• Nenhum resultado encontrado

Mas não pensa quando vai falar com um colaborador, se necessita de modular a voz ou os gestos, por exemplo?

No documento Nome do autor: Paulo José Farias Rodrigues (páginas 49-53)

Apêndice F: Textos obtidos a partir das entrevistas em profundidade

Entrevista 4: Daniel Diretor Geral, Empresa de Serviços Funerários – 16 de Outubro de 2013.

Q- Mas não pensa quando vai falar com um colaborador, se necessita de modular a voz ou os gestos, por exemplo?

R- Nesse sentido não, mas adapto-me ao interlocutor, claramente. Se estou a falar com um comercial ou operacional sei que são públicos completamente distintos e quero que me compreendam, por isso tenho de colocar-me ao nível deles. Se estiver a falar com um administrador, tenho de me adaptar também. Se quiser ser entendido, entenda-se, claro.

Q6

R- Muitas vezes, a CNV, quando estamos a falar com um líder, dá logo a ideia de que “este tipo está aqui a dar-me uma "chazada" para eu me calar”, e tem um discurso e tem um discurso político para eu não exigir mais nada. Nestes casos os colaboradores só ouvem porque é politicamente correto, mas não estão a levar a sério. Se um colaborador vem falar comigo, parto sempre da premissa que para ele se trata de um assunto sério. Não vale a pena minimizar e explicar que o assunto não é assim tão importante. Já senti na pele, durante todo o percurso profissional com chefias com quem tive de trabalhar, estarem num contexto totalmente diferente e não nos darem a devida importância e nós não gostamos.

Q- Preocupa-se com esse aspeto, de envolver as pessoas?

R- Nem sempre consigo. Isso também depende do momento, vida não é tão linear. Mas é uma pena quando transmitimos uma ideia e não temos sucesso, porque do outro lado está sempre um ser pensante, que está ali para contribuir para o nosso êxito e a organização depende dele.

Q7

R- Tendo em conta que a minha chefia tem uma abrangência de atuação muito vasta, tenho de lhe colocar os problemas com grande rapidez. Sou muito focado e procuro dar ênfase àquilo que considero importante para a empresa. Mesmo ao telefone sou extremamente expressivo. O meu tom procura “acordá-lo” para determinada matéria. Isto porque a formação dele é muito diferente da das outras chefias, ou seja, os chefes do chefe têm também uma formação muito diferente, a nível pessoal e académico. Quando falo com o meu chefe que tem uma formação financeira, muito diferente da minha (Marketing), ele só vê uma linguagem “01 01 01”. Por exemplo, ele por vezes pede-me para colocar o assunto de forma matemática. Explicar o conceito de marca a um indivíduo que só fala linguagem matemática obriga-me a um esforço enorme, dando ênfase aos pontos em que eu quero que ele se concentre. Daí esta CNV ao telefone, ou num e-mail. Isso implica dar o corpo de letra suficiente, sublinhar, utilizar o negrito para chamar a atenção.

Q- Estando ao telefone, dada a distância geográfica (Lisboa/Madrid), se calhar não dá conta, mas utiliza os gestos, o ritmo, a repetição, etc., como está a fazer agora para sublinhar alguns aspetos? R- Sim, absolutamente!

Q8

R-Tento falar com a minha equipa diariamente. Com os Coordenadores (Chefias intermédias) tenho reuniões informais diariamente. A reunião formal é mensal.

Q9

R- Normalmente nestas reuniões abordam-se assuntos muito objetivos, como resultados e objetivos. Quando tenho de colocar novos desafios presto muita atenção à reação das pessoas.

Q10

R- A CNV aumenta. Pode até haver lugar a um contacto físico, com a tradicional “palmadinha nas costas”, que por vezes é necessária para transmitir confiança e credibilidade. A entoação e aspeto físico são também importantes.

Q11

R-O tom de voz, exemplo: se a voz cresce, se falamos num tom mais sereno, para dar tranquilidade. Q12

R- Eu estou muito atento porque essa avaliação é muito sensível. Presto atenção ao olhar do colaborador para perceber a sua reação ao que estou a dizer. A avaliação implica um consenso, caso contrário enviava a avaliação por e-mail. É muito importante que o avaliado sinta que a avaliação é

justa, mesmo que haja uma diferença de opinião num determinado critério. Recorro aos gestos e a uma boa explicação para atingir o que pretendo.

No caso de uma reunião de objetivos, recorro ao desenho de bonecos no papel para dar uma explicação gráfica.

Q14

R- Tenho tendência a não confiar naquelas pessoas que têm olhos pequenos. As marcas são relevantes para caracterizar as pessoas, mas não para influenciar. Disto tudo relevo só que estes aspetos nos dizem se a pessoa é preocupada consigo própria e com a empresa.

Q15

R-Poderá influenciar na evolução da carreira, por exemplo, na área comercial dado que vai estar em contato com o público, por isso aí sim, tenho algum cuidado com a questão estética. O público não iria compreender/aceitar, seria desagradável, mesmo que a pessoa não tenha culpa ou responsabilidade de ter um hálito horrível.

Q16

R- Valorizo respostas rápidas! Valorizo também a capacidade de decisão e isto é muito importante para a empresa. A não decisão contagia-se e descredibiliza a empresa. Defendo a expressão, máxima liberdade máxima responsabilidade, isto permite que a empresa respire liderança sob os vários departamentos e chefias intermédias. Há tempos falei que necessitávamos de uma formação em liderança para as chefias intermédias, apesar de ser muito difícil encontrar uma formação eficaz. Em suma, diria que a resposta rápida, o ouvir as pessoas, são pontos importantes.

Q17

R- Isto tem fases mediante as necessidades do contexto. Eu dou alguma importância à informalidade. Os portugueses são mais formais do que os espanhóis, isso faz parte das culturas. Os alemães são o oposto. Falo nisto porque temos muito contacto com públicos externos e do estrangeiro. Alguma informalidade para mim é básica para conseguir fazer passar a informação. Não quero coisas mal feitas, não quero o perfecionismo à procura do ideal que nunca mais é feito e concretizado. A informalidade lava-nos a ser mais rápidos.

Q- O Estilo é importante?

R- Sim, está relacionado com a imagem, está tudo interligado. Ter mais visão estratégica, ou ser mais normativo isso depende muito do contexto e da necessidade da empresa no momento.

Q- Comportamentos Observáveis?

Q: E relativamente às características físicas, podem influenciar?

R- Eu gostaria de não acreditar, mas acho que isso na realidade acontece. Ter cabelo branco e um ar pesado pode conferir alguma respeitabilidade num cargo de chefia, quando comparado com um líder jovem. No início isso poderá ter alguma importância, mas no fim dissipa-se. Todos somos caricaturáveis e transportamos connosco uma caricatura. Nós só nos lembramos do que é caricaturável quando estamos chateados com eles.

Q20

R- Para dizer a verdade é um tema em que não tenho refletido muito. Desde pequeno, quando comecei a trabalhar nesta empresa as pessoas, normalmente as chefias intermédias, têm sempre tendência de levar a um nível muito pessoal as discussões, as discrepâncias, as opiniões. Quando nos exaltamos a defender opiniões, eu não considero as reações como ofensa pessoal. Há que separar o aspeto pessoal do problema. Se ao defender um argumento de forma agressiva, as pessoas tendem a pessoalizar que há algo de pessoal e ficam ofendidíssimas, chegando ao ponto de deixarem de falar. Não quero mal a ninguém e quando as coisas têm de ser ditas há que fazê-lo e defender os argumentos. Percebi que ao longo do meu caminho que originei algumas inimizades e situações incompreendidas. Só percebi isto mais tarde quando as pessoas tinham receio de falar comigo e isso é um disparte!

Houve uma altura em que me preocupei em desmistificar isso. As pessoas têm de se entender, defendendo os seus pontos de vista. É para isso que são pagas. As pessoas não são pagas para concordarem comigo, nem eu sou pago para concordar com os outros e muito menos para criar inimizades. Temos de nos focar na situação deixarmos para trás pormenores irrelevantes, que não contribuem nada para o tema. Este é o problema claríssimo das chefias, quando há esta má interpretação do que estamos afinal a discutir.

O que me preocupa mesmo é a imagem que pode conduzir a que os outros deixem de atuar de forma como deveriam atuar. Na minha imagem pessoal acho que tenho um handicap que é ter este ar jovial. Falta-me um cabelo branco, sobretudo em reuniões a nível externo. Em termos de imagem interna, como referi, é algo que não tem sido um fator preponderante na minha atuação.

Q- Acha que a imagem de um líder pode ter influência na liderança?

R- Sim, acho que sim. Todas as pessoas têm etiquetas e é muito fácil colocar um rótulo a alguém porque tem uma imagem mais agressiva, mais distraída ou mais disparatada e isso pode ocasionar alguma mudança comportamental no outro. Mas isso acabará por cair por terra pelas atitudes, comportamentos e decisões. A pessoa pode até não ter a melhor imagem. Pode haver um colega/colaborador com uma imagem excelente, muito prestável, mas se o conteúdo for zero a máscara cai por terra, mais dia, menos dia...

Q- A coerência entre ação e aparência?

R- Isso é claríssimo a imagem vem sempre ao de cimo.

R- Eu creio que a minha imagem nunca irá corresponder à imagem que os meus colaboradores têm de mim. O que relevo da minha imagem é a acessibilidade, tenho a conceção da administração “porta aberta”. Permitir que as pessoas venham falar é um ponto essencial. Ser focado é importante. Colocar a empresa em primeiro lugar, apesar dos custos pessoais que isso pode trazer. Estes são os pontos mais importantes e que relevam uma produtividade interessante.

Q22

R- Minimizar não digo, tenho a consciência de alguns aspetos, nomeadamente alguma impulsividade, que traz vantagens e desvantagens. Reconheço que por vezes a impulsividade traz algumas decisões mais imponderadas, mas prefiro isso à ausência de decisão e tento incutir isso nas pessoas. Não referi atrás, mas se alguém me traz um problema, tem de trazer uma solução, particularmente se for uma chefia. Suporto as decisões dos colaboradores, mesmo que por vezes não concorde com elas. É necessário passar confiança, as pessoas têm de assumir que têm de tomar decisões. Tenho neste momento um exemplo disso e acho que estou a construir um diamante, que está a ser lapidado e está a construir o seu caminho. Hoje é visto como um líder interno e foi excelente ver isso. Mas foi preciso “obrigá-lo a pôr a cabeça lá no meio”. Só assim é que as pessoas têm oportunidade de crescer, porque vão ganhando confiança e autoconfiança e automotivação.

Q23

R- Limpeza. Fico muito aborrecido quando o gabinete não está limpo, faz-me confusão. Sou

No documento Nome do autor: Paulo José Farias Rodrigues (páginas 49-53)