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Participantes na investigação (alunos, professora, observadores)

Os alunos

A turma de oitavo ano de escolaridade que participou nesta investigação, como podemos verificar através da Grelha-síntese de caracterização (Anexo III), é composta por dezoito alunos, nove rapazes e nove raparigas, com uma média de idades de 13,9 anos e uma classificação média na disciplina, no final do segundo período do ano lectivo em que decorreu a recolha de dados de 2,6. Esta média pode considerar-se pouco satisfatória. Trata-se de uma turma bastante heterogénea ao nível do desenvolvimento das aprendizagens. O gráfico da figura 7 ilustra o nível dos alunos no início da unidade didáctica observada (que, em termos temporais correspondeu sensivelmente ao final do 2º período) e no final (final do ano lectivo).

Classificações

Figura 7: Gráfico de evolução das classificações dos alunos (2º e 3º períodos).

Duas das alunas, já na casa dos 17 anos, possuíam Necessidades Educativas Especiais com alguma acentuação, sendo que uma delas apresentava um acentuado défice de desenvolvimento. Esta aluna evidenciava um nível de desenvolvimento linguístico – escrito e oral ao nível de um 2º ano de escolaridade, possuindo algumas dificuldades ao nível do seu relacionamento com os que a rodeiam mas facilidade na execução de tarefas simples e mecanizadas. A outra aluna, sem evidenciar quaisquer dificuldades ao nível do relacionamento pessoal e social, possuía uma boa auto-estima mas um desenvolvimento intelectual bastante baixo. O trabalho com essas alunas, desde a sua entrada no 3º ciclo do Ensino básico até ao 7º ano de escolaridade era realizado com o apoio semanal em aula de uma professora de apoio que as ajudava a realizar tarefas adaptadas. Apenas algumas tarefas de aprendizagem e avaliação, a níveis bastante simples, eram comuns ao resto da turma. Durante a aula, as alunas recebiam uma atenção particular da professora da turma e, em algumas situações, de alunos-tutores. Dados os desníveis relativos às aprendizagens realizadas e às competências desenvolvidas, quer ao nível dos conteúdos específicos da disciplina, quer ao nível dos hábitos de trabalho, tratava-se de uma situação difícil de gerir embora, ao nível da integração, os problemas iniciais tivessem sido resolvidos. Estes problemas surgiam um pouco devido às dificuldades de relacionamento das referidas alunas que por vezes enfrentavam alguma arrogância por parte do resto da turma. Essa problemática foi gradualmente trabalhada com o auxílio dos professores do Conselho de turma ao longo do ciclo de aprendizagem. Durante o 8º ano de escolaridade, por constrangimentos diversos não foi possível beneficiar da presença do professor de apoio em aula o que tornou ainda mais complexo o trabalho do docente. É de salientar que as referidas alunas apenas frequentavam algumas das áreas disciplinares do currículo e todas as não disciplinares. O resto do tempo era ocupado por actividades de orientação mais profissionalizante como ajudar no bar ou na Biblioteca da Escola. Uma das alunas frequentava a Associação de Pais e Amigos da Criança Deficiente Mental realizando actividades de preparação para a inserção na vida activa ao nível de trabalhos diversos (biblioteca, bar, …).

Dois dos alunos da turma eram provenientes do Brasil. Um deles tinha iniciado a sua escolaridade em Portugal no ano anterior (7º), o outro era novo na turma. Além disso, a turma tinha recebido uma aluna repetente de outra escola e dois outros alunos,

também repetentes, da própria escola. Havia ainda a registar a entrada de dois alunos novos na escola cujo desempenho quer a nível das competências específicas, quer ao nível das transversais podia considerar-se médio-bom. De um modo geral, os restantes alunos aceitaram bem estes novos membros.

Do conjunto dos alunos, 16 possuíam computador em casa dos quais 12 tinham acesso à Internet. Em alguns casos esse acesso estava vedado aos alunos pelos Encarregados de Educação por motivos de mau aproveitamento. Maioritariamente, o uso dado quer aos computadores, quer à Internet era de entretenimento (jogos) e comunicação (Messenger). Quando solicitados trabalhos nas diversas áreas disciplinares, eram utilizados para processamento de texto e apresentações PowerPoint.

