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Parâmetros obtidos para análise da saturação de oxigênio muscular

oxigênio muscular

O padrão da saturação exibido na Figura 4.4 permite um amplo estudo da demanda ener- gética muscular ao longo do exercício. Foram considerados, a fim de averiguar possíveis influências da intensidade do exercício físico na saturação muscular, pontos principais que distinguem as curvas de saturação entre os sujeitos e entre as séries de repetições. Foram medidos:

[i)]O valor de saturação no repouso anterior ao início da série, Stin; O valor estaci- onário da saturação após a série, Stout; O valor mínimo da saturação, Stmin; Os parâmetros listados estão ilustrados na Figura 4.5 para uma curva típica de StO2. Analisando as curvas de saturação dos voluntários, percebeu-se que pode haver uma pequena reoxigenação no músculo a partir do ponto que o voluntário chega em Stmin. Notou-se, durante a coleta, que isso ocorria quando o voluntário alongava a amplitude de extensão do bíceps, permitindo uma pequena diminuição na tensão muscular nas últimas repetições, o que promovia uma pequena reoxigenação. Orientou-se os voluntários para que o músculo não fosse extendido por completo e, portanto, relaxado, mas entende-se que este é um mecanismo inconsciente do corpo para manutenção da realização do exercício, bem como o contrapeso com o tronco, mesmo em voluntários que praticam atividades de força há vários meses. Estes mecanismos inconscientes também são os responsáveis por introduzir artefatos de movimento nos dados. Como o valor da reoxigenação é baixo comparado aos outros valores de saturação estudados e advém de um mecanismo natural humano, entendeu-se que, orientando os voluntários a realizar o protocolo de maneira correta, os dados podem ser considerados para estudo.

Obteve-se os valores de saturação apresentados na Figura 4.5 para todas as séries de repetições de todos os voluntários. Então, calculou-se a média para séries realizadas com cargas altas e com cargas baixas. Os valores estão apresentados na Figura 4.6. As caixas dos boxplots englobam 50% dos dados (se iniciam no primeiro quartil e vão até o terceiro), enquanto a linha vermelha está associada à mediana dos dados. Os limites das linhas tracejadas são obtidos somando ou subtraindo da mediana 150% da largura da caixa, a fim de que somente ouliers não sejam englobados. Os pontos representados por uma cruz vermelha são os outliers da distribuição. Este padrão se repete em todos os boxplots apresentados neste trabalho. No eixo vertical da Figura 4.6 encontra-se o valor de StO2, em porcentagem. As caixas estão associadas a Stin, Stmin e Stout e às condições de carga baixa ou alta, identificadas no eixo horizontal.

Nota-se, pela Figura 4.6, que os dados indicam que Stin, Stout e Stmin não são funções da intensidade do exercício de forma geral, ou seja, não são distintos para carga alta e para carga baixa. Sendo assim, tais parâmetros não são eficazes para evidenciar alguma possível influência da intensidade do exercício físico na oxigenação tecidual. Pelos dados

Figura 4.5: Parâmetros a serem analisados numa curva típica de saturação de oxigênio no músculo recrutado pela atividade física. O número 1, em preto, ilustra o valor da saturação no repouso, anterior ao início da série, chamado de Stin. 2, em verde, representa o valor mínimo atingido pela saturação, chamado de Stmin. 3, em vermelho, indica o valor estacionário da saturação após a série, chamado de Stout.

apresentados, no entanto, percebe-se que as condições de repouso dos voluntários antes e depois da série de repetições, interpretados por Stin e Stout são similares e aparentam ser independentes do exercício em si. Em outras palavras, tais valores de saturação aparentam ser absolutos para cada voluntário, visto que não variam com o exercício. Inesperadamente, este resultado também se estende para Stmin, que também aparenta não depender da intensidade do exercício. Os dados de todos os voluntários podem ser encontrados na Tabela A.1, em anexo.

Além das saturações, investigou-se outros parâmetros, derivados da medida da satu- ração. Foram eles:

[i)]O intervalo de tempo, desde o início da série, para se atingir o mínimo da sa- turação, t1; O intervalo de tempo em que o voluntário se manteve no mínimo de saturação até o término da série, t2 e O intervalo de tempo, desde o término da série, para que a saturação voltasse a uma condição estacionária, t3.

Ilustrativamente, os intervalos de tempo mensurados estão exibidos na Figura 4.7, sobre as mesmas marcações feitas na Figura 4.5.

As médias de t1, t2 e t3 por carga para todos os voluntários estão apresentados na Figura 4.8, novamente em formato de boxplot. Nela, o eixo vertical mede o intervalo de tempo e as situações estão separadas por carga (alta ou baixa) pelo eixo horizontal.

A Figura 4.8 indica que apesar do tempo de recuperação t3 aparentar ainda não ser função da intensidade do exercício físico, os tempos t1 e t2 variam sensivelmente com a carga utilizada. Assim sendo, tais parâmetros são potencialmente úteis para análise da influência da intensidade do exercício físico na oxigenação do tecido muscular. Os dados de todos os voluntários podem ser encontrados na Tabela A.2, em anexo.

Figura 4.6: Boxplots dos valores de saturação no início (Stin), ao término (Stout) e o valor mínimo (Stmin) durante a série de repetições, distintos por carga (alta ou baixa) identi- ficada no eixo horizontal. Note que as distribuições não são significativamente distintas para o exercício feito com cargas altas e com cargas baixas.