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1.   A Problematização, as hipóteses e objetivos da pesquisa 29

1.1.   Participantes e Métodos 30

Primeiramente, vale mencionar que, por se tratar de uma pesquisa que envolveria seres humanos, após o consentimento da Secretária de Educação para desenvolver a pesquisa e antes de interagirmos com os professores, coordenadora e alunos, foi encaminhado um projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa (parecer nº 441/2008) para a autorização da realização da mesma na escola. Após a aprovação, foi enviado aos pais, alunos e professores um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (vide anexo 1), para todos assinarem.

Sendo assim, para constituir a amostra, escolhemos um município da região de Campinas, onde na época trabalhávamos com o curso de formação de professores PROEPRE1, cujos participantes relatavam vários exemplos de situações de conflitos interpessoais por eles vivenciados em seu cotidiano escolar. Assim sendo, entramos em contato com uma professora que, além de ser do município, é integrante do mesmo grupo de pesquisa do qual participo. Solicitamos que me apresentasse à equipe pedagógica da escola na qual ela trabalhava como professora volante e assim apresentar a pesquisa. Após o primeiro contato, decidimos escolher as três classes de 6ª séries (6ª série A, B e C). A opção dessa turma se deu exatamente pelo fato de querermos investigar a faixa etária dos pré-adolescentes. Entretanto, a 6ª série A (período da manhã), foi descartada, devido à maioria dos pais não ter autorizado a participação de seus filhos. Como apenas cinco sujeitos dessa sala possuíam autorização, uma amostra baixa, decidimos eliminá-la. Sendo assim, o instrumento foi aplicado em 39 sujeitos. Desse total, 14 são meninos e 25 são meninas, com faixa etária entre 11 e 13 anos.

Antes de aplicarmos o instrumento de coleta de dados nos alunos, entrevistamos os professores, a fim de conhecermos quais os alunos que apresentavam o perfil procurado. A amostra dos professores foi constituída por aqueles que possuíam uma carga horária de mais de quatro aulas semanais. Assim, os mesmos ministravam as disciplinas de Português, Matemática e Ciências. Todos concluíram nível superior e apenas um realizou uma pós-graduação Latu-Senso. Os demais, além da faculdade, realizaram alguns cursos de aperfeiçoamento. Dessa amostra de professores, cabe registrar que nenhum chegou a participar de curso que estudasse o

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Programa de Educação Infantil e Fundamental, com duração de 240 horas, elaborado pela Profa. Dra. Orly Z. Mantovan de Assis.

desenvolvimento moral das crianças. O tempo de magistério dos mesmos varia de 8 a 17 anos. Foi entregue a esses professores uma ficha para que preenchessem, com a finalidade de conhecer o perfil de cada um. Também foi gravada uma entrevista em que eles indicavam quais os alunos que acreditavam que, quando envolvidos em alguma situação de conflito interpessoal, resolviam o problema valendo-se de tendência agressiva e tendência assertiva. Nessa entrevista, questionei também os professores sobre como eles agiam diante das situações de conflito. Sendo assim, somente após tabular as indicações feitas pelos professores sobre os alunos foi aplicado o instrumento aos mesmos.

Após conversarmos com os professores, foi realizado uma entrevista (não gravada por pedido da equipe pedagógica) com a diretora, vice-diretora coordenadora pedagógica, a fim de conhecermos quais os procedimentos por elas aplicados quando ocorrem situações de conflito entre os alunos. Após a realização das entrevistas com a equipe pedagógica, aplicamos então os instrumentos aos alunos participantes.

Para coletar os dados, foi aplicado um instrumento (Escala Children’s Action Tendency Scale-CATS, 1981), que avalia simultânea e comparativamente três tipos de tendências de resolução de conflitos interpessoais: agressivo, assertivo e submisso. A avaliação ocorre por meio de descrição de conflitos interpessoais hipotéticos com conteúdos de provocações, perda, frustração, etc.

Esse instrumento foi desenvolvido por Robert Deluty em sua tese de doutorado, em 1979. O autor propôs 13 situações de conflitos interpessoais com as respectivas alternativas. Em 1981, o autor propôs uma forma resumida do material, no qual as alternativas eram excluídas, sendo o primeiro instrumento denominado de versão completa. O material foi cedido por Deluty e usado por Leme (2004) em uma amostra brasileira. Leme esclarece que o instrumento foi traduzido para o português por um psicólogo fluente na língua inglesa e lido e avaliado por outro psicólogo com a mesma fluência.

A autora explica que em seus estudos encontrou uma quarta categoria, a qual denominou como mista, pois, em uma mesma resposta, o sujeito apresentava mais de uma tendência de resolução. “É importante ressaltar que foram encontradas respostas que combinavam duas estratégias, pois continham elementos das duas ao mesmo tempo, que foram categorizadas como mistas” (LEME, 2006: p. 192).

Assim, na presente pesquisa, usaremos a categoria mista por também encontrarmos mais de uma tendência em uma mesma resposta. Para tanto, optamos por aplicar a versão resumida do instrumento (anexo 3), acrescentando em cada questão o “Por quê?”, para entendermos a reação de cada sujeito desta pesquisa. Em seguida, verificamos o estilo de resolução de conflito de cada participante em cada situação hipotética apontada no questionário. Para a aplicação do mesmo, os alunos foram retirados da sala de aula em pequenos grupos e conduzidos pela pesquisadora à biblioteca da escola. O questionário foi aplicado em duas etapas, visando garantir a participação mais efetiva dos alunos. Assim, no primeiro dia, eles responderam metade das questões e, no dia seguinte, o restante.

Quanto à análise de dados, enfatizamos uma análise qualitativa e quantitativa. Foi feita a categorização das respostas dos participantes em submissas, agressivas, assertivas e mistas.

Quanto aos resultados da análise de dados, que serão apresentados após fazermos uma breve apresentação da escola, vale ressaltar que em nenhum momento estamos afirmando que os sujeitos apresentados sejam agressivos, assertivos, submissos ou mistos. Essa categorização apenas decorre do instrumento, que nos permite concluir que os sujeitos envolvidos e analisados têm tendência (estão para) a determinados tipos de resolução de conflitos.