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6. Considerações finais

6.1. Principais conclusões

A EA é um ramo da educação com objetivo de trabalhar conhecimentos sobre o ambiente, contribuindo assim para a sua prevenção, proteção e o desenvolvimento sustentável. Esta expressão surgiu durante uma das muitas conferencias, como meio de resposta aos problemas ambientais que tiveram início após a revolução industrial. Isto porque, é uma forma de ensino acompanhado de atividades que transmitem informações às pessoas para que as transformem em ações no seu quotidiano, preservando e conservando o ambiente (Cortesão, 2017), por exemplo através de ações de sensibilização, jogos, apresentação de materiais didáticos sobre o tema; estas ações devem respeitar a idades, a realidade cultural e social, entre outros aspetos.

Para a construção de uma cidadania global, é preciso repaginar a visão do mundo, e isto é possível, com a abertura de um leque de novas formas de educar, não estagnando no dito tradicional (Teixeira & Torales, 2014). Nesta ótica existem três formas de trabalhar a EA: formal, que é incluída nos currículos escolares; não formal, quando não incluída nos currículos, mas é trabalhada tanto nas escolas como em qualquer outro lugar de socialização; e informal, quando é espontânea. Neste estudo, abordamos a EA nos contextos não formal e informal, sendo que estes dois contextos são os mais trabalhados pelas ONG.

As ONG são instituições sem fins lucrativos e não tuteladas pelo governo, destacar uma definição para as ONG é complexo, porque a própria palavra abre um grande leque com variedades e significados (Goff, 2005). Na GB existem ONG com diversos seguimentos. Sendo este um trabalho de cunho ambiental em que nos dispomos

a descrever as ações desenvolvidas pelas ONG pro-ambientais na GB, e uma vez que estas são em grande número e pelo tempo disponível não teríamos como abordar todas elas, então citamos e trabalhamos com quatro delas sendo três nacionais e uma internacional (AD, Palmeirinha, COAJOQ e IMVF), assim obtemos uma margem de comparação, análise crítica e construtiva e respondemos às questões do estudo.

Com este trabalho conseguimos responder a todas as questões levantadas, e obviamente proporcionar uma reflexão profunda sobre a temática, mesmo com os obstáculos (que serão desenvolvidas em baixo) que dificultaram a recolha de dados. Consideramos que este estudo não foi realizado só por realizar, ou para a obtenção do grau de mestre, mas acreditamos que será de grande utilidade, como fonte de futuras pesquisas, ainda que seja um alerta para as pessoas de não optarem pelo silêncio como solução, porque a mudança exige um pouco de cada um, e também para que sirva de inspiração para outros a investigarem sobre a temática.

Baseando-nos nos relatórios, nas entrevistas e nas respostas aos questionários pela população, reparamos que as quatro ONG desenvolvem praticamente as mesmas ações e com os mesmos focos, recorrendo a estratégias de ação muito semelhantes.

As ações em que mais investem e que mais desenvolvem são: sensibilização através de rádios e televisões comunitárias, sendo esta a aposta de todas as ONG, isto porque é a forma mais rápida e prática de transmitir as informações e fazê-las chegar a um maior número de pessoas, como referem Giordan e Souchan (1996). A promoção e transformação dos produtos locais, atividades que promovem o desenvolvimento das comunidades, a aposta na capacitação e promoção da horticultura para as mulheres, o melhoramento das técnicas de apicultura, realização de festivais, sessões e atividades que resgatam e promovem o património histórico e cultural do país, construção de fogões melhorados nas escolas, repovoamento de tarrafes, são algumas das ações realizadas com maior frequência.

Além destas ações que as ONG colaboradoras desenvolvem, cada uma delas tem a sua particularidade:

− A AD aposta na construção de escolas comunitárias, dá assistência comunitária em vários aspetos, construiu museus para salvaguardar o património histórico e cultural;

− A COAJOQ apoia e reforça capacidade nas atividades agropecuárias, e apoio técnico e com máquinas de agricultura;

− A Palmeirinha publica livros educativos sobre as diferentes temáticas de ambiente, e exibe filmes educativos em sessões de cinema-debate nas escolas;

− O IMVF pauta pela cooperação para promover o desenvolvimento, dignidade, inclusão, igualdade, sustentabilidade, vida, cultura.

De destacar que as populações das comunidades participam voluntariamente nestas ações, tal como foi apresentado nos resultados do ponto anterior.

Tanto os responsáveis das ONG como os membros entrevistados, partilharam praticamente das mesmas opiniões sobre a EA; e também todos mencionaram saber e compreender o que é a EA e a sua importância para as comunidades rurais; isto porque, de uma forma geral, ressaltaram que “é importante e quanto mais melhor o desenvolvimento das ações de EA, principalmente nas zonas rurais, já que é uma zona menos favorecida de informações e com menos condições de aquisição”, estas afirmações resultaram da questão acerca da opinião sobre a importância de trabalhar a EA nas comunidades rurais e ainda se consideram que as suas ONG desenvolvem atividades de EA.

Nas comunidades, das 112 pessoas questionadas, a maioria avalia como positivo as ações de EA desenvolvidas nas suas comunidades, considerando que hoje dispõem de um entendimento razoável sobre as questões ambientais, a proteção da natureza, e ainda que devem exercer menos pressão sobre o meio, e sobre a importância do uso dos fogões melhorados não só nas escolas, mas que também devem adquirir esta prática nas suas casas para poupar o consumo de lenhas na cozinha e diminuir o esforço e hora do preparo da comida. Ainda destacam que após a realização das ações houve uma considerável melhoria na vida social e económica da comunidade, porque com as técnicas novas de apicultura implementadas e os trabalhos feitos com as mulheres tanto na horticultura, produção de sal e a transformação de produtos locais, e com as vendas a economia comunitária apresenta uma certa estabilidade, e na maioria das respostas apontaram que com este dinheiro dá para pagar a escola dos filhos e comprar os produtos básicos necessários.

Todos estes resultados, demonstram que as ONG estão comprometidas com os seus objetivos, mesmo com todos os entraves que surgem, fazem um esforço para servir as comunidades, o que pode ser visto e evidenciado pelas comunidades. O facto de a população deixar de ir aos seus afazeres para participar das atividades reafirma a ideia de que estas ações estão a ter efeitos positivos, principalmente na transformação social. e económica das comunidades rurais. Por exemplo, antes das ONG começarem a

desenvolver as suas ações, a agricultura, a apicultura e a extração de sal, eram feitos sem técnica, pondo em risco vários fatores, na apicultura, a vida e o bem estar das abelhas não eram motivos de preocupação, as técnicas eram totalmente rústicas e a prática era muito cansativa; o sal não era iodado e a retorna económica era muito baixa. A intervenção das ONG trouxe novas e modernizadas técnicas que têm em conta a proteção do ambiente, exercendo menos pressão na natureza. Atualmente existem cooperativas de mulheres que extraem sal iodado e o comercializam gerando fundos para a comunidade. O número de vezes com que as atividades são realizadas é muito importante, porque quanto mais vezes e mais tempo for disponibilizado, mais diversificadas serão as atividades, e maior a probabilidade de interiorização das informações. Como sublinhado na fundamentação teórica, as ações da EA devem ser realizadas em línguas e linguagens contextualizadas de forma que sejam explicitas e compreensíveis por todos, a ideia usada pelas ONG de realizar as atividades em crioulo ou em línguas étnicas, é uma forma de disponibilizar informações num país onde a maioria da população é analfabeta e a língua comum de comunicação é o crioulo e onde também existem pessoas que nem o próprio crioulo sabem falar. Por mais que estas ações sejam positivas, é bom ressaltar que nada é perfeito, e tudo muda, fenómenos aparecem e desaparecem a todo o instante, por isso por mais que as ONG estejam a realizar boas ações, elas devem sempre saber se desdobrar e adaptar às novidades e às necessidades das comunidades

É de salientar que a constituição social destas comunidades, na maioria dos casos torna-se o maior obstáculo para a realização e desenvolvimento das ações das ONG, isto porque, como já citado várias vezes neste estudo, cada comunidade é uma comunidade, com as suas crenças, costumes e tradições e suas ideias a respeito dos mais variados assuntos, e por isso os primeiros contatos são sempre muito sensíveis e difíceis, é preciso entender, adaptar e familiarizar-se com a realidade local para assim se estabelecer a confiança mútua.

Com o desenvolvimento das ações das ONG nestas comunidades houve mudanças de comportamento e atitudes, não totalmente, mas gradualmente dá para reparar nestas mudanças. E isto podemos constatar nos resultados obtidos. Só o facto de as pessoas participarem espontaneamente das atividades realizadas, demonstra que a intervenção das ONG atiçou a vontade das pessoas de procurarem conhecer e entender mais sobre os vários assuntos trabalhados.