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5. Apresentação e discussão dos dados

5.2. Perceções sobre as atividades realizadas pelas ONG

5.2.3. Perceção das comunidades

O questionário foi respondido por 112 cidadãos das comunidades onde atuam as ONG Palmeirinha e AD. Apresentamos de seguida os resultados evidenciados

No gráfico 1, estão apresentados os dados referentes à primeira questão, que tem o intuito de conhecer a opinião das comunidades sobre a realização de atividades de EA nas comunidades.

0 20 40 60 80 100

Palmeirinha Outros AD IBAP

Palmeirinha AD 92 9 15 7 N ú me ro d e re sp o stas

identificação das ONG

A leitura do gráfico mostra-nos que segundo os inquiridos, estas duas ONG, a Palmeirinha e a AD realizam atividades de EA nas comunidades. É evidente, também que existem algumas pessoas que não têm conhecimentos das suas ações. Mas pelos números representados no gráfico, 92 (Palmeirinha) e 15 (AD) referem “sim” que ONG realizam ações de EA, e os restantes 3 (Palmeirinha) e 2 (AD) referem que “não”, podemos neste ponto classificar como positivo o trabalho desenvolvido pelas ONG.

Assim, permite-nos inferir que as ONG estão a dar resposta aos seus objetivos, estão a desenvolver ações de EA nas comunidades rurais, o que significa que estão, em parte, justificados os financiamentos que as próprias ONG anunciaram. Para dar suporte a estes dados, apresentamos o gráfico 2 que patenteia os resultados referentes à identificação das ONG que desenvolvem atividades de EA, conforme as respostas apresentadas no gráfico 1, afirmando que existem sim ONG que realizam estas atividades nas suas comunidades.

Figura 2- ONG identificadas pelas comunidades

O gráfico 2 demonstra que foram obtidas 133 respostas no total das duas ONG, em que, 101 são referentes às comunidades onde a Palmeirinha intervém, destes, 92 respostas apontam a Palmeirinha como uma destas ONG e as restantes 9 referem outras ONG que também trabalham naquelas comunidades; nas comunidades da AD obtivemos um total de 22 respostas, sendo que 15 referem a AD e as restantes 7 apontam o IBAP. O que demonstra que, tanto no caso da Palmeirinha como da AD, as ações abrangem a grande maioria das pessoas das comunidades que entrevistamos.

Nestas comunidades, existem outras ONG e institutos que também realizam ações de EA, mas pela trajetória e percurso nesta temática, as pessoas estão mais familiarizadas com estas, por serem percussoras nesta área de intervenção.

2 3

57

7 6

Uma vez por mês Duas vezes por mês

Três ou mais vezes

Uma vez por mês Três ou mais vezes Palmeirinha AD N ú me ro d e r e spo stas

Frequencia de realização das atividades

12 13

67

1 11

Uma vez Duas vezes Três ou mais vezes

Uma vez Três ou mais vezes Palmeirinha AD N ú me ro d e r e spo stas

Número de vezes que participam nas atividades

No gráfico 3 estão evidenciadas as respostas referentes à frequência com que as atividades são realizadas.

Figura 3- “Com que frequência as atividades são realizadas?”

Obtivemos 78 respostas no total das duas ONG, sendo 62 da Palmeirinha, que para a opção uma vez tivemos apenas 2 respostas e três ou mais vezes foi a mais respondida com 57 respostas. Para a ONG AD obtivemos 16 respostas, sendo a menos respondida a opção duas vezes por mês com 3 respostas e a mais respondida a opção uma vez por mês com 7 respostas. Consideramos relevante o conhecimento do número de vezes com que as ações são realizadas, independente da temática, porque quanto mais vezes as ações são realizadas mais rápida será a interiorização proporcionando mudanças de atitudes e comportamentos, o que permite a prevenção dos posteriores problemas ambientais e a solução precoce para os já existentes.

Seguindo esta linha, devemos não só saber o número de vezes que a ONG realiza as atividades, mas também quantas vezes as pessoas nas comunidades participam destas atividades, neste âmbito apresentamos os dados do gráfico 4.

O gráfico 4 mostra-nos que das 107 respostas 89 destas pertencem às comunidades da Palmeirinha, em que a opção menos respondida foi a de uma vez com 12 respostas e a mais respondida foi a três ou mais vezes com 67 respostas. As restantes 15 respostas foram das comunidades da AD e a opção menos respondida foi a opção uma vez, com uma resposta, a mais respondida foi três ou mais com 11 respostas. Pelo que está representado neste gráfico, podemos inferir que mesmo existindo um pequeno número de pessoas que não participam com tanta frequência como o desejado, a maioria participa o maior número de vezes, o que justifica a resposta positiva sobre a questão e sobre as mudanças causadas pelas atividades desenvolvidas.

Salientamos que os gráficos 3 e 4, são complementares relativamente à informação que apresentam. O n.º 3 sublinha a frequência da realização das atividades nestas comunidades e o n.º 4 traça a frequência de vezes que as pessoas participaram nestas atividades. participarem menos que isso ou em todas.

Vale a pena perceber se as pessoas participam por livre vontade ou se são pagas para assistirem à realização das atividades. Esta questão está esclarecida, obtendo-se os seguintes dados: num total de 107 respostas, tanto para a ONG Palmeirinha como para a AD todos responderam que participavam voluntariamente. Estes dados, demostram que as pessoas estão disponíveis e com vontade para aprender para mudar, pois sendo a GB um país considerado pelo BM como um dos mais pobres e nestas comunidades a maior fonte de renda é a agricultura e a comercialização dos produtos agrícolas, para participarem destas atividades, têm que dispensar um dia ou horas de trabalho para estarem presentes.

Relativamente ao facto destas atividades terem alterado a forma de pensar e agir sobre o ambiente, das 104 de respostas obtidas todas são positivas (87 respostas para Palmeirinha e 15 para a AD), as opções “não” e “talvez” não tiveram nenhuma resposta. Desta forma leva-nos a pensar que as ONG estão a fazer algo construtivo, porque se através das suas ações as comunidades já estão a ver diferenças nas suas maneiras de se relacionarem com o ambiente, podemos classificar de positivo as ações das ONG. A mudança não é algo que acontece imediatamente, exige tempo e paciência.

Seguidamente procuramos saber em que língua estas atividades são realizadas. Os dados são apresentados no gráfico 5.

4

90

4 5 14 2

Português Crioulo Etnica Português Crioulo Etnica

Palmeirinha AD N ú me ro d e r e spo stas

Lingua as atividades são realizadas

90

2 15 0

Positivo Negativo Positivo Negativo

Palmeirinha AD N ú me ro d e r e spo stas

Avaliação das atividades desenvolvidas pelas ONG

Figura 5- “Em que língua as atividades são realizadas?”

Pela leitura do gráfico verificamos que das 119 respostas obtidas, para a ONG Palmeirinha o português e a étnica tiveram 4 respostas e o crioulo teve 90 respostas; para a AD a opção que teve menos respostas foi a étnica com 2 e o crioulo foi a que teve mais respostas, com 14. Consideramos que esta é a melhor solução para a realização de atividades nas zonas rurais em que o nível de literacia é muito baixo ou quase nulo, o melhor é recorrer à língua ou linguagem que a maioria conhece e entende para que a informação alcance o maior número de pessoas possível.

Questionamos as comunidades sobre como avaliam as ações desenvolvidas, os dados estão retratados no gráfico a seguir.

Figura 6- “Como avalia o trabalho desenvolvido pelas ONG?”

O gráfico 6 demonstra que para esta questão o total de respostas foi de 107, em que a opção “positivo” recebeu 90 respostas nas comunidades pertencentes à

Palmeirinha e 15 nas da AD, enquanto que o negativo obteve apenas 2 respostas nas comunidades da Palmeirinha e nenhuma resposta nas comunidades da AD.

Verificamos que as comunidades fazem uma avaliação positiva do trabalho desenvolvido, pois a maioria confirmou que as ações têm evidenciado resultados, o que, também, podemos confirmar com os gráficos anteriores.

De seguida apresentamos o gráfico 7 relativo aos aspetos que as comunidades consideram importantes as ONG mudarem na realização das atividades.

Figura 7- "Na sua opinião a ONG deve mudar algo na realização das atividades?”

No gráfico 7, estão representados os resultados da pergunta sobre as ONG mudarem ou não a realização das atividades nas comunidades. Nas comunidades da ONG Palmeirinha o “não” teve 62 respostas enquanto o “sim” obteve 23 respostas e a opção “outro” teve uma resposta. Nas comunidades da AD, o resultado foi em sentido contrário, tendo a opção “sim” 11 respostas e o “não” apenas 4 respostas. A cada dia que passa, mudam-se as necessidades, aparecem novos fenómenos, por isso mesmo, para que as ações sejam positivas, como de facto é, segundo as respostas obtidas anteriormente, é preciso aperfeiçoar a cada dia para entregar o melhor. Estas ações das ONG nas comunidades devem acompanhar a evolução e adaptar-se conforme vão aparecendo novos fenómenos. Mas também, as ONG devem trabalhar mais para a emancipação, autonomia e empoderamento destas comunidades, para que possam sozinhos fazer face aos acontecimentos.

Por último, para a questão acerca do impacto das atividades na comunidade, as 112 respostas obtidas ressaltavam que: “estas ações mudaram de forma positiva o quotidiano das comunidades e paulatinamente se veem os resultados; adquiriram conhecimentos razoáveis sobre muitas questões e principalmente no âmbito da preservação da natureza; com as formações sobre as novas técnicas de agricultura e

23 62 1 11 4 0 10 20 30 40 50 60 70

Sim Não Outro Sim Não

Palmeirinha AD N u me ro d e r e spo stas

apicultura modernizadas e sem muita pressão para a natureza; a transformação e valorização dos produtos locais, depara-se com uma considerável diminuição do desperdício das frutas e isto gera uma renda extra para as famílias”.

Em síntese estes resultados permitiram-nos verificar que além das ONG fazerem muito esforço para atingirem os seus objetivos e metas, entendemos que há ainda muito para fazer, nomeadamente pela educação formal, porque mesmo sendo as ações das ONG de educação não formal e informal, precisam ser acompanhadas pela educação formal para surtirem um efeito mais duradouro e eficaz. Além disso, ainda existe toda uma questão social, falamos da desigualdade social e do género. E também o facto da falta de financiamento do governo para as ONG nacionais, e assim a sobrevivência destas ser maioritariamente dependente das ONG internacionais, o que dificulta um pouco a sua prestação e ação no terreno.

Atentando aos relatórios, às entrevistas (coordenadores e animadores) e às respostas do questionário da população, destacamos uma coesão nas respostas e explicações, deparamo-nos com praticamente as mesmas ideias tanto para os constrangimentos como para os pontos fortes destas ONG e suas ações.