• Nenhum resultado encontrado

4 ASPECTOS RELEVANTES DAS ALTERAÇÕES

4.9 Parcelamento da arrematação

Em primeiro lugar é importante assinalar o significado do vocábulo arrematação. Segundo Castro47, originalmente, arrematar traduzia o ato de dar por vendidos os bens que iam à hasta pública, em decorrência do costume de o meirinho, feito o último pregão, proclamar: Há quem mais dê? Se não remato. Daí surgiu o atual verbo: “Arrematar é tornar último o lanço que se fez” Miranda48. Porém o objetivo principal da arrematação é a conversão do bem penhorado em dinheiro.

A publicação da Lei 11.382/2006 trouxe outra importante novidade para o procedimento de arrematação ao permitir seu parcelamento, conforme contido nos parágrafos do art. 690 ao dispor:

[...]

§ 1o. T ratando -se d e bem imó vel, q ue m estiver interessado em adquiri-lo em p restações poderá apresentar por escr ito sua propo sta, nunca inferior à avaliação, co m o ferta de pelo meno s 30 % (trinta

46 Furlan, (2008, apud Cunha) 47 apud ASSIS, 2007, p. 699 48 apud ASSIS, 2007, p. 699

por cento) à vista, send o o restante garantido p or hipoteca sobre o próprio imó vel.

§ 2o. As propostas para aquisição em prestações, que serão j untad as

aos auto s, ind icar ão o prazo, a modalid ade e as co nd içõ es d e pagamento do saldo.

§ 3o. O juiz decid irá por ocasião da praça, dando o bem por

arrematado pelo apresentante do melhor lanço ou propo sta mai s conveniente.

§ 4o. No caso d e arr ematação a p razo, os p agamento s feitos pelo

arrematante per tencerão ao exeq üente até o limi te de seu cr édito, e os subseq üentes ao executado.

Com a introdução da nova Lei de Execução, o art. 700, do CPC, que previa o parcelamento após oitiva das partes, com a primeira parcela não inferior a 40% (quarenta por cento), foi expressamente revogado.

Faz-se então a indagação. Os parágrafos do art. 690 têm aplicação na execução fiscal?

É importante destacar que está sendo parcelado não o crédito tributário, mas o valor correspondente à arrematação em hasta pública.

Contudo, tratando-se de execução fiscal em que são exeqüentes a Fazenda Nacional ou Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, existe dispositivo especial tratando do parcelamento das arrematações. É a Lei nº 8.212/91, no seu art. 98, e seus parágrafos, que tratam detalhadamente essas condições:

Art. 98. Nas execuções fiscais da dívida ativa do INSS, o leilão judicial do s bens penh orados realizar -se-á po r leiloeiro o ficial, ind icado pelo cr edor, q ue proced erá à hasta p ública:

[...]

§ 1º . Poderá o juiz, a requerimento do credor, autorizar seja parcelado o pagamento do valor da arrematação , na for ma pr evista para o s par celamentos ad ministr ativo s de d ébito s previdenciár io s. § 2º . T odas as co ndições do parcelamento dever ão constar do edital de leilão.

§ 3º . O débito do executado será q uitado na pr oporção do valor de arrematação.

§ 4º . O arrematante dever á depo sitar, no ato, o valor da pr imeir a parcela.

§ 5º . Realizado o depósito, será exped ida carta de arrematação , contendo as seguintes dispo siçõ es:

a) valor da arrematação, valor e número d e parcelas mensais em q ue ser á pago;

b) constituição de hipo teca do bem adq uir ido, ou de penhor, e m favo r do credor, ser vindo a carta d e título hábil p ara registro d a gar antia;

c) indicação do arre matante co mo fiel depo sitário do bem mó vel, quando co nstituído penhor

d) esp ecificação dos critér io s de reaj ustamen to do saldo e das parcelas, q ue ser á semp re o mesmo vigente par a os parcelamento s de débito s previdenciár ios.

§ 6º . Se o arrematante não p agar, no vencimento, q ualq uer da s parcelas mensais, o saldo d evedor r emanescente vencer á antecipad amente, q ue será acrescido em cinq üenta por cento de seu valor a título de multa, e, i mediatamente inscrito em d ívid a ativa e executado.

[...]

§ 11. O dispo sto neste artigo aplica-se às execuções fiscais da Dívida Ativa da União.

Desse modo, nas execuções patrocinadas pelo INSS e Fazenda Nacional, poderá ser deferido o parcelamento do valor da arrematação somente nas condições já estabelecidas administrativamente. É necessário, no entanto, que tais condições de parcelamento estejam previstas no edital da hasta.

A jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais vêm se manifestando no mesmo sentido:

T RIBUT ÁRI O E P ROCESSUAL CI VI L. AGRAVO DE INST RUM ENT O. E XE CUÇÃO FISCAL. DE CISÃO QUE INDE FE RI U PE DIDO DE QUE FOSSE CONSIGNADO, NO EDIT AL DE LEI LÃO, AS CONDI ÇÕES P ARA O P AGAME NT O PARCE LADO DO M AI OR LANÇO. ART . 98 DA LEI 8.212/91 , COM RE DAÇÃO DADA PE LA LEI 952 8/97. AGRAVO IMPROVI DO. 1. O § 1 º do art. 98 da Lei nº 8.212/91 co nfere ao credor a faculd ade de optar pelo paga mento do valor da arrematação de for ma p arcelada. 2. A expressão ‘pod erá’ contida no refer ido § 1º não se trad uz em uma ordem, mas tem o magistrado, na med id a em q ue d eve zelar pela rápida so lução do litígio e, ainda, imp edir a prática d e atos q ue po dem pro vocar tumulto processual, e ger ar infindáveis incidentes p rocessuais, a faculd ade de deferir, o u não, a for ma d e pagamento ind icada no referid o dispo sitivo de lei, fazendo -o de for ma fund amentada. 3. Co nsider ando que, no caso, as razões co ntidas na decisão agr avada são relevantes, fica mantida a decisão agravada, q ue indeferiu o pedido para q ue fo ssem consignadas, no edital de leilão , as co nd ições para o paga mento parcelado do maior lanço. 4. Agr avo i mpro vido. (T RF d a 4ª Região. AG – 115340 /SP. 2000 03000448720. Relatora juíza Ramza tartuce de 12/12/20 05. P ublicad o no DJ em 15 /03/2006 , p 336);

AGRAVO DE I NST RUME NT O. EXE CUÇÃO FI SCAL. ARREM AT AÇÃO. P ARCE LAM ENT O. LI MI T ES. 1. Co mo a ora agr avante pleiteo u a arr ematação do b em de fo r ma parcelad a, co m base no ar tigo 98 da Lei nº 8.212/91, c/c o s artigo s 1º e 3º da MP nº 303/06, e a Fazenda Nacio nal não co ncordo u co m o ped ido, correta a decisão q ue indeferiu a proposta de arrematação . 2. A arrematação a prazo so mente pode ser co ncedida na for ma e modo dispo stos em lei, dos q uais o Fisco não pode se desviar. (T RF d a 4 ª Região. AG – 200604000311858/RS. Relator Álvaro Ed uardo Junq ueira d e 29/11 /2006 . Pub licado no D.E e m 1 9/01/2007).

Por fim, conclui-se que, em se tratando de dívida ativa do INSS ou da Fazenda Nacional, o parcelamento não é direito do arrematante, mas uma faculdade do exeqüente em conceder ou não. A concessão dependerá de ato administrativo e não do juiz.

Documentos relacionados