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Partido do Centro Democrático e Social

No caso do CDS-PP, este partido realizou nove congressos no período em análise. Em 2000, aquando da realização do seu XVII Congresso, o CDS-PP apresentava 11 894 membros.36No XVII Congresso a moção política aprovada estava orientada para uma «consolidação» organizacio-nal onde se instigava um voltar a uma cultura de militância que, aparen-temente, o partido já tinha tido no passado: «Há, como se disse, uma condição prévia para enfrentar esses combates eleitorais: a nossa própria organização, que tem de mudar, desde a direção do Partido até à conce-lhia mais interior, desde o testemunho dos dirigentes até à cultura de mi-litância a que temos de regressar.»37

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33Moção «A esquerda contra a dívida».

34Relatório da Mesa nacional sobre o seu Mandato (2012–2014).

35Moção «Moção Unitária em Construção».

36A filiação no CDS-PP não está sujeita a qualquer pagamento de quota mensal, ou de outro tipo. Este facto fará, provavelmente, que os números apresentados pelo partido sigam, desde sempre, uma tendência de aumento. Por outro lado, a atualização de dados realizada em 2008 (ver a nota 42) refez os totais anuais do número total de militantes do partido, sendo que o partido forneceu os dados para todos os anos sob análise.

Nas quatro seguintes é a «apatia» organizacional que se verifica. Du-rante este período esta organização parece mais preocupada com os seus problemas internos de liderança e com a sua identidade, do que com os números da sua filiação. Durante quatro congressos, as mensagens ver-tidas nas moções aprovadas seguem todas no sentido teórico do que é um partido, em vez de determinar tarefas a realizar. Em 2002, no seu XVIII Congresso, a discussão girou em volta da preparação das legislati-vas após a demissão do governo de António Guterres e, sobretudo, no diferendo que opunha Manuel Monteiro a Paulo Portas.38A preocupação era em «consolidar o CDS-PP no campo da direita democrática e do cen-tro-direita, segundo o modelo de ‘um Partido credível, fiel aos princípios e moderado nas soluções’, como ‘o partido que, na área não socialista, recruta os melhores quadros e oferece a mais vasta qualificação’».39Não existiu qualquer referência à filiação nem a qualquer estratégia para atrair mais membros, a «apatia» organizacional era a estratégia. Esta posição é esperada num partido como o CDS-PP, que conta com «indeterminação ideológica, importância da liderança, faccionalismo, juntamente com um enraizamento social e bases organizacionais fracas» (Jalali 2007, 130). Após este congresso o CDS-PP voltou, passados 20 anos, ao poder inte-grando o XV Governo Constitucional numa coligação com o PSD. O XIX Congresso, que se realizou com o CDS-PP no governo, não trouxe qualquer alteração quanto à estratégia; no entanto, o partido apre-sentava um crescimento bastante assinalável, contando já com 15 470 membros. O partido e o agilizar da sua organização ainda eram a preo-cupação: «Entrando em velocidade de cruzeiro como Partido de Go-verno, o CDS deve esforçar-se, do topo à base, para melhorar o funcio-namento dos seus órgãos internos, cuja regularidade no desempenho das respetivas competências é indispensável.»40

O XX Congresso realizou-se em 2005, numa altura em que o partido apresentava um crescimento para os 17 067 membros. Paulo Portas tinha abandonado a liderança41e Ribeiro e Castro com a sua Moção «2009»

Militantes e Ativismo nos Partidos Políticos

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38No CDS-PP a luta entre Monteiro e Portas marcou o final da década de 90 e o início dos anos 2000. O último desafio aconteceu no XVIII Congresso quando Monteiro, pe-rante o mau resultado do CDS-PP nas eleições autárquicas de dezembro de 2001, desa-fiou a liderança de Portas e perdeu, tendo, em consequência, abandonado o CDS-PP.

39Moção «Portugal quer mudar: unir para vencer».

40Moção «Ao Serviço de Portugal».

41Paulo Portas tinha colocado o objetivo de 10% para as legislativas de 2005. O CDS--PP apenas conseguiu 7,26%, o que se traduziu em 12 mandatos de deputado (nas eleições de 2002 o CDS-PP obteve 8,75% e 14 mandatos de deputado). Perante este resultado Paulo Portas apresentou a sua demissão na noite eleitoral de 20 de fevereiro.

conseguiu ganhar o Congresso. Esta sua moção focava-se essencialmente em questões organizativas e nada referia quanto à filiação. Em 2006 rea-liza-se o XXI Congresso, e Ribeiro e Castro que, entretanto, tinha sido eleito em eleições diretas, apresentou uma moção intitulada «2009b» que pouco aduziu à anterior, não se debruçando sobre a questão da filiação e mais preocupado com «novas tarefas internas de reorganização, de dina-mização de meios, de construção de novas estruturas de reflexão, debate e proposta política, novos espaços de relacionamento com a sociedade civil». Porém, em 2007, no seu XXII Congresso, Paulo Portas decide voltar a candidatar-se à Comissão Política Nacional com a Moção «Directos ao Futuro». Há uma alteração na orientação e encontra-se o apelo à «inova-ção». Paulo Portas abre as portas do partido indicando que «os militantes querem um Partido atual e não datado, aberto à sociedade e não fechado sobre si próprio, disponível para novos temas, e novas expectativas» e lança de imediato repto para novas adesões e especifica que «o Partido aproveitará todas as oportunidades de informação e discussão política através da internet. [...] Em paralelo com o trabalho organizativo, o Par-tido vai maximizar o recrutamento de quadros – verdadeiro penhor da sua credibilidade e prestigio na sociedade portuguesa». Esta viragem de-semboca em diversas alterações na forma de atuar do partido, nomeada-mente foi aprovado no Conselho Nacional de 24 de novembro de 2007 o «Regulamento da Actualização do Ficheiro de Militantes», esta ação conhecida por «Projecto Militância Activa»42que tinha terminus no final do primeiro semestre de 2008.43Em 2009, no XXIII Congresso, o partido conta com «mais de 18 000 militantes com dados actualizados»44e a es-tratégia organizacional mantém-se na «inovação» onde é pretendido «aprofundar a iniciativa ‘Partido Aberto’, através do sítio do CDS-PP na internet. [...] Por outro lado o CDS-PP tem de organizar espaços de de-bate interno com abertura a independentes, que se possam aproximar do Partido. Para tal devem contribuir as acções de formação política, os

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42O «Projecto Militância Activa» consistia em verificar e atualizar os dados de todos os militantes presentes na base de dados central. Basicamente o processo resumia-se a que todos aqueles que respondessem ao contacto por parte da organização fossem con-siderados «Militantes activos», todos os outros seriam concon-siderados «Militantes não ac-tivos», ficando os últimos com os seus direitos e deveres suspensos. A qualidade de «Mi-litante activo» poderia ser recuperada a qualquer momento mediante comunicação escrita à Secretaria-Geral.

43Em resposta ao TC, numa carta datada de 4 de janeiro de 2008, o CDS-PP indicava que possuía 45 239 militantes. Este número seria reduzido para cerca de 18 000 militantes após a atualização da base de dados de militantes.

gabinetes de estudos e os grupos de missão».45Nas eleições legislativas de 2009 o CDS obteve uma votação de 10,43%, conseguindo 21 man-datos de deputado, o melhor resultado alguma vez conseguido.

O XXIV Congresso ocorreu no fim de semana após o chumbo PEC 4 e ainda sem ser conhecida a demissão do governo de José Sócrates, e tal-vez por isso não tenha existido muito debate acerca da preparação das eleições, que não eram esperadas. Debateu-se sobretudo o estado do país e não existiu qualquer referência quanto ao ganho ou à perda de filiação. Assim a estratégia inscrita na moção46ganhadora foi de «apatia». O facto mais marcante deste congresso foi a vitória da proposta de alteração aos estatutos, apresentada pela Juventude Popular, que previa a eliminação do método de eleição do líder, eliminando o método de eleição direta.47

Nas eleições legislativas de 2011, o CDS-PP voltou a obter um resultado recorde com 11,70%, conseguindo aumentar o seu grupo parlamentar para 24 deputados. No final de 2011 o partido apresentava 27 665 mili-tantes.

Em 2014 o partido já tinha ultrapassado os 30 000 filiados,48e no seu XXV Congresso, último sob análise, aprovou uma moção49que volta a apontar a «consolidação» como o caminho a tomar.

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