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4 Paradoxos e contradições: Deus não existe

Ao deus bíblico (e a qualquer outra deidade criada pela a mente humana) foi adicionada uma série de paradoxos que torna impossível a sua existência. Quando os autores destes seres mitológicos os criaram século após século, relato após relato, não perceberam que estavam compondo um personagem tão carente de lógica, que o crente teve que imaginar um ramo acadêmico que tentasse explica-lo; com raciocínios filosóficos obtusos e enredados com o objetivo de demostrar a si mesmos, e ao resto das pessoas, que esse personagem que lhes haviam vendido não podia ser una mera fantasia (teologia). Se usarmos as qualidades do deus bíblico em particular:

33 onipresença, Onibenevolência, onisciência, onipotência, etc., podemos observar facilmente a impossibilidade de um ser com tais características. Este subproduto de divindades anteriores, chamado Deus (do grego Zeus) e composto por duas deidades distintas (El e Yavé) é um personagem impossível e autocontraditório. Ao crente religioso judaico-cristão atual sé lhe resta como desculpa em defesa de suas crenças afirmarem que estas contradições são “mistérios” e o comportamento deste ser literário “um caminho misterioso” e “inescrutável”. (já conhecemos a facilidade que possui esse tipo de pessoa para usar “tapa-furos” quando algo contraria suas crenças absurdas). Para comprovar se esse “ser” pode existir ou não, o que faremos é presumir que esse personagem literário existe e possui as qualidades que os autores que o compuseram lhe atribuem.

1 - Onipotência

Paradoxo da onipotência (M. H. Swan):

1. Poderia deus criar uma pedra que nem ele mesmo poderia levantar?

2. Deus em sua infinita onipotência pode criar tal pedra, mas se o faz, deixará de ser onipotente, já que não poderá levantá-la.

Adição ao paradoxo da onipotência (J. L. Cowan):

1. Ou Deus pode criar uma pedra que ele não pode levantar, ou ele não pode criar uma pedra que não possa levantar.

2. Se Deus pode criar uma pedra que não é capaz de levantar, então Deus não é onipotente (Já que ele não pode levantar a pedra em questão).

3. Se Deus não pode criar uma pedra que ele não possa levantar, então Deus não é onipotente (Já que ele não pode criar a pedra em questão).

4. Portanto Deus não é onipotente.

5. Se Deus não é onipotente, não é Deus.

Contradição da onipotência com a Onibenevolência:

1. Se o mal é a ausência do bem e devido a isso Deus não pode atuar contra o mal, não é onipotente.

2. Se puder atuar, mas não quer fazê-lo, não é onibenevolente. Tentativas de solução

Para que o problema fosse resolvido, diversas tentativas foram elaboradas. Por exemplo, poder-se-ia assumir que o deus onipotente também é capaz de aprender e progredir, logo Ele criaria a pedra inamovível e em seguida já teria poder suficiente para levantá-la, sendo assim omnipotente. Contudo este problema ainda não pode ser resolvido desta maneira, pois com uma pequena alteração do questionamento, a

34 onipotência é colocada novamente em cheque: Deus poderia criar uma pedra que nunca poderia mover?

Uma tentativa de solução relacionada ao problema, dentro dos padrões teológicos, é arbitrariamente decretar que "Deus está acima da lógica humana, não estando submisso a esta". Dessa forma, seria hipoteticamente possível que Deus fosse onipotente e sua existência poderia ser cabível com o paradoxo da onipotência. Mas tal afirmação é considerada uma variação da falácia argumento da ignorância.

Tomás de Aquino tentou responder esta questão de forma elaboradamente complexa. Ele diz que a onipotência de Deus não está em fazer atos impossíveis, e sim poder fazer todos os atos possíveis (Quem criou as coisas impossíveis até para Deus?). Logo, há coisas que Ele mesmo não pode fazer, sem que com isso perca sua onipotência, segundo a definição dada pelo filósofo. Poder-se-ia citar outras capacidades impossíveis para Deus:

1. Deus não pode fazer eu alguém parado e correndo ao mesmo tempo (mesmo corpo)

2. Deus não pode fazer um círculo ser ao mesmo tempo um triângulo.

3. Deus não pode fazer alguém mais poderoso que Ele (dizer que pode é o mesmo que afirmar que Ele não tem poder extremo e que alguém pode ser superior a Ele)

4. Deus não pode fazer o passado deixar de ter existido. Já era, se aconteceu, não pode deixar de ter acontecido.

- São Tomás de Aquino se expressa nas seguintes palavras: Deus, pela perfeição do seu poder, pode tudo, mas lhe escapa à potência o que não tem natureza de possível. (Quem criou a natureza do impossível?) Assim também, se atendermos à imutabilidade do seu poder, Deus pode tudo o que pôde; porém, certas coisas que, antes quando eram factíveis, tinham a natureza de possível, já não a têm quando feitas. E, então dizemos que não as pode, por não poderem elas ser feitas. Pode-se concluir que Tomás de Aquino afirma que a onipotência não existe, e que Deus não é onipotente.

