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Em relação ao Parque Nacional do Iguaçu - Brasil, MILANO (1990, p.153), cita que a idéia de preservação desta área, dos Saltos de Santa Maria, hoje conhecida como as Cataratas do Iguaçu, foi lançada ainda no século XIX, pelo engenheiro e político André Rebouças:

Motivado pela criação nos Estados Unidos, em 1.872, do "Yellowstone National Park", o engenheiro e político brasileiro André Rebouças lutou pela criação no Brasil, já em 1.876, dos Parques Nacionais da Ilha do Bananal e de Sete Quedas, este último no Estado do Paraná. Entretanto, somente mais de meio século mais tarde, em 1.937, é criado o primeiro Parque Nacional brasileiro - o Itatiaia, seguindo-se a criação, em 1.939 dos Parques Nacionais do Iguaçu (no Paraná), e Serra dos Órgãos.

Em abril de 1.916 Santos Dumont, visitou os Saltos de Santa Maria, hoje Cataratas do Iguaçu, e extasiado perante tanta beleza manifestou o interesse pela preservação desta área, conforme relata RIOS (1973, p. 10):

Levou várias horas, de cavalo, através da floresta virgem para chegar lá; mas valeu a pena. Gostou tanto que ficou por três dias no primeiro hotelzinho das cataratas, "não se cansando de admirá-las de dia e à noite sob a luz do luar". Em abril de 1.916 houve a visita histórica do grande brasileiro Santos Dumont. "Esta maravilha não pode continuar a pertencer a um

particular; eu vou a Curitiba falar com o Presidente pra providenciar imediatamente a expropriação das cataratas" teria dito o ilustre viajante.

Segundo o IBAMA (1999, p. 3), em julho de 1.916 o governo do estado do Paraná desapropria a área de 10,08 km² (1.008 ha) à margem direita do rio Iguaçu, junto aos Saltos de Santa Maria, pertencentes aos Sr. Jesus Val. Através do Decreto n° 653 de 28/07/ 1.916, declara de utilidade pública a área para nela se estabelecer uma povoação e um parque.

Quanto à criação do Parque, o antigo IBDF (1981, p. 9) faz o seguinte questionamento: "Simples coincidência ou resultado de uma intervenção pessoal de Santos Dumont? Embora a sua estada em Foz do Iguaçu (Vila Iguaçu) pareça irrefutável, nada vem provar que ele intercedeu junto às autoridades".

De acordo com o IBDF (1981, p. 9), em 1.930 através do Decreto n° 2.153 a área do mesmo foi ampliada para 33,00 km² (3.300 ha.) e doada para o Governo Federal, o qual criou o PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU, junto às Cataratas do Iguaçu pelo Decreto n° 1.035 de 10 de janeiro de 1.939.

Em 1.942, um movimento da comunidade científica brasileira, apoiada pelo Chefe da Seção de Parques Nacionais, do Serviço Florestal, do Ministério da Agricultura, solicita a ampliação da área do mesmo, conforme relata o IBDF (1981, p. 9).

"Julgamos oportuno pensar-se desde já em se acrescer a nossa reserva afim de que não venhamos nos penitenciar quando as despesas forem assustadoras e as matas devastadas"(...) "A área pleiteada afim de dilatar o perímetro atual do Parque do Iguassú [sic] terá limites fáceis de serem locados por coincidirem com acidentes naturais do terreno"(...) "Assim, o Parque de Iguassú [sic] será compreendido pelos seguintes limites: no Norte, a estrada de Guarapuava; ao Sul, o rio Iguassú [sic]; a Oeste, o rio São João e a Este o rio Gonçalves Dias, atingindo assim apreciável área de fácil desapropriação, que na hipótese de não poder ser imediatamente assistida, será conservada, evitando possíveis devastações".

Segundo o mesmo Órgão (1981, p. 10), em 1.944 à área do Parque Nacional do Iguaçu é ampliada para os limites propostos pelo então Chefe da Seção de Parques Nacionais, através dos Decretos: n° 6.506 de 17 de maio, n° 6.587 de 14 de junho e n° 6.664 de 7 de julho.

Como não houve as devidas indenizações, por parte do Governo Federal aos antigos proprietários, os mesmos venderam as terras que lhes pertenciam a terceiros os quais deram origem a vários núcleos populacionais, como Santo Alberto do Iguaçu, São José do Iguaçu, Índios, Iguaçulândia, Capoeirinha, entre outros. (IBDF 1981, p. 11).

Em 1.967, por iniciativa do então Ministro da Agricultura foram, iniciados os trabalhos de demarcação dos limites da área do Parque, bem como os levantamentos fundiários para fins de indenização.(id.)

Em 1.981, através do Decreto n° 86.876 foram finalmente estabelecidos e demarcados os limites atuais do Parque, após um longo processo de desapropriações e indenizações que culminaram na inclusão do leito do rio Iguaçu e as ilhas ali existentes, sendo excluída uma área de cerca de 14 km², no extremo norte do Parque, onde já estava instalado o núcleo urbano de Santa Tereza do Oeste (IBAMA, 1999, v.1, p. 4).

De acordo com o Órgão acima (1999, p. 5), ainda existem alguns problemas fundiários que perduram até a presente data, como a não formalização de um termo de cessão pelo Departamento de Patrimônio da União para o IBAMA, das ilhas do rio Iguaçu, no trecho compreendido pelo Parque. Algumas das ilhas ainda encontram-se ocupadas por terceiros. Outro problema diz respeito à situação dominal da área, visto que o INCRA não emitiu o termo de cessão, para que o Parque passe em definitivo para o patrimônio do IBAMA.

CAMMARATA e CELMAN (1995, p. 4-5), comentam que, no lado argentino, a primeira pessoa a interessar-se pela beleza cênica da área das Cataratas do Iguaçu, foi a Senhora Victoria Aguirre.

Segundo as mesmas autoras:

Las noticias del paisaje de selva o llegan a Buenos Aires y a principios de siglo llega el primer vapor con visitantes-turistas que representan al ocio selectivo de entonces, al desembarcar Victoria Aguirre, representantes de la burguesía porteña que dona 3.000 pesos para abrir el camino hasta las cataratas. Semejante esfuerzo merece la consideración de nombrar al pueblo con su apellido.

Desta forma, a área próxima às Cataratas do Iguaçu, passa a ser declarada como área de Parque Nacional no ano de 1934, com a criação da Direção Geral de Parques Nacionais e Turismo na Argentina, a qual foi oficializada pela Lei n° 22.351/35, passando a denominar-se Parque Nacional del Iguazú.

CAMMARATA e CELMAN (1995, p. 7), citam que:

La creación de los Parques Nacionales (Ley N° 22351/35) parte de los criterios de conservación de la flora y fauna. En la delimitación se insertan dos categorías de manejo: la reserva -tangible- con 6.000 ha en PNI, el 10,9% del total de la superficie donde se localizan las actividades de turismo y recreación; la categoría parque -intangible- con 54.000 ha de extensión zona de estricta protección e investigación.

As mesmas autoras comentam (1995, p. 7):

La construcción de casas de madera y escuela se liga a la autorización de la Nación (Ley N° 6712) para comprar tierras en las inmediaciones de las Cataratas e iniciar el turismo, "ocupando la zona con centros urbanos estables en los que se desarrollará el comercio y luego la industria."... Al contar con tierras se crea la Dirección General de Parques Nacionales y Turismo (1934). En la década se construyen los edificios públicos, dos barrios para los empleados de PNI; el resto del equipamiento siempre quedó sujeto a las normas y controles de la APN. [Administración de Parques Nacionales).

2.6 A INSULARIZAÇÃO DOS PARQUES E A DINÂMICA DA FRAGMENTAÇÃO DE