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CREAS IV Zona Oeste R Forte dos Reis Magos, 10 – Bairro Nazaré

3.2.2 Particularidades das condições e relações de trabalho dos Assistentes

Sociais no contexto da Expansão X Precarização do Mercado de trabalho na Assistência Social

Neste estudo são analisados alguns elementos que expressam a precariedade das condições de trabalho vivenciadas pelos os assistentes sociais entrevistados, sujeitos da pesquisa, na condição de trabalhador assalariado, afetados pela insegurança do emprego, intensificação do trabalho, ausência de progressão e ascensão na carreira, baixos salários, insuficientes momentos de formação continuada, entre outros aspectos da precarização, resignificados particularmente no SUAS, num contexto de crise estrutural do capital, cujo os antídotos adotados “se confirmaram amargos, e suas consequências agudizaram a concentração do capital e a precarização das condições de trabalho.” (BOSCHETTI, 2011, p. 560).

Nessa perspectiva de análise, trabalha-se os seguintes itens: a) Vínculo empregatício na SEMTAS; b) a jornada de trabalho; c) remuneração em salários mínimos; d) o ambiente físico no qual se desenvolve o exercício profissional; e) a disponibilidade dos materiais permanentes; f) a disponibilidade dos materiais de consumo necessários ao desenvolvimento das atividades.

a) Tratando-se do Vínculo empregatício na SEMTAS

Ao analisar as falas das entrevistadas, identifica-se que 03(três) profissionais têm vínculo empregatício através de concurso público, representando 50% da amostra. Ressalta-se ainda que o último concurso realizado por área de atuação, a assistência social, foi no ano de 2006, atualmente (desde 2010) vem sendo realizados processos seletivos simplificados para compor o quadro funcional. Entretanto, para atender as demandas do SUAS, conforme orienta a NOB-RH/SUAS o município deve: “Realizar concurso público para contratar e manter o quadro de pessoal necessário à execução da gestão dos serviços socioassistenciais, observadas as normas legais vigentes” (BRASIL, 2006). Assim sendo, deve programar recursos próprios para a realização de concursos públicos.

Segundo o gráfico abaixo, observa-se que a composição do quadro envolvendo os assistentes sociais nos CREAS, tem-se a seguinte composição:

03(três) servidores públicos pertencente ao quadro efetivo dos CREAS, 01(um) profissional contratado pela CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), onde a contratante é a ATIVA, 01(um) contrato temporário, 01(um) profissional (pessoa física) sendo remunerado em folha extra (com recursos próprios do município - fonte 111).

Gráfico 1 - Tipo de vínculo empregatício

Fonte: Pesquisa realizada pela autora – fonte primária

O profissional contratado por CLT tem os seguintes benefícios: vale- transporte, vale-refeição, férias remuneradas de 30 dias, 13º salário, aviso prévio, FGTS, seguro desemprego, licença saúde (opcional), licença maternidade, licença paternidade, 15 dias de salário em caso de acidentes, entre outros benefícios. Entretanto, como ocupa o cargo de coordenação, possui uma intensificação da jornada de trabalho, mais de 40 horas semanais, sendo o pagamento de seu salário inferior à remuneração do servidor, embora realize as mesmas atividades e, constantemente, encontra-se em atraso. Segundo a CLT (Art. 459, § único). “A data limite para pagamento do salário é o 5º dia útil subseqüente ao do vencimento.” É um trabalhador reconhecido como subcontratado, um terceirizado formal, portanto se constitui numa condição de trabalho precarizada, porém formalizada no mercado de trabalho.

Em se tratando do assistente social entrevistado com vínculo de contratação temporária, com duração de 02 anos e término previsto para o último mês de junho,

o seu acesso ao mercado de trabalho se deu através de processo seletivo simplificado (2010). Ressalva-se que esse mesmo profissional encontra-se concorrendo a outro processo seletivo91, conforme Edital 002-2012, publicado no

Diário Oficial do dia 12 de junho do corrente ano, cujo resultado final, após recursos, foi publicado no Diário Oficial do Município em 04 de julho de 2012, o qual será contratado por um período de mais 01(um) ano.

Assim sendo, a reflexão em pauta observa que os vínculos estabelecidos são precarizados, através de contratos temporários, mediante um processo seletivo simplificado, constituindo-se, portanto, numa estratégia utilizada tanto pelo setor privado quanto o público para reduzir, equivocadamente, os custos com mão de obra e com encargos sociais dos trabalhadores.

Por último, dentre os entrevistados, 01(um) profissional expressou mágoa e indignação pela falta de reconhecimento da instituição em contratá-lo nos últimos 03(três) anos e 07 (sete) meses (em julho-2012), pois sua condição é a de prestador de serviços e o seu salário é de R$ 820,00 (oitocentos e vinte reais). Em sua indignação, ele afirma “Sou da folha de pagamento 111, infelizmente sem direitos, sem benefícios.” (CRISTAL). Esse profissional também se inscreveu no último processo seletivo (junho-2012), mas afirmou “que está se desligando da SEMTAS”. Nicolau (2005) em sua pesquisa declara que:

A dúvida e a incerteza dos assistentes sociais que exercem seu fazer profissional, nessas condições de provisoriedade e de precariedade, abrangem, com maior ou menor dominância de uma questão sobre outras, a ausência de perspectiva de continuidade do próprio trabalho, os contratos que limitam um período de execução, como consequente limita da garantia de vínculo empregatício para o sujeito. Na verdade, são condições de trabalho que incomodam esses profissionais – para não dizer que os afligem – pois os tornam inseguros e sem uma finalidade definida para sua ação. (NICOLAU, 2005, p.172)

Com relação ao questionamento: Há quanto tempo desenvolve atividades no CREAS? Uma, dentre as entrevistadas, declarou sobre o ingresso dos profissionais nos CREAS:

Sim foi uma coisa nada democrática que aconteceu com a gente porque é...todos os profissionais que vieram para o CREAS eram de outros programas ...Casas de Passagem, API-CONVIVER, SOS IDOSOS... então nós fomos convidados, obrigados a sair desses

91 Processo seletivo simplificado para contratação de pessoal em caráter temporário para os CRAS, CREAS e CADÚNICO.

locais, não perguntaram se a gente queria nem nada não, e depois a gente ficou sabendo que a secretaria iria perder boa parte dos recursos, caso a equipe não fosse constituída por servidores. Teve esse joguete da gestão. (PÉROLA)

Note-se que a fala acima reflete que a formação inicial da equipe do CREAS foi a partir de remanejamentos dos trabalhadores de outros programas, projetos e serviços, sem discussão prévia e sem respeitar o direito de escolha do profissional. Constitui-se, portanto uma imposição autoritária da gestão e um desafio para a equipe diante da complexidade das situações vivenciadas nos CREAS, que requer atendimento especializado, individualizado, continuado e articulado com a rede socioassistencial das demais políticas públicas e órgãos de defesa de direitos.

Observando-se à estrutura de recursos humanos da SEMTAS nos últimos anos, apresenta-se a seguinte a composição dos “colaboradores” por vínculos empregatícios:

Quadro nº 05 - Estrutura de Recursos Humanos na SEMTAS

Fonte: Adaptação do Relatório de Gestão 2011 da SEMTAS