• Nenhum resultado encontrado

PASSOS PARA O DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS

No documento Alevinagem, recria e engorda de pirarucu. (páginas 119-123)

O diagnóstico presuntivo de doenças pode ser realizado pela observação dos sinais clínicos (vide tópico “Sanidade na alevinagem”), e a confirmação do mesmo é realizada por outros meios de diagnóstico, por um profissional qualificado. Análises parasitológicas básicas podem ser feitas na própria piscicultura, havendo, portanto que disponibilizar um local para esse tipo de trabalho. Assim, para se montar uma estrutura mínima de laboratório para análises é necessário dispor de: • Uma sala ou área coberta, com boa iluminação, ventilação e instalação elétrica segura.

Contendo, pelo menos, uma mesa e cadeira para o técnico; • Pelo menos um microscópio ótico;

• Pelo menos um estereomicroscópio ótico (lupa); • Placas de Petri de vidro ou plástico;

• Frascos de vários tamanhos para coleta de amostras ou acondicionamento de peixes menores inteiros;

• Material cirúrgico: luvas, pinças, tesouras, cabos e lâminas de bisturi; • Lâminas e lamínulas de vidro;

• Reagentes e soluções: formol 5% ou 10%, álcool etílico 70%, solução de NaCl 0,9% (soro fisiológico) e água destilada.

O modelo do microscópio a ser adquirido irá depender da disponibilidade de investimento inicial. Dependendo do equipamento, a qualidade da imagem observada varia e isto pode comprometer de alguma forma o diagnóstico, principalmente para uma pessoa não treinada.

O número de animais a ser amostrado para diagnósticos deve ter uma representatividade do lote. Este número é menor quando o parasito é facilmente encontrado e maior quando acomete poucos animais no lote. A necropsia de animais mortos pode ser realizada, porém,

dependendo das condições de decomposição que o animal for encontrado, pois nesse caso o diagnóstico é pouco confiável. No caso de doenças bacterianas, a análise bacteriológica deverá ser feita em animais que evidenciam sinais clínicos ou que estejam moribundos (PAVANELLI et al., 2008).

Para a análise, inicialmente deve-se realizar a biometria dos animais, seguida por uma análise macroscópica para determinação de características externas anormais na pele, nadadeiras, boca, olhos e ânus. Os opérculos devem ser levantados para avaliação das brânquias. Nesse momento, ectoparasitos visíveis a olho nu, como crustáceos e isópodes, podem ser coletados e conservados (Tabela 12). Registre o que for encontrado.

Em seguida, deve-se realizar a coleta de muco para identificação da presença de ectoparasitos protozoários, monogenoides e mixosporídeos ou fungos (visualizados por meio de suas hifas) no tegumento do peixe, com auxílio de um microscópio de luz. Para isso, realiza-se a raspagem da pele na mesma direção das escamas (crânio-caudal), com uma lâmina de vidro, em todo o corpo do peixe, de forma a coletar o muco da superfície do corpo e depositá-lo entre lâmina e lamínula (Figura 77). Registrar o que for encontrado.

Depois disso, todos os arcos branquiais devem ser retiradas, colocados em uma placa de Petri com água destilada ou soro fisiológico para visualização em um estereomicroscópio (lupa). Se necessário, os arcos branquiais podem ser acondicionados em uma lâmina de vidro para avaliação em microscópio de luz (Figura 77). Nas brânquias, é possível pesquisar a presença de fungos ou de parasitos monogenoides, protozoários, mixosporídeos e crustáceos, registrando-se o que for encontrado.

Para avaliação de endoparasitos, os órgãos internos devem ser retirados e colocados individualmente em placas de Petri, com água destilada ou soro fisiológico, para visualização em um estereomicroscópio (lupa) (Figura 77). Podem ser encontrados nematoides, digenéticos, cestoides e acantocéfalos, adultos, larvas (metacercárias) ou ovos, registrando- se o que for encontrado.

Tabela 12. Formas de conservar e armazenar os parasitos para

posterior identificação.

Localização Parasito armazenamentoForma de

Brânquias e

Pele (muco) Monogenoides e Tricodinídeos

Armazenar os arcos branquiais com os parasitos em um frasco contendo formalina 5% ou 10%. Usar proporção de 1:2 (amostra: solução). Estômago, Intestino, Cecos pilóricos e Bexiga natatória (pulmão) Nematoides (vermes arredondados), Digenéticos (vermes achatados) e Acantocéfalos (vermes do intestino) Separar os órgãos em diferentes frascos. Coletar todos os parasitos encontrados. Armazenar os parasitos coletados em frasco contendo formalina 5% ou 10%. Pele (superfície do corpo), Opérculos e Narinas Branchiuros e Copepodas Coletar todos os parasitos encontrados. Armazenar os parasitos coletados em frasco contendo álcool 70%.

119

Na análise do material amostrado, o diagnóstico de uma parasitose pode ser feito ou pelo método de presença e ausência ou por métodos de quantificação. No primeiro caso, a informação é parcial e não permite maiores inferências sobre o ambiente de cultivo ou mesmo futuras comparações entre pisciculturas e na própria piscicultura. No segundo método, tem- se o diagnóstico completo, qualificação e quantificação do parasito, e com a informação mais acabada é possível tomar medidas assertivas de prevenção e controle.

Figura 77. Demonstração dos passos para realização de um diagnóstico rápido de parasitoses.

Coleta dos animais no ambiente de cultivo

Avaliação macroscópica da pele, nadadeiras, boca, olhos e ânus

Biometria

Microscópio

Lupa Preparação das lâminas

Raspado de muco

Avaliação macroscópica e coleta das brânquias

Avaliação macroscópica e coleta dos órgãos

Microscópio

Recomenda-se que as amostras coletadas pelo produtor sejam corretamente identificadas e armazenadas (Tabela 12), para que, quando possível, um técnico especializado possa fazer o correto diagnóstico.

O diagnóstico indicativo de bacterioses e micoses pode ser feito pelo produtor por meio da avaliação de sinais clínicos, mas a confirmação laboratorial é imprescindível e necessita de análises mais complexas, enviando amostras para um laboratório especializado. Nesses casos, é indicado consultar previamente o laboratório para saber qual é a forma adotada de envio de amostras.

Informações mais detalhadas de como se realizar uma necropsia criteriosa, os locais de preferência dos agentes patogênicos, métodos de identificação e quantificação das doenças podem ser encontrados em Eiras et al. (2006), Iwashita e Maciel (2013) e Pavanelli et al. (2008). Segundo levantamento realizado com produtores e técnicos, observou-se que as informações fornecidas sobre as ocorrências de problemas sanitários na produção do pirarucu são bastante generalistas (REBELATTO JUNIOR et al., 2015), ou seja, o diagnóstico realizado nas propriedades amostradas não alcançou nem mesmo o nível de grandes grupos de parasitos, como foi o caso dos endoparasitas, citados como vermes. A identificação correta do grupo do(s) parasito(s) ou das espécies envolvidas na infestação ou infecção é essencial para avaliação da patogenicidade do agente etiológico e da definição da melhor forma de controle.

PRINCIPAIS DOENÇAS DE

No documento Alevinagem, recria e engorda de pirarucu. (páginas 119-123)