8. Estado de limitação de danos
9.4. Paredes
De acordo com o EC2 Artº. 9.6.1 (1), os elementos estruturais considerados como paredes são aqueles cujo comprimento é igual ou superior a quatro vezes a sua espessura e em que a armadura é considerada no cálculo da capacidade resistente.
Para o dimensionamento das armaduras verticais, de acordo com o artº 9.6.2 do EC2, a área de armadura tendo em conta toda a secção da parede deve situar-se entre os seguintes limites:
116 Dimensionamento | Quando a área mínima de armadura decorre de cálculo, metade dessa área deve ser disposta em cada face. A distância entre varões verticais adjacentes está condicionada, não devendo ser superior ao menor dos dois seguintes valores: três vezes a espessura da parede ou 400mm. Neste tipo de elementos em que uma secção é mais alongada que a outra, a sua capacidade resistente às ações horizontais é essencialmente numa única direção, por isso devem ser dimensionadas à flexão, atribuindo a resistência às suas extremidades onde a armadura deve ser concentrada, (contribuindo para um aumento do braço interno e uma maior ductilidade disponível em curvatura). A armadura de flexão a colocar nos elementos de extremidade deve ser dimensionada usando-se as seguintes expressões:
Fs = (9.60)
As =
(9.61)
Em que:
z braço do binário entre as armaduras de extremidade.
Figura 17: Esquema do método de cálculo da armadura de flexão numa parede.
Desde que não ocorra redução da resistência total requerida é permitida a redistribuição até 30% de esforços sísmicos entre paredes sísmicas primárias; (EC8 Art.º 5.4.2.4(2)).
De acordo com o art.º 5.4.3.4.1 do EC8, o valor do esforço normal reduzido νd não deve ser superior a 0,4. As paredes dispostas por seções em diferentes direções (por ex. núcleos) devem ser consideradas como seções únicas e no cálculo da capacidade resistente à flexão de secções de elementos compostos a largura dos banzos a considerar para cada lado das almas é dada pelo menor dos seguintes valores (art.º 5.4.3.4.1(4) do EC8):
| Dimensionamento 117 b) Metade da distância de uma alma adjacente da parede;
c) 25% da altura total da parede acima do nível considerado.
Nos elementos de extremidade deve-se adotar um valor mínimo de armadura longitudinal definido no artº.5.4.3.4.2(8) do EC8, ou seja, 0,5 % da área de betão.
A espessura da alma bwo (em metros) deverá satisfazer a seguinte expressão, de acordo com EC8 Art. 5.4.1.2.3(1):
bwo max (9.62) Em que;
hs é a altura livre entre pisos
As armaduras horizontais devem ser dispostas paralelamente aos paramentos da parede em cada face, não devendo a sua seção ser inferior a As, hmin dada pela seguinte expressão (EC2 Art.º9.6.3 (1)):
As, hmin = max (9.63) A distância entre dois varões horizontais adjacentes não deve ser superior a 400 mm.
De acordo com o art.º 9.6.4 do EC2, numa parte da parede onde a área total da armadura vertical nas duas faces é superior a 0,02 Ac devem dispor-se armaduras transversais em forma de estribos ou ganchos com os requisitos relativos aos pilares e no caso da armadura principal ser colocada mais próxima das faces da parede, deve utilizar-se uma armadura transversal constituída pelo menos por quatro estribos por m2 de área de parede.
Para o dimensionamento da armadura de confinamento devida nas zonas críticas do elemento parede deve-se usar o dimensionamento prescrito no EC8. No entanto se uma das duas condições seguintes for satisfeita, a armadura transversal dos elementos de extremidade definida anteriormente poderá ser determinada apenas de acordo com o EC2:
a) O valor do esforço normal reduzido de cálculo νd não é superior a 0,15;
b) O valor de νd não é superior a 0,20 e o coeficiente q utilizado na análise é reduzido em 15%.
A altura da zona crítica hcr acima da base da parede deverá ser calculada de acordo com o EC8 Art.º 5.4.3.4.2 pelas seguintes expressões:
118 Dimensionamento | hcr = max (9.64) em que:
lw – maior dimensão em planta da parede;
hw – altura total da parede acima da fundação ou nível do solo se existirem caves;
hs – altura livre entre pisos; n – número de pisos
O método adotado para o cálculo da armadura de confinamento dos elementos de extremidade das paredes está dependente da seção do elemento. Para paredes de seção transversal retangular, a taxa mecânica volumétrica de armadura de confinamento necessária ( wd) de acordo com o EC8 art.º5.4.3.4.2(4) determina-se através da aplicação da seguinte expressão:
α wd μφ (νd + v) . εsy,d . - 0,0035 (9.65) em que:
v é a taxa mecânica das armaduras verticais de alma; v = ρv fyd,v/fcd.
