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1 1 NOTA PRÉVIA

o 15: Para perder peso 29: Para me ajudar a controlar o peso

43: Porque o exercício físico ajuda-me a queimar calorias

6: Para poder pensar ?

? 6: Para poder pensar

4: Para me ajudar a parecer mais novo 17: Porque o exercício físico é revigorante

P :F . < 0 ,4 5 P:F. < 0 ,4 5

9: Porque gosto da sensação de me exercitar 23: Porque o exercício físico me satisfaz tanto no momento

da prática como fora dela

23: Porque o exercício físico me satisfaz tanto no momento da prática como fora dela

48: Porque me sinto na minha melhor forma quando faço exercício físico

35: Para me sentir mais saudável 9: Porque gosto da sensação de me exercitar

37: Por gostar da experiência de praticar exercício físico 42: Para desenvolver habilidades/capacidades pessoais

5

0

/

5

0 24: Para tirar partido/desfrutar dos aspectos sociais inerentes à prática do exercício físico F:1 F:4

17: Porque o exercício físico é revigorante F:5 F:6

30: Para evitar doenças do coração F:6 F:7

Assim sendo verifica-se que em ambos os grupos os factores originais “Força” e “Agilidade” se agrupam. Esta associação indica-nos a existência de

uma variável latente comum a ambos os factores, que neste caso poderá ser a condição física, já que ambos os factores representam qualidades físicas.

Verifica-se também que os itens do factor “Aparência” e “Peso” se associam no indivíduos mais jovens, apesar de no grupo mais idoso representarem factores isolados. Esta associação indica-nos que a aparência e o peso se encontram associados apenas nos mais jovens.

Esta associação entre a aparência e o peso poderá explicar a adesão ao exercício físico nos meses que antecedem o verão, já que a redução do peso é uma das consequências da actividade física regular. Com efeito, Lutter & Jaffer (1996) verificaram que a insatisfação com a imagem corporal se associa à percepção de uma baixa atracção física e baixa aceitação do sexo oposto, à pouca auto-confiança social e auto-aceitação, baixa afirmação pessoal e auto- compreensão e à pouca habilidade atlética.

Apesar disso, a natureza das relações entre a participação na actividade física e satisfação corporal são bastante complexas e multifacetadas, dependendo de um elevado número de factores. Como refere Davis (1997) se por um lado, a participação em actividades físicas poderá aumentar o tónus muscular e reduzir a percentagem de massa gorda, por outro lado, promove a exposição pública e comparação dos contornos corporais com outros praticantes e/ou com estereótipos de beleza mais exigentes, como modelos em revistas, vídeos, etc., aumentando a insatisfação corporal.

Verifica-se também que o item “4” (i.e. Para me ajudar a parecer mais novo), apesar de na estrutura original e na obtida com todos os sujeitos se integrar no factor “Aparência”, parece só ser uma razão importante para os sujeitos com idades superiores a 40 anos, já que para os sujeitos mais novos esse item apareceu associado com o item “6” (i.e. Para poder pensar).

Esta associação entre a “Aparência” e o parecer mais novo no grupo mais idoso parece reflectir uma valorização cultural da juventude. Como refere Garcia (1999:120) “vivemos numa sociedade orientada por valores jovens, onde a velocidade de mudança, e consequentemente a capacidade de adaptação a essas transformações são o princípio quase organizador desta nossa forma de

viver. O próprio saber, tradicionalmente associado à figura do idoso modifica-se, sendo cada vez mais uma experiência dos jovens”.

Observa-se ainda que nos sujeitos mais novos, os itens do factor “Prazer” têm um peso factorial reduzido, ao passo que nos sujeitos mais idosos se relacionam com a “Força” e “Agilidade”. Esta associação entre o “Prazer”, “Força” e “Agilidade” leva-nos a especular sobre a importância que estas duas qualidades físicas têm para os sujeitos mais idosos. De facto, a massa muscular pode decrescer até 50% no idoso, sendo as perdas predominantemente nas fibras do tipo II (Serranito, 2001b), ou seja as utilizadas aquando da realização de exercícios de força.

A diminuição destas duas capacidades, a partir da idade adulta, poderá igualmente conduzir a um cada vez maior sentimento de dependência em relação aos outros para a realização de determinadas actividades. Por sua vez, esta percepção de falta de autonomia, à luz da teoria da auto-determinação, relaciona-se com a diminuição da motivação intrínseca.

Apesar de algumas variáveis fisiológicas relacionadas com a saúde, como por exemplo a pressão arterial também evoluírem negativamente ao longo da idade (Franco & Moutão, 2003), o seu impacto ao nível da percepção de limitação e dependência de outros não é tão acentuado. De facto, uma pressão arterial elevada não impossibilita directamente que se apanhe um objecto do chão, ou se suba para cima de um banco, mas a força e resistência sim. Recentemente Schot, Knutzen, Poole, & Mrotek (2003) analisaram o efeito que um programa de oito semanas de treino de força exerce sobre a tarefa de levantar de uma cadeira, num grupo de idosos. Os resultados demonstraram uma melhoria significativa na capacidade de realização dessa tarefa e um padrão de execução próximo do verificado em sujeitos jovens.

Podemos então concluir que, à semelhança do verificado anteriormente, também a terceira hipótese formulada só se confirma em parte, já que se verificam simultaneamente aspectos díspares e comuns nas estruturas factoriais encontradas para os sujeitos com idades superiores e inferiores a 40 anos.

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66 CONCLUSÕES

Seguidamente enunciaremos aquelas que foram as principais conclusões referentes à realização da análise factorial exploratória ao QME. As conclusões serão apresentadas em função das hipóteses que guiaram a elaboração desta análise.

a) A estrutura factorial encontrada numa amostra ampla de praticantes e não praticantes de exercício físico, portugueses, difere da original:

Verifica-se o agrupamento dos factores “Desafio”, “Competição” e “Reconhecimento” e dos factores “Manter-se saudável”, “Revitalização” e “Prazer”;

Contrariamente à estrutura original que definia três escalas relacionadas com a saúde, da solução factorial obtida apenas emergem duas: uma relacionada com saúde positiva (i.e “Saúde/ Bem-estar”) e uma outra ligada ao seu aspecto negativo (i.e. “Pressão/ Doença”);

O termo “elegante” foi percepcionado como estando relacionado com a “Aparência” e não com o “Peso”, como preconiza a estrutura factorial original; Os factores originais “Afiliação”, “Stress”, “Agilidade” mantêm-se inalterados e o factor “Força” desaparece, dado que dois dos seus itens têm um peso factorial reduzido e o terceiro representa sozinho um único factor.

b) A estrutura factorial encontrada, numa amostra ampla de praticantes e não praticantes de exercício, portugueses, diferiu tendo em conta o género dos sujeitos:

O factor “Aparência” associam-se ao factor “Força”, no caso dos homens, e ao factor “Peso” no caso das mulheres;

A ambiguidade de interpretação dos itens “2” e “16” (i.e. saúde positiva vs doença) só se verifica no género feminino, já que no caso dos homens estes dois itens foram associados com a “Pressão/ Doença”;

Para o género feminino, os itens pertencentes ao factor original “Prazer” têm um peso factorial reduzido, enquanto que no masculino se associam aos factores “Saúde e “Revitalização”, tal como na estrutura geral;

os itens do factor original “Agilidade”, no caso das mulheres, juntam-se com os itens “22” (Para aumentar/melhorar a minha resistência) e “42” (Para desenvolver habilidades/capacidades pessoais), ao passo que no caso dos homens o factor “Agilidade” está representado isoladamente.

c) A estrutura factorial encontrada, numa amostra ampla de praticantes e não praticantes de exercício, diferiu de acordo com a idade dos sujeitos:

No grupo mais novo, os itens do factor “Aparência” e “Peso” aparecem agrupados, ao passo que no grupo de mais idade representam factores isolados;

O item “4” (i.e. Para me ajudar a parecer mais novo), apesar de na estrutura original se integrar no factor “Aparência”, parece só ser uma razão importante para os sujeitos com idades superiores a 40 anos, já que para os sujeitos mais novos esse item apareceu associado com o item “6” (i.e. Para poder pensar);

No caso dos sujeitos mais novos, o factor “Prazer” têm um peso factorial reduzido, ao passo que nos sujeitos mais idosos relaciona-se com a força e flexibilidade.

Deste modo, as três hipóteses formuladas inicialmente para este estudo não se confirmam na sua totalidade, já que as estruturas factoriais encontradas são distintas da original e alteram-se de acordo com as características pessoais dos sujeitos, espelhando uma diferença de atribuição de significados aos aspectos motivacionais avaliados.

CAPÍTULO IV - 2º ESTUDO: MOTIVOS PARA