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1. Introdução

4.2 Participantes com TEA

Critério para a seleção dos participantes

Para a seleção dos participantes utilizou-se os seguintes critérios de inclusão: ter diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista; apresentar necessidades complexas

de comunicação; estar frequentando o ensino regular, apresentarem idades aproximadas. Como critérios de exclusão foram utilizados os aspectos: apresentar habilidades de comunicação desenvolvidas, ou seja, ser capaz de comunicar seus desejos, necessidades e fazer comentários espontâneos a outras pessoas; ser usuário de CSA.

Seleção dos participantes

Após a assinatura da Carta de Autorização da secretaria municipal de educação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar, deu-se início à seleção dos participantes. A pesquisadora estabeleceu contato com a responsável pelo setor de educação especial do município, esclarecendo os objetivos da pesquisa e os critérios de seleção dos participantes, solicitando a está profissional uma lista de alunos com Transtorno do Espectro Autista e com Necessidades Complexas de Comunicação.

A relação dos alunos indicados pela profissional continha um total de 12 alunos. Em seguida, foram recolhidos os prontuários dos mesmos para observar se atendiam aos critérios de seleção. Deste modo, somente três crianças com Transtorno do Espectro Autista foram selecionadas para participarem do estudo: Daiane, Heitor e Diego (nomes fictícios), com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista e Necessidades Complexas de Comunicação, uma do sexo feminino e dois do sexo masculino, com idades variando de quatro a seis anos completos no início do estudo. Todos estavam matriculados em uma Escola Municipal de Educação Infantil. No Quadro 6, apresenta-se uma síntese das principais características dos participantes:

Quadro 6- Características gerais dos participantes Características gerais dos Participantes no início da pesquisa

Participantes Daiane Heitor Diego

Data de Nascimento 19/10/2011 12/08/2009 31/07/2009

Idade 4 anos e 4 meses 6 anos e 6 meses 6 anos e 7 meses

Nível Jardim I Jardim II Jardim II

Gênero Feminino Masculino Masculino

Diagnóstico TEA TEA TEA

Atendimentos

concomitantes Fonoaudiologia Psicologia; Fonoaudiologia Psicologia; Fonoaudiologia Psicologia; Fonte: Base de dados da Pesquisa

No início do estudo, os participantes não recebiam nenhum atendimento. Quando havia passado dois meses de início deste estudo, começaram os atendimentos com os profissionais da área de psicologia e fonoaudiologia em uma instituição privada que havia estabelecido uma parceria, neste mesmo ano, com a prefeitura municipal. Neste sentido, os três participantes passaram inicialmente por meses de triagem e foi garantido que os mesmos não receberiam intervenções em CSA nesta instituição para que não interferissem no desempenho durante o desenvolvimento do presente estudo. A seguir, são descritas as características específicas de cada um dos participantes de acordo com as informações obtidas por meio do prontuário dos mesmos.

Participante: Daiane

Daiane, uma menina de 4 anos e 4 meses de idade no início do estudo, com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista fornecido por uma instituição de educação especial por meio do Autism Treatment Evaluation Checklist- ATEC e Childhood Autism Rating Scale- CARS e Escala de Traços Autísticos- ATA, de acordo com CID F.84 e o DSM IV. Matriculada no ano de 2016 em uma Escola Municipal de Educação Infantil, no Jardim I (penúltima etapa da educação infantil), anteriormente não havia frequentado nenhuma escola, era a primeira vez em que a participante tinha contato com pares. Em seguida, foi encaminhada aos serviços de Atendimento Educacional Especializado oferecidos na escola por apresentar TEA e atrasos na comunicação. As áreas trabalhadas foram habilidades motoras, comportamentais (completar tarefas, manter a atenção nas atividades, relacionar-se com os colegas, esperar a sua vez, ficar na sala de aula). No relatório da equipe escolar e a partir das observações da pesquisadora, a Daiane apresentava habilidades de comunicação limitadas, quando havia a fala (agrupava sons e sílabas repetidas com entonação), esta não era inteligível, falava algumas palavras como: não, mamãe (para se referir à avó) e Didi (para se referir à tia). Não pedia para ir ao banheiro e nem para beber água, ou seja, poucas vocalizações eram compreendidas pelos parceiros de comunicação, não falava nenhuma frase, poucas vezes mantinha contato visual com as pessoas de seu convívio. Também apresentava dificuldade de ficar dentro da sala de aula e manter a atenção, no início ela abria a porta e saia correndo para o parque, aos poucos a sua permanência na sala de aula foi aumentando.

Participante: Heitor

Heitor, um menino de 6 anos e 6 meses no início do estudo. Apresentava diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista fornecido por uma equipe multiprofissional com o CID F.84. De acordo com as informações do prontuário, frequentava a Escola Municipal de Educação Infantil desde os quatro anos de idade. No momento da pesquisa, estava matriculado no Jardim II (etapa final da educação infantil). Em seguida, foi encaminhado aos serviços de Atendimento Educacional Especializado em que se trabalhava atividades voltadas ao reconhecimento de palavras, escrita do nome completo, numerais e quantidades. No relatório da equipe escolar e a partir das observações da pesquisadora, foram descritas as características do participante em que havia o uso frequente da ecolalia (repetição de palavras, frases) que ouviu em programas de televisão e músicas infantis, nunca iniciava a comunicação. Apresentava comportamento estereotipado (flapping de mãos) e comportamentos repetitivos (movimento com a cabeça e ombro), hipersensibilidade olfativa (cheirava todos os objetos que pegava em sua mão). Não se comunicava com os adultos e com os pares, principalmente não respondendo a perguntas básicas.

Participante: Diego

Diego tinha 6 anos e 7 meses no início do estudo, com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista fornecido por uma equipe multiprofissional após avaliação clínica e análises de testes, com CID F.84. Começou a frequentar a escola neste mesmo ano (2016), anteriormente frequentava a escola especial, mas segundo os responsáveis, não obteve desempenho satisfatório. Em seguida, foi encaminhado ao Atendimento Educacional Especializado em que foram desenvolvidas atividades de identificação das letras do seu nome, pareamento de cores e números. No momento da pesquisa, estava matriculado no Jardim II (etapa final da educação infantil). A partir do relatório da equipe escolar e das observações da pesquisadora, seu comportamento às vezes mostrava-se irritado quando não compreendido, jogava-se ao chão, gritava e chorava, apresentava pouco contato visual. No início do estudo, o participante era não verbal, fazia uso de fralda, não apresentava iniciativa para a comunicação, quando queria algo, puxava as pessoas e levava até o item que desejava. Apresentava

comportamento de birra (irritava-se, jogava-se ao chão, gritava e chorava). Apresentava vocalizações não articuladas, somente balbuciava. Apresentava comportamento estereotipado (flapping de mãos) e raramente usava a ecolalia (somente com a expressão “e aí”).