A professora

A professora, também investigadora neste caso, é docente de língua portuguesa do Quadro de nomeação definitiva da escola, com 13 anos de carreira. Era professora na turma pelo segundo ano consecutivo e, em princípio, sê-lo-ia até à conclusão do 3º ciclo do Ensino Básico. Tratava-se de uma opção da escola que privilegiava, sempre que possível, a continuidade pedagógica. Possuía um bom relacionamento com a turma. As aulas de Língua Portuguesa ocorriam às Segundas-feiras ao primeiro bloco da tarde (13h30 – 15h00) e às Terças-feiras ao segundo (15h10- 16h40). Era relativamente frequente o recurso em aula a tecnologias educativas, nomeadamente, vídeos, registos áudio e apresentações PowerPoint. Desde o início do ano anterior – 7º ano – os alunos contavam com um website de apoio às aulas mas que servia como arquivo de materiais de aprendizagem e muito eventual contacto com a docente (Anexo XVI). Nesse ano, dado que também leccionava a área curricular não disciplinar de Estudo Acompanhado, tinha iniciado com a turma o Projecto “A Biblogteca” (http://abiblogteca.blogspot.com), ainda activo, que tinha por objectivo, no contexto do Projecto Educativo da Escola, a motivação para a leitura. O blogue permitia articular leitura e escrita e através da integração de imagem, vídeo e som, motivar para a leitura e publicar alguns trabalhos no âmbito das leituras realizadas pelos alunos.

No contexto do estudo, a professora foi responsável pela planificação da unidade didáctica que, com o conhecimento do Departamento de Língua Portuguesa e dos Conselhos Executivo e Pedagógico, foi diferente do previsto nos documentos do grupo de Português do 3º ciclo. Planificou as tarefas de aprendizagem e avaliação conforme

consta no Anexo II. A Planificação foi submetida à validação de duas professoras do Quadro de nomeação definitiva de outras escolas, conforme já referido na Introdução.

A professora realizou o design do interface que concretizou o ambiente virtual de aprendizagem recorrendo a ferramentas de fácil acesso por qualquer docente nas escolas actuais: o FrontPage do Microsoft Office para a elaboração do “Sítio da Prof. Teresa”; o sítio “Fórum Grátis” para a construção do Fórum (entretanto desactivado sem aviso prévio); também o FrontPage, segundo o modelo de PHP WebQuest, para a construção da WebQuest; o sítio “Blogger” para a construção do Blogue “Diário do Gato Malhado”; recorreu ainda ao sítio YouTube para o alojamento de vídeo e à ferramenta “Odeo” para o registo e alojamento de Ficheiros áudio e ao sítio Podomatic para a publicação de um Podcast (Anexos XVIII a XXI)

Por uma questão de facilitar a navegação, as tarefas de aprendizagem estavam reunidas, numa página específica acessível a partir da página “Materiais de 8ºano”. Foram apresentadas de três formas distintas; ficha de pesquisa (em formato papel com a respectiva versão online), WebQuest (online) e Fórum (online).

Quanto às tarefas de avaliação, à excepção da ficha de pesquisa que era também um elemento de avaliação, todas as tarefas foram apresentadas online: tópicos no fórum, avaliação da leitura global do contos através de questionário online com recurso ao

software Hotpotatoes e instrumentos de avaliação com recurso ao sítio “Hosted Survey”

que permitia a criação e gestão de inquéritos online (Anexos XXII a XXV).

Da responsabilidade da professora foi também a adaptação de uma grelha de avaliação da expressão escrita online, cujos critérios foram apresentados aos alunos (Anexo XXVI).

Os observadores

Parte das aulas da unidade didáctica investigada foram observadas por duas pessoas. Sendo ambas docentes, uma delas exercia nesse ano na escola sem ser docente da turma. O outro observador tinha realizado o estágio profissional no ano anterior. O observador 1 assistiu a quatro aulas enquanto o observador 2 assistiu a seis. A primeira aula deste conjunto decorreu ainda no espaço normal da aula (Anexo IV). Ao primeiro observador foi explicado o processo de investigação: contexto, objectivos e procedimentos, sendo avisado de que, no final, ser-lhe-ia feita uma entrevista. Ao segundo apenas foi pedido que observasse o ambiente de aprendizagem e que, se

julgasse necessário, realizasse algumas anotações visto que no final seria sujeito a uma entrevista. A ambos os observadores, além da entrevista foi solicitado um pequeno texto de comentário sobre a observação realizada (Anexo X).