A extensão do elemento de extremidade a confinar poderá determinar-se de acordo com a seguinte expressão: lc = xu (1- εcu2/ εcu2,c) ,15 1,5 (9.66) xu = (νd + v) c o (9.67) εcu2,c = 0,0035 + 0,1 α wd (9.68) v =
(9.69) νd =
(9.70) em que:
bw - é a menor dimensão da parede em planta;
lc - extensão do elemento de extremidade;
| Dimensionamento 119
εcu2 - extensão de compressão para a qual se prevê o destacamento do betão (cu2 = 0,0035 (art.º 5.4.3.4.2(6) do EC8);
εcu2,c - extensão máxima do betão confinado; v - taxa mecânica da armadura vertical na alma;
NEd esforço axial para a combinação sísmica;
bc (i) largura da alma da parede ou (ii) do banzo caso exista e contenha toda a zona comprimida, valor que também deve ser usado no cálculo de νd;
b0 largura do elemento confinado (medido a eixo das cintas);
hc comprimento da alma da secção da parede;
Asv armadura da alma.
Após a definição do método a utilizar para o dimensionamento das paredes, procedeu-se à análise dos esforços no modelo de cálculo para se iniciar o dimensionamento, de acordo com os seguintes passos:
1. Verificação se o esforço axial reduzido na parede é inferior a 0,4, tendo em conta o esforço mais condicionante:
Quadro 80: Quadro esforço axial reduzido parede PA1-Y
Observando o quadro anterior verifica-se que o esforço axial reduzido é inferior a 0,4 logo verifica.
2. Dimensionamento da armadura de flexão nos elementos de extremidade, tendo em conta os esforços mais condicionantes de cálculo, usando-se as expressões 9.60 e 9.61, determinou-se o comprimento mínimo, lc, do elemento de extremidade através da expressão 9.65:
120 Dimensionamento | Obteve-se uma área de armadura de flexão no valor de 18,97 cm2, adotou-se 10 Ø 16 mm, equivalente a uma taxa de armadura, ρ, de 0,013, maior que 0,5%, logo, a área de armadura encontra-se verificada.
3. A altura crítica da parede é calculada através da expressão 9.63, obtendo-se o resultado do quadro seguinte:
Quadro 82: altura crítica parede PA1-Y.
Como se pode verificar a altura crítica é igual á altura livre entre pisos, logo não é necessário calcular a dispensa de armadura.
4. Armadura mínima de flexão a colocar entre os elementos de extremidade deve ser dimensionada de acordo com a seguinte expressão: 0,002 Ac, obtendo-se os resultados no seguinte quadro:
Quadro 83: Armadura de flexão entre elementos de extremidade.
Dimensionada a armadura longitudinal deve-se verificar se verifica a armadura máxima e mínima dada pela expressão (9.59) ver quadro 84:
Quadro 84: Verificação da armadura flexão adotada.
| Dimensionamento 121 5. Estando definida a armadura longitudinal, inicia-se o dimensionamento da armadura
transversal, de acordo com o art.º 5.4.2.4(7) do EC8, os valores de cálculo dos esforços transversos devem ser majorados em 50% em relação aos esforços transversos obtidos da análise, devendo-se verificar a compressão na biela de acordo com a expressão 9.57. No caso de verificar, dimensiona-se a armadura transversal através da expressão 9.56:
Quadro 85: Verificação das bielas comprimidas e dimensionamento As transversal.
6. Confinamento dos elementos de extremidade, deve ser verificada através da expressão 9.64 a 9.69, tendo-se adotado uma armadura de cintas Ø6 // 0.10, conforme quadro seguinte:
Quadro 86: Armadura confinamento elementos extremidade.
Obteve-se uma armadura de confinamento com 0,162 cm2, adotaram-se cintas Ø 6 mm com configuração e forma de acordo com a peça desenhada respetiva (ver desenho da parede PA1- Y nas peças desenhadas). O dimensionamento das restantes paredes é apresentado no anexo 9 deste trabalho.