• Nenhum resultado encontrado

PATRIMÔNIO, RENDA E SERVIÇOS RELACIONADOS COM AS FINALIDADES ESSENCIAIS DAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS E OS TRIBUTOS ABARCADOS PELA

2. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO

2.3. PATRIMÔNIO, RENDA E SERVIÇOS RELACIONADOS COM AS FINALIDADES ESSENCIAIS DAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS E OS TRIBUTOS ABARCADOS PELA

IMUNIDADE DAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS

Além de ressaltar que a imunidade tributária dos templos de qualquer culto abrange somente as finalidades essenciais das entidades, o § 4º do artigo 150 da Constituição da República também preconiza que tal imunidade deve contemplar exclusivamente o patrimônio, a renda e serviços relacionados com tais finalidades. Como já visto o legislador buscou uma interpretação ampliativa, pelos motivos abaixo expostos por Sabbag:

(a) por tratar, textualmente, do vocábulo entidade, chancelando a adoção da concepção do templo-entidade; (b) por se referir a “rendas e serviços”, e, como é sabido, o templo, em si, não os possui, mas, sim, a “entidade” que o mantém; (c) por mencionar algo relacionado com a finalidade essencial – e não esta em si -, o que vai ao encontro da concepção menos restritiva do conceito de “templo”.76

Dessa forma, é imune o patrimônio das instituições religiosas que compreendem o prédio onde se realiza o culto, o local da liturgia, os veículos utilizados como templos móveis, entre outros que vincula-se a finalidade religiosa.

Nesse sentido completa Eduardo Sabbag:

76 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 329-330.

O preceptivo que desonera alcança o patrimônio mobiliário e imobiliário dos templos, as rendas (decorrentes da prática do culto) e os serviços, quando vinculados a finalidades religiosas.77

A renda imune é aquela decorrente do ato religioso, ou seja, doações dos fiéis e aplicações financeiras que são utilizadas na preservação do patrimônio da entidade, o conhecido dízimo.78

Os serviços das instituições religiosas serão imunes ainda que sejam gratuitos, exemplo disso é a assistência aos pobres com alimentação, vestuário entre outros.79

Levando-se em conta os termos “patrimônio”, “renda” e “serviços”, devemos constatar que não deve incidir IPTU sobre o prédio utilizado para o culto, ou sobre o convento, IPVA sobre o veículo utilizado como templo-móvel, ITBI sobre aquisição de prédio destinado ao templo, IR sobre as doações, dizimo ou sobre as rendas advindas de aplicações financeiras do templo, ISS sobre o serviço religioso, etc.80

Contudo, o que deve ser observado é o exagero na concessão de imunidades, o Poder Público deve se abster de cobrar tributos tão somente dessas atividades diretamente ligadas ao templo e seus objetivos.

Nesse sentido completa Carine:

Os templos não pagam imposto predial, territorial, de licença, ou qualquer outro imposto. São imunes de Tributos, porém tributáveis os aluguéis e as rendas dos conventos e demais instituições religiosas fora dos Templos.81

Além disso, é importante destacar que a instituição religiosa está sujeita aos impostos indiretos quando desempenhar o papel de compradora de mercadoria, independentemente da destinação dos produtos adquiridos, nesses casos não há que se falar em imunidade.82

Também quanto à extensão da imunidade, sobre o inadimplemento da entidade religiosa o STJ tem entendido que as imunidades restringem-se aos tributos que recaem somente sobre os templos

Quanto à extensão da imunidade religiosa e suas implicações patrimoniais, perante a inadimplência da entidade imune, a 5ª Turma do STJ, em dezembro de 2004,

77 Idem.

78 CAMPOS, Carine Dallagnol de. Imunidade Tributária dos templos de qualquer culto. 2007. Monografia (Bacharelado em Direito). Faculdade de Direito. Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, 2007, p. 49.

79 Idem.

80 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 329.

81 CAMPOS, Carine Dallagnol de. Imunidade Tributária dos templos de qualquer culto. 2007. Monografia (Bacharelado em Direito). Faculdade de Direito. Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, 2007, p. 51.

82 Idem.

enfrentou curiosa situação: uma empresa propôs ação de despejo por falta de pagamento de aluguel devido por certa igreja. Como esta possuía apenas um imóvel apto para a penhora – e o valor dele era menos do que dívida -, a empresa credora pediu a penhora de parte do faturamento diário da igreja, até a quitação da dívida.

No caso, a igreja se manifestou afirmando que a arrecadação do templo (renda) é impenhorável. O STJ, de acordo com o voto do relator, o Ministro José Arnaldo da Fonseca, por sua vez, entendeu que “ainda que os templos de qualquer culto gozem de isenção tributária expressa por disposição constitucional, esta imunidade restringe-se aos tributos que recairiam sobre seus templos. As demais obrigações, como os encargos assumidos em contrato de locação, não estão abrangidas pelas

POSSIBILIDADE. As doações dos seguidores e simpatizantes do culto religioso constituem em receita da pessoa jurídica e esta deve suportar as suas obrigações, dentre elas o crédito da agravante. Ante a ausência de bens que garantam a execução, excepcionalmente, lícito é que a sua receita diária seja penhorada, em percentual que não a inviabilize, até a satisfação do crédito da exeqüente, procedendo-se na forma prevista no art. 678 , parágrafo único , do CPC , nomeando-se administrador para a sua efetivação, obnomeando-servado o disposto no art. 728 do CPC ."

Recurso não conhecido.84

Com isso, devemos ter em mente que as finalidades essenciais das instituições religiosas abrangem apenas atividades direta ou indiretamente relacionadas com suas finalidades, ou seja, cultos, celebrações, formação de padres e ministros, catequese etc., cabendo algumas extensões quando ligadas a estas mesmas finalidades, porém não deve-se perder de vista a separação entre igreja e Estado, impedindo qualquer subvenção, aliança ou relações de dependência.85

83 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 329.

84 BRASIL. STJ - RECURSO ESPECIAL : RESP 692972 SP, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca.

Julgado em: 16/12/2004.

85 REIS, Ana Maria Ribeiro dos. Imunidade Tributária dos Templos Religiosos. In Tributação e Direitos Fundamentais Conforme a jurisprudência do STF e STJ. Paulo Gonet Branco, Luciane Angelotti Meira, Celso de Barros Correia Neto. . São Paulo: Saraiva, 2012, p. 73.

3. INTERPRETAÇÃO E APLICABILIDADE DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS