelas quais eles passaram para se adaptar aos princípios embutidos naquelas normas.