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4 EDUCAÇÃO E PREVENÇÃO AO ABUSO DE DROGAS NA ESCOLA

BLOCOS DE CONTEÚDOS 1 A saúde e a doença

3. Percepção sociocultural e histórica

Reconhecer o ser humano como agente e paciente de transformações intencionais por ele produzido no meio físico, social e psíquico. Julgar ações de intervenção, identificando aquelas que visam a preservação e implementação da saúde individual, coletiva e do meio ambiente físico, psíquico e social.

Vale ressaltar que a aprendizagem de fatos e princípios, ainda que importantes, não se constituem no núcleo central da prevenção do abuso de drogas. São os valores que orientam o trabalho educativo, atuando como referências na vida. Assumir esses valores e crenças permite que se instaurem atitudes nos educandos, possibilitando - os a agir em direção àqueles fatos e princípios, em diferentes situações ou contextos.

5 METODOLOGIA

É muito importante que o homem tenha ideais. Sem eles não se vai a parte alguma. No entanto, é irrelevante alcançá-los ou não. É apenas necessário mantê-los vivos e procurar atingi-los.

Dalai Lama (1935- )

Neste capítulo, apresentamos os referenciais metodológicos que orientaram o presente estudo, uma pesquisa de campo de natureza exploratória. Tem como foco saber se as atuais práticas pedagógicas dos professores do ensino fundamental estão consoantes às demandas sociais do abuso de drogas entre estudantes e, se não for o caso, buscar transformar as práticas atuais em práticas inovadoras em prevenção. Trata-se de uma proposta de construção do conhecimento em prevenção ao abuso de drogas.

Para Turato (2003), na concepção do construtivismo, o “dado” científico do objeto de estudo não é algo que se encontre pronto ou que se evidencie por si próprio. Ao contrário, trata-se de um construto, ou seja, o conhecimento é construído a partir da realidade pensada e refletida. “A razão vai ao real, havendo sempre uma relação dialética entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido que se encontra no mundo externo” (p.232).

Neste caso, as seguintes condições são exigidas: “de um lado a realidade dada, como ponto de objetivo de partida; de outro, a capacidade política de agir, não só no sentido de se organizar de modo competente, mas igualmente de influenciar o quadro objetivo, para torná-lo favorável” (DEMO, 1995, p.96). Tal dinamismo se dá na aproximação entre: a) o ponto de partida, a prática concreta, b) a compreensão da prática para sua superação e c) o ponto de chegada, que é a ação concebida, organizada e recriada em novas condições. A prática, portanto, se caracteriza pelo seu traço concreto, sendo sempre uma opção da teoria que lhe é subjacente. A teoria que se apresenta desligada da prática não se constitui como tal, por não dizer sobre a realidade histórica, isto é, sobre a condição de historicidade da prática. Portanto, teoria e prática são componentes da unidade “práxis humana”, na qual a teoria é a racionalização da prática e a prática, o desenvolvimento concreto da teoria.

Os homens são seres da práxis [...], são seres do quefazer. [...]. Mas, se os homens são seres do quefazer é exatamente porque seu fazer é ação e reflexão. É práxis. É transformação do mundo. E, na razão mesma em que o quefazer é práxis, todo fazer do quefazer terá uma teoria que necessariamente o ilumine. (FREIRE, 1975, p. 145)

Na articulação teoria / prática fundamenta-se o método de investigação dialético, tendência paradigmática da pesquisa científica cujas raízes se encontram no materialismo histórico, que tem como principal representante Karl Marx. A essência filosófica básica sob o prisma dialético é visível nos seguintes princípios: a) lei da totalidade, tudo se relaciona (ação recíproca); b) lei do movimento, tudo se transforma (negação da negação); c) lei da mudança qualitativa, da quantidade para a qualidade (do todo para o novo todo); d) lei da contradição, união e luta dos contrários (DEMO, 1995).

Por vincular a teoria à prática, a metodologia dialética é a abordagem de pesquisa mais fértil para análise dos fenômenos sociais, entre os quais, o campo da educação. Em relação ao fenômeno educativo o ato de conhecer, “é construído como ponto de chegada de um processo que tem origem empírico-objetiva, passa pelo abstrato, de características subjetivas e forma uma síntese na mesma ação de conhecer, quando o conhecido (concreto no pensamento) é confrontado com seu ponto de partida através da prática” (SANCHEZ GAMBOA, 2000, p.103). Em outras palavras, o circuito do conhecimento deve definir a prática concreta dos educadores de forma que a compreensão dessa prática seja geradora de novas práticas educativas.

Com pertinência, esta abordagem leva a reflexões sobre a prática didático- pedagógica do professor em educação preventiva e, em conseqüência, nos remete às premissas desta pesquisa: 1) a prática pedagógica do professor constitui nosso objeto de estudo, 2) as práticas pedagógicas atuais dos professores podem não estar congruentes à demanda ao abuso de drogas entre estudantes, 3) uma abordagem metodológica que toma a realidade social concreta como ponto de referência, obtém propostas de ações preventivas consistentes e críticas. No entanto, é necessário fazer um diagnóstico das práticas atuais, para isso, há que se compreender a dinâmica social na qual os fenômenos educativos se inserem, se realizam e têm sentido.

Os motivos expostos justificam nossa opção pela abordagem dialética neste estudo, pois, como já registrado, entre as metodologias investigativas, a dialética é aquela que trabalha com a realidade concreta, apresenta proposta de mudança qualitativa e pretensão de síntese. Portanto, afirma-se como um dos métodos mais apropriados para compreensão e explicação das

práticas pedagógicas em prevenção ao abuso de drogas, fornecendo pistas para reformulação das práticas e definindo procedimentos para ações inovadoras em educação preventiva.

Assim, anunciamos os seguintes objetivos para estudo do problema.

Objetivos

Pesquisar se as atuais práticas docentes em educação preventiva atendem às demandas sociais do abuso de drogas entre estudantes e, se necessário, buscar alternativas metodológicas para novas propostas de práticas pedagógicas ligadas ao contexto social.

A consecução do objetivo geral pressupõe o alcance dos seguintes objetivos específicos:

1) Investigar se as atuais práticas dos professores em prevenção ao abuso de drogas levam em conta, ou não, situações contextualizadas.

2) Realizar o Encontro Pedagógico sobre Abuso de Drogas na Escola à luz do