- São Jerônimo diz: Deus, que pode tudo, não pode fazer que uma mulher violada seja não-violada. Para o caso do passado deixar de ter acontecido diz: "O poder de Deus, como dissemos, não abrange o que implica contradição. Ora, o passado não ter sido implica contradição. Pois, assim como a implica dizer que Sócrates está e não está sentado, assim também que esteve e não esteve sentado. Porque, se dizer que esteve sentado é enunciar um passado, dizer que não o esteve é enunciar o que não se deu. Por onde, não está no poder divino tornar inexistente o passado. E é o que diz Agostinho: Quem diz: se Deus é onipotente torne o feito não feito, não vê que diz: se é onipotente torne falso o que em si é verdadeiro. E o Filósofo: Deus só está privado de tornar o feito não feito". Ou seja, São Jerônimo afirma que Deus está submisso ao tempo e, portanto não tem poder sobre ele, então não sendo onipotente.

- Santo Agostinho diz: “Aquele que diz: ‘Se Deus é onipotente, faça que o que foi feito não tenha sido feito’, não percebe o que está dizendo: ‘Se Deus é onipotente que ele faça que o que é verdadeiro, enquanto tal, seja falso’.” “A Deus só lhe falta isso:

35 tornar não feito o que foi feito”. Afirmação que recorre ao mesmo erro de São Jerônimo.

2 – Onibenevolencia

Paradoxo do mal (Epicuro):

1. Ou Deus quer evitar o mal e não pode;

2. Ou Deus pode e não quer;

3. Ou Deus não quer e não pode;

4. Ou Deus pode e quer.

Adição ao paradoxo do mal (Lactâncio):

1. Se Deus quer [evitar o mal] e não pode, então é impotente, e isto contraria a condição de Deus.

2. Se Deus pode e não quer, então é mau, e isto é igualmente incompatível com Deus.

3. Se Deus não quer e não pode, então é mau e impotente, e, portanto, não é Deus.

4. Se Deus quer e pode… Então de onde vêm os males? E por que não acaba com eles?

Paradoxo relativo à onisciência:

Deus poderia eliminar sua onisciência?

 Se puder eliminar sua onisciência isto contraria sua condição de Deus, já que uma das qualidades intrínsecas de Deus é sua onisciência. Se um deus não é onisciente não pode ser deus.

Paradoxo relativo à sua eternidade e existência:

1. Deus poderia eliminar sua eternidade ou eliminar sua existência?

2. Se puder, então não seria eterno.

3. Se não puder, então não seria onipotente.

4. Se Deus pode eliminar sua eternidade não é Deus.

5. Se Deus não pode eliminar sua eternidade não é onipotente. Paradoxo da autocontradição:

1. Deus poderia eliminar sua onipotência?

2. Se puder eliminar sua onipotência deixa de ser deus, já que uma das qualidades para ser deus é ser onipotente. Um deus que pode NÃO ser onipotente não pode ser deus.

3. Se não puder eliminar sua onipotência não é onipotente. Um deus que não é onipotente não é deus.

36 Contradição entre a Onibenevolência e a onipotência:

1. Se o mal é a ausência do bem e deus não atua contra o mal,

2. Ou deus não pode atuar contra o mal porque não pode ter acesso (já que está ausente), então não é onipresente e tampouco é onipotente.

3. Ou deus não pode atuar contra o mal porque não quer, então não é onipotente e nem onibenevolente.

Adição como contradição entre Onibenevolência e onipresença:

Ou deus não pode ter acesso ao mal porque não é onipresente.

Ou deus não quer ter acesso ao mal porque não é onibenevolente.

3 - Onipresença

Paradoxo e contradição entre onipresença e onipotência:

1. Deus poderia NÃO estar em todas as partes?

2. Se puder NÃO estar em todas as partes, não é onipresente.

3. Se NÃO puder NÃO estar em todas as partes, é onipresente, mas NÃO é onipotente.

4. Se, ao ser onipresente não puder ser onipotente, para que chama-lo deus? Resposta à desculpa teológica sobre o paradoxo da onipresença:

1. Se o mal é a ausência do bem e o mesmo acontece com a onipresença, Deus esta ausente em certas partes.

2. Se existem certas partes onde esse deus está ausente, esse deus NÃO é onipresente.

Contradição com a Onibenevolência:

1. Poderia um ser onipresente e onibenevolente não atuar contra o mal?

2. Se deus é onipresente (está em todas as partes) e não atua contra o mal, não é um deus onibenevolente.

3. Se deus é onipresente e não pode atuar contra o mal, não é onipotente.

4. Se deus é onipresente e não quer atuar contra o mal, não é onibenevolente.

5. Se não pode detectar o mal, não é onipresente nem onisciente.

6. Um deus com falta de alguma destas qualidades não é deus. Extensão:

1. Se deus observa o mal e não atua, não é onibenevolente.

2. Se observar o mal e não puder atuar, não é onipotente.

3. Se observar o mal e for indiferente a ele, não é onisciente. (já que se fosse onisciente saberia que é o mal e também saberia todas as suas implicações)

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4 - Onisciência

Paradoxo da onisciência:

1. Se deus criou todo o conhecimento e ele tinha conhecimento de antemão, isto implicaria em uma contradição circular: Deus não poderia ter sabido tudo antes que existisse nenhum conhecimento para saber.

Paradoxo da predestinação (contradição com o arbítrio):

1. Se Deus pudesse saber tudo de antemão, seria necessário crer que todos os acontecimentos possíveis de acontecer estariam predestinados.

Contradição com a Onibenevolência e a onipresença:

1. Se deus sabe que vai acontecer algo ruim e não o evita, não é onibenevolente.

2. Se deus sabe que vai acontecer algo ruim e o evita, o livre arbítrio não existe.

3. Se deus sabe que vai acontecer algo ruim e não pode evita-lo, não é onipotente.

4. Se deus não sabe que vai acontecer algo ruim, não é onisciente. Atuação

Contradição de sua onisciência com o livre arbítrio:

1. Se deus atua de determinada forma para conseguir um fim predeterminado (já que deus sabe de antemão que consequências terão), o livre arbítrio não existe.

2. Se deus não atua e com isso se consegue um fim predeterminado (que deus sabe que acontecerá ao não atuar), o livre arbítrio não existe.

Contradição com sua equidade:

1. Se deus atua em determinado momento (sabendo, devido à sua onisciência, o que acontecerá), mas não atua em outro, não é equitativo.

2. Se deus atua para conseguir uma determinada causa (sabendo, devido à sua onisciência, qual será o fim), não é equitativo e contradiz o livre arbítrio.

3. Se existe um deus e este não pode atuar, não é onipotente.

4. Se existe um deus e não quer atuar, não é onibenevolente. Justiça e equidade

Contradições com sua onisciência:

1. Se deus é onisciente e sabe o que vai acontecer de antemão, pode ser justo e equitativo?

2. Se deus é eterno (está além do tempo e do espaço), não pode ser justo e equitativo e ao mesmo tempo onisciente já que, se ao atuar de determinada

38 forma beneficiasse a uns prejudicando a outros, não poderia ser justo e equitativo.

3. Se escolher a quem ajudar e a quem não ajudar, não é justo, nem equitativo, nem onibenevolente.

4. Se não escolhe a quem ajudar (não ajudando ninguém), é justo e equitativo, mas não é onibenevolente.

5. Se não pode escolher, não é onipotente.

6. Se puder escolher, não é justo e nem equitativo.

7. Se não pode ser justo e equitativo, não é onipotente.

8. Se carecer de alguma destas qualidades, não é deus. Referência aos castigos:

Se deus dá o livre arbítrio, não pode realizar nenhum tipo de justiça.

 Se deus realiza qualquer tipo de justiça, não existe o livre arbítrio. Já que se existe o livre arbítrio, não existem causas negativas que o condicionem.

Se deus não atua castigando, não existe justiça em seu comportamento.

Se deus não pode realizar justiça, não é onipotente.

 Se deus não quer castigar (usando sua misericórdia - algunos alegam que esta é infinita) não é justo.

Se deus não é justo, não é deus.

Se deus não pode ser justo, não é onipotente.

 Se deus usa sua onipotência para castigar, não é justo, nem equitativo e nem misericordioso.

Se deus castiga, não é onibenevolente.

 Se deus castiga sabendo de antemão que o faria (onisciência), não existe livre arbítrio.

Relativo à sua misericórdia:

1. A misericórdia é a suspensão da justiça. Se a justiça é suspensa em determinadas ocasiões, não existe equidade.

Paradoxo teológico do bem e do mal:

1. Se o mal é a ausência do bem, o bem é a ausência do mal. Se o mal está ausente só existe o bem, se o bem está ausente só existe o mal.

2. Se deus existe e é onibenevolente, por que existe o mal? Se deus é onibenevolente e está em todas as partes (onipresença), por que nem tudo é bom?

3. Se nem tudo é bom, deus é mau?

4. Se for mau, não é onibenevolente?

5. Se deus está em todas as partes (onipresença), também está no mal?

6. Se deus está no mal, não é onibenevolente. Contradição com a relatividade:

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 Se o bem e o mal são relativos, deus também é relativo. Se deus é relativo, não puede ser equitativo.

Se deus não pode ser relativo, não é onipotente.

Se deus não é equitativo, é injusto.

Se deus é injusto, não pode ser onibenevolente.

Se deus não pode ser onibenevolente, não é onipotente.

 A Onibenevolência (amor infinito) é uma qualidade de deus. Se este carece dela, não é deus.

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