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4.3. Sistemas de pintura

4.3.3. Patologias das tintas empregadas em edificações

As tintas, como qualquer outro componente de uma edificação, também estão suscetíveis à ação das intempéries e sofrem processos de deterioração, que podem ser acelerados ou não, de acordo com o tipo de tinta empregado e as condições ambientais. Assim, há necessidade de se programar repinturas periódicas, conforme recomendações do fabricante ou de acordo com o estado de degradação da peça. Castro (1999) e Cândido (2005) apresentam as patologias das tintas sob três pontos de vista: patologias de ordem estética, de ordem geral e de ordem econômica.

4.3.3.1. Patologias de ordem estética

As patologias de ordem estética são patologias de película que deixam um aspecto visual desagradável, mas não chegam a comprometer sua eficiência e são normalmente provocadas devido a problemas durante a aplicação. Podem ter diversas causas, mas a maioria delas está vinculada à ação do homem:

i) Impregnação do abrasivo

A impregnação do abrasivo ocorre quando há proximidade entre a região onde é feito o jateamento e o local onde a pintura é executada. As partículas de abrasivo dispersas no ar são incorporadas às superfícies pintadas que não atingiram o tempo de secagem suficiente, o que compromete a estética e pode prejudicar a proteção anticorrosiva da peça.

ii) Escorrimento

O escorrimento da tinta sobre a superfície metálica pode ocorrer por causa do acúmulo excessivo de tinta na superfície, da uma formulação errada (baixa viscosidade e consistência), da aplicação sobre superfície muito fria ou da aproximação excessiva da pistola de aplicação.

iii) Pele ou casca de laranja

A pele surge quando a película torna-se rugosa, semelhante a uma casca de laranja, e ocorre normalmente na aplicação com pistola em decorrência de uso de solvente muito volátil, de atomização inadequada (pouca pressão na pistola) ou de aproximação excessiva da pistola em relação à superfície pintada.

iv) Sobreaplicação (overspray)

A película fica com um aspecto fosco e pulverulento em razão da tinta ter sofrido uma pré- secagem, provocada pela evaporação do solvente antes de atingir a superfície metálica, por causa de: pressão excessiva na pistola (excesso de atomização), temperaturas ambiente e da chapa elevadas, solvente muito volátil, distância grande entre pistola e superfície metálica.

4.3.3.2. Patologias de ordem geral

As patologias de ordem geral são defeitos cuja ocorrência pode prejudicar a eficiência da película de tinta, dando início a processos corrosivos, provocados geralmente por problemas de aplicação ou de composição da tinta, que necessitam de intervenção rigorosa para serem solucionados.

i) Empolamento

O empolamento é provocado pela formação de nódulos (ou bolhas) sob a película devido ao aprisionamento de algum fluido e está relacionado às condições inadequadas de aplicação da tinta, causado por: umidade relativa superior a 85% e temperatura da chapa inferior a 10 ºC, retenção de solvente ou processos corrosivos acelerados causando o aparecimento das bolhas. Esse defeito leva ao rompimento da película de tinta e à formação de vários pontos de corrosão na superfície metálica.

ii) Empoamento ou calcinação

O empoamento, também conhecido como engisamento, é característico de certas resinas e consiste na sua degradação pela ação dos raios ultravioletas, quando se tem a liberação dos pigmentos, a perda de brilho e da cor. Pode manifestar-se, ou ser agravado, pela degradação dos pigmentos, em especial os orgânicos.

iii) Fendilhamento

O fendilhamento, também conhecido como fraturamento, craqueamento ou gretamento, é um defeito que consiste na quebra da película devido à perda de flexibilidade, ocasionada por formulações mal balanceadas e pela falta de plastificante na tinta.

iv) Descascamento

O defeito de descascamento da pintura é o mais comum dos problemas que ocorrem em estruturas metálicas e é devido à perda de aderência entre a película e o aço, ou entre películas de diferentes demãos. Várias são as causas responsáveis pelo seu aparecimento: limpeza inadequada da superfície do aço, contaminação da superfície a ser pintada após a limpeza, contaminação da superfície entre demãos, pouca rugosidade, incompatibilidade entre tintas e inobservância dos intervalos para repintura.

v) Enrugamento

O enrugamento da pintura é a ondulação da película ocasionada por uma secagem irregular e está normalmente associado à formulação das tintas. Suas causas são as películas muito espessas e os solventes muito voláteis.

vi) Sangramento

O sangramento da pintura consiste no manchamento da película de tinta e ocorre devido ao afloramento da cor da tinta de fundo, causado pela ação de solventes fortes da tinta de acabamento, que provocam a dissolução dessa tinta de fundo. Tem esse nome por ocorrer com freqüência na cor vermelha.

4.3.3.3. Patologias de ordem econômica

As patologias de ordem econômica não causam problemas em relação ao sistema de proteção, posto que a espessura da película é maior do que o necessário, mas geram prejuízos financeiros devido ao consumo exagerado de tinta:

i) Consumo elevado

O consumo elevado em uma pintura está vinculado basicamente ao setor de limpeza e pintura do construtor e ocorre pelo fato do rendimento da tinta ficar muito abaixo do esperado, devido a: rugosidade excessiva da superfície do aço, equipamento de aplicação da tinta inadequado para aquele tipo de estrutura, inabilidade do aplicador, condições de vento excessivo para aplicação à pistola, desperdício de tinta pelo não aproveitamento total do conteúdo do recipiente, desperdício da tinta devido ao seu endurecimento por não ter sido aplicada no tempo recomendado pelos fabricantes.

ii) Espessura excessivamente desuniforme

Uma espessura excessivamente desuniforme de tinta está relacionada ao aplicador e a solução é refazer a pintura até atingir a espessura mínima e treinar ou substituir o aplicador da tinta.