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Participação da escola Nova Sociedade no desile de 7 de

FAZENDA ANONI: A ORIGEM DESSA MEMÓRIA

Foto 9: Participação da escola Nova Sociedade no desile de 7 de

Setembro na cidade de Nova Santa Rita.

Crédito: Arquivo pessoal dos/as assentados/as.

Se tem o sete de setembro, o sete de setembro era assim ó, tinha as escolas lá machavam, mas nós ia caminhando com um cesto de verdura, tudo que era produzido no assentamento, a gente le- vava pro sete de setembro. Era tudo assim. Podia ter colégio que diziam, ah, são colonos e coisa, mas não importava, não importa. Nós ia todo ano, até hoje vão. Todo mundo com o chapéu de palha, é bom sabe, mostra o que a gente é mesmo sabe. Mostra um assentamento mesmo (MARINA, entrevista, 2011).

Mas, de acordo com muitas conversas colhidas no trabalho de observação, a escola hoje não organiza mais acampamentos. “De primeiro, a gente lembrava aqui no acampamento da escola, ago- ra daqui pra cá, não izeram mais acampamento na escola” (SIL-

VIA, assentada, 2011).35 Constatamos que já faz quatro anos que

a escola não realiza mais os acampamentos com os alunos. Esses

35 A referência aos assentados/as será realizada em alguns momentos apenas pelo primeiro

nome e em outros como os tratamentos uilizados no assentamento de seu e dona para os mais velhos.

acampamentos eram realizados, geralmente, no feriado do dia 12 de outubro, a cada ano por três dias. Em entrevista com profes- sores da escola, eles atribuem que a instituição hoje já não recebe muitos ilhos de assentados/as e que realizar acampamentos com a juventude hoje é bem mais complexo, pois, como os assentados/as não têm mais muitos ilhos na escola, a responsabilidade em perío- dos noturnos do acampamento com os jovens icaria apenas sobre a escola. No aniversário de 20 anos da Nova Sociedade, em 2010, estive presente e observei um número pequeno de pessoas na festa, e neste ano (2012) não houve acampamento também, assim como nos últimos quatro anos.

Eu não estava no início aqui, mas da época que eu cheguei mais, ainda era uma época em que a grande maioria eram ilhos de assentados e que foi em 1997, os assentados aqui da comu- nidade e também do assentamento Capela. De lá de lá [do as- sentamento Capela], aos poucos começaram a vir pra cá. a partir da quinta série por que até a quarta série tem a escola municipal la dentro do assentamento Capela. Então, ela [ela a escola Nova Sociedade] tinha uma característica, assim mais nossa mesmo de assentado e havia um espaço mais aberto. Eu não diria espaço, espaço aberto, hoje também tem, mas havia uma conjuntura, havia ser mais de assentado, o trabalho e tinha essa característica forte. Mais marcante com a educação nossa, discutida dentro do movimento. As lutas estiveram sempre pre- sentes aqui, desde que eu vim pra cá, a gente sempre teve ações com os estudantes de mobilizações. De 2005 para cá, de 2003 para cá, isso foi de certa forma enfraquecendo um pouco. Uma das razoes diminui o número de ilhos de assentados na escola, diminui bastante, os ilhos de assentados já se formaram, na sua maioria. Há um crescimento de alunos que não são ilhos de assentados e que não são do campo, trabalham em banco, mas que são todos trabalhadores de uma cidade mais urbana. Essa característica dos estudantes na escola, ela fez com que nosso trabalho de movimento mudasse um pouco. Você tem que res- gatar a história pra chegar no movimento (HÉLIO, professor e assentado do assentamento Capela, entrevista, 2011).

Como fui apreendendo, a escola Nova Sociedade atravessa a his- tória do assentamento Itapuí, mas não exerce mais a mesma função de formação das novas gerações. Entretanto, adquire um papel que marca a história da instituição e, até o momento da pesquisa, está sempre res- saltado em suas paredes e atividades, mesmo que de forma mais tênue, que sua história está integrada à trajetória do MST e dos trabalhadores.

Claro que não é aquilo que a gente sonha né. Por que a gente queria que fosse mais ainda, mas eu acho que dentro do possível, a escola tem feito uma boa história e também tem s destacado bastante na educação da criançada. Mas assim ó. A escola tra- balha mais como uma memória né. Sempre tem relembrado os Sem Terrinha, o dia Internacional ds Mulher, as datas comemo- rativas de ocupação do assentamento, a história de porque que tem a escola. As escolas intinerantes, as visitas nos acampa- mento né. Então, isso faz com que os alunos que tão ali sempre tão sendo lembrado que eles têm uma oportunidade por que tinha o MST, tem o MST, porque representou bem ele pra exe- cutar esse projeto (CLÉCIO, entrevista, 2010).

A comunicação não mediada na história do Assentamento Itapuí

A rememoração da história com o MST tem sido construída também através de festas, jantares em comunidade e da comemora- ção do aniversário do assentamento, embora tenha havido anos em que o aniversário não foi festejado, como nos anos de 2008 e 2009. Esses processos comunicacionais que contribuem na reatualização da memória são, principalmente, festas, promoção de missas, reuni- ões de grupos, jantares, churrascos, jogos de futebol, dentre outros. Esses eventos constituíram momentos importantes no fortalecimen- to dos laços de convivência entre os assentados/as e de sua identii- cação com a história do MST e com a origem do Itapuí

Para esse processo, além de depoimentos, colhi fotograias de missas, aniversários do assentamento, formaturas na escola dentre outros momentos de interação e confraternização entre os assentados.

Foto 10: Atividades festivas dos estudantes na escola Nova Sociedade.