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5.3 Ferramenta MASE

6.1.4 PDOT

A variável política escolhida para análise e investigação foi o PDOT do DF. O documento técnico (GDF,2009) produzido pela Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvi- mento Urbano (SEDHAB) informa que o PDOT é hoje o instrumento técnico e legal que ordena o território e cuida do desenvolvimento integrado do Distrito Federal, incluindo áreas urbanas e rurais, conforme determina o Estatuto da Cidade3. Tem por função

orientar as políticas públicas para o patrimônio cultural, meio ambiente, sistema viário, mobilidade e transporte, saneamento ambiental, energia, desenvolvimentos econômico e rural, habitação e equipamentos regionais, entre outras. O último PDOT em vigor no DF data de 1997. A revisão do PDOT/97 iniciou-se em 2004, mas só conseguiu avançar em 2008 e 2009. A revisão é necessária para adequar as mudanças sociais, econômicas e territoriais ocorridas nos últimos anos com relação à dinâmica urbana e ao estilo de vida da população do DF. Entretanto, apesar da revisão ter sido aprovada em 2009, com a redação da Lei Complementar no803/2009, escândalos políticos levaram à um escrutínio

da revisão proposta, com ação direta de inconstitucionalidade deferida nesse mesmo ano. Desde 2009, muito pouco se avançou na consolidação de uma nova revisão.

O PDOT é composto por diretrizes, critérios e estratégias e, o mais relevante para o estudo em questão, pelo macrozoneamento e zoneamento, que estabelecem as relações entre espaços urbanos, rurais e naturais, indicando as áreas de crescimento urbano, as áreas a serem preservadas e as situações de ocupação urbana e rural a serem mantidas, de acordo com um conjunto de tendências e vocações. Tais definições impactam enormemente o espaço, definindo zonas de incentivo e subsídio a alguns tipos de uso da terra. São quatro as grandes divisões espaciais do PDOT: (i) a macrozona urbana, (ii) a macrozona rural, (iii) a macrozona de proteção integral e (iv) as áreas de diretrizes especiais.

A Macrozona Urbana define, conforme a sua denominação, áreas denominadas às atividades urbanas, com infraestrutura já consolidada para esse tipo de uso, com incentivos aos setores secundários e terciários. Já a Macrozona Rural reune os espaços destinados

3

Estatuto da Cidade, Lei no

10.257, de 10 de julho de 2001. Disponível em:

(a) Ferrovias (b) Rodovias

(c) Ruas (d) Edificações

(e) Cursos d’água (f) Corpos d’água Figura 6.6: Variáveis proximais que configuram o ambiente no DF.

Figura 6.7: Composição das layers que caracterizam o ambiente físico do DF. às atividades rurais, principalmente do setor primário. Ao analisar os agrossistemas e as bacias hidrográficas, o governo do DF propôs 2 subdivisões, apresentadas pela Figura6.8, a saber:

• Zona Rural de Uso Diversificado - zona de consolidação do uso da terra para ativida- des agrossilvipastoris. Composta, principalmente, por terras planas que favorecem a produção de grãos em larga escala, com mecanização e irrigação. O GDF con- sidera a produtividade na região como o fator responsável pela inserção do DF no contexto do agronegócio regional. Há o incentivo explícito à agricultura e pecuá- ria, objetivando reforçar a vocação rural da região, estimulando usos intensivos e a verticalização da produção.

• Zona Rural de Uso Controlado - zona em que já existe agricultura e pecuária consoli- dada, mas que deve ser controlada (restrita). As diferentes áreas rurais que compõem esta zona têm em comum a necessidade de maior controle do uso e ocupação do solo, devido à restrições decorrentes de sua sensibilidade ambiental e da necessidade de proteção dos mananciais destinados ao abastecimento de água da população. O in- forme técnico da SEDHAB esclarece que devido à existência de propriedades que não dispõem das condições necessárias à competitividade no agronegócio (dificuldade e acesso a água, solos inadequados, dimensões incompatíveis, dificuldades de acesso à tecnologias apropriadas etc.) aliada à proximidade com núcleos urbanos e maior acessibilidade viária, esses espaços sofrem constante pressão para sua alteração por usos urbanos, quase sempre promovidos de forma irregular. Entretanto, é diretriz de governo incentivar aí também o agronegócio, desolcando para outras frentes a expansão urbana. Portanto prevê-se nessa área a recuperação da capacidade pro-

(a) Zona de Uso Diversificado (b) Zona de Uso Controlado Figura 6.8: Detalhes da Macrozona Rural - PDOT DF.

dutiva, com o incentivo às atividades agroecológicas, agro-florestais, à agricultura orgânica, ao turismo rural, entre outros.

A Macrozona de Proteção Integral compreende os grandes espaços legalmente protegi- dos do DF, destinados à preservação da natureza, onde é admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais. Assim, nessa macrozona, os espaços têm sua finalidade ambiental definida por lei específica, não sendo permitidas atividades urbanas ou rurais. A macro- zona é composta pelas unidades de conservação consideradas como de proteção integral: Parque Nacional de Brasília; Estação Ecológica de Águas Emendadas; Estação Ecológica do Jardim Botânico; Reserva Ecológica do IBGE; Reserva Ecológica do Guará; Reserva Ecológica do Gama; Reserva Ecológica do Lago Paranoá; Estação Ecológica da Universi- dade de Brasília - áreas de relevante interesse ecológico de Capetinga e Taquara; Reserva Biológica do Descoberto; e Reserva Biológica de Contagem.Tais áreas podem ser visu- alizadas na Figura 6.1. Finalmente, as Áreas de Diretrizes Especiais são espaços com características especiais que se sobrepõem a outras macrozonas do PDOT. Evidenciam áreas que necessitam de tratamento diferenciado, como as unidades de conservação de uso sustentável não inclusas na Macrozona de Proteção Integral e áreas de drenagem de pequenas captações de água destinadas ao abastecimento público.

Esse cenário proposto em 2009 para o DF foi incorporado no estudo de caso da dinâ- mica do uso da terra no DF. Para isso, uma imagem com 3 classes foi gerada, para guiar os agentes transformadores do uso do solo. Como o estudo de caso tem o foco na ação dos agentes agricultores e pecuaristas, as classes escolhidas para compor a simulação também são as que retratam melhor os incentivos e desistímulos dessas atividades de uso na terra, evidenciando a Macrozona Rural, segundo o PDOT, a saber:

• Zona Rural de Uso Diversificado - identificada pela cor verde na Figura 6.9 (RGB 0-255-0);

• Zona Rural de Uso Controlado - indentificada na cor azul (RGB 0-0-255);

• Macrozona Urbana e Macrozona de Protação Integral - , as classes restantes foram agrupadas por se mostrarem impeditivas à expansão do agronegócio, identificada em vermelho (RGB 255-0-0)

Figura 6.9: Classificação do PDOT utilizada para os agentes agricultor e pecuarista. Na análise do comportamento das transformações do uso da terra pela agricultura e pecuária, o PDOT traz clara influência sobre a atividade dos agentes, demarcando áreas de intensificação da exploração e áreas de desaceleração ou desestímulo para os dois agentes em estudo. O comportamento dos agentes altera o mapa de utilidade de cada tipologia, incentivando os agentes a movimentarem-se para as zonas onde há subsídio do PDOT. Especificamente, a função de utilidade ganha um impulso de 10% na Zona Rural de Uso Diversificado.

A intenção da inclusão do PDOT na simulação é a vericação da aplicação dessa política na realidade,investigando suas consequências, uma vez que a versão final ainda não foi aprovada e seria possível gerar iinformação para a evolução dessa proposta pela análise dos resultados da simulação obtidos. O PDOT é incluído como uma imagem, que representa áreas espaciais de atração ou repulsão de agentes. Isso faz com que a coesão entre agentes e espaço seja reforçada, tornando o modelo mais próximo a realidade.