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Percepção de aprendizagem por meio do lúdico

Capítulo 3: Descrição e Discussão de Resultados

3.3 Percepção dos Alunos sobre a Introdução do Lúdico nas Aulas e Participação

3.3.1 Percepção de aprendizagem por meio do lúdico

Os indícios da percepção dos alunos sobre sua aprendizagem com a introdução dos jogos e tarefas lúdicas estão presentes nas respostas referentes à pergunta “Para que estamos aprendendo com histórias e jogos?”, no questionário e na entrevista. As respostas do questionário (Quadro 18) dadas por Beto (“Brincadeiras e sabendo cada vez mais”) e Gabriel (“Para aprender coisas novas”) parecem mostrar sua percepção de aprendizagem ligada às brincadeiras, pois Beto cita as “brincadeiras” e adiciona o fato de que está “sabendo cada vez mais”, e Gabriel cita o aprendizado de “palavras novas”, ambos enfatizando assim o seu desenvolvimento linguístico.

Helena também associa os jogos com o avanço no seu aprendizado, além de citar uma utilização maior da língua inglesa nessas tarefas (“Para nós aprendermos mais palavras e para nos acostumarmos mais a falar em inglês”). É importante ressaltar que Helena entregou o questionário após o término da Aula 3 (18 de junho de 2007), pois havia esquecido suas respostas em casa, uma vez que na aula anterior não havia terminado e havia levado o papel com as perguntas para terminar em casa. O sinal de interrogação de Renata e a não resposta de Miriam parecem revelar desconhecimento, mesmo porque foram temas não discutidos; também podem indicar que elas não compreenderam a pergunta. As respostas dos alunos nas entrevistas parecem indicar, também, que eles podem não ter entendido a pergunta. A resposta de Helena mostra sentidos sobre o uso das histórias e jogos formados após a entrevista realizada na Aula 3, e é possível que esse sentido tenha traços do significado compartilhado na entrevista (Exemplo 12).

Quadro 18 – Pergunta 5 e respostas do Questionário, Aula 2 (04 de junho de 2007). Pergunta: Para que estamos aprendendo com histórias e jogos?

Beto: Brincadeiras e sabendo cada vez mais.

Vanessa: Estamos aprendendo para que no futuro possamos falarmos ensinarmos. Gabriel: Para aprender coisas novas.

Miriam: ((Não respondeu)) Renata: ?

Helena: Para nós aprendermos mais palavras e para nos acostumarmos mais a falar em inglês.

As afirmações de Beto e Gabriel são confirmadas pelos alunos na entrevista, em que a professora retoma a pergunta, como vemos no exemplo a seguir.

Exemplo 12

T8: Tá… Jack-in-the-box… tá… Outra coisa…é::: eu queria… quando eu perguntei para vocês “Para que que nós estamos aprendendo?”, o que eu queria saber é o seguinte... assim... no que que as histórias e os jogos ajudam vocês a aprender? V8: Ah, pra... no futuro... a gente poder... ah, poder falar, poder ensinar... poder ... (

)

T9: Então, mas vocês ach/... ((Beto sinaliza que quer falar)) Fala, Beto. B3: É:: as brincadeiras que a gente fez?

T10: Isso.

B4: Porque... a gente::: tá... brincando e aprendendo.

T11: Vocês di/ vocês acham... é:: mais legal aprender assim ou... aprender com o livro, alguma coisa assim?

V9: Assim. B5: Assim. M10: Assim. R4: Assim. T12: Por quê? V10: Ah, porque...

((alunos falam ao mesmo tempo – incompreensível)) T13: Vocês acham que vocês aprendem mais? R5: Eu acho.

T14: O que que você ia falar Vanessa? V11: ( )é:: que aprende brincando. T15: Como assim?

V12: Porque assim... é mais legal aprender brincando. ((alunos falam ao mesmo tempo – incompreensível)) M11: É teacher.

((alunos falam ao mesmo tempo – incompreensível))

R6: É muito melhor aprender brincando do que perder... do que ter que perder a novela e ... ( )

((aluna Helena chega atrasada e entra na sala neste momento)) T16: Hello... Helena ( )

((alunos falam ao mesmo tempo – incompreensível))

T17: Ó, então, Helena, sabe o que a gente tá fazendo? A gente tá discutindo as... perguntas.. da... sabe aquela folhinha da aula passada?

H1: Eu esqueci...

T18: Você não está nem com o papel aqui? H2: Não.

( )

V13: Ah, teacher, ( )

((alunos falam ao mesmo tempo – incompreensível))

T19: Ah, outra coisa... vocês tem qu/ ...outra pergunta... vocês acham que aprendem mais...

R7: Com os jogos.

T20: ...com os jogos e as histórias... H3: É.

T21: ... ou com o que a gente tava fazendo antes? M12: Com as histórias...

V14: Com os jogos e as histórias. Obs.: Aula 3, 18 de junho de 2007.

Observando a primeira resposta de Vanessa, que repete a resposta escrita no seu questionário, percebe-se uma fala escolarizada ou da família sobre a importância do inglês, ou mesmo ausência de um pensamento crítico sobre seu aprendizado na mudança de contexto na sala de aula (V8: pra... no futuro... a gente poder... ah, poder falar, poder ensinar... poder...). Ela reproduz o discurso normalmente utilizado por pais e professores sobre a importância de estudar inglês.

A resposta de Beto (B4: Porque... a gente::: tá... brincando e aprendendo) parece confirmar o que Vygotsky (1930/1998) e Leontiev (1944/2006) apontam sobre o lúdico: trata-se de uma instância que leva ao desenvolvimento, pois esse desenvolvimento é propiciado pelas ZPDs mútuas criadas na situação lúdica e/ou de jogo. A criança aprende ao brincar, em colaboração com a professora e os colegas e os enunciados de Beto mostram exatamente este aspecto do brincar.

As perguntas da professora buscam a participação de todos, mas são perguntas em que a resposta esperada dos alunos é de certa forma direcionada, ou seja, é uma pergunta fechada, em que as possibilidades de resposta ficam restritas. Ao mesmo tempo, a pergunta traz um elemento de comparação (T11: Vocês di/ vocês acham... é:: mais legal aprender assim ou... aprender com o livro, alguma coisa assim?), que é explorado e abordado pelos alunos mais adiante no excerto. As resposta simultâneas revelam que, sem dúvida, preferem aprender inglês em um contexto menos estressante.

A resposta de Renata é interessante, porque revela uma nova questão – não precisa perder a novela para estudar inglês com essa nova abordagem.

Trecho do Exemplo 12 V9: Assim. B5: Assim. M10: Assim. R4: Assim. T12: Por quê? V10: Ah, porque...

((alunos falam ao mesmo tempo – incompreensível)) T13: Vocês acham que vocês aprendem mais? R5: Eu acho.

T14: O que que você ia falar Vanessa? V11: ( )é:: que aprende brincando. T15: Como assim?

V12: Porque assim... é mais legal aprender brincando. ((alunos falam ao mesmo tempo – incompreensível)) M11: É teacher.

((alunos falam ao mesmo tempo – incompreensível))

R6: É muito melhor aprender brincando do que perder... do que ter que perder a novela e ... ( )

Obs.: Aula 3, 18 de junho de 2007.

Em resumo, parece que os alunos perceberam que os jogos e o reconto de histórias propiciaram atividades sociais que contribuem para o aprendizado de inglês. São atividades em que aprenderam a usar a língua inglesa, expandindo suas falas com base nas contribuições da professora e dos outros alunos. Assim, eles expandiram o seu repertório linguístico e apropriaram-se de novas estratégias de aprendizagem de línguas, como o espelhamento e a expansão das enunciações de outros.

3.3.2 Percepção de mudança no padrão mediacional para a produção colaborativa