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A parceria na construção civil é um fator chave para melhorar o desempenho dos projetos, assim como melhorar a satisfação dos clientes e a vantagem competitiva das empresas. Esses benefícios foram constatados no relatório de Egan (1998) que através de uma força tarefa para mapear o atual estado da construção civil britânica, evidenciou que a parceria é uma poderosa ferramenta para proporcionar um melhor desempenho dos projetos, onde a cadeia de suprimentos se torna um fator fundamental para impulsionar a inovação e a melhoria do desempenho das empresas.

Egan (1998) propôs que essa nova mentalidade de parceria na construção civil constitua uma nova fase em busca da satisfação de todos os envolvidos em um projeto. Sharma e Sheth (1997) mencionam que um diferencial estratégico é romper o tradicional envolvimento entre compradores e fornecedores, de forma a tratar os fornecedores menos como vendedores e mais como parceiros.

Dentro desse contexto, Wilson (1995) menciona que existem dois tipos de relacionamento entre compradores e fornecedores: relacionamento competitivo e colaborativo. Em um relacionamento competitivo, o objetivo do comprador é unicamente o preço. O comprador conta com um grande número de fornecedores que podem ser “jogados” uns contra os outros para reduções de preços. No relacionamento colaborativo, a essência está nos parceiros adotarem um elevado grau de cooperação para manter uma relação comercial ao longo do tempo, motivados pelo compromisso mutuo de agregarem valor à relação.

Humphreys et al. (2001) acrescentam que tradicionalmente as relações comprador – fornecedor foram consideradas como adversas e puramente comerciais, contudo, as relação compradores – fornecedores atualmente movimenta-se em direção a uma abordagem mais colaborativa entre as partes, motivado principalmente pelas empresas reconhecerem que os fornecedores são fontes essenciais para ganhar vantagem competitiva em termos de seu conhecimento e experiência.

Spekman (1988) já apontavam que o aumento da concorrência forçavam os compradores a procurarem fornecedores cujos conhecimentos e competências possam ser aproveitadas. Assim, para obter tais vantagens competitivas e desenvolver um relacionamento de longo prazo com seus fornecedores, compradores devem romper o tradicional relacionamento com seus fornecedores com base no preço e moverem-se em caminho do relacionamento colaborativo, ou seja, de parceria.

Dessa maneira, Tuten e Urban (2001) através de uma pesquisa em vários setores industriais, incluindo a construção civil, obtiveram dos participantes alguns fatores que motivaram as empresas a formarem parcerias. Os fatores foram:

 Desejo de reduzir os custos

 Melhorar a vantagem competitiva

 Melhoria dos indicadores de desempenho

 Aumentar a qualidade do produto / serviço

Segundo Love et al. (2001) a parceria pode ser classifica em quatro níveis, conforme visualizado na figura 1. No primeiro nível, o contato entre as empresas é superficial. A formação da parceria é apenas devido a exigências contratuais (pratica comum em relações na construção civil) e como as empresas não estão à procura de compromissos e a relação é baseada no mínimo de comunicação, elas mantem um alto nível de confronto, que pode resultar em conflitos e disputas.

No segundo nível, as organizações mudam sua forma para se adaptarem a um contato mais amplo entre as partes. No entanto, os limites ainda são rígidos e impermeáveis de modo a que as empresas protegem seus interesses e recursos em um ambiente competitivo. Tal limite dificulta o desenvolvimento da confiança entre as empresas. O contrato permanece como a evidência da negociação, apesar de maior comunicação, interação e adaptação mútua. Entretanto, estes servem apenas para proteger seus próprios interesses, embora alcancem um objetivo comum e um ganho mútuo, mas as relações antagônicas ainda prevaleçam.

No terceiro nível, as fronteiras entre as organizações são substituías por uma membrana semipermeável (como indicado por linhas tracejadas, ver figura 1).As linhas tracejadas permitem

que os recursos, tais como conhecimento e experiência, possam ser compartilhados entre as partes, embora o interesse próprio ainda seja predominante neste nível e se houver algum mal entendido, os limites podem tornar-se rígidos novamente.

Por último, no quarto nível, a parceria é fundada e a confiança formada. Os limites entre as três organizações são indicadas pelas linhas tracejadas (semipermeável) e linhas pontilhadas (permeável). As linhas tracejadas formam a nova organização de parceria e suas fronteiras. As principais contribuições de recursos ou investidos na parceria são o conhecimento e a experiência compartilhadas entre as partes que pretendem criar um clima de aprendizado. As linhas pontilhadas que eram inicialmente os limites semipermeáveis entre as organizações tornam-se mais permeáveis à troca de conhecimentos, experiências, ideias e opiniões.

Como resultado, esta permeabilidade beneficia os membros com uma maior interação, comunicação, confiança e compromisso. Esse ambiente forma uma parceria para os benefícios e objetivos comuns. O aprendizado deve ser o elemento central e o desenvolvimento de uma cultura de aprendizem contínua deve ser o objetivo final.

Figura 1 - Os quatros níveis da parceria.

Fonte: Love et al., 2001.

Carraway e Spekman (2006) ressaltam que parceiros comerciais com um histórico de interação contraditória acabam acentuados pela complexidade do atual ambiente de negócios e, para progredir a um nível de parceria, essas empresas necessitam:

 Facilitar a multi-função e a interação multi-nível;

 Pro-atividade para explorar oportunidades, de modo aumentar as competências para agregar valor aos clientes;

 Alcançar a integração dentro e fora das fronteiras das empresas para maximizar a probabilidade de aceitação de bens e serviços no mercado;

 Pensar a longo prazo, à procura de soluções ganha - ganha para o comprador, vendedor e cliente.

Ehret e Ploeter (2006) acrescentam que várias forças estão levando os clientes e seus fornecedores para níveis mais intensificados de colaboração, ao qual resulta em uma integração vertical (parceria). Como consequência, a colaboração entre

compradores e fornecedores se torna mais intensa, motivando uma relação mais colaborativa e efetiva para ultrapassar as forças atuais do mercado